...traços de luz

(...) Sabina já não beijava nem homens nem mulheres. Dentro da febre da sua ansiedade, o mundo ia perdendo a sua forma humana. Estava a perder o poder humano de articular o corpo noutro corpo em plenitude humana. Ela delimitava horizontes, afogando-se em planetas sem eixo, perdendo a sua polaridade e o seu saber divino de integração, fusão: porpagava-se como a noite se propaga no universo e não encontrou nenhum deus com quem repousasse. A outra metade pertencia ao sol, e ela estava em guerra com o sol e com a luz. Não podia suportar traços de luz em livros abertos, nem orquestração de ideias tricotadas num único tema; não seria coberta pelo sol e no entanto metade do universo pertencia ao sol; ela voltaria a serpente apenas aquele que pudesse cobrir-lhe o corpo com a sua sombra dando-lhe a alegria da fecundação.”

Anais Nin, in”A casa do incesto"

(foto: Alexander Kharlamov)

...yes weekend

...e um bom fim de semana!!...de preferência sem Freeport! porque já não se consegue ver nada na caixinha mágica que não esteja com o tal rótulo!!

Esqueçam por momentos a dita carta "purgatória", os carros do tio, a fortuna da família e a cadela da vizinha!!Dêem-lhe pelo menos um YES WEKEEND

...o que sobra em perseguição sobeja em devassa jornalística!! E por certo existem coisas bem mais importantes para tratar no país!!Li com enorme prazer o artigo do Vasco P Valente no Público e começo a pensar que mais do que diligência, o que se começa a notar aqui é uma certa indigência por parte dos jornalistas!Até o pobre Mário Crespo na ofuscante entrevista que fez a ministro Silva Pereira meteu os pés pelas mãos...e como o próprio ministro rematou no final, é mesmo uma obrigação ver este brilhante diálogo de surdos...fafavor clicar içi

...é como azeite, um dia há-de vir ao de cima!

...anda por ai muito desânimo e e muita revolta, mas atentemos ao que se passa na realidade:

Os tribunais andam com um actividade pujante, mesmo naqueles casos em que o culpado já está à partida inocentado pelo esquecimento e pelo cansaço mediático. Sorte a nossa que a cada dia que passa, a cada semana que se esvoaça no tempo entretanto perdido, novos episódios e promessas de revelações bombásticas alimentam a parca curiosidade. Alguns deles, já deixaram de ser tema, mesmo quando passam no silêncio do rodapé a alta velocidade por entre um garfada e um olhar ocasional. Relativamente ao mundo do futebol, o paradigma da contemporaneidade, ficamos abismados com a queda súbita no mundo da estatística e na margem de erro. As ditas "gordas" da primeira página já deixaram de estimular, tal a overdose de surrealismo desportivo. Não obstante os enredos e escaramuças entre os actores dessa comédia tão portuguesa, o zénite da falta de bom senso é o simples facto de alguns desses actores, alguns dos quais jovens promessas da mediocridade, serem apoiados pelas massas e, em alguns casos idolatrados como messias da salvação dos oprimidos. O espírito desportivo e o fair-play começam e acabam quando as portas do estádio se abrem e as luzes se acendem! Mas pergunto eu: O que seríamos nós sem o futebol!?....por acaso alguém discute porque é que os deficientes têm que pedir "por favor" para se deslocarem? para entrar num edifício? 15 dias antes ou depois de assinalada qualquer data ou efeméride relativa talvez depois, silêncio! Alguém discute porque é que os antigos combatentes ainda hoje pedem esmola ao Estado que lhes sacrificou anos de vida, e que, não raros casos, ainda hoje sofrem as consequências de uma guerra que lhes foi imposta!? Talvez 15 dias antes ou depois de uma efeméride ou qualquer acto solene depois, silêncio. Assuntos não faltam...difícil é encontrar um interlocutor com tempo e a necessária serenidade para podermos dialogar! Futebol sim, política só se for sobre escândalos e assuntos quentes...e por falar em panelas com água a ferver, o assunto Freeport parece imparável!! Passei de manhã pela banca dos jornais e as ditas gordas só falam do assunto. Questiono-me se isto não mais do mesmo já que este folhetim já se passou em 2005?!Seja como for, entrego as minhas dúvidas à Procuradora que hoje passou ali no pequeno ecrã...as minhas convicções políticas presenteio-lhe quando for o momento de colocar a cruzinha!!Ele sabe do que é que eu estou a falar!!

Mas fico feliz por saber que para além da relevância que o nosso PM confere ao relatório tipo OCDE (e não um OCDE genuíno por que esses para além da denominação de origem , são mais caros!! é como azeite de Moura, é excelente, é caro e também vem ao de cima!) também no estrangeiro, o nosso PM é digno de especial relevo, ora coloca a seta AQUI e prime com gentileza!

...Mas o assunto que está de volta é mais uma vez a educação. E agora parece que alguém se esqueceu de um tal docente da Universidade de Coimbra que teria uma avença disfarçada para ditar ao lápis iluminado, uma série de lei revolucionárias para divertimento e distracção do país! Senhora ministra, eu também tenho exclusividade...mas ainda assim aprecio mais o azeite de Moura, é fruto do trabalho e suor de quem merece!

Por vezes pergunto-me se não haverá por aí ninguém que saiba realmente, tomar as rédeas e acabar com este carnaval!?

Por que obra e graça do espírito santo e afins, temos que aturar este cortejo de foliões e cabeçudos, quando o carnaval são só três dias!?

Isto já nem com azeite vai lá...próximo!

...a kind of blue

...um pouco de azul! um pedaço de mar ao entardecer, um pouco de céu, um pedaço de paz numa noite de de luar!

...peça por peça

...hoje comemora-se o 50.º aniversário do nascimento do LEGO! É uma data que sabe sempre bem recordar...faz-nos lembrar a nossa infância, até pelo menos à idade em que somos avós!!...quem ainda não sente uma atracção por aquelas caixas coloridas que atire a primeira peça!

