...agora sim posso afirmar que da manta morta do inverno, surgiu clara e doce primavera que nos deslumbra com o sol gélido da manhã. Doce e aveludada pele que faz surgir gomos florais, onde a dormência agora terminada enche de alegria as mil e uma cores que a retina capta. Não fosse tudo isto uma ilusão, diria que estávamos na Primavera, mas não. Estamos em plena crise. Duraram 3 minutos até me aperceber que o capitão Ahab mantém a firme convicção de nos forçar rumo ao descalabro. Podia ter começado a entrevista com a memorável frase: "Call me Ishmael." Ainda me interrogo como tantos continuam a apontar o a lógica como se um arpão se tratasse, um arpão que nos fere a cada passo. Olhando de lado, de frente ou por detrás, para esse Parténon que construiu em seu redor (não aquele que o Eduardo Souto Moura tanto mitifica!), esse monumento mitológico à divindade da sua personalidade, diria que aquilo que a vista alcança a paciência esgotou há muito! Já não são as suas lamentações, os seus "ais", que me movem [se é que alguma vez a maça do Newton caiu alguma vez a meus pés!?quanto mais a cabeça!]. Nem mesmo as suas dores de parto quando fala da sua firme defesa de Portugal desperta qualquer tipo de comiseração. Vivemos numa espécie de primavera Marcelista, lá fora as papoilas dão cor aos prados e no semblante de muitos os cravos já cantam Abril, mas no fundo, estamos ainda embriagados no longo inverno do nosso descontentamento. Sem rumo, atrás de um destino desconhecido, de um abismo branco. Um vazio de ideias, um nada.
Photo by: DDiArte
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