22/01/2012
...doce tentação
“Senhores da troika, estamos a fazer isto por nós, não por vós”. Até podia ser uma frase bíblica, de um qualquer epístola, mas quem a proferiu nem é apóstolo nem evangelista. Talvez uma versão simpática de Pôncio Pilatos adaptado às difíceis circunstâncias que se vivem neste momento de imolação nacional em que Os sacrifícios têm que ser repartidos por todos. Não há ninguém que fique de fora. De fora, mesmo de fora só ou outros. E por falar em sacrifício, senti um aperto no coração ao ouvir que o nosso magistrado primeiro da nação, o provedor do povo, como se intitula, tem passado algo como as passas do Allgarve [fui agora interrompido por um comunicado ministerial a informar que o All foi definitivamente abandonado por um árabe Al-garve], aonde é que eu ia?...ah! Pois, parece que o nosso querido líder já tem problemas para pagar o fiado da mercearia e o calote que já tem nos Pastéis de Belém. Aliás, soube de fonte insegura de uma amiga de uma secretária de um assessor do Álvaro (sem ministro e com duas pedrinhas de gelo!) que o Conselho de Ministros já debateu este problema ao mais alto nível, dado tratar-se um activo estratégico para o desenvolvimento económico do nosso país. Depois da vaga de fundo, do tsunami de contactos para a página de Facebook da Presidência da Respública, há indicações seguras que já foi activada uma conta solidariedade no BPN. Também soube de fonte insegura, que o Banco Alimentar já foi alertado para uma nova iniciativa nesse sentido. Mas a semana não podia terminar sem uma viagem apostólica, à sede da Concentração Social. Depois de vários encontros e desencontros finalmente, a UGT agradeceu o facto do Dr. Carvalho da Silva ter levado o chapéu-de-chuva para proteger das pingas impuras, o espírito imaculado e temerário do secretário-geral da UGT, que apesar de ter vendido a alma à bruxa má, vem agora desdramatizar o pecado original com a desculpa que terão sido altas patentes do politburo da CGTP que o convenceram a aceitar a maçã. Doce tentação, esta, de sucumbir aos desejos mais íntimos do patronato e transformar o comum trabalhador num cabresto, numa manada tristes ao sabor dos caprichos matinais do empregador. De entre as virtudes desde acordo de concentração laboral (a concertação é uma metáfora desajustada), deste verdadeiro coup d'état dos direitos conquistados ao longo da nossa jornada desde um Abril passado, resta apenas um punhado de nada para o trabalhador. O futuro dirá a sorte de uns e a desgraça de muito outros. E agora a informação desportiva: Primeiro Governo de Sócrates 14,58 nomeações dia- Governo Actual de Passos 5,22 nomeações/dia E ainda nos queixávamos do desemprego na época do nosso querido filósofo!! Ámen PS: Canavilhas & camaradas de bancada (todos excepto aqueles que deram entrada com uma fiscalização sucessiva do OE2012), essa de tributar a pen drive, o media center, discos externos eu sei lá mais o quê, da mesma forma que o Salazar tributou o isqueiro e o acendedor não lembra nem ao careca nem aos fósforo. O fósforo mesmo sendo amorfo ainda resistiu às novas tecnologias da altura. Preocupem-se com outras coisas!! Última hora: a S&p não baixou o rating da Respública esta semana Photo by: Il Marchese de Sade
09/01/2012
...questões de avental e ervanária!
