28/11/2008

...ecce fim de semana

...ei-lo finalmente, o primeiro fim de semana de Dezembro! E com ele o frenesim das compras de Natal, em plena crise económica, é certo, mas as estimativas dos analistas apontam para que seja um Natal farto em matéria de vendas, ainda que uma leitura mais atenta da primeira página do DN de hoje desminta categoricamente esse raciocínio. Da lavra, posso desde já avançar que da minha short-list, ainda só atendi um cliente, por agora!...entretanto do outro lado do mar, acabou a caça ao perú - Thanksgiving Day-aqui por estas bandas deve estar a iniciar-se o safari do bacalhau. O fiel amigo, que por esses mares frios do Norte escasseia a cada ano, até um dia se transformar numa miragem ou uma recordação da tradicional Ceia de Natal....mas por falar em culinária, nada melhor do que os conselhos de quem disso faz fé e entendimento...
...bom fim de semana, e algumas compras!

PS: ..ainda temos Ministra da Educação!?

23/11/2008

..por detrás do bigode

...depois de ler e reler as últimas novidades e peripécias relacionadas com o caso BPN, lembrei-me de um sketch já com alguns milhares de anos...sem dúvida que este caso, de uma aparente maçã podre, começa a tomar proporções gigantescas de tal forma que pode começar a ser o princípio do fim de um determinado PSD que já à muito devia ter sido arredado da vida política. Como diria o PPereira "na política não se enriquece", mas a tentação do poder permanece viva! Tão ou mais importante é que este processo não cai no esquecimento nem que o banqueiro agora preso não se torne um Bibi da banca nacional...a fraude e a corrupção certamente escondem mais "bigodes"!

22/11/2008

....a idade de Ouro

...escrevo estas palavras na incerteza de saber quem mais mente no caso BPN..e ao som da nossa voluptuosa animadora matinal...a Lucy!
...o caso BPN trás à memória alguns episódios recentes de um ex-presidente do Benfica que um dia acordou, olhou para o iate e resolveu e tomar tea & milk num bairro luxuoso londrino. Isto tudo a expensas da sua esposa, essa sim possuidora de uma fortuna considerável. No caso em apreço, o nosso humilde banqueiro, certamente ciente dos males que poderiam advir das investigações em curso ( Operação Furacão) supostamente, também delegou competências na sua ex-mulher, a qual ficou com a guarda do singelo pé de meia da dita personagem. Certo, é mesmo uns quantos trocos que desapareceram na contabilidade artística do banco. Mas esta história já vem sendo narrada desde o século XVIII. Nessa altura as nossa armada transportava o ouro e especiarias dos orientes e do Brasil...cujo destino não poucas vezes, os cofres dos banqueiros holandeses e ingleses, entre outras negociatas camufladas. Pouco chegava a repousar no Tesouro régio. Por cá a miséria misturava-se com um pouco com universo barroco, profundamente ostentatório e dinamizador do poder. Era o apogeu da glorificação do absolutismo monárquico, em sintonia com o paradigma do modelo francês. No meio de tanto fausto, soçobraram as virtudes da humildade e da caridade, mas em contrapartida floresceu a arte e a ciência.
No Portugal político que se vive hoje não há lugar para encómios, nem gratificações, nem tão pouco a riqueza intelectual progride. A decadência de alguma classe financeira, e a falta de tino de alguma classe política é o espelho da heteróclise da nossa sociedade actual. De um lado, cavernícolas que vivem o dia-a-dia sob o manto da cegueira, do outro prima donas cujo estatuto lhes permite esvoaçar acima da lei sem que nada nem ninguém lhes faça frente. No meio, a massa crítica de trovadores que cantam Idos de Março vaticinam os males da sociedade, sem que ninguém os oiça com olhos de ver. Agora de repente, saídos das suas covas, esses passeriformes pedem momentos de audiência e directos para apresentar laudos de desculpas e clamar inocência de tudo aquilo que lhes passou por debaixo do bigode, mas cuja cegueira não lhes permitiu sentir o fino trago da putrefacção.


