23/07/2013

...tempo sem ser


...a preguiça é de facto uma das virtudes que me tem assolado neste últimos tempos. Não sei se é pelo advento de tempos conturbados ou pela falta desse factor escasso a que se dá o nome de tempo. Em boa verdade, o tempo hoje em dia é uma variável tão aleatória como o salto quântico de um electrão movido pela energia que escasseia na ponta da minha pena. Da mesma forma  que a minha alma se inflama num vazio crescente, assim rareia o rio de tinta que discorre em pensamentos diluídos no papel, antes mesmo de poder soletrar a primeira nota. Apesar disso, e desta inconstância serena que o tempo se encarrega de suturar, a ferida ainda me consome. E a carne sente uma vontade enorme de se soltar numa descarga orgástica, só pelo prazer de poder escrever qualquer coisa...assim haja esse ser sem ser, que dá pelo nome de tempo.
 
...enquanto isso a melodia de palavras continua a orbitar no meu ser, parada no tempo.

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