......eu ainda gosto!

...ipso facto

...ainda a propósito do encomendado relatório a um a equipa de "peritos" da OCDE, ouve quem visse nas palavras de elogio do nosso PM - o tal enigmático “Foi um gosto trabalhar consigo” - um certo modo de despedida [tipo Casablanca] à ministra MRodrigues!

...certo ou não os próximos meses o dirão, pois candidatos ao Parlamento Europeu - lugar mais aprazível e sem aquelas manifestações chatas com sindicalistas e professores irados!! - não irão certamente faltar nas longas listas de lugares elegíveis. Aproveitando essa janela de oportunidade, talvez fosse uma boa altura para limpar um bocado a roullote das farturas, e como sugestão surgiria churros acompanhar com o ministro da economia, da agricultura, das obras públicas. Como uns churros ficam sempre melhor se forem acompanhados com farturas, recomendava seriamente a ida do ministro do ministro da propaganda...perdão, da presidência. Certamente com esta trupe os jogos da sueca e as partidas de damas da nossa ministra serão certamente mais agradáveis. Mas atenção, tenha cuidado com os chocolates belgas...são absolutamente divinas! recomendo-lhe as pequenas loja na Grande Place!!

Ainda acerca do tal relatório cujo link (carregua aqui saxavor!) disponibilizo dentro da obrigação de serviço público, trata-se de uma encomenda feita à medida do Governo. Há falta de quem por cá possa ou tenha o bom senso, ou inteligência para produzir tamanha façanha, pede-se aos de fora para virem a uma reuniões, falar om umas tantas pessoas indicadas e preparadas para tal, carrega-se uns indicadores que ninguém entende quais e no final, traça-se uns gráficos com uma distribuição f(x)=a*x (sendo a positivo), tendo o cuidado de retirar da amostra os valores que tornariam a distribuição numa vulgar log-normal, e por fim após o necessário tempero com uns sorriso e uns almoços pagos, eís um relatório tipo OCDE, com pompa e circunstância, aplausos e incómios q.b..

...pessoalmente prefiro o queijo tipo flamengo que se vende na merceearia!...tem outro sabor!

Outro facto que aguardo alguma emoção, são os desenvolvimentos futuros acerca da suposta vinda de prisioneiro de Guantanamo para Portugal. Ao que parece, o nosso ministro dos estrangeiros negócios, está bastante inclinado em aceder aos pedidos feitos pelo novo inquilino da 1600 Pennsylvania Avenue para lhe desampararem a loja! O mais caricato no meio disto tudo é que para virem passar férias á Velha Europa, existe um a condição: que estejam aparentemente inocentes!!??...ipso facto, estando inocentes obviamente estão presos!! Este mundo da diplomacia não me deixa de surpreender!

..cantiga do malando

...não sei se me apetece rir ou chorar!!...mas estava a beber um chá enquanto via o noticiário do canal público e depois dos considerandos iniciais (e longos!) do tio do suspeito do costume, a reportagem seguinte mostra o nosso PM muito sorridente ao lado da dama de ferro da educação e seus escudeiros mor naquilo que seria aparentemente o elogia publico ao "esforço" e "empenho" da equipa da educação na luta fraticída que trava contra os detractores do progresso e desenvolvimento do ensino e outra verborreia do léxico politiqueiro. Como gosto de conhecer o rosto e restante obra dos autores que leio fui tentar a minha sorte e deparei-me com o representante português no referido relatório, um docente da Universidade de Aveiro que por sinal é o presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, pessoa portanto (in)suspeita na matéria...dos restantes fiquei a saber que são todos peritos internacionais...e que ficaram sublimados e boquiabertos com a revolução operada em Portugal nos últimos três anos! Eu, quiçá enevoado pelas minhas angústias relativamente à qualidade que transborda do referido relatório, mantenho sérias dúvidas ao tipo de ensino que as nossas cobaias hoje em dia são sujeitas. A excelência que o PM apregoou em frente à plateia dos iluminados seguidores, mesclada aqui e ali, com as suas já habituais tiradas arrogantes, esbarra no insucesso com que os infelizes ratos de laboratório são confrontados quando se apercebem [demasiado tarde] das insuficiências em áreas basilares como a matemática, ou mais incrível ainda , o português. No meu caso concreto, tenho sérias dúvidas e demasiadas interrogações quando faço uma leitura, ainda que cruzada, aos manuais do 1.º ciclo do ensino básico. Pro vezes chego à conclusão que mais importante do que ensinar, os actuais manuais escolares são mais coloridos do que os livros de bd que lia quando era mais jovem. Mas aquilo que faz tremer ainda mais as minhas dúbias incertezas, é o caso particular das respostas múltiplas em tudo o que seja manual escolar. Talvez seja demasiado exigente, ou quiçá demasiado démodé...

diz o relatório logo nos primeiros parágrafos que as ditas políticas (...) estão a contribuir para aumentar os níveis de qualidade do ensino básico em Portugal (...)

- O facilitismo dos exames do ano passado estão aí para corroborar!!

(...)O facto de os alicerces da educação estarem bem implantados não garante que esta aconteça.

- Que o prédio caia, não duvido!

Mas o melhor está na pág. 79

(...)Não avaliámos a qualidade da oferta e as aulas que observámos. Não era da nossa competência fazê-lo e apenas vimos uma pequena amostra a nível regional.

- Aposto que foi seleccionada pelos serviços prestáveis do MEducação!!

(...)Acreditamos que os próximos passos terão de ter em consideração as questões que se seguem e esperamos que não surjam como surpresas ao Ministério.(..)

Surpresas!?!? Mas tudo corre na máxima serenidade!!

...igual ao litro!

