29/06/2008

...jardins suspensos


...mais uma vez não posso deixar de sugerir um saltinho ao 4.º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima! este ano o lema é "Energias no Jardim".




...depois da visita, é favor circular pela marginal ao longo da Rua 25 de Abril até ao Largo de Camões e descobrir os aromas e os sons que nos embalam para um repasto digno dos deuses...tasquinhas e petiscos não faltam, bem condimentados com digno néctar de baco e bem servido pela simpatia das gentes limianas!...

24/06/2008

...algures no deserto!


...esta semana a SIC Notícias brindou-nos com uma reposição de um documentário acerca dos direitos das mulheres no reino Saudita!Fiquei chocado com o que vi e mais ainda com o que ouvi!

Acerca da degradante situação da mulher no reido do rei Rei Abdullah Bin Abdul Aziz Al-Saud apenas alguns apontamentos:

1.º O simples encontro entre um homem e uma mulher que não são membros directos da mesma família, é caso suficiente para colocar ambos em risco de serem processados e punidos com açoitamentos e prisão (crime de khilwa)

2.º As mulheres não podem conduzir, mas podem tirar cursos superiores. Aliás no Arábia Saudita há mais mulher licenciadas do que homens...mas em lugares de pouco destaque!

3.º As mulheres têm que andar sempre acompanhadas, e quando não acompanhadas pelo marido têm que ter autorização escrita para tal. Também só podem viajar com autorização.

4.º Um mulher violada corre o risco de prisão bem como de chibatadas...estava na hora errada com a pessoa errada e o marido também se ablita a tal!

5.º As mulheres sauditas não têm permissão para competir em eventos desportivos internacionais.

6.º Ser-se empregada estrangeira na Arábia Saudita é uma profissão de risco.

7.º Casar também pode ser arriscado, pois uma mulher que sofra abusos e repressão violenta por parte do marido, nem sempre tem a lei do seu lado...um pouco como acontece em alguns países ditos civilizados como o nosso!É que é um pouco difícil provar...

8.º ...esta jovem tem a maior das sortes do mundo...é Libanesa!

23/06/2008

..um nadinha mais longe!


...depois de um fim de semana sob o signo do amor, nada melhor do que descer à dura realidade de ter que acordar cedo e ir com um sorriso de orelha a orelha picar o ponto. Não que uma boa caneca de café não resolva o sono mal dormido, e um bocejo menos contido não denuncie a natural e salutar dormência matinal. Há falta de melhor assunto, crucifica-se o seleccionador que não se deixou despedir, o guarda-redes cuja miopia é mais cega que a falta de jeito, ou o dói-dói do pé do craque para desculpar a suprema das decepções. De Espanha sopram ventos de regojizo, sinal de tempestade para as esperanças lusitanas, arrefecidas pela acuidade dos helvéticos e pela eficiência germânica. Agora, são os turcos , aqueles que nos despertam emoções. Nobre sina de nos satisfazermos com os mais fracos! Mas é assim mesmo, e como diria um comediante de primeira água nas vozes da rádio, culpe-se o roupeiro!...a próxima paragem-dizem por aí!- é a África do Sul. Mas com ou sem pronúncia, mais pontapé ou menos pontapé na gramática, que suem bem a camisola da quinas, e que por mares nunca dantes navegados, ainda além da Taprobana, em perigos e guerras esforçados, dignifiquem a nossa selecção, da mesma forma com que, com mais ou menos bandeiras made in China & so on, as nossas cores ainda esvoaçam orgulhosamente por essas janelas fora!


...mas tentem ao menos chegar um nadinha mais longe!...

22/06/2008

...para A&M


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,

nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,

são eternos como é a natureza.



Pablo Neruda


...que o vosso amor seja eterno como a Natureza!


21/06/2008

...despertar

No início,

eu queria um instante.

A flor.

Depois,

nem a eternidade me bastava.

E desejava a vertigem

do incêndio partilhado.

O fruto.

Agora,quero apenas

o que havia antes de haver vida.

A semente.

Mia Couto

20/06/2008

...próximo!


...adeus Filipão!



...e agora Portugal!?...

19/06/2008

...blindness

Há sensações que nos fazem mudar.
Um desejo que se desfaz em pétalas,
uma a uma, como lágrimas
que se desenvolvem em rios de lava,
quente amargura de sentir sem poder provar.

Seguro com pena, as palavras
que sonhas em finas paginas amarelecidas,
de pensamentos sem retorno,
gestos de mudança enraivecida.
São palavras,
que nunca te direi, flor desconhecida...

17/06/2008

...já

...já faltou mais tempo! inconscientemente começo a contar os grãos de ouro que resvalam pela ampulheta, da mesma fora que risco os dias que já passaram. As saudades de ouvir o silêncio, o toque do sino da igreja e o cantar das mulheres no campo ao longe sobrepõe-se ao matraquear da rotina da grande urbe.

...já conto as horas, os segundos e os primeiros sorrisos ao pisar o doce chão, o verde das latadas, o sorriso das gentes e a placidez do serpenter sereno do rio que tudo faz esquecer.

...já me consigo imaginar, por entre as sombras das folhas de plátanos que caiem, por entre vendedoras de sonhos, bruxas e o clamor da feira que enche a marginal de casas de granito caiado de branco, que o um dia o riu engoliu.

...já me vejo a olhar para ilustre torre da matriz, a rua de souto, dos castanheiros que ensombram o sol de Agosto na casa no alto do monte.

...já me sinto em Souto

...sonho

I dreamt a dream! What can it mean?
And that I was a maiden Queen
Guarded by an Angel mild:
Witless woe was ne'er beguiled!

