Não tenho por hábito escrever homenagens ou tributos a alguém,
mas a Rosinha não era “alguém”. Hoje deixou-nos aquele sorriso encantador. Para
quem como eu que comungou pequenos momentos com ela, há uma vontade enorme de
relembrar sempre cada minuto, como se fossem horas. A última vez que partilhamos
a mesma mesa de conversas foi no jardim da sua casa no verão do ano passado.
Depois disso fomos trocando mensagens já com ela hospitalizada e, ultimamente
já em casa.
Tinha perfeita noção do seu real estado de saúde, desde o primeiro
diagnóstico. Movido pela força dela (única e inexplicável), inconscientemente acreditei num milagre; erro comum para quem sem a lucidez que se exige, sempre manifestou alguma relutância em entender a morte como uma transformação da própria vida
física, em algo mais profundo.
A Rosinha era um poço de vida. Provavelmente a pessoa com maior compaixão
pelo próximo que conheci até hoje. Uma mãe e esposa que semeou amor e carinho. De
entre os traços de carácter que a engrandeciam, a grandeza cívica e humana. Não
é preciso fechar os olhos para interiorizar a dimensão do legado que deixa. Era
como sempre, inteira nos afectos, corajosa da defesa das suas convicções,integra e
cativante. Sempre.
E para sempre, o vazio que agora nos acerca e a saudade que nos desafia será preenchido com a memória e aquele sorriso que nos abraçava a alma.
Marta a tua mãe vive em ti.
Um grande Abraço Filipe.