Curiosamente, e contra todas as expectativas o poder instituído foi o primeiro a inviabilizar as necessárias auscultações aos implicados!...a verdade por vezes é mais cortante que a face do diamante! E neste caso, jóias é coisa que não falta no palanque dos réus!


Outro facto que merece a mais profunda introspecção são os silêncios da "líder" da oposição sobre esta e outras matérias. Aliás eu vou mais longe: no tempo em que apenas expressava rugas de expressão, falava mais do que agora. Sem dúvida que a melhor forma de aplicar reformas neste país só mesmo interrompendo a democracia...mas questiono-me. Quando é que até ao dia 24 de Abril de 1974 houve realmente reformas!?
Depois disso, já. Muitas, demasiadas, algumas desnecessárias outras prementes que tão cedo não se vislumbram, quiçá pelo facto de este [tal como muitos outras "ditaduras" democráticas] ser palco de lutas constantes entre classes profissionais antagonista e existir corporativismo para dar e vender[é curiosa esta referência muito comum nos nossos políticos já que foi um sistema nascido e criado na Itália fascista]. Veja-se a actual reforma [versão x.12.a a anterior tinha um bug!?] na educação: com esta ministra ou sem ela se a reforma for desvirtuada do seu desiderato, face à contestação da classe e dos sindicatos que a representam, teremos mais um longo perído de impossibilidade de reformas no sector educativo e a manutenção do stato quo ante...alguém ainda se lembra das reformas preconizadas pela ex-ministra Leonor Beleza!? mas sabem o que lhe aconteceu quando tentou modificar o rumo!?...e o que aconteceu com o ex-ministro da Saúde Correia de Campos!? Mal ou bem...saíram de cena e quase tudo ou pouco ficou como dantes, ou seja na "mesma como a lesma". Não que as reformas não se possam discutir, não que seja impossível limar esta ou aquela aresta, mas no caso concreto ainda não se vislumbrou quais são as reais pretensões que levam os professores a não querer serem avaliados quando aparentemente nunca o foram em boa acepção da palavra.

Um coisa é cert:nenhuma classe profissional troca o incerto de uma avaliação pela segurança de uma progressão garantida!

Mas o que eu queria falar, mesmo era da líder da oposição

O que se passa no PSD, é uma espécie de ratoeira em que cada palavra que a líder transpira é um pedaço de queijo que atrai os ratos que esperam ansiosamente pelo momento de dar a bicada fatal. Curiosamente, por mais tropeções e discursos tristes, sombrio, sincopados, esterilmente incoerentes, não posso deixar de lamentar que a tese do silêncio é bem mais acertada do que culpar os jornalistas por aparecer no penúltimo lugar do noticiário, ou a argumentação relativamente a cabo-verdianos e ucranianos. Esta última tirada ainda que retirada do contexto das suas palavras, foi mais uma lufada de ar fresco no passeio que o nosso PM está a fazer por entre os destroços deste PSD à deriva. Será que descontando os ex-Ministros e Secretários de Estado que já passaram pelo BPN não há ninguém que tenha um pingo de lucidez para constituir uma alternativa!?

É caso para dizer Iluminado procura-se!

Foi consumado na difícil arte de Reinar, pois não
derramando o sangue dos Vassalos, antes fazendo benefício aos mesmos, que lhe
eram ingratos, soube fazer-se igualmente amado, que temido, porque melhor que
seus Antecessores conheceu as prerrogativas do Trono, para ser Pai benéfico e
Soberano respeitado. Foi mais generoso que todos os reis que o precederam,
excedendo a todos os seus Coroados Ascendentes nesta virtude [..]

Ele foi [...] o verdadeiro Restaurador, Protector e
Conservador das Letras e dos Sábios [...]


