23/02/2013

...bife no PREC


…da mesma forma que em algumas avenidas dos nossos centros comerciais existem ilhas onde os amantes da nicotina imaginam-se a fazer círculos de fumo branco para o ar, também nalguns colóquios devia existir semelhante gaiola para alguns ministros puderem repousar as sua lições de sapiência sobre assuntos nenhuns, longe das grandoladas e a salvo dos espíritos mais subversivos. Eu acrescentaria que para além disso, fosse ainda criada um gabinete de canto para o fiel jardineiro do Governo treinar a sua inigualável inaptidão para a música.
Contrariamente aos que apelidaram de atentado à liberdade de expressão, fascismo, intolerância desprezível, etc. continuo convicto que mais não foi do que um alerta, uma verdadeira e saudável forma de expressar o descontentamento de toda uma população. Se for necessário também eu entoo o refrão, já que o resto da letra não tenho presente. Assim penso eu, pensa a ministra da Justiça e pelos vistos pensa muito boa gente não conotada com a tal extrema-esquerda pulha e arruaceira.
Lá pelo facto do fiel jardineiro ter demonstrado uma despudorada cobardia política ao abandonar o palco onde ia discursar sobre o futuro do jornalismo [sendo ele um outsider na matéria] isso não quer dizer que tenha sido silenciado ou proibido. Outros colegas tiveram semelhante tratamento de charme e mantiveram a postura e a diplomacia necessária, prosseguindo com os respectivos discursos. Não querendo fazer aqui a defesa do anterior incompetente que alugou o Palácio de São Bento [cuja pesada factura ainda hoje me é acrescentada no IRS!] recordo que nos últimos tempos do seu apostolado, o fiel jardineiro e outros ditosos  não ofereceram o peito às balas populares, mas antes, deram razão à vox populi manifestamente farta do dito cujo.

“Cowards die many times before their deaths. The valiant never taste of death but once.”
W. Shakespeare

A questão que se impõe é, se também não temos direito à indignação ou se devemos observar uma pouco dignificante resignação à fatalidade que nos impõem? Também estamos fartos do fiel jardineiro, saturados de todos os lacaios que aplaudem esta louca descida aos infernos do nosso país! O que enjoa já chega.



Confesso que senti um prazer sórdido ao ouvir o ministro das finanças referir-se aos enganos, ao retrocesso das estimativas. Confesso que pasmei-me a ouvir o mesmo PM que jurava a pés juntos, doesse a quem doesse, custasse o que custasse, que não iria pedir nem mais tempo nem dinheiro. Confesso ainda o meu espanto ao ouvir o ministro da Economia falar num problema de entendimento e de estratégia do Governo face à onda de desemprego. Como mudaram tanto em relativamente pouco tempo. Quem sabe, talvez o mesmo raio divino que assombrou a cúpula da Basílica de São Pedro, tenha tido eco nos corredores bafientos de São Bento.

Entretanto em Belém o nosso PR qual Bela Adormecida acordou do sono profundo e desvendou o mistério da troca do “da” pelo “de”. Talvez seja melhor não acrescentar muito mais acerca do seu papel relevante nestes últimos tempos!

Não. Não vou aqui falar das opções sexuais deste ou daquele bispo, ou se existem as tais orgias de seminaristas nas catacumbas do Vaticano. Supostamente os anjos não têm sexo. Mas vou estar atento aos desenvolvimentos.

Nunca imaginei que houvesse tantos generais neste pequeno rectângulo.

E mais uma semana passou sem que tivesse sido abordado ou revistado por um agente das finanças em busca das facturas que invariavelmente me esquece. Ao contrário do Viegas, não vou entrar em poesia erótica, nem vou argumentar com a velha teoria do Triunfo dos Porcos. Com alguma sorte canto-lhe o refrão da Grândola e sigo em frente pois de idiotas estamos todos fartos!

Prometo que as minhas próximas palavras serão para o nosso ministro que é tão reconhecido lá fora e tão incompreendido cá dentro, mas isso só depois do 7º fellatio à Troika.

"Deixai toda a esperança, ó vós que entrais!"
Dante

photo by: New York Times