…da
mesma forma que em algumas avenidas dos nossos centros comerciais existem ilhas
onde os amantes da nicotina imaginam-se a fazer círculos de fumo branco para o
ar, também nalguns colóquios devia existir semelhante gaiola para alguns
ministros puderem repousar as sua lições de sapiência sobre assuntos
nenhuns, longe das grandoladas e a salvo dos espíritos mais subversivos. Eu
acrescentaria que para além disso, fosse ainda criada um gabinete de canto para o fiel jardineiro do Governo treinar a sua inigualável inaptidão para a
música.
Contrariamente
aos que apelidaram de atentado à liberdade de expressão, fascismo, intolerância
desprezível, etc. continuo convicto que mais não foi do que um alerta, uma
verdadeira e saudável forma de expressar o descontentamento de toda uma
população. Se for necessário também eu entoo o refrão, já que o resto da letra
não tenho presente. Assim penso eu, pensa a ministra da Justiça e pelos vistos
pensa muito boa gente não conotada com a tal extrema-esquerda pulha e
arruaceira.
Lá
pelo facto do fiel jardineiro ter demonstrado uma despudorada cobardia política
ao abandonar o palco onde ia discursar sobre o futuro do jornalismo [sendo ele
um outsider na matéria] isso não quer dizer que tenha sido silenciado ou proibido.
Outros colegas tiveram semelhante tratamento de charme e mantiveram a postura e
a diplomacia necessária, prosseguindo com os respectivos discursos. Não querendo fazer
aqui a defesa do anterior incompetente que alugou o Palácio de São Bento [cuja pesada factura ainda hoje me é acrescentada no IRS!] recordo que nos últimos tempos do seu apostolado, o fiel jardineiro e outros ditosos não ofereceram o peito às balas populares, mas antes, deram razão à
vox populi manifestamente farta do dito cujo.
“Cowards die many times before their deaths. The valiant never taste of
death but once.”
W. Shakespeare
A
questão que se impõe é, se também não temos direito à indignação ou se devemos observar uma pouco dignificante resignação à fatalidade que nos impõem? Também estamos fartos do fiel jardineiro, saturados de todos os lacaios que aplaudem esta
louca descida aos infernos do nosso país! O que enjoa já chega.
Confesso
que senti um prazer sórdido ao ouvir o ministro das finanças referir-se aos
enganos, ao retrocesso das estimativas. Confesso que pasmei-me a ouvir o mesmo
PM que jurava a pés juntos, doesse a quem doesse, custasse o que custasse, que
não iria pedir nem mais tempo nem dinheiro. Confesso ainda o meu espanto ao
ouvir o ministro da Economia falar num problema de entendimento e de estratégia do
Governo face à onda de desemprego. Como mudaram tanto em relativamente pouco tempo.
Quem sabe, talvez o mesmo raio divino que assombrou a cúpula da Basílica de São
Pedro, tenha tido eco nos corredores bafientos de São Bento.
Entretanto
em Belém o nosso PR qual Bela Adormecida acordou do sono profundo e desvendou o
mistério da troca do “da” pelo “de”.
Talvez seja melhor não acrescentar muito mais acerca do seu papel relevante nestes
últimos tempos!
Não.
Não vou aqui falar das opções sexuais deste ou daquele bispo, ou se existem as
tais orgias de seminaristas nas catacumbas do Vaticano. Supostamente os anjos
não têm sexo. Mas vou estar atento aos desenvolvimentos.
Nunca
imaginei que houvesse tantos generais neste pequeno rectângulo.
E
mais uma semana passou sem que tivesse sido abordado ou revistado por um agente
das finanças em busca das facturas que invariavelmente me esquece. Ao contrário
do Viegas, não vou entrar em poesia erótica, nem vou argumentar com a velha
teoria do Triunfo dos Porcos. Com alguma sorte canto-lhe o refrão da Grândola e
sigo em frente pois de idiotas estamos todos fartos!
Prometo
que as minhas próximas palavras serão para o nosso ministro que é tão
reconhecido lá fora e tão incompreendido cá dentro, mas isso só depois do 7º fellatio à Troika.
"Deixai toda
a esperança, ó vós que entrais!"
Dante
photo by: New York Times