«O primeiro-ministro anunciou, enquanto secretário-geral do PS, que na sua moção
para o próximo congresso do partido propõe a legalização do casamento civil das
pessoas do mesmo sexo!”.

...mas parece que morreu ali mesmo na praia! Mas eu vou acrescentar-lhe um pouco de gloss e umas meias de ligas já que pouco ou nada se vislumbrou nos media! Casamentos homossexuais, porque não!?...eu já tinha referido isto algures no tempo , ainda que não concorde muito com o termo, mas isso são peanuts, o que interessa é a substância do acto e a desmistificação de um conceito retrógrado que ainda perturba algumas mentes congeladas da nossa sociedade.

Só não consigo é imaginar como poderão ser as novas noivas e noivos de Santo António quando se acercarem à porta da igreja...certamente os celestiais portões se vão fechar da mesma forma que o preconceito está impregnado na mente de muito que pensam em total dissonância com a proposta agora "patenteada" pelo nosso PM.

Convínhamos, mais uma vez o momento não terá sido o mais oportuno, mas daí a virtude de andarmos tão distraído com essa coisa da «Crise», que já ninguém liga ao assunto. certamente que o nosso Cardeal irá utilizar a metáfora do lobo para caracterizar o comportamento devorador da moral cristã, mais uma vez pelo pelo Estado laico.

Quem certamente não terá ficado radiante com este contra ataque ideológico foi o BE, paladino das liberdades das minorias, lutador da honra das frágeis donzelas que se escondem por detrás do “manto do anonimato”...e um ou outro deputado do PCP ( a homofobia é uma espécie de tabu escamoteado que não é bem a agenda política lá para as bandas do estalinismo!).Quanto aos perigos apontados pelo Santo Padre acerca do facto da espécie humana enfrentar o perigo de extinção, a questão que se impõe é mesmo:
- Em que é que o casamento entre pessoas do mesmo sexo prejudica, ataca, fere ou perturba o casamento entre pessoas heterossexuais?
-Também gostaria que me respondessem o que é que aconteceu ao nosso PM para ter mandado os fiéis depurados do PS chumbar as propostas do BE e PCP em Outubro? O pretexto então advogado era de que «a sociedade ainda não discutira suficientemente o assunto». E ainda dizem por aí que somos um país atrasado!!Bastaram 3 meses...e fiat lux

...e agora o não caso "Foi através de mim que ele conseguiu a reunião", quem disse foi o tio do nosso PM, e depois!?...o que é que isso contribui para o interesse nacional!?...curioso é o assunto ver agora a luz do dia quando estava “adormecido” nos arquivos esquecidos da justiça portuguesa! Com que intenções e objectivos, que não, introduzir um factor de inércia à vida política nacional estarão por detrás desta aparição?

Interessante não é saber se houve ou não reunião, ou quem estava presente. O interesse é saber porque obra e graça do espírito santo a linha da ZPE encostou ao lado e, havendo pagamento de contrapartidas, verificar se esse dinheiro foi ou não declarado!! O facto de se tratarem de familiares do PM é igual ao litro...e pessoalmente falando prefiro o litro!...sempre dá prazer e alegria!"

...e venha o sarrabulho!

( ALF copyright)

...sorrisos & desabafos

De que valem as histórias se não forem partilhadas?De que valem as estações de um ano sabendo que só pensamos numa. De que valem as vidas que se cruzam na nossa, ou as regras que só quebramos só naquela oportunidade?
O que seria a nossa vida se não sentíssemos nada, que seria de nós se não houvesse outro ao lado? Será que que o sol nos alegrava, ou o mar teria mesma imensidão?Qual seria o sabor da alegria ou o travo da tristeza. O que seria de nós sem uma boa estória, e poder compartilhá-la. Qual o sentido do sorriso qual a melhor forma do desabafo? Um sorriso esconde as palavras que não se dizem, mas que se sentem e a melhor forma de o demonstrarmos é com amor e uma estória.

...bom fim de semana

Hoje, aqui, já, neste momento

"Porque não vens agora, que te quero,

E adias esta urgência?

Prometes-me o futuro, e eu desespero.

O futuro é o disfarce da impotência...

Hoje, aqui, já, neste momento

Ou nunca mais.

A sombra do alento é o desalento...

O desejo é o limite dos mortais."

Miguel Torga

...algo que vai mudar a sua vida!

...dentro do espírito reformador do novo Acordo Ortográfico e à falta de um novo álbum do nosso multi-platinado Zé Cabra, tenho o prazer de disponibilizar nesta plataforma e em exclusivo nacional, a fabulosa e única...Marli

...boa sorte

...pronto já acabou!!

...allegro moderato

...o mundo dorme esta noite num allegro adagio! Do outro lado do Atlântico no dito berço da democracia, o mesmo que ostenta orgulhoso a chama da liberdade nasce "uma nova era de responsabilidade"...calmamente aguardamos pela mudança que o Presidente Obama tanto apregoou durante a campanha!O Mundo agradece uma mudança drástica na política norte-americana em áreas tão sensíveis como o diálogo entre os Estados Unidos e os ditos países catalogados com pertencentes ao do Eixo do Mal, o respeito pelo Protocolo de Quioto e sobretudo e de uma vez por todas o respeito pelas resoluções das Nações Unidas! Talvez esteja chegada a hora da política substituir de vez a real politik pela política e a diplomacia pela ameça e a honestidade pela arrogância.

Can he?

...show me the way

Well, show me the way

To the next whisky bar

Oh, don't ask why

Oh, don't ask why

Show me the way

To the next whisky bar

Oh, don't ask why

Oh, don't ask why

For if we don't find

The next whisky bar

I tell you we must die

I tell you we must die

I tell you, I tell you

I tell you we must die

(...)

