edição ne varietur
…confesso o meu desmesurado regozijo pelo facto das
salas de cinema estarem pejadas de donas de casa desesperadas por romance e
homens em busca do santo graal da virilidade…”dar-lhes e elas gostarem”. O
Marquês de Sado decerto remove-se nas amarras do inferno dantesco onde repousa
rodeado de virgens impuras, perante tamanho frenesim de armário. Outra conclusão
justa que devemos retirar é que, os portugueses estão bastante mais
interessados em couro e salas de tortura, do que dos “monólogos da vagina”destas
novas correntes filosóficas de esquerda: Bloco, Livre, "Tempo de
Avançar"…corrijam-me se cometi algum erro temporal ou se me esqueci de
incluir algum.
Parem as rotativas!
Tenho uma declaração importante:
[alguém diga ao Sr. da primeira fila
para comer bolo rei de boca fechada que já ninguém suporta ouvi-lo!]
- Eu (ainda) não sou candidato presidencial…apesar de
sentir um vaga-lume, uma força intersticial que me demove a não apresentar já
aquilo que me vai na alma. Antes, sinto uma apreensão, pelo facto de todos os
comentadores políticos, faltar ainda a trupe do trio de ataque , a Teresa
Guilherme e o pessoal que apresenta os programas de entretenimento familiar ao
domingo! Ah…falta também a malta do Eixo do Mal!
1984…esqueçam esse delírio do Orwell, a data correcta
devia ter sido 2015. Afinal the Big Brother somos nós, que o diga o Schäuble.
Eu sempre disse [se não o escrevi por estas bandas as minhas desculpas] que o
FMI, o BC..perdão Bundesbank e a Comissão Europeia sofriam de delirium tremens e de um bipolarismo crónico.
Se a memória não me atraiçoa, no primeiro relatório após o fim do programa
vinha preto no branco que o ímpeto reformista do Governo português tinha
esmorecido. Facto que é absolutamente normal, dada a proximidade das eleições [“que se lixem as eleições”, Passos Coelho
cit.], pois a causa laranja sabe perfeitamente que, apesar da sede masoquista
das mesmas donas de casa desesperadas e de alguns desencalhados, o garrote da
austerocracia não podia estar eternamente apertado, sob pena de ficarmos de a
menina da loja de ferragens, e todos sabemos quão casto e ternurento é o seu
olhar. Ou era isso, ou a sangria descambava num conto de vampiros, ou numa
triologia com elfos e anões, mas parece-me isso já foi chão que deu uvas.
Em vez disso, convoque-se uma conferência de imprensa
e apresente-se a menina em todo o seu esplendor. Um modelo de virtudes, não no
jeito do Sr. Grey [perdoem-me as libidinosas de romance de cordeal] de chicote
e couro, mas numa redoma de esplendor e sucesso.
Depois, estenda-se sobre a toalha debruada de poemas
florais, aponte-se com a vara e elenque-se, uma a uma, a cornucópia de números:
… perda acumulada do PIB de 17,6% entre 2008 e 2013 [período preso 44 – rapaz
de Massamá]
…meio milhão de desempregados
"(…) estar desempregado não
pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal
negativo"
Passo Coelho cit.
…centenas de milhares de novos emigrantes
"Quem entende que tem condições
para encontrar [oportunidades] fora do seu país, num prazo mais ou menos curto,
sempre com a perspectiva de poder voltar, mas que pode fortalecer a sua
formação, pode conhecer outras realidades culturais, [isso] é
extraordinariamente positivo"
…um senhor que tirou um curso (?) e
que foi membro deste Governo
…um país mais pobre, 1% da população bastante mais
rica [excluindo algumas famílias de banqueiros impolutos]
…uma dívida pública quase 130% do PIB [já descontando
o pagamento antecipado ao FMI]
…uma classe média quase destruída,
…um Estado sem as gorduras, apenas osso , algumas
camas vagas e uns médicos tarefeiros subcontratados a preço de empregada de caixa
do Continente no serviço de urgência
… as famosas reformas estruturais consolidadas, as
mesmas que vimos ouvindo deste os tempos do Passeio dos Alegres do Júlio
Isidro;
Melhor? Só mesmo as 10 pragas que nos fala o Livro do
Êxodo
Mas então qual será a métrica do sucesso? O número de
exemplares do último livro do António Lobo Antunes que foram vendidos na FNAC?
