26/02/2007

...nunca é demais recordar


Lutou em muitas frentes, atravessou períodos duros com grande sacrifício pessoal e profissional. Mas ganhou nas outras, que a vitória é não se vergar nem aceitar facilitismos.


Somos filhos da madrugada

Pelas praias do mar nos vamos

À procura de quem nos traga

Verde oliva de flôr no ramo

Navegamos de vaga em vaga

Não soubemos de dor nem mágoa

Pelas praias do mar nos vamos

À procura da manhã clara


Lá do cimo duma montanha

Acendemos uma fogueira

Para não se apagar a chama

Que dá vida na noite inteira

Mensageira pomba chamada

Companheira da madrugada

Quando a noite vier que venha

Lá do cimo duma montanha


Onde o vento cortou amarras

Largaremos pela noite fora

Onde há sempre uma boa estrela

Noite e dia ao romper da aurora

Vira a proa minha galera

Que a vitória já não espera

Fresca brisa, moira encantada

Vira a proa da minha barca


José Afonso

por vezes tenho pena...


(...)Julgo não haver dúvidas para ninguém, em particular para todos os especialistas que se ocupam desta matéria, que o aeroporto da Portela estará fortemente condicionado na sua operacionalidade, estará mesmo congestionado a partir de meados da próxima década.(...)
(...)quero dizer, com clareza, que se há alguma actividade económica que está no meu espírito e de todos aqueles que se ocupam com a modernização das infra-estruturas aeroportuárias em Portugal é justamente o sector económico do turismo.(...)
(...)a alternativa para resolver os problemas de congestionamento não pode passar pela manutenção da Portela como aeroporto complementar. Como seja, por exemplo, Alverca, ou o Montijo ou Figo Maduro. Porque isso seria um erro económico e um erro técnico(...) conduziria a limitações no tráfego aéreo que não são desejáveis (...) o aumento da capacidade seria tão marginal que obrigaria, daqui a uns anos, a tomar de novo a decisão de construir um novo aeroporto(...) os custos financeiros, os custos de investimento e de exploração seriam tão significativos que retirariam competitividade e produtividade aos aeroportos de Lisboa e aos aeroportos internacionais.(...)
(...)Aliás, as novas localizações de aeroportos na Europa que foram construídos nos últimos anos, localizam-se a uma distância, das cidades, das capitais nalguns casos, muito semelhantes aquela distância que separa a Ota de Lisboa, por razões que me parecem absolutamente evidentes, que têm a ver com o crescimento das cidades, e as novas imposições ambientais que a União Europeia há muito definiu para a localização de aeroportos.(...)
(...)E quero assinalar este facto muito simples, é que nas previsões que agora se fazem de investimento para o novo aeroporto só dez por cento do investimento, se tanto, será investimento que tem origem no Orçamento do Estado, só dez por cento, repito, será investimento público nacional.(...)


José Sócrates 22/11/2005


..a realidade:



  • Diminuição da comparticipação dos fundos comunitários em cerca de 50% relativamente aos inicialmente projectados.

  • Em termos absolutos o aeroporto da OTA representará um custo total de 3100 milhões de euros (não se considerando ainda as usuais "derrapagens") e os fundos representarão um valor de 170 milhões de euros.

  • Segundo alguns especialistas a capacidade do novo aeroporto a projectar será atingida em 27 anos.

  • A OTA representará uma mais valia em termos de Turismo já que vai implicar um maior o crescimento em termos de passageiros. Obviamente qualquer outra solução seria, da mesma forma, uma mais valia...


  • Dizer que foram feitos estudos não é suficiente...talvez existam outras opções mais racionais e que não impliquem constrangimentos de ordem ambiental. Aliás por certo que existim estudos que contrariam de forma sustentada a localização do novo aeroporto na Ota...

  • As cidades que adoptaram a localização de um aeroporte fora dos grandes centros urbanos como é o caso de Londres, Madrid, Paris que não abdicaram de aeroportos mais centrais, ao contrário do que irá acontecer em Lisboa, que irá abdicar do aeroporto da Portela.


A solução passa portanto por canalizar verbas que estavam adstritas a outros projectos estruturantes para o nosso país, e alimentar este verdadeiro efefante branco do séc. XXI. Por certo a história recente pós integração comunitária não terá dado já pistas e factos suficientes para se interromper esta caminhada certa rumo ao abismo?




