Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.
Bertrand Russell
...parto com uma frase do filósofo para depois atravessar uma ponte para mais além. Passei a semana doente, mas como a vontade de ir ao médico é algo que não me atrai de sobremaneira, decidi enfrentar a minha estupidez e ir ao hospital. Sim porque, não tenho o centro de saúde de Tuy aqui às portas, e o que tenho não tem consultas de urgência e ao sábado simplesmente fecha [também têm direito!]. Dado que a probabilidade de encontrar o hospital público mais próximo apinhado de pretensos & doentes nesta altura do ano em que o Inverno se sobrepõe à razão da primavera era enorme, não liguei à ameaça das cinzas islandesas apanhei o voo para o Hospital da Luz [lugar de peregrinação no ano passado!]. Quando lá cheguei e depois de estacionar o carro no parque coberto [nos hospitais privados os doentes entram secos no atendimento permanente! no estado apanham chuva mesmo com parque de estacionamento!] fiquei logo convencido que a estatística que utilizei era a errada, afinal ali também eram muitos os peregrinos! Bem, a vantagem é que a sala de espera não tem uma televisão com um autocolante a tapar os botões e não está a dar a programação super interessante [vulgo canal Panda e/ou programas de entretenimento das tardes em que as pessoas são enxovalhadas em directo, chora-se e fala-se da vida alheia!]. Não ali era mesmo o canal da casa. Uma espécie de Millenium TV versão Espírito Santo, mas melhor! Também a vantagem, é que ninguém grita, os vidros são à prova de som e respira-se um ar de serenidade tal que tão depressa como me sentei no sofá individual[frise-se!!] de pele, mais depressa passei pelas brasas. Isto claro depois de passar pela triagem de Manchester. Primeiro reparo ou curiosidade: porque é que todas as “assistentes” [chamemos-lhes assim pelo traje e pela postura] parecem sido seleccionadas de uma agência de modelos!? Simpatia não lhes falta e o sorriso parece mais imposto do que natural. Não que o cliente não goste, digamos antes que vem mal habituado do SNS!! E o que dizer deles?...parecem nerds formatados, com uma cassete bem decorada, tão profissionais que apetece fazer-lhes aquela pergunta não esperada para ficarem bloqueados no raciocínio. Não que esteja a ser mal agradecido [aparento já sei!] mas um pouco mais de naturalidade não lhes ficava mal. Adormeci, mas ainda acordei a tempo. Foi um momento zen ao som de Sade que quebrou a minha resistência. Ao meu lado, uma jovem contava cordeirinhos. Alguns minutos antes de chegar a minha vez pedem-me para entrar noutra sala de espera em frente aos gabinetes e informam-me que sou o próximo. Melhor do que isto só num cruzeiro no mediterrâneo. Entrei e dei de caras com um jovem do país vizinho que de português nada sabia, mas que teve a honestidade de confessar a dificuldade de qualquer espanhol aprender línguas. Deu-me a espátula em jeito de gozo pelo facto de ainda [nesta avançada idade] não gostar que metam nada na boca [dá-me vómitos!!, também tenho direito!!]. Resultado final: 2h53 minutos em ambiente controlado, cartão Multibanco a ferver [tive que pagar a caução pois era a primeira vez que utilizava o cartão do seguro de saúde!] a somar a isso 3 euros e uns cêntimos para não molhar a farta cabeleira & uma série de conselhos simples para debelar o vírus anormal que decidiu estragar-me a semana!
Mas mesmo com estas mordomias & qualidade do serviço à disposição, ainda persistem “pessoas” que reclamam por tudo e por nada, pelo facto de estarem muito tempo à espera, pela temperatura do ar condicionado et cetera. Chegam mesmo ao ponto de tentar por todos os meios [com um descaramento imbatível] condicionar a lista de espera e entrar antes de tempo!...Compreendi então o motivo dos sorrisos forçados. Haja pachorra!...
Mais além....sem sombra de dúvida. Não há cabimento nem razão plausível para o cancelamento da assinatura do contrato com o consórcio Elos, afinal de contas quem iria pagar a conta dos croquetes e o aluguer do espaço!? E a comida que se estragava? Mas agora fora de brincadeiras, soa-me estranho o facto de o Governo decidir avançar com a assinatura da primeira parceria público-privada e colocar entraves [reponderação] aos restantes troços, já para não falar no congelamento do NAL. Mas se as estimativas estavam feitas, e tudo apontava par o sucesso das empreitadas e o enorme reflexo nas contas públicas e no desenvolvimento do país, qual a dúvida agora!?...eu digo: construa-se um novo aeroporto, faça-se a ligação Lisboa-Caia, Porto-Vigo, Porto-Lisboa e outras tantas...mas por favor, em bitola europeia! Ligue-se o porto de Sines à Europa, invista-se no mar, lugar primeiro da nossa epopeia, morada última do nosso desenvolvimento. Mas com a necessária e devida ponderação.