O número de turistas que entram nos aeroportos? O teor das frases de êxtase nacionalista
bairrista do Portas enquanto degusta uma chouriça? Ou a contabilização dos
disparates que o Alberto consegue dizer numa frase só?
O sucesso do programa, que provoca todo este orgasmo
mediático em redor do olhar esfíngico da rapariga da loja de ferragens são
notas soltas de excel, polvilhadas com algumas nuances sibilinas de dor e
prazer para economista ler:
Vamos por partes em 2014, o Estado [eu, o senhor da
primeira fila que continua a comer bolo-rei e o sr. Castella, mil perdões,
apresento-vos! é o senhor que está a gravar esta conversa!] pagou 7 098,4 M€
em juros, e recebeu das aplicações 126,0M€.
Ou seja pagamos de juros líquidos qualquer coisa como:
6 972, M€
É só fazer as contas…
Já em 2013, o saldo terá ficado por 6 841,6 M€,
ou seja num ano conseguimos pagara apenas mais 1,9% de juros, mais coisa menos
coisa 4 a 4,5% do nosso PIB. É só fazer as contas…
Por outras palavras, quando a Cristas, o Portas e o
senhor que falta sistematicamente às reuniões do Conselho de Ministros [e como
tal, não segue a o diktats da retórica oficial da Lapa] andam a fazer milhas na
TAP, basicamente andam à procura de 2% de crescimento da Economia que possibilitam
respirar um pouco enquanto o Sr. Grey nos sodomiza com essa coisa obscena do
mercado e dos ratings.
O sucesso também pode ser dirimido olhando para os
números da perspectiva dos olhos vendados e na posição de quatro:
O Estado, que agora descobriu que a pílula e a
contracepção são inimigo juramentado da economia [segue-se a revisão da lei da
interrupção voluntária da gravidez? Ou ainda vamos andar entretidos com a temáticas
da causa homossexual?] tem um grave problema, que aliás foi detectado nas
análises estatísticas da fecundida do período 1960-1980 mas que foi
continuamente ignorado por sucessivos governos de esquerda e direita:
Estamos cada vez mais velhos como o Velho do Restelo,
e afinal o problema não estava na exibição do Império dos Sentidos.
Como se não bastasse a taxa de fecundidade ser residual,
milhares de jovens são confrontados actualmente com a necessidade de sair
rapidamente do país. Isto apesar do Pedro jurar a pés juntos que nunca ninguém
disse para saírem…
Olhemos para a folha de excel, mas sem a venda nos
olhos:
Dados relativos ao período 2008-2014
2008
|
2014
|
Variação anual
|
|
Contribuições Seg. Social
|
13 082 M€
|
13 658 M€
|
+0.7%
|
Pensões pagas Seg. Social
|
12 818 M€
|
15 457 M€
|
+3.2%
|
Contribuições Cx. Geral Apos.
|
2 298 M€
|
5 018 M€
|
+13.9%
|
Pensões pagas Cx. Geral Apos.
|
6 079 M€
|
8 503 M€
|
+4.0%
|
Contribuições SS+CGA
|
15 380 M€
|
18 676 M€
|
+3.3%
|
Pensões pagas SS+CGA
|
19 528 M€
|
23 959 M€
|
+3.5%
|
É só fazer as contas…
O saldo tem aumentado nos últimos anos em cada ano, e
nem todas as milhas no cartão Vitória serão suficientes para ultrapassar a
força dos números.
Solução: Simples!
Aumento do IRS condimentado com umas notas de poeira
para ludibriar os contribuintes com benesses fiscais e carros de alta cilindrada.
Uma máquina fiscal persecutória e com laivos de laxismo nalgumas elites
económicas. Despedimentos encapotados de requalificação e outras manobras de semântica
abrasiva et voilá!
Aumento da receita, desde 2009, a uma taxa anualizada
de 3.9%:
- IVA cresceu à
taxa de 3.9%
- IRS cresceu à
taxa de 7.5%,
- IRC decresceu
à taxa de 0.1%
De facto o país está bem melhor, que o diga a rapariga
da loja de ferragens. Só não sabe quem não experimenta pelo menos uma vez!
Pagou com o corpo, mas sentiu o prazer na dor. Moral da história, o Dominique
Strauss Kahn tinha razão: elas desconheciam que eram pagas para fazer aquilo.
“O corpo é o
templo onde a natureza pede para ser reverenciada.”
Marquês de
Sade