O mundo de Athos era um vazio de luz. O mundo de Isa era
dominado por um tonalidade áurea onde não havia lugar a sombras nem penumbras.
O sonho de Athos era sentir o calor das cores, e o perfume
da luz. Athos não compreendia a razão pode detrás das palavras.O sonho de Isa era sentir a paixão da noite e melancolia do
silêncio.
Athos sentia a dimensão da penumbra e sabia distinguir o vulto
das sombras, como se fossem o prenúncio do dia e da noite. Isa era cega mas lia nas palavras o mundo de luz que a rodeava.
Viviam em mundos separados, mas havia alturas em que ambos
quase se tocavam: de manhã e ao anoitecer.
Foi assim que se conheceram, e por isso se afastaram.
Na luz
que Isa transportava no seu sorriso, faltava a penumbra que guiava Athos. À melancolia
que Isa sonhava, respondia Athos com gestos que Isa não compreendia.Nunca se tocaram, nunca se viram, apenas gestos, palavras e mais
tarde um silêncio que se perpetua.
Ele ficou cego pois guiou-se pela ilusão de compreender as
cores, sem as sentir sem as tocar; ela abriu os olhos e teve a percepção que o significado das palavras
não eram suficientes para compreender o que o seu olhar não captava. Viu o dia e perdeu a noite. Ele via luz, mas afundou-se na penumbra.
Talvez a história tivesse outro destino, senão existisse
apenas aquela manhã ou o anoitecer. Um dia provavelmente haverá algo que falhou: tempo.