Alabama Song (Whisky Bar), The Doors

..três desejos

"Só tenho três desejos agora,
comer, dormir e foder.
Os cabarets excitam-me.
Apetece-me ouvir música rouca,
ver caras, roçar-me em corpos,
beber um ardente Benedictine.
Mulheres belas e homens atraentes
despertam ardentes desejos em mim.
Quero dançar.
Quero drogas.
Quero conhecer pessoas perversas, ser íntima delas.
Nunca olho para caras ingénuas.
Quero morder a vida e ser despedaçada por ela.
Henry não me dá tudo isso.
Eu despertei o seu amor.
Que se lixe o seu amor.
Ele sabe foder-me como mais ninguém,
mas quero mais do que isso.
Vou para o Inferno,
para o Inferno, para o Inferno.
Selvagem,
selvagem,
selvagem"

in Diário Intimo de Anaïs Nin

..brrrr

...a fotografia está uns dias atrasada, mas dá uma ideia do rigor invernal que tem adornado o nosso país!

...mas por falar em frio, nada como um Conselho de Ministros Extraordinário para arrefecer ainda mais o optimismo latejante das intervenções dos nosso governantes. Tarde, já depois de a crise assentar arraiais na feira...o nosso Ministro das Finanças reconhece que as previsões de um ano balnear, à sombra do coqueiro do crescimento económico e do desafogo orçamental, afinal não passavam de um retrato distorcido de um praia algures no pacífico sul, rodeada recifes de coral e mar cor de esmeralda! Afinal, ladies & germs estamos mesmo a falar de Portugal S.A. ou antes, Portugal trespassa-se! Aliás não é só o Ministério das Finanças que agora vem a socorro da subtil ignorância do marido encornado, o nosso afável Ministro da Economia hoje depois de confrontado com os previsíveis despedimento na fábrica da PSA de Manguealde, também alegou desconhecimento. Quem sabe se depois de anunciada a dispensa dos trabalhadores da AutoEuropa, também vai argumentar que não tinha reparado que estava a um par de sapatos a mais debaixo da cama! Tirando isso, o país neste momento vive da fabulosa comunicação de que ia ser aberto o primeiro banco público de células do cordão umbilical. Extraordinário é o que eu digo meus concidadãos, que facto relevante!!...só não referiu que o dito banco já funciona há dois anos mas ainda aguarda o tal telefonema para poder tornar-se oficial!!...Hoje já posso dormir descansado!O facto curioso é que a utilidade das células estaminais é um facto que divide profundamente a classe médica e os geneticistas de todo mundo, mas adiante.

Manela! Finalmente mulher! só tive pena de não ter acompanhado o resto da entrevista, pois um A320 da US Airways decidiu amarar no Rio Hudson! Afinal ainda há vida em Marte. É pena que tenha chegado com 8 meses de atraso. Será que ainda é possível!?...Assim esperamos!!

E pronto! não era bem isto que eu tenha pensado hoje de manhã para aqui pendurar aqui na minha mezzanine, mas foi o que os dedos autorizaram a escrever.

PS:...na segunda-feira está prevista uma greve dos professores, por isso podemos desde já adiantar que o trânsito de manhã em Lisboa não vai estar caótico! Aliás tenho a certeza que sou capaz de ter mais certeza nesta projecção do que os números do orçamento rectificado!!

(FOTO: Vieira do Minho Janeiro de 2009; obrigado prima!!)

...epitáfio

...em memória do futuro ex-presidente George W. Bush, o qual para bem da Nação e da sanidade mundial termina o seu mandato na próxima segunda-feira, um grande adeus oh vai-te embora, um grande não deixas saudades nenhumas e finalmente o raio que te....

...o vento que passa

A mulher é um catavento,
Vai ao vento,
Vai ao vento que soprar;
Como vai também ao vento
Turbulento,
Turbulento e incerto o mar.

Sopra o sul: a ventoinha
Volta azinha,
Volta azinha para o sul;
Vem taful; a cabecinha
Volta azinha,
Volta azinha ao meu taful.

Quem lhe puser confiança,
De esperança,
De esperança mal está;
Nem desta sorte a esperança
Confiança,
Confiança nos dará.

Valera o mesmo na areia
Rija ameia,
Rija ameia construir;
Chega o mar a vai a ameia
Com a areia,
Com a areia confundir.

Ouço dizer de umas fadas
Que abraçadas,
Que abraçadas como irmãs
Caçam almas descuidadas...
Ah que fadas!
Ah que fadas tão vilãs!

Pois, como essas das baladas,
Umas fadas,
Umas fadas dentre nós,
Caçam, como nas baladas;
E são fadas,
E são fadas de alma e voz.

É que — como o catavento,
Vão ao vento,
Vão ao vento que lhes der;
Cedem três coisas ao vento:
Catavento,
Catavento, água e mulher.

Machado de Assis, in 'Crisálidas'

...wasted years

...ia a passar no corredor dos dvd musicais e ouvi uns acordes centenas de vezes familiares ao meu ouvido. Parei e debrucei a minha atenção auditiva enquanto folheava um livro. Ao meu lado um casal de namorados falava. Ela estranhava o facto de ele estar a ouvir aquilo..."porque é que estás a ver isso?"- perguntou ela. "o meu pai ouvia isso quando tinha 18 anos, vá anda embora!"

Nota do autor: os acordes em causa estão
no quadradinho acima basta premir a tecla Enter, mas antes não se esqueça do
queijo e da salsa para colocar nos frágeis ouvidos

Ri-me para dentro. Até eu me senti velho...mas continuei a folhear o livro. Acabei por não o comprar! O Lobo Antunes tem uma certa razão quando à semanas disse no Porto que os livros são "indecentemente caros". Eu reitero, vergonhosamente. É triste chegar à conclusão que numa vulgar feira de antiguidades, ou num livreiro esquecido, é possível comprar livros amarelecidos pelo tempo a preços dignos! Hoje terminei de devorar o livro que comecei a ler na sexta-feira, foi-me emprestado e tive que morder o meu vício de dobrar o canto direito, o marcador dos buracos negros de leitura. Entretanto já estou com outro em bom ritmo, "Aquela Madrugada no Ritz" o segundo romance de Joel Costa. Retrata a época pós-Salazar de uma maneira realista e desprendida de preconceitos. É uma época da nossa história onde tudo podia ter acontecido, mas por acasos do destino, tudo se precipitou em algo grandioso: a Liberdade. Se nada tivesse acontecido e continuássemos na primavera da continuidade, provavelmente não poderia estar a falar neste fórum, com "a liberdade possível".

