(imagem: Howard David Johnson )
…sobre as virtudes e a postura de uma da dama, senhora ou algo similar na sociedade, já Jane Austen escreveu. Não li todos os livros, mas adorei a adaptação para o grande ecrã de obras tão majestosas como Pride and Prejudice, Emma, Sense and Sensibility, Persuasion e Mansfield Park. Certamente não terá sido a única autora a romancear a vida das mulheres na Inglaterra do século XVIII , e a forma como a era subjugadas por uma sociedade sectária e baseada em preconceitos e modelos de costumes terrivelmente constrangedores para a mulher.. Isto vem a propósito de um filme que ontem me deliciou madrugada fora, o qual recomendo para quem gosta do género: The Duchess. Passados alguns séculos, pergunto-me se alguns dos velhos preconceitos sobre a postura e o comportamento terão realmente mudado, ou readaptados a uma realidade menos castrante do ponto dista da igualdade entre homem e mulher. Onde antes existia um codex de silêncio e resignação, hoje existe aquela palavra usada e abusada, o “não parece bem”. De certa forma, e não obstante as óbvias conquistas de ambas partes [ainda que no caso do homem não se possa falar tanto em conquistas mas talvez mais em inevitáveis cedências!] existem momentos na nossa vida e decisões que acabam por condicionar um certo número de obrigações/regras. É como se a partir de determinada altura o nosso horizonte fosse limitado por uma cortina, que nos tolda qualquer tipo de visão mais ousada.
§
…caixa de Pandora. Há situações em que me imagino fechado dentro de uma redoma, enclausurado dentro de um limite imposto mas não percebido. Mas talvez seja esse o caminho mais seguro, de um passado que não tem horizonte, presente ou futuro. É lá que guardamos tudo o que é belo e detestável, e que nos fragiliza se não estiver selado na escuridão. Fazendo uma analogia com o nosso século, é uma espécie de recycle bin sem função restore. São vozes, frases que ficam na memória, e que nunca se esquecem por mais que tentemos desvendar a mensagem encriptada no nosso íntimo. Quem é que não tem uma caixa de Pandora!? Quantas vezes não somos tentados a abri-la!? A curiosidade busca todas as formas de deslindar o imaginário inscrito nos papiros da nossa consciência, e essa não podemos silenciar.
Talvez o preconceito seja imaginar que tudo possa revelar um segredo obscuro, encobrir uma vontade que rompa com a normalidade, ou talvez sejamos nós que nos recusamos em ouvir o doce canto das musas com receio de cair em tentação.
Mito ou realidade, a verdade é que cada um de nós mais tarde o mais cedo, se vê prisioneiro numa caixa.
“Vem cá, louvadíssimo Ulisses, grande glória dos aqueus,
A nau pára, para que nossa voz escutes.
Pois jamais alguém aqui passou ao largo, em negra nau,
Antes de a doce e clara voz de nossas bocas ouvir.
E o que se alegra vai-se também sabendo mais…”
Odisseia
§
…caixa de Pandora. Há situações em que me imagino fechado dentro de uma redoma, enclausurado dentro de um limite imposto mas não percebido. Mas talvez seja esse o caminho mais seguro, de um passado que não tem horizonte, presente ou futuro. É lá que guardamos tudo o que é belo e detestável, e que nos fragiliza se não estiver selado na escuridão. Fazendo uma analogia com o nosso século, é uma espécie de recycle bin sem função restore. São vozes, frases que ficam na memória, e que nunca se esquecem por mais que tentemos desvendar a mensagem encriptada no nosso íntimo. Quem é que não tem uma caixa de Pandora!? Quantas vezes não somos tentados a abri-la!? A curiosidade busca todas as formas de deslindar o imaginário inscrito nos papiros da nossa consciência, e essa não podemos silenciar.
Talvez o preconceito seja imaginar que tudo possa revelar um segredo obscuro, encobrir uma vontade que rompa com a normalidade, ou talvez sejamos nós que nos recusamos em ouvir o doce canto das musas com receio de cair em tentação.
Mito ou realidade, a verdade é que cada um de nós mais tarde o mais cedo, se vê prisioneiro numa caixa.
“Vem cá, louvadíssimo Ulisses, grande glória dos aqueus,
A nau pára, para que nossa voz escutes.
Pois jamais alguém aqui passou ao largo, em negra nau,
Antes de a doce e clara voz de nossas bocas ouvir.
E o que se alegra vai-se também sabendo mais…”
Odisseia
Sem comentários:
Enviar um comentário