..se há coisa que me entusiasma é acordar a um certo
dia e pensar que daqui a umas horas vou utilizar a caneta para fazer umas cruzes
bem bonitas nos quadradinhos sem exceder os limites legais da geometria. Um mísero
detalhe que encerra o quão importante passo a ser a partir desse momento, para o
equilíbrio do ecossistema político. Por um voto se ganha ou perde, e o gasto em
tinta até é supérfluo; comparativamente, o estrago que a escolha pode ter, poderá ter outras incidências geométricas. Por sinal, nesta campanha [tal como tinha sucedido
com as anteriores] o nível de discussão foi tão avassalador, tão rico que estou
muito inclinado a daqui a quatro anos, propor-me como putativo candidato à Junta
de freguesia de um ilhéu nas Desertas, ou quem sabe a algo mais ousado, presidente da
Câmara do Ilhéu das Cabras. Uma boa hipótese para um futuro salto para uma aventura mais internacional (sempre fica mais perto de Washigton!).
Não é por nada, mas seria um passo decisivo para a
minha afirmação como cidadão interventivo, pró-activo e defensor acérrimo da
causa pública. As vantagens seriam mais do que evidentes para todos nós. Por um
lado, seria uma forma de descentralizar forma objectivamente específica e
factual contraindo a tese que muito se fala mas pouco se concretiza.
Por outro, seria uma forma de rentabilizar de forma
segura e transparente o investimento que costuma aparecer de forma simpática no
orçamento europeu na sub-secção territórios insulares, mas que normalmente
serve para construir hotéis ou cais de acostagem para paquetes de luxo. Ora, quer
o Ilhéu das Cabras quer o Ilhéu Deserta Grande, apesar de constituírem excelentes
portos de águas profundas, apresentam, características interessantes para a
acostagem de embarcações de grande porte que não excedam o tamanho de um bote
de borracha.
Outra das promessas que penso constar no manifesto
eleitoral que está em reanálise, será a descarbonização de toda a economia
local, pela implementação de ninhos em material reciclável para toda a avifauna
marinha e a redução da emissão de gases de escape (os botes só poderão acostar
se movidos à força de braços ou vela).
Dado que sou uma pessoa de bem, é minha intenção tornar
o território livre de armas, em especial bazucas, espingardas ou pistolas de
forminantes. Fiquemo-nos pelas atoardas deselegantes vinda de onde vierem,
sobretudo dos meus futuros opositores políticos. No máximo serão toleradas fisgas
ou arremessos de lava solidificada que por lá não faltam.
Não contem comigo para autocolantes, canetas ou
chapéus e bandeirinhas em corsos circenses sob aplausos. Contem comigo para
obra feita, nem que sejam umas rotundas ali ou acolá.
Penso que este conjunto de medidas, será mais do que suficiente
para assegurar um futuro mais risonho para colocar qualquer uma destas parcelas
do território na senda do desenvolvimento sustentado.
Mas amanhã vou mesmo votar primeiro, depois logo se
vê.