…o homem não quer e pronto. Qual
é a parte que não entenderam?
Não ouvi o discurso do senhor de
Boliqueime, por isso vou-me pronunciar ao som de alguns acordes de silêncio
para tentar não incomodar a maralha que se digladia em entusiasmos cáusticos.
Sinceramente não entendo o ar de virgens arrependidas por parte das restantes bancadas
do hemiciclo. Será que já se esqueceram do discurso de vitória nas presidenciais? Ou das suas intervenções como
primeiro-ministro (papel que nunca conseguiu descolar) na Assembleia da
República? Ele bem tenta mas o seu tento não o permite. Dêem-lhe bolo-rei que ele serena.
Mas o tema da semana, são os swaps! Tomem lá atenção e esqueçam lá o
facto dos canteiros de cravos ter caído assim que o senhor de Boliqueime usou da
palavra [corre por aí o rumor que o senhor já antes do 25 de Abril tinha
alergia a cravos!]. Como se não bastasse um CDS no sapato do PSD, só faltava
mais outro CDS (credit default swaps)
para fazer comichão na breguilha da Lapa.
Mas atentemos às vantagens deste chato:
numa penada mais dois secretários de Estado [um deles para gáudio e champagne da EDP!] foram
afastados por motivos que não cansaço, família ou , ou…uma daquelas desculpas
estapafúrdias que os governantes se lembram de acrescentar nestes momentos. Eu
digo mais dois, porque não sei se repararam mas este Executivo tem passado as últimas
semanas com a consistência de uma fatia de molotov
já com algumas semanas de frigorífico...
Adivinhem quem entrou desta vez? Não,
não foi o homem do poço da morte nem a assistente do engolidor de espadas, mas
a nossa insular Berta que há um punhado do meses, dava a entender que em
matéria de boçalidade, aquele puto com mania de contratenor nada tinha
a acrescentar em termos de curriculum e muito mais a comprovar! Não me vou alongar sobre o outro
secretário, agora braço direito do palácio das Necessidades que, para além de
umas colunas de opinião no jornal do partido [provavelmente um admirador dos artigos
de opinião do Relvas] e de uma interessante passagem pela Guia TV Cabo,
certamente vai deixar uma marca indelével no admirável mundo da diplomacia.
É caso para dizer que o banco de órgãos
do Executivo assemelha - se cada vez mais a um banco de suplentes de uma equipa
de futebol das distritais.
Mas nem tudo foi mau esta semana:
o efeito vasodilatador do chumbo do TC teve o condão de espevitar o trabalho de casa dos super assessores e
meter de uma vez por todas o Governo a olhar para fora da janela. Por motivos insondáveis que nem a Santíssima Trindade com a sua reconhecida profundidade se atreveria adivinhar [nem isso nem o que o Gaspar e o contratenor dissera ao senhor de Boliqueime naquela noite!], descobriram agora que
faltava economia á equação da austeridade. E eis que o milagre acontece: alguém retirou o Álvaro de um processo escondido da gaveta de um funcionário mais zeloso e eis que a palavra investimento surge nos feixes hertzianos do rádio a pilhas da barbearia da esquina.
Últimos reparos de uma mão já
cansada de imaginar. Eu tinha o Crato com um refinado letrado nas artes
matemáticas...ficamos a saber agora que também confecciona números ao gosto do
paladar do ministério das Finanças! Há gostos que mais tarde ou mais cedo se
revelam adstringentes, para não dizer despudoradamente irrelevantes.
E agora, o soneto último da minha
prosa. Da trilogia fantástica dos três “D” da Revolução de Abril soletro
penosamente três “D” de desilusão, descrença e desamparo. Fica a lembrança a p&b
do photomaton dos rostos, lágrimas e gritos de todos aqueles que na madrugada do
primeiro dia do resto da nossa vida, puderam enfim dizer e cantar a palavra
LIBERDADE. Abril continua amanhã…e nós por cá também.
edição ne varietur