19/02/2007

O palhaço


...são várias as razões para não gostar do Carnaval. Á cabeça vem o simples facto de ser esta e única altura do ano em que podemos tirar a máscara de palhaços e poder gozar e rir até mais não poder ,de todos aqueles idiotas pensantes obliteram a nossa inteligância e o nosso sentido de cidadania nos restantes 365 dias do ano, senão vejamos alguns exemplos de fazer corar o palhaço mais incompetente:


- o Sr. Ministro da Saúde, o mais incompreendido dos cruzados deste país de infieís, decidiu brincar ao Carnaval e ameaçou fechar numa estoucada, a urgência de Valenças, Vila Pouca de Aguiar e Vila do Conde.


- Afinal, nem tudo corre mal para a ERSE, pois apesar de não ter conseguido provar que existe prática de cartel nos preços dos combustíveis, cehgou agora à conclusão que existe um diferencial de 300% no preço do gás natural dentro do nosso país (ah! e que o gás natural cá é bastante mais caro do que em Espanha!)...ufa!


- Afinal de contas ainda existem pessoas sensatas que acham que a alternativa à Ota devia ser repensada pois é de amarga incoerência (já para não falar sacanagem!) aqui que nos querem impingir!!


- Despediram funcionários e fundiram-se institutos, tudo sob o lema do equilíbrio das contas do Estado, o reverso é a estagnação e caos que se vive em alguns sectores do aparelho Estado, da qual a futura defunta DGV é um excelente exemplo!!


- Depois da invenção da roda, e do fogo pelo homem primitivo, descobriu-se agora que existem muitos licenciados em Portugal com o canudo atrás das costas e uma mão à frente a serem explorados (no verdadeiro sentido endócrino do termo) por um bando empregadores sem escrúplos e que os afastam de um futuro promissor na área científica que tanto investiram e se sacrificaram.


- Quando um presidente de Câmara convoca a comunicação social para dar uma marretada na janela de um escola e assim dar por inaugurada a demolição da mesma, já que a DREN não coloca os alunos do concelho noutra recém construída é por que não vale a pena comentar mais não é!?...


- Ou quando o ex-Presidente futuro candidato a mais do que Presidente da R.A. Madeira acorda de manhã e depois de um pequeno almoço de pijama decide pedira demissão do cargo, para se gastarem mais alguns milhões ao erário madeirense, está tudo visto que melhor do que um fait-diver é mesmo ter uns bons testículos e mandar a nomenclatura do continente para a merde!! ah! e anda se dá ao luxo de recitar Shakespear e dançar no corso carnavalesco! É obra o homem tem-os no sítio, só não se sabem bem aonde!


- Enfim, é por estas e por outras que não vale a pena vestir a máscara por cima do nosso eu exteriorizar os nossos desejos mais intímos nesta época...afinal de contas existe sempre um palhaço pobre para nos dar uma palmadinha nas costas.


É Carnaval e não me levem a mal!




13/02/2007

...para a minha mais do que muita,



..um poema de Herberto Hélder


Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue.

Com ela encantarei a noite.

Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.

Seus ombros beijarei, a pedra pequena do sorriso de um momento.

Mulher quase incriada, mas com a gravidade de dois seios, com o peso lúbrico e triste da boca. Seus ombros beijarei.

Cantar?

Longamente cantar,

Uma mulher com quem beber e morrer.

Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave o atravessar
trespassada por um grito marítimo e o pão for invadido pelas ondas,
seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes ele
– imagem inacessível e casta de um certo pensamento de alegria e de impudor.
Seu corpo arderá para mim sobre um lençol mordido por flores com água.
Ah! em cada mulher existe uma morte silenciosa;
e enquanto o dorso imagina, sob nossos dedos, os bordões da melodia,
a morte sobe pelos dedos, navega o sangue, desfaz-se em embriaguez dentro do coração faminto.
– Ó cabra no vento e na urze, mulher nua sob as mãos,
mulher de ventre escarlate onde o sal põe o espírito,
mulher de pés no branco, transportadora da morte e da alegria.

Dai-me uma mulher tão nova como a resina e o cheiro da terra.

Com uma flecha em meu flanco, cantarei.

E enquanto manar de minha carne uma videira de sangue,

cantarei seu sorriso ardendo, suas mamas de pura substância,

a curva quente dos cabelos.

Beberei sua boca, para depois cantar a morte e a alegria da morte.

Dai-me um torso dobrado pela música, um ligeiro pescoço de planta, onde uma chama comece a florir o espírito.