D. João V
visto por INÁCIO BARBOSA MACHADO (1750)

19/11/2008

...em busca de tempo

...estes últimos dias têm sido um corropio de reuniões, trabalho e pouco tempo para estar sentado a olhar para o prato com o ovo estrelado! Não que a ementa não se recomende, mas as palavras também não têm fluido com a mesma naturalidade da clara do ovo...por isso aqui fica um pedaço de bom gosto, e bom apetite.

Se tanto me dói que as coisas passem
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo

Em que as coisas de Amor se eternizassem


Sophia de Mello Breyner Andresen

12/11/2008

...parabéns M & P

... se existe momento mais marcante na vida de um Pai, esse momento é mesmo o nascimento de um filho. A partir daqui nada será como dantes...e por momentos, voltamos a recordar o que fomos!

parabéns Marta & Pedro!!

PS: ...parece difícil à partida, mas basta seguir o livro de instruções que vem incluído!

...berrante mais berrante não há

...foi mesmo tom mais berrante que encontrei, mas dada a quadra que se respira nas ruas, o vermelho parece uma cor politicamente aceitável, ainda que à primeira e última olhadela, seja um pouco ou nada...cheap & tacky!

...para o próximo fim de semana, se areia não fugir da ampulheta, espero redigir a minha proposta reivindicativo para o BPN (Banco do Pai Natal). Ele que não espere comentários simpáticos da minha parte e da parte dos 120 mil professores que estiveram no passado fim-de-semana aqui na kapital! Vai ter luta. E bem se pode escudar por detrás dos argumentos monocórdicos do Governador do Banco de Portugal, porque tal como os dignitários do nosso Parlamento, eu não me importo de estar acordado até às três da manhã, para ouvir o rosário de desculpas mal amanhadas. O ano passado, fui benevolente. Este ano, vou actuar como o Paulo Bento. Não dá o litro? não quer jogar pela lateral? fica no ginásio e pode ir tomar banho mais cedo. Agora é assim , e os reitores incompetentes e mau gestores que não sabem que 2 euros dá para comprar o papel higiénico, pagar a conta da luz, e contratar um docente sem experiência em substituição de um doutorado com provas dadas, é despedido. Agora é assim. E se começar a levantar muita poeira, faz-se como na Madeira, lança-se uma Portaria e leva coma classificação "Mau de mais". Mas quem tem razão é mesmo o sr. Procurador não sei de quem, já não acredito em prazos e nem gosto de ser filmado mesmo quando estou a "brincar" com os meus adjuntos. No final, mesmo antes dos Reis Magos verem os seus camelos agrilhoados pela EMEL por estacionamento abusivo, espero que o Menino me traga o Magalhães que tanto anseio e por fim serei feliz como os aposentados da função pública que passam a descontar 14 meses para a ADSE, tal como um dia o nosso ministro das Finanças - esse verdadeiro profeta do infortúnio - profetizou que "a situação seria corrigida".


E não é que o berrante nos fica bem a todos?


07/11/2008

...simples notas

...esta semana tem sido uma roda viva, depois da Moura encantada, das terras em redor do Grande Lago, e de Mourão, rumo ao norte em direcção à Cidade dos estudantes!...espero ansiosamente a hora de largar a âncora! e por fim, saborear umas quantas notas musicais!

05/11/2008

...moura encantada

...souberam bem estes dois dias por terras de Moura! É sempre bom respirar a poesia no ar, em cada canto e em cada rua estreita dessa vila, e o encanto do falar das gentes da raia.

...na memória, os olivais da Herdade dos Machados a perder de vista, a paisagem do alto da Atalaia Magra, a pega-azul, o reflexo do azul do céu no rio Ardila, e como não podia deixar de ser o bom vinho da terra.

No roteiro gastronómico, a Adega Velha em Mourão, com as suas talhas típicas, os bancos corridos e a arte da nossa cozinheira anfitriã. No prato três notas muito agradáveis: o cozido de grão, a feijoada e a sopa da panela, bem regados com o vinho da Granja e o divino pão alentejano. Para adoçar o gosto, o manjar e a encharcada acompanhados de um café e dois dedos de conversa.