And I wept both night and day,
And he wiped my tears away;
And I wept both day and night,
And hid from him my heart's delight.

So he took his wings, and fled;
Then the morn blushed rosy red.
I dried my tears, and armed my fears
With ten-thousand shields and spears.

Soon my Angel came again;
I was armed, he came in vain;
For the time of youth was fled,
And grey hairs were on my head.


William Blake

16/06/2008

...noite silenciosa

Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.

À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia –
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.

E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…

E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.


Fernando Pessoa

15/06/2008

...ausência


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.


Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro

13/06/2008

Et voilá!...eís os Celtas

...haja alguém neste triste velha Europa que não esteja amordaçado pelas vontades políticas de meia dúzia de eurocratas que, como o receio de verem sufragada a revolta do povo, impuseram a aceitação tácita de um Tratado que de bom talvez o nome de Lisboa...podia ter sido também Unhais da Serra ou A-dos-Cunhados!!. O resultado está à vista, o único país em que permitiram a consulta pública, rejeitou liminarmente este tratado que ninguém entende, mas que alguns sabem que não é mais do que uma cópia mala amanhada do já defunto Tratado Constitucional Europeu.
O Tratado de Lisboa não passou de um plano B, e depois do voto dos irlandeses, não resta pois aos amargurados eurocratas, olharem para aqueles que os elegeram e de uma vez por todas, governarem para as pessoas. A actual política dos diferentes estados, não é mais do que o simples exercício da inutilidade; governam para as estatísticas e para os números. Mais países optassem pelo referendo, mais desapontamentos teriam aqueles sabiamente nos tramam, com falsas promessas e políticas estranguladoras. Não é só em Portugal que as diferentes classes de trabalhadores se sublevam, está acontecer um pouco por toda a Europa.
Citando Aristóteles, para quem o cidadão é aquele que “é capaz de governar e de ser governado” (coisa o nosso Governo desconhece), Castoriadis chama de “pseudodemocracia” à democracia dita representativa, onde - como bem disse Rousseau - os indivíduos se julgam livres quando, de tempos em tempos, escolhem seus governantes, sem entender que eles são livres apenas um único dia: no dia em que votam (e, mesmo assim, sem que tenham escolhido, eles próprios, aqueles em quem irão votar).
...vivam os Celtas!





...Pessoa somos todos nós


Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos
tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a
sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer
mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria
ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de
Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas
as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou
tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia
sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa
movida.
Bernardo Soares

12/06/2008

... a cavalo

...acabou!
agora é só esperar que nos encham os depósitos, as couves lombarda, o leite do dia, as cenouras e laranjas, a costeleta de borrego e a sardinha para o Santo António!

...não foi bem o que os camionistas pretendiam, mas como se costuma dizer, a cavalo dado não se olha o dente!

...resta agora esperar que o Governo cumpra o prometido, caso contrário...

11/06/2008

...Expresso do Carregado

...e ao terceiro dia nada! a luta continua, primeiro foram os pescadores, agora os motorista e empresários do sector dos transportes e os empresários dos serviços de reboque e desempanagem. Amanhã serão mais ainda, todos nós dependentes do fio de petróleo.
O mesmo que levou à intervenção bélica no Iraque, o mesmo que desperta a cobiça e podridão em muitos países produtores, o mesmo que faz nascer monarquias absolutistas e opressoras o mesmo que sustenta regimes totalitaristas.

... e tudo se resume a um pequeno grupo de homens que se sacrificam a si e às respectivas famílias, que dorme na cabine e come a sandes e o pastel de bacalhau do tupperware. Os mesmos que conduzem de noite e fazem o pais e o mundo girar, para que nada nos falte ao amanhecer.

...era simples, bastava que alguns muito poucos abrissem mão de uma pequena percentagem dos lucros que possibilitasse de uma vez por todas o estabelecimento do direito ao gasóleo profissional.

...opção: a criação de um imposto para tributar os enormes lucros das grandes petrolíferas que utilizam o designado "efeito stock", para também elas participarem no bodo da especulação!...é politicamente incorrecta, mas socialmente ajustada à triste realidade que se vive!



Uns com muito, outros com menos ainda!restano-nos portanto continuar a assobiar para o ar...

...truckers do it better!

Where true Love burns Desire is Love's pure flame;
It is the reflex of our earthly frame,
That takes its meaning from the nobler part,
And but translates the language of the heart.

Samuel Taylor Coleridge

...a greve dos camionistas prossegue a bom ritmo, mas há a lamentar a morte do líder de um piquete...a questão que se coloca é: será que o país vai mesmo parar!?

Não creio. Da mesma forma que foi possível chegar a um acordo com as gentes do mar, também nesta disputa, alguém vai vai ter que arrumar a" mesa de negociações". Caso contrário, seria mais uma vitória de pírrica...

10/06/2008

...corpo de mulher

Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te socava
y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.

Fui solo como un túnel. De mí huían los pájaros
y en mí la noche entraba su invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como un arma,
como una flecha en mi arco, como una piedra en mi honda.

Pero cae la hora de la venganza, y te amo.
Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme.
¡Ah los vasos del pecho! ¡Ah los ojos de ausencia!
¡Ah las rosas del pubis! ¡Ah tu voz lenta y triste!

Cuerpo de mujer mía, persistiré en tu gracia.
Mi sed, mi ansia si límite, mi camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed eterna sigue,
y la fatiga sigue, y el dolor infinito.

Pablo Neruda

...não me apeteceu falar sobre o triste comentário no nosso Presidente da respública acerca do" dia da raça" por isso fico-me por sensações mais erógenas!