Eu acho bem que o PR tenha
passado com a comitiva de motoqueiros ao lado da António Arroio. Lembro-me que
nos meus tempos memoráveis de estudante, a António Arroio já tinha aquela aura de vanguardismo e fervor revolucionário. Uma espécie de Marinha Grande versão
escolar, para qualquer político "piegas". Mas compreende-se. Em face das
contingências orçamentais certamente que não haveria dinheiro para comprar sandes
de marmelada ou pacotes de leite achocolatado, para tanta segurança
policial. Posso estar equivocado, mas o nosso PR aos poucos vai-se apercebendo
que já não cai nas graças do povo, que simplesmente o ignora. E não é excepção, que o diga o nosso jovem Passos por terras da serra. Lá como cá, os pastores do descontentamento gritam os lamentos que o posso sente.
j
Fiquei estarrecido com o facto do
presidente alemão Christian Wulff (uma espécie de rainha de Inglaterra do Bundestag) ter sido apanhado
nas malhas da corrupção e do compadrio político. Relembremos as palavras deste
senhor, depois de confrontado com o "acordo de fazer inveja", que o nosso PR
levava na sua valise diplomática, a propósito da conversa de bastidores do nosso querido Gaspar:
“(…)uma vez alcançadas as condições atempadamente podemos sempre ter isso em consideração, mas começar numa fase muito inicial a ser flexível relativamente às condições estabelecidas, penso que se corre o risco de diminuir a confiança e o sentimento de confiança nos mercados".
Falou bem, mas não passa de um
palhaço triste que foi apanhado como muitos outros, no pecado imoral da
corrupção. Temos pena, mas não aceitamos lições de moral.
j
Ainda recebi os 120 euros do
Programa do Governo e tal como o Zé Pacheco Pereira prefiro ler livros
proibidos, (de preferência em português, e não aquela língua estranha que até o
Jornal de Angola já diaboliza) que mesmo fantasiando, contêm uma história
interessante. Gosto de happy-ends. Este nosso fim não se vislumbra feliz.
j
Parece que esta semana a nossa
taxa de (des)emprego atingiu um máximo histórico. Parece também que, doa a quem
doer, ainda vai aumentar mais custe o que custar. O malfadado memorando da
catastroika refere o aumento do (des)emprego e há que seguir à risca as
orientações e se possível ir mais além ou mais fundo. Quando era oposição o
actual PSD ou coisa parecida se insurgia face aos números do desemprego.
Olhando para os números creio que a máscara caiu definitivamente. O jovem
Passos diz que o desemprego deve começar a estagnar. Resta saber se o seu chefe
Relvas e a sua Comichão de boas-vontades terão a mesma opinião. Creio que que
devia ser criado um Ministério das Comissões e uma Secretaria das Grandes
Comissões. Sarna, pura sarna. O ex-Sócrates esperava criar numa legislatura 150000
empregos, este governo prepara-se para ultrapassar a barreira dos soundbytes e criar a maior onda de
emigração desde os idos anos 60/70. Curiosamente, desta feita são os quadros
médios/superiores que abalam.
j
Quando chegarem esta semana os
senhores da catastroika vão provavelmente ficar desgostosos por ver que ainda
sobra alguma alegria e tolerância de ponto em Portugal. Gentinha estranha esta
que nos visita sempre em dias feriado. Com o país à beira do abismo do desalento, talvez
só mesmo no corso carnavalesco se vislumbre um rasgo de alegria. Nem as serpentinas nos safam face à crise.
j
Ainda estou à espera que alguém iluminado tenha a coragem de
olhar para o momento e por uma vez falar no tempo. Não no meteorológico, mas
antes o tempo necessário para reconstruir o que foi desbaratado. "Roma e Pavia
não se fizeram num dia" diz a sabedoria do povo, mas aqui em Portugal alguns alumiados insistem no impossível e no indefensável.
Mas antes, sentemos-nos confortavelmente no sofá a assistir ao fim penoso da
sociedade helénica. Os senhores do Clube Bilderberg e os lacaios da Goldman
Sachs ainda não tiveram tempo de leiloar todas as ilhas do mar Egeu, mas pouco
deve faltar. Primeiro a Acrópole, depois os rupestres lusitanos, mais uma vez sós e entregues à sua jangada de pedra. É bom relembrar que não somos caso
único. Toda a Europa está à deriva, uns mais do que outros certamente, pois nem
todos se podem gabar de ter um sol, uma seca e muito mar tão extenso de lágrimas.
São estas doces questões de
lana-caprina que os nossos governantes ignoram. A cegueira com o memorandum
será o epitáfio de uma geração, e nem lá na serra, o balido das cabras terá a mesma pronúncia.
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