Esta coisa da Maçonaria sempre me deliciou pois reconstruiu no meu imaginário homens de avental [sem experiência ou vocação para a cozinha], em círculos e rituais sinistros [um tanto ou quanto diferentes daqueles que têm lugar aqui bem perto no Monte da Lua em Sintra!] um pouco à medida daqueles rituais profanos do Opus Dei, com flagelações e rito iniciáticos [um bocado mais complexos que o curso de iniciação da Vaqueiro]. Aliás entre a Maçonaria e a Opus Dei a diferença deve ser a mesma da cruz e do compasso. Ambas são matematicamente úteis. Também acho piada aos nomes que colocam às lojas: a Loja do Sino, a Loja Mozart, A Grande Loja Regular de Portugal, Grande Oriente Lusitano, outras tantas. Pessoalmente gosto da FNAC e da Bulhosa, uma pouco mais desta última pois aparenta ser mais tradicional. Claro que nada bata os alfarrabistas da Baixa. Pensando bem, se pertencer a uma loja é ser maçon, então provavelmente sempre fui, pois existe uma loja à qual pertenço sentimentalmente desde que nasci. Fantástico sou maçon!E agora!? Realmente adorei aquela edição livro de bolso do Código Da Vinci, mesmo antes de alguém ter traduzido aquilo para português corrente. Mais ancestral é o meu interesse visceral por tudo que esteja ligado ás do Graal. Gueral também me deixou boas recordações, é verdade. Agora entendo porque é que me apaixonei pela escrita do Follet ao ler os Pilares da Terra. Afinal de contas os primeiros Maçons inspiraram-se nas tais guildas de pedreiros da Idade Média. Curioso [tudo bate certo, menos os números que me calham no euromilhões!] quando era júnior, uma das coisas que mais me fascinava era ver o meu avô a trabalhar como pedreiro e carpinteiro, sobretudo a mestria que exalava em cada gesto do bailado de instrumentos, medidas, cálculos, réguas, esquadros. Aquilo para mim era um fio-de-prumo da mais pura razão. Triângulos?! Adoro. É a figura geométrica que mais cativa a atenção. A mim e ao Pitágoras. E o que dizer de pirâmides [esta tive que introduzir pois a seguir vinha o ménage à trois!]. Como diria o Eduardo Catroga esta conversa de aventais numa altura destas em que se discute mais ou menos meia hora de trabalho e a modernização da legislação laboral [flexibilização dos despedimentos!] é conversa de pintelhos para distrair os pobres de espírito. Na mesma onda, a recente polémica pela venda da sociedade Francisco Manuel dos Santos à sua congénere Francisco Manuel Van dos Santos foi um verdadeiro coup d'état que desbaratou todo o castelo de patriotismo que o líder taliban do Pingo Doce [odiado pela classe política, temido pela Popota e esconjurado pela Leopoldina] foi alimentado ao longo de anos sucessivos. Ok! Criou mil postos de trabalho só em 2011 e investiu 100 milhões…mas o que é isso comparado com os feitos do líder do arquipélago da república das bananas, ou os milhões do investimento no Aeroporto Intercontinental de Beja? Peanuts! Agora para mal dos seus pecados é o bombo de uma festa para onde não queria ser convidado. Mas achei piada que de todos os quadrantes choveram facadas e cartas armadilhadas a jurar recusas eternas de compras no Pingo Doce, Biedronkas ou outras loja da subespécie Pingo Doce. Nem o Jaimão se lembraria de tamanha patranha á pátria. Foi como subitamente emergisse no grupo Jerónimo Martins um Kim Jong-un “génio dos assuntos económicos” e descobrisse que para além das coffe-shops e das promoções da Red District, a Holanda é muito mais do que túlipas. Tarde demais meu amigo! As donzelas já estão mais do que batidas! Termina hoje os primeiros 1/52 avos do ano, e como ainda faltam algumas semanas para o fim do mundo que deve ocorrer lá para meados de Dezembro, aproveitei para dar um saltinho à primavera árabe dos saldos. Há dois tipos de lojas por onde escolher, aliás minto, três tipos: as que estão ainda a funcionar em pleno com saldos de 30% a até 70% (geralmente meias, cintos, botões de punho ou gravatas mal inventadas de colecções falhadas!), as que estão em saldos por motivo de encerramento ou liquidação total e aquelas que têm um papel com ordem de despejo do tribunal ou a última conta da EDP para pagar em cima do tapete da entrada junto dos detectores de delapidadores do alheio. Os chineses das três gargantas (fundas!) que se cuidem pois com o aumento do IVA e a prenda de reis antecipada do aumento da tarifa, este ano vão ter de comprar mais tonner e papel porque não vão faltar lojistas com tendência omitir das suas preocupações a última factura da electricidade. Não sei se essa preocupação motivou a última ofensiva da SONAE ao aliar-se aos irmãos orientais na nova promoção absolutamente fantástica. Para além de nos iludirem com os 50%+25% de descontos, agora ambicionam tornar-se fornecedores de electricidade via EDP. Ora aí está um potencial case-study nos próximos tempos, isso e a influência da educação jesuíta no nosso Portas na escolha da praia que frequenta! Enfim. O ano promete e enquanto não compromete vou continuar a apreciar este Foreign Affairs do Tom Waits que me acompanha desde que comecei esta paródia manuscrita. Para os demais, sem talões nem descontos em cartão, venha ela então…
01/01/2012
2012
Será este um mundo novo que agora nasce com a última badalada da torre do sino da igreja? ou o novo mundo que Dvořák imaginou. Se 2011 foi o ano da ruptura e do desencanto, tenho receio que os primeiros raios do sol que me iluminam tragam muitas mais dúvidas e incertezas. Estranha esta sensação de dúvida permanente, este pot-pourri de esperança mesclada com receio. Aguardemos serenamente o desenrolar da nossa próxima estória...
Um Bom Ano Novo 2012
photo by:Ines Belkahla
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