Qual o termo certo, para designar a Guerra em África? A do tempo em que ela decorreu, ou seja, Guerra do Ultramar, ou a do tempo em que se procurou acabar com a mesma, de qualquer maneira, como de facto aconteceu...
Esta foi a pergunta que ficou no ar e que ocupou grande parte do programa prós e contras da passada segunda-feira.
Para quem não cresceu com o espectro de um país em guerra, para quem não tinha a noção de guerra e paz, não posso alvitrar grandes comentários sobre a realidade do que se passou em África nas décadas de 60 e 70 do século passado. Só realmente me apercebi que algo não estava realmente bem quando num dia, enquanto passava de carro com os meus pais ali na doca do Poço do Bispo, vi amontoados milhares de caixotes de madeira. É talvez a única memória que guardo da guerra, isso e uma palavra que entrou no meu léxico- retornados - e que só mais tarde entendi o significado!
Passaram mais de 40 anos, e acho curioso as reacções que o tema suscita e nas feridas que reabre nas gerações mais velhas. Talvez 40 anos seja insuficientes, ou talvez a mágoa dos que lá perderam a vida e os bens se faça sentir ainda hoje com uma intensidade que a memória não atenua.
Discutir o porquê da guerra é um exercício complicado, pois é discutir algo que é vil , estúpido e irracional. Na guerra não há vencedores, só vitimas, mesmo aqueles que se orgulham da barbárie ou que reivindicam glórias passadas perdem a razão por maior verborreia de argumentos utilizados. O que passou passou. o caminho não é descobrir de que lado estava a razão, pois numa guerra ninguém tem razão e os resultados de qualquer guerra são sempre duvidosos, independentemente de que lado da barricada estejamos....
"Somente aqueles que nunca deram um tiro, nem ouviram os gritos e os gemidos dos feridos, é que clamam por sangue, vingança e mais desolação. A guerra é o inferno."
Gen. William T. Sherman
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