04/02/2007

abortex


...como se não bastasse o simplex, o durex e o reglex, agora o nosso governo lança para a o mercado o abortex.

Agora sim, é mais fácil abortar com todas as condições higio-sanitárias (é pá já não escrevia esta palavra desde os tempos da faculdade!!), com toda a tranquilidade, sem stress e sem aquele sentimento de culpa e vergonha ou ao abrigo do anonimato impossível.

Agora abortar passa a ser tão claro, e cómodo como ir fazer uma apendicectomia, ou um simples parto.

O SNS ou seja nós todos comparticipamos, e a futura ex-mãe tem à sua disposição todos os cuidados médicos e o acompanhamento que estes casos requerem. Mas será mesmo assim?!

No meu entender a simples descriminalização e liberalização da IVG até às 10 semanas, talvez vá resolver o sério problema que afecta milhares de mulheres neste país mas certamente outras tantas continuarão a aceder a curandeiras e parteiras especializadas na refinada arte do aborto. Relativamente aos restantes casos, ie, as situações após as 10 semanas, continuarão a cair nas malhas da lei, e essas não existe nada a fazer.

No fundo o que dia 11 se vai decidir (ou talvez não!!) é uma mera questão de política criminal, e isso meus caros, podia ter passado perfeitamente pela Assembleia da Répública. Dessa forma seria possível atingir um consenso mais alargado e evitava-se gastos em campanhas, manifestações, autocolantes e bandeiras murchas (e muita falta de imaginação e bom senso). Será que andar meses seguidos a falar da questão do aborto é um sintoma da solidificação da nossa jovem democracia, será que é um nitído sinal de progressismo, a revolução cultural no seu explendor!?

Mais parece o saudosismo de Maios de outros séculos, eu diria mais, uma verdadeira pérola no prime-time televisivo!


Quem parece estar ansioso neste momento não são nem os detratores da vida, ou os retrógados defensores da mesma, são sim os dignos e respeitáveis defensores do outsourcing castelhano que já se preparam para ocupar a nossa capital e outras sucursais por esse pais fora. Quem é que vai frequentar esses locais!? As mesmas pessoas que têm capacidade para ir a Badajoz ou a Londres, como é óbvio. Outra questão que me aflige é na prontidão e disponibilidade da classe médica para proceder à IVG, pois de certa forma a IVG choca com o código deontológico e coloca questões éticas e profissionais que extravasam a própria lei.


Sou contra o aborto na verdadeira ascenção da palavra, sou permissivo à IVG até às 10 semanas, sou pela vida, mas por outro lado, tão importante como uma vida que pode vir a ser existem as vidas de todos aqueles que já são, e a vida que esses ser provavelmente nunca virá a ter.

Será que a mulher aborta por desporto, ou será que a decisão foi consequência de uma noite mal dormida ou uma semana de trabalho menos feliz? Não! nenhuma mulher gosta de abortar nem se sente bem ao abortar, a angústia ficará sempre presente. Mas se a opção for terminar naquele momento, é porque simplesmente existe um motivo forte subjacente. Só deve ser mãe quem sabe e pode amar.

Chega de fihos abandonados, chega de crianças silenciadas, chega de promessas vagas de apoio aos mais necessitados, chega de medidas avulsas e inócuas, que nada resolvem e que muitas vezes não passam de linhas no papel. Há cerca de 9 anos o povo votou num sentido e o resultado está à vista. Nada mudou, tudo piorou.

É uma decisão dificíl, triste e e penosa para a mulher, mas cabe a ela decidir qual o sentido da vida!


Talvez o rei Salomão soubesse a solução na ponta da espada, mas neste momento não me ocorre nada melhor sobre o assunto.


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