À tona da sua face se moverão as águas, dentro da sua face estará a pedra da noite.

– Então cantarei a exaltante alegria da morte.

Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas e a estrela despenhada de sua órbita viva.

– Porém, tu sempre me incendeias.

Esqueço o arbusto impregnado de silêncio diurno,

a noite imagem pungente com seu deus esmagado e ascendido.

- Porém, não te esquecem meus corações de sal e de brandura.

Entontece meu hálito com a sombra,

tua boca penetra a minha voz como a espada se perde no arco.

E quando gela a mãe em sua distância amarga, a lua estiola,

a paisagem regressa ao ventre, o tempo se desfibra – invento para ti a música,

a loucura e o mar.

Toco o peso da tua vida: a carne que fulge,

o sorriso, a inspiração.

E eu sei que cercaste os pensamentos com mesa e harpa.

Vou para ti com a beleza oculta, o corpo iluminado pelas luzes longas.

Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar.

Teus olhos transfiguram-se,

tuas mãos descobrem a sombra da minha face.

Agarro tua cabeça áspera e luminosa,

e digo: ouves, meu amor?,

eu sou aquilo que se espera para as coisas, para o tempo

- eu sou a beleza.

Inteira, tua vida o deseja.

Para mim se erguem teus olhos de longe.

Tu própria me duras em minha velada beleza.

Então sento-me à tua mesa.

Porque é de ti que me vem o fogo.

Não há gesto ou verdade onde não dormissem tua noite e loucura,

não há vindima ou água em que não estivesses pousando o silêncio criador.

Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos originais.

Tu dás-me a tua mesa,

descerras na vastidão da terra a carne transcendente.

E em ti principiam o mar e o mundo.

Minha memória perde em sua espuma o sinal e a vinha.

Plantas, bichos, águas cresceram como religião sobre a vida

– e eu nisso demorei meu frágil instante.

Porém teu silêncio de fogo e leite repõe a força maternal,

e tudo circula entre teu sopro e teu amor.

As coisas nascem de ti como as luas nascem dos campos fecundos,

os instantes começam da tua oferenda como as guitarras tiram seu início da música nocturna. Mais inocente que as árvores,

mais vasta que a pedra e a morte,

a carne cresce em seu espírito cego e abstracto,

tinge a aurora pobre, insiste de violência a imobilidade aquática.

E os astros quebram-se em luz sobre as casas,

a cidade arrebata-se, os bichos erguem seus olhos dementes,

arde a madeira – para que tudo cante pelo teu poder fechado.

Com minha face cheia de teu espanto e beleza,

eu sei quanto és o íntimo pudor e a água inicial de outros sentidos.

Começa o tempo onde a mulher começa,

é sua carne que do minuto obscuro e morto se devolve à luz.

Na morte referve o vinho,

e a promessa tinge as pálpebras com uma imagem.

Espero o tempo com a face espantada junto ao teu peito de sal e de silêncio,

concebo para minha serenidade uma ideia de pedra e de brancura.

És tu que me aceitas em teu sorriso,

que ouves, que te alimentas de desejos puros.

E une-se ao vento o espírito,

rarefaz-se a auréola, a sombra canta baixo.

Começa o tempo onde a boca se desfaz na lua,

onde a beleza que transportas como um peso árduo se quebra em glória junto ao meu flanco martirizado e vivo.

– Para consagração da noite erguerei um violino,

beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada darei minha voz confundida com a tua.

Oh teoria de instintos, dom de inocência,

taça para beber junto à perturbada intimidade em que me acolhes.

Começa o tempo na insuportável ternura com que te adivinho,

o tempo onde a vária dor envolve o barro e a estrela,

ondeo encanto liga a ave ao trevo.

E em sua medida ingénua e cara,

o que pressente o coração engasta seu contorno de lume ao longe.

Bom será o tempo, bom será o espírito,

boa será nossa carne presa e morosa.

– Começa o tempo onde se une a vida à nossa vida breve.

Estás profundamente na pedra e a pedra em mim,

ó urna salina, imagem fechada em sua força e pungência.

E o que se perde de ti, como espírito de música estiolado em torno das violas,

a morte que não beijo, a erva incendiada que se derrama na íntima noite

– o que se perde de ti,

minha voz o renova num estilo de prata viva.

Quando o fruto empolga um instante a eternidade inteira,

eu estou no fruto como sol e desfeita pedra, e tu és o silêncio, a cerrada matriz de sumo e vivo gosto.