E é para isso que os livros servem: para encontrarmos aquilo que ignoramos...e para podermos dobrar o cantinho da página, também!

...feira da ladra

Eleições no mesmo dia, e porque não! Se em alguns países ditos civilizados ,é possível porque é que aqui nesta terra não será viável. Talvez o ideal, do ponto de vista do erário público fosse marcar as três consulta para a data das europeias, mas aceita-se perfeitamente que pelo menos um dos plebiscitos possa ocorrer em simultâneo. Do meu ponto de vista, talvez fizesse mais sentido que o PR convocasse as legislativas para para o dia o 7 de Junho, contudo tal acarreta que haja uma dissolução prévia da Assembleia da República, o que se afigura de difícil digestão para a nosso PR, paladino da estabilidade e das recomendações. Ainda assim, e com a paz podre que se vive entre os jardins de Belém e a o condomínio fechado de São Bento, nada parece descartado. Na pior das hipóteses prolongamos o carnaval e alugamos a carrinha das farturas, pois o Verão promete ser quente, o que vem a calhar depois deste princípio de Inverno gelado.

No entanto, tudo isto começa com os boatos e notícias de vão de escada que os lacaios da desinformação já começaram a espalhar. Pelos visto, e segundo nota matinal da Presidência da República, após um pequeno almoço de pastéis de belém, e passo a citar , o PR "não falou absolutamente com ninguém sobre as suas intenções ou preferências´. Talvez tenha sido uma indisposição de datas, mas eu como apreciador da nacional gastronomia, fico-me pelo pastel de bacalhau.

Entretanto, na pausa de um trabalho que me está a deflacionar a paciência, saboriei o meu café (lote Mussolo da Delta, recomendo!) ao folhear um semanário e não resistia deixar cair um sorriso de pasmo, pelo facto de o caso BCP ainda fazer gastar tinta.

Questiono-me:

-Perante toda esta crise do sistema financeiro e toda a exposição negativa para a imagem do bancos, como é que é possível existirem 28 altos quadros em licença com vencimento a trabalhar noutros locais? E o que dizer do nosso mecenas da arte moderna -o nosso Comendador- a braços com o pagamento de garantias devidas aos 1000 milhões de euros que "empatou"na compra de acções do BCP? Ou ainda, das mais recentes investigações da Procuradoria-geral da República ao Banco Popular ( o terceiro depois do BPN e BPP). São casos a mais para um país tão populoso e abastado como o nosso. Por vezes fico com a sensação que muito do glamour que por aí se cultivava, não passava de decadência perfumada! Mas isto resolvia-se de outra forma!

Alguém sabe para que raio existem tantos bancos neste país!? parece mais a Feira da Ladra!...

Sequestrando algumas palavras do António Barreto, mal vai o pais quando os "planos de urgência" só beneficiam os mais poderosos! O resto que se amanhe na Feira de Carcavelos!

...a buganvília continua a crescer

"O sol caía no mar, por trás do Mussulo, e todos os violetas do Mundo se
juntaram então aos azuis e amarelos para o enterro do sol no mar. Um ou outro
vermelho repentino tentava simbolizar que não se tratava de morte,mas sim a
cópula sempre sangrenta do sol com o mar. O que é o mesmo"

Pepetela in "O Cão e os Caluandas"

...reprise

...comecei hoje a ler "O cão e os Caluandas" do Pepetela. Já li metade enquanto enregelava na paragem à espera do autocarro que hoje, a bem da lusofonia, atrasou-se. O livro é um manto de pequenas estórias com o denominador comum: um pastor alemão- um cão burguês, segundo o narrador, que erra pela cidade de Luanda algures em 1980, à procura de não se sabe bem o quê, mas que em cada episódio, deixa uma marca. Em simultâneo, algures numa quinta em Luanda um buganvília cresce, apesar de também ela ter sido "vítima"de um encontro com o dito pastor-alemão. E à medida que o cão se entrecruza com diferentes vidas, somos envolvidos por uma prosa poética mas muito simples, entretanto a buganvíla continua a crescer...devo acabar nas próximas paragens de autocarro, ou ao sabor da brisa que as gaivotas me sussurram, enquanto não apanho o comboio! Entretanto a buganvília há-de florir...

...hoje lembrei-me desta música

...estávamos em 1985 e tínhamos um trabalho de inglês para fazer. Lembrei-me de fazer qualquer coisa diferente, pois estava farto da tradicional cartolina com os recortes e as folhas escritas na máquina de escrever (outros tempos!!). O ZX Spectrum era a coisa mais parecida com um computador, mas a impressora era pequena e o papel térmico degradava-se rapidamente. E porque não fazer o trabalho em cassete!?-perguntei eu.

parênteses: naquela altura a cassete e o vinyl ainda reinavam!

...e assim foi!peguei na minha mesa misturadora, o gravador do spectrum e o gira-discos e toca de inovar. O tema foi a história dos Pink Floyd. Foi aqui que começou o meu romance com o grupo (que até aí suportava o q.b.). Cada um escreveu uma parte do texto e no fim emprestei a minha voz e o o PTT emprestou a sabedoria dele no tema. Um dia inteiro em gravações, cortes e montagens e por fim um Muito Bom! Não sei onde pára a cassete, mas tenho pena, apesar de não gostar de me ouvir (nem de ver em fotografias, acrescento)....foram 3 anos memoráveis! Depois surgiu a faculdade e cada um rumou ao seu destino. Fica sempre a memória e a música que me deixou.