Na volta, o desejo de voltar tão depressa quanto possível...mesmo que seja em trabalho! Sexta-feira espera-nos um saltinho a Pax Julia.

02/11/2008

...Viva Keynes

...estava a colocar a primeira garfada do meu almoço dominical (perna de peru assada no forno com tâmaras...delicious!) na boca quando o nosso ministro das bolsas apresentou o pacote de medidas extraordinárias para tentar salvar o que resta da nossa economia. As duas primeiras medidas eram necessárias e constituíam o exemplo claro da falta de dignidade que o Estado demonstra para com os agentes económicos [foi pena não ter referido as alterações abusivas relativamente ao pagamento do IVA pelas empresas]. A última medida não constitui surpresa para quem desde o último ano acompanha os pequenos recortes de jornais e notícias disfarçadas acerca da verdadeira situação do BPN. A palavra mágica nacionalização certamente agradará a muitos, mas resta saber quem vai pagar os negócios duvidosos e o que vai suceder aos actuais órgãos de gestão desse banco!
Lá nos EUA como cá na Lusitânia horta, começou o princípio do laissez-faire- fim do capitalismo selvagem.
Tal como Keynes previu, dada a ineficiência do poder auto-regulador do sistema económico, cabe ao Estado intervir. Honras sejam feitas a quem tem a coragem de estancar os erros de uns quantos...inteligentes!

...mas uma pergunta permanece no limbo: se a auditoria à cerca de um ano, detectou irregularidades graves e negócios pouco transparentes, porque é que o Banco de Portugal nada fez?

01/11/2008

..cemitério dos livros esquecidos

...não se trata de uma utilização abusiva do último livro do catalão Carlos Ruiz Zafón, mas antes um apelo a todos aqueles que ainda nutrem pelo livro um especial afecto. Com a época natalícia à porta, avolumam-se as campanhas de intoxicação e lavagem cerebral dirigidas aos nossos pequeneninos inocentes. No Expresso de hoje, fiquei surpreendido com o volume de bonecada que o El Corte Inglés presenteia.

Habituado que estava ao vulgar folheto com 10/12 páginas, não estava à espera um volume XXL. Espero que o Continente não envrede pela mesma batuta, caso contrário terei que reservar uma prateleira especial só para arrumar o novo e o velho testamento dos brinquedos de Natal.

Em vez de brinquedos, alguns deles como duvidosa qualidade educativa e comprovada inutilidade (são agradáveis ao toque até um máximo de duas semanas, depois caiem no canto mais esquecido do quarto) talvez fosse mais interessante que as catedrais de consumismo selvagem, dessem um pouco mais de relevo à literatura infanto juvenil, sobretudo num país como o nosso, onde abundam nomes sonantes e obras de elevada qualidade.

É claro que isto não passa de uma ideia utópica, mas é destes pequenos caprichos que este nosso mundo necessita. Qual é o interesse em oferecer Action Mans, Gormitis, Winx & afins quando há 364 dias no ano para gastar o plafond o cartão de crédito com juros, ou aproveitar a concessão de facilidades de pagamento (sem juros!?).

Um livro por sua vez, desperta a curiosidade, transporta-nos para o cerne da história, fomenta a imaginação e não há memória de quem tenha tido qualquer acidente caseiro com um livro, nem que um livro tenha ficado sem uma peça. Depois de lido, arruma-se no "cemitério dos livros esquecidos", mas tenho a certeza que cada vez que pegarmos num para lhe aliviar limpar do pó e das traças, aindo nos lembramos da história!...o mesmo não se poderá dizer de uma Barbie, que muitas das vezes está com os cabelos despenteados e nua!

Moral da história: talvez fosse culturalmente mais aceitável que pelos menos um livro chegue às mãos de uma criança. As fábricas de Taiwan e da China certamente não vão ficar efusivas com a atitude, mas os escritores e poetas do nosso país agradecem.
...não custa nada e faz bem ao ego! ofereça um livro!