Eça de Queiroz escreveu um dia que os políticos e as fraldas deviam ser trocados de tempos a tempos pelo mesmo motivo. Eu acrescentaria que alguns deputados da nossa Assembleia também deveriam ser sujeitos a um processo de esterilização bocal, dada a alarvidade de algumas declarações nesta semana de discussão do OE2017.
Vem isto a propósito da degradação que se vem observando, quer pelas notícias de falsas licenciaturas, quer pela lavagem de roupa suja que alguns ex-governantes se dão ao trabalho de branquear ao sol. Já nem vou entrar nos meandros da birra dos administradores da CGD que pasme-se, julgam-se damas cuja virtude e castidade não pode de forma alguma ser colocada em causa.
Os recentes relatos de pseudo canudos são o espelho da descaracterização da função pública. A gestão da "coisa do povo", essa a que nos habituamos a chamar república transfigurada em jogo de cabra cega, em que as lideranças partidárias e as ignóbeis jotas se divertem numa dança de cadeiras. Talvez isto explique como de facto tudo o que é público, seja hoje sinónimo de descrédito e desrespeito; a começar nos gabinetes ministeriais, continuando a propagação do vírus pelos gabinetes das autarquias e acabando nos lugares de administração das empresas ditas públicas. Vícios privados, públicas virtudes.
Por simpatia, gostava de imaginar que a escolha dos lugares nos cargos de maior responsabilidade política devia obedecer a critérios tão estanques como a competência e a seriedade. Obviamente andamos todos iludidos, pois outros valores se sobrepõem, a começar pela cor partidária e ou mais importante do que isso a prepotência e o favorecimento (a famosa “cunha”). Aos visados por este parágrafo, aconselho vivamente o mesmo remédio que sugeri ao sr. Relvas.
No caso da CGD, gostava que alguém tivesse a humanidade de colocar estes senhores que algum idiota (este sim caro deputado João Almeida) decidiu nomear, no devido lugar. Até podem ser os melhores gestores bancários; uma lufada de ar fresco depois de anos de governamentalização da administração da CGD, mas isso não lhe augura o direito de se sobreporem à lei. É tão simples! uma folha A4, caneta BIC, saliva e um selo dos CTT. O Tribunal Constitucional ainda tem uma daquelas caixas vermelhas do correio postal e dizem por aí que ainda é um daqueles órgãos que conserva algum respeito pela tal “causa pública”. Que o diga o ainda deputado Passo Coelho. Admirador confesso da Constituição da República.
Por falar em TC, aqui fica o estímulo para os senhores juízes. Talvez assim acordem do marasmo em que se encontram.Saudades dos ataques constitucionais do anterior Governo!?
Web Summit. Espero que o facto de termos roubado este evento aos nossos amigos celtas de Dublin tenha um impacto superior aos 200 M€ euros em entradas, gorjetas e receitas de UBER. O objectivo é alavancar as nossas tecnológicas e diminuir o gap tecnológico e investimento nas novas tecnologias. Talvez muita gente não saiba, mas só podemos agradecer ao anterior governo esta iniciativa!
E para terminar um pensamento sobre a actualidade internacional
Entre a mulher do Trump e a mulher de César, escolho o pacto secreto do sr. Hollande. Acho que para quem anda atento ao que se passa nesta Europa, já basta a merda que o Eça de Queiroz queria dizer.