...alguém tem por aí lenha!?

...procura-se

..vem isto a propósito porque se completa algures nesta semana, quase 4 meses desde que preenchi o impresso para adquirir ó dito cujo. Entretanto, muita tinta já correu: desde um processo por fraude fiscal do assembler (não tenhamos dúvidas, de português, só mesmo o facto de ser cá montado!), a supostas dificuladades em aceder à procura, ou então a última perspectiva de o número de pedidos estar muito aquém das expectativas iniciais dos operadores telefónicos que participam no festim.

A teoria da tecnologia do 100% nacional tem muito que se lhe diga, no meu entender, mas adiante. Até agora, a verdade é :nada. Esta semana foi noticiado que já existe uma nova versão (insistem naquela cor!) com um processador mais adequado ao software!!...anida tenho esperança que venha até ao final do ano lectivo. Ou talvez no próximo, quem sabe! O facto indesmentível, é que tirando os alunos que o saborearam só para a fotografia da praxe, alguns poucos felizardos, desta ou aquela escola (serão mesmo!?) e talvez alunos venezuelanos, em troca de petróleo, ah! já me esquecia e todos os membros do gobioerno e respectivo staff (lembram-se das palavras soberanas do nosso PM na última Cimeira de Chefes de Estado dos Países Latino-Americanos?), não conheço mais ninguém que tenha tido a oportunidade de poder "jogar" com as potencialidades do dito portátil.

À falta de melhor, talvez não fosse má ideia, adquirir um destes Magalhães para cada sala de aula, talvez desta maneira a sua presença intimida-se alguns comportamentos menos recomendáveis!!...

Mas que anjo és tu?

Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.



Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não têm. - Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?

Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... - Lágrima? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'

...instantâneo

...o som que nos invade nas desgarradas

e cantares ao desafio,

que nos vira e volta a virar

por entre cantares e prosas de desatinos.

...serenidade

Vamos cantar as janeiras

Vamos cantar as janeiras

Por esses quintais adentro vamos

Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas

Vamos cantar orvalhadas

Por esses quintais adentro vamos

Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte

Vira o vento e muda a sorte

Por aqueles olivais perdidos

Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra

Muita neve cai na serra

Só se lembra dos caminhos velhos

Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa

Quem tem a candeia acesa

Rabanadas pão e vinho novo

Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura

Já nos cansa esta lonjura

Só se lembra dos caminhos velhos

Quem anda à noite à ventura

Zéca Afonso

...e depois de entregar o ouro incenso e mirra, foi hora dos Reis anunciar as declarações de Herodes: estamos em Recessão Técnica.

Foi hoje mesmo, apesar de ontem o nosso PM ter timidamente aflorado o assunto!A questão que se coloca é por carga de água andavam o Ministro das Finanças e o PM tão optimistas, e o Ministro da Economia a anunciar o fim da crise! Para quê!?! Verdade meus senhores, verdade e frontalidade!

Portugal é o único país que está habituado a viver em crise. Já vivemos à 8 anos em crise. Os portugueses sabem viver com salários abaixo da inflação, agora não sabemos é conviver com desemprego. Para grande infelicidade nossa, temos sérias limitações macro-económicas, que nos empurram sistematicamente para os últimos lugares do pelotão, bem perto do "carro vassoura" . Isso sim é um drama. Basta olhar para quem anda na rua e para o número de novos-pobres que acorrem em auxílio!

...serena, foi a observação do Governador do Banco de Portugal: as metas definidas na elaboração do OE 2009 eram irrealistas!Bem haja quem tem a lucidez para falar verdade (isto começa a tornar-se um hábito na classe dirigente!!).

Tudo se conjuga para que este ano "muita neve cai na serra", e que o "vento do norte" não mude!

Haja portanto ânimo para enfrentar o "vento do norte" e para combater o desânimo mas sobretudo, haja boa vontade para dar sem receber!...

(foto Dorothea Lange/Corbis)

Uma sobre reacção dos agentes económicos, sobretudo dos bancos ao impedirem ou dificultarem o acesso ao crédito pode provocar uma depressão. Será que o povo é capaz que manter a serenidade?

...a beleza que lava a alma

...apesar de ser considerada como uma das mais talentosas violinistas da actualidade, a jovem e bela Hilary Hahn constituiu a minha descoberta mais agradável em termos músicas deste início de ano. Aliás no próximo fim de semana tenho desde já encontro marcado com o seu último trabalho Schoenberg & Sibelius Violin Concertos . Outro facto de registo foi o redescobrir das sinfonias do compositor contemporâneo inglês Ralph Vaughan Williams.

Acerca da solista Hilary Hahn, só tenho pena de não conseguir distinguir entre a mestria como toca e o encanto que provoca. Uma verdadeira limpeza de alma nestes tempos conturbados que se vivem.

Entretanto o nosso PM falou hoje na tribuna de Carnaxide. Apesar de ser crítico exaustivo da actuação do seu Governo, a espaços conseguiu mais uma vez levar a contenda a bom fim. Não por culpa dos entrevistadores, mas antes pelo facto de ser dos poucos (incompreensível!!)políticos que ainda conseguem manter um discurso coerente no meio de toda esta pobreza franciscana da política portuguesa. Aliás, basta ver o belo exemplo de país que temos no portfolio de Natal da FNAC. Dos 38 títulos da secção de História de Portugal, 12 tinham Salazar na capa. Isto já para não falar na quantidade de obras que foram saindo ao longo do ano acerca dos anos negros do Estado Novo. Serão ainda os ecos do já esquecido O Maior Português de Sempre...ou o sintoma de que a crise veio para durar...a de valores, falo claro!