– E as aves morrem para nós, os luminosos cálices das nuvens florescem,

a resina tinge a estrela, o aroma distancia o barro vermelho da manhã.

E estás em mim como a flor na ideia e o livro no espaço triste.

Se te apreendessem minhas mãos, forma do vento na cevada pura,

de ti viriam cheias minhas mãos sem nada.

Se uma vida dormisses em minha espuma, que frescura indecisa ficaria no meu sorriso?

– No entanto és tu que te moverás na matéria da minha boca,

e serás uma árvore dormindo e acordando onde existe o meu sangue.

Beijar teus olhos será morrer pela esperança.

Ver no aro de fogo de uma entrega tua carne de vinho

roçada pelo espírito de Deus será criar-te para luz dos meus pulsos

e instante do meu perpétuo instante.

– Eu devo rasgar minha face para que a tua face se encha de um minuto sobrenatural,

devo murmurar cada coisa do mundo até que sejas o incêndio da minha voz.

As águas que um dia nasceram onde marcaste o peso jovem da carne

aspiram longamente a nossa vida.

As sombras que rodeiam o êxtase,

os bichos que levam ao fim do instinto seu bárbaro fulgor,

o rosto divino impresso no lodo, a casa morta,

a montanha inspirada, o mar, os centauros do crepúsculo

– aspiram longamente a nossa vida.

Por isso é que estamos morrendo na boca um do outro.

Por isso é que nos desfazemos no arco do verão, no pensamento da brisa, no sorriso,

no peixe, no cubo, no linho, no mosto aberto

– no amor mais terrível do que a vida.

Beijo o degrau e o espaço.

O meu desejo traz o perfume da tua noite.

Murmuro os teus cabelos e o teu ventre,

ó mais nua e branca das mulheres.

Correm em mim o lacre e a cânfora, descubro tuas mãos, ergue-se tua boca ao círculo de meu ardente pensamento.

Onde está o mar?

Aves bêbedas e puras que voam sobre o teu sorriso imenso.

Em cada espasmo eu morrerei contigo.

E peço ao vento: traz do espaço a luz inocente das urzes, um silêncio,

uma palavra;

traz da montanha um pássaro de resina, uma lua vermelha.

Oh amados cavalos com flor de giesta nos olhos novos,

casa de madeira do planalto,

rios imaginados, espadas, danças, superstições,

cânticos, coisas maravilhosas da noite.

Ó meu amor, em cada espasmo eu morrerei contigo.

De meu recente coração a vida inteira sobe,

o povo renasce, o tempo ganha a alma.

Meu desejo devora a flor do vinho, envolve tuas ancas com uma espuma de crepúsculos e crateras.

Ó pensada corola de linho, mulher que a fome encanta pela noite equilibrada,

imponderável - em cada espasmo eu morrerei contigo.

E à alegria diurna descerro as mãos.

Perde-se entre a nuvem e o arbusto o cheiro acre e puro da tua entrega.

Bichos inclinam-se para dentro do sono,

levantam-se rosas respirando contra o ar.

Tua voz canta o horto e a água - e eu caminho pelas ruas frias com o lento desejo do teu corpo. Beijarei em ti a vida enorme,

e em cada espasmo eu morrerei contigo.

07/02/2007

cansado


O que há em mim é sobretudo cansaço


O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto alguém.

Essas coisas todas -Essas e o que faz falta nelas eternamente -;

Tudo isso faz um cansaço,Este cansaço,

Cansaço.


Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada -Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...


E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço.Íssimo, íssimo. íssimo,

Cansaço...
Álvaro de Campos


04/02/2007

abortex


...como se não bastasse o simplex, o durex e o reglex, agora o nosso governo lança para a o mercado o abortex.

Agora sim, é mais fácil abortar com todas as condições higio-sanitárias (é pá já não escrevia esta palavra desde os tempos da faculdade!!), com toda a tranquilidade, sem stress e sem aquele sentimento de culpa e vergonha ou ao abrigo do anonimato impossível.

Agora abortar passa a ser tão claro, e cómodo como ir fazer uma apendicectomia, ou um simples parto.

O SNS ou seja nós todos comparticipamos, e a futura ex-mãe tem à sua disposição todos os cuidados médicos e o acompanhamento que estes casos requerem. Mas será mesmo assim?!

No meu entender a simples descriminalização e liberalização da IVG até às 10 semanas, talvez vá resolver o sério problema que afecta