"There are no hard distinctions between what is real and what is unreal, nor
between what is true and what is false. A thing is not necessarily either true
or false; it can be both true and false.I believe that these assertions still
make sense and do still apply to the exploration of reality through art. So as a
writer I stand by them but as a citizen I cannot. As a citizen I must ask: What
is true? What is false?"

Harold Pinter

...whispering a poem

I
Season of mists and mellow fruitfulness,
Close bosom-friend of the maturing sun;
Conspiring with him how to load and bless
With fruit the vines that round the thatch-eves run;
To bend with apples the moss'd cottage-trees,
And fill all fruit with ripeness to the core;
To swell the gourd, and plump the hazel shells
With a sweet kernel; to set budding more,
And still more, later flowers for the bees,
Until they think warm days will never cease,
For Summer has o'er-brimm'd their clammy cells.

II
Who hath not seen thee oft amid thy store?
Sometimes whoever seeks abroad may find
Thee sitting careless on a granary floor,
Thy hair soft-lifted by the winnowing wind;
Or on a half-reap'd furrow sound asleep,
Drows'd with the fume of poppies, while thy hook
Spares the next swath and all its twined flowers:
And sometimes like a gleaner thou dost keep
Steady thy laden head across a brook;
Or by a cyder-press, with patient look,
Thou watchest the last oozings hours by hours.

III
Where are the songs of Spring? Ay, where are they?
Think not of them, thou hast thy music too,
While barred clouds bloom the soft-dying day,
And touch the stubble-plains with rosy hue;
Then in a wailful choir the small gnats mourn
Among the river sallows, borne aloft
Or sinking as the light wind lives or dies;
And full-grown lambs loud bleat from hilly bourn;
Hedge-crickets sing; and now with treble soft
The red-breast whistles from a garden-croft;
And gathering swallows twitter in the skies. Ay, where are they?
Think not of them, thou hast thy music too,
While barred clouds bloom the soft-dying day,
And touch the stubble-plains with rosy hue;
Then in a wailful choir the small gnats mourn
Among the river sallows, borne aloft
Or sinking as the light wind lives or dies;
And full-grown lambs loud bleat from hilly bourn;
Hedge-crickets sing; and now with treble soft
The red-breast whistles from a garden-croft;
And gathering swallows twitter in the skies.

John Keats

..serenata de morte

...isto hoje começa algures num acidente de aviação Canal da Mancha, passando pela França ocupada e termina lá para as bandas da Faixa de Gaza. Completou-se à duas semanas o 64.º aniversário da morte (desaparecimento) de Glenn Miller, do qual felizmente tenho um gosto especial em ouvir sobretudo quando estou In the Mood. Do vasto reportório, vem-me sempre à memória auditiva o clássico "Moonlight Serenade", uma das mais brilhantes peças de swing. E hoje foi um desses dias. Por entranhas e acasos do destino, estive hoje em casa de uma ex-membro da French Resistence, e foi com alguma curiosidade que recuei na história. Foi enfermeira voluntária e combateu a tirania de uma Alemanha fascista no berço da democracia. Ora é isso mesmo o que os ventos e guerra nos anunciam lá para as [poucas] bandas da antiga Palestina...a luta de um povo ocupado pela opressão de outro. Mas a questão aqui torna-se mais complexa!

Suponhamos que moramos em Beersheba...e de repente caiu um rocket Qassam!...no dia seguinte vamos alegremente no nosso caro e...cai outro...e assim
sucessivamente, durante dias a fio, semanas a fio. Uma espécie de terror não
anunciado, de morte que espreita sem aviso!

(esta fotografia é da Associated Press por isso caso se sintam
ofendidos eu não me importo de a retirar e em sua substituição coloco um
fundo a negro)

Suponhamos agora que somos uma pobre família palestiniana que está em casa na cidade de Al Mashahirah e de repente...a casa é atingida por uma rajada de helicópetro Apache! Queremos pão não há porque a padaria foi arrasada por uma bomba, queremos água, não há porque o depósito foi destruído, queremos fugir não temos para onde pois somos prisioneiros num rectângulo de 45x11 km murado à volta...

..quem é o culpado!?

..só conhecemos os rostos das vítimas!

...palavras abraçadas

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill

...rise & shine

...finalmente o Sol...um granda fim de semana, porque 2.ª feira o tormento começa!!

...chuva no molhado

Oh nuvem estúpida que me encharcaste hoje...eat this!!

...de volta à Terra!

...o ano de 2008 acabou com um Cohiba a acompanhar Ella Fitzgerald e Louis Amstrong ao som de Let's Call the Whole Thing Off dois flutes de espumante Casa da Tapada, Amares colheita 2004 e um beijo! Talvez haja formas mais ébrias de celebrar o final e começo de ano, mas esta é romântica! e não provoca enjoos!

...o novo ano continuou uns acordes de Jane Monheit...

...umas tracks de Renee Olstead

...dois flutes de espumante, e o calor da lareira!...pode não ser tão efusivo e vibrante como as festas que por essa noite fora brilharam na noite das lantejolas, vestidos alugados & saltos altos, mas sem sombra de dúvida foi mais romântico!...porém durante alguns minutos ouve sinfonia de tampas & panelas, as inevitáveis 12 passas, uma peça nova de roupa azul, uma corneta de gás comprimido [este sim é barulho a valer], o banho de champagne, saltos, gritos e todas as formas reconhecidas por sociólogos & outros seres místicos de " espantar os maus espíritos, os demónios e os velhos fantasmas que de alguma forma atormentaram o ano"...o que é igualmente recomendável para criar bom ambiente!

o dia seguinte:...o dia 1 é sempre vivido ao som de pratos, bimby, batedeira eléctrica, "passa-me aí o sal!", "vê lá se está bom assim"; "já puseste os guardanapos?"; "olha já chegaram!" e tchim, tchim!

a tarde do dia seguinte:...café expresso, Ballatine's com gelo [not for me!], bçá,blá.blá...saltos de esqui no Eurosport, filmes & sofá! Concerto de Ano Novo, uns telefonemas...e o balanço de tudo aquilo que tinhamos planeado para fazer nestes dias de descanso e não fizémos!

o dia 2:...hoje finalmente caímos na real como dizem nuestros hermanos do outro lado do atlântico, e começamos por ler os aumentos típicos no pós reveillon. Parece que luz e pão para começar as hostilidades. Felizmente que os passes sociais mantêm-se por agora ao preço de 2008 [finalmente uma boa notícia!], mas outros aumentos nos esperam, num ano que promete contenção salarial e sabe-se lá mais o quê?!

..as decisões:...é curioso, existe uma apetência crónica para remodelar qualquer coisa, e vermo-nos livres de algo que nos atormenta a paciência no caso concreto posso dizer que passei uma hora na garagem a "aliviar o cenário". A segunda decisão redundou numa valente molha, muito por culpa de uma nuvem que decidiu seguir-me até ao Guincho!...raios!...a outra decisão foi extirpar metade das ilusões criadas na noite anterior e adaptá-las à realidade factual!

...primeira desilusão do ano: nem um número, nem uma estrela no euromilhões!...life carries on!

...que rumo?

“Portugal tem de despachar-se” e assim começa uma entrevista que li recentemente de um Comissário Europeu. Pura verdade! Nestes dias de estagnação económica se nada for concretizado, poderemos enveredar rumo a um destino desconhecido. Uma das soluções passa pelo incremento da iniciativa do Estado, a alavanca do desenvolvimento económico nesta época de tempestade. Eis o momento - talvez um dos raros – que a iniciativa estatal deve dar abrir a valsa.

E por falar em valsas, não posso deixar de agradecer à RTP a transmissão do fabuloso Concerto de Ano Novo brilhantemente dirigido pelo Maestro Daniel Barenboim . Na retina fica a interpretação da Sinfonia nº 45 em Fa # menor.

Mas voltando à partitura inicial, esse caminho também passa pelo incremento pelo esforço de internacionalização das empresas, sobretudo das PME. Questiono-me se os recentes apoios ao sector automóvel não passam de simples operações de maquilhagem e seguidismo do que pior se faz lá fora; sem efeito visível pelo menos por cá. Afinal de contas, tirando o caso da AutoEuropa qual é o peso deste sector na nossa economia. Não seria mais acertado apoiar antes as PME, os verdadeiros estandartes da nossa economia e principais empregadores!? No meu entender faz mais sentido apoiar a modernização e capacidade de exportação de bens e serviços, mas confesso e que em matéria macroeconómica não passo de um leigo.

O ano que agora se inicia começa sob o signo do pessimismo ao nível económico e social. O alerta parte dos mais diversos quadrantes com especial ênfase para as inéditas comunicações dos últimos presidentes da república. Destas retive as visões apocalípticas do Dr. MSoares, os quais apesar de algum exagero no conteúdo, devem ser alvo de alguma reflexão por parte do elenco governativo. Aliás, os recentes acontecimentos na Grécia, deviam ser o bom motivo para alterar o rumo de algumas políticas no nosso país. Aquilo que começou por ser um revolta levada a cabo por fracções anarquistas com o argumento da morte de um jovem, depressa se alastrou a um conjunto mais alargado de jovens que estão simplesmente a ventilar a sua raiva contra um sistema polarizado na cultura do sucesso e do consumo, que não lhes oferece qualquer perspectiva de futuro. Pergunto-me, e por cá? Como diria o economista João César das Neves para estalar uma crise como a grega é preciso haver um “descontentamento endémico”, sendo que em Portugal há apenas “desânimo endémico”, sem força e ideologia definida.

Mas felizmente temos um Governo que no inunda com promessas de modernidade sob a forma de um computador azul chamado Magalhães, que aprova uma legislação laboral aberrante que nem a direita mais liberal algum dia teve a ousadia de legislar, que deixou inundar as universidades de “cogumelos” mascarados de cursos e que agora assiste à rotura financeira das universidades. Um Governo que não investe na qualidade e na exigência na escola pública, que não permeia o esforço dos professores, mas antes reprime e atormenta sobretudo todos aqueles que estão em inicio de carreira. Um Governo que fomenta o facilitismo na educação, e que permeia a mediocridade dos lambe-botas nos diversos sectores da sua dependência, um Governo que torna milhares de jovens dependentes das esmolas dos recibos verdes ou de salários e contratos a prazo de alguns meses. É o espectáculo circense da ilusão, ou talvez o Carnaval total.

O actual Presidente da República, na sua tradicional comunicação ao país alerta para o que aí vem e para as dificuldades dos que “sofrem em silêncio”. Mas desta feita, teve o condão de tocar na ferida, sem rodriguinhos nem jogos de palavras: “as ilusões pagam-se caras”, dixit.

Em boa verdade somos um pais de mansos, mas nem sempre foi assim. Já o provamos no Maio de 1969 e em Abril de 1974. Mas o que realmente necessitamos neste momento não é de uma revolução, necessitamos sim de uma mudança de rumo. A questão que permanece é saber quem de entre nós terá a capacidade de definir esse rumo. Infelizmente os rostos que se perfilam não auguram nada de bom. Existe um nítido défice de seriedade na nossa classe política. Mas uma coisa é certa, 2009 revela-se como a grande oportunidade para através das urnas podermos dar uma bofetada de luva branca a alguns figurões que por aqui andam.

Utilizando as proféticas palavras do Dr. Mário Soares (e hoje já é a segunda vez que o cito) “o Povo Português tem um enorme bom senso e muita experiência acumulada” (...) que lhe faz escolher, normalmente bem, as opções a seguir, em especial nos momentos decisivos”. O repto que aqui deixo na aurora deste novo ano, é tentar pela “arma do voto”, dar um rumo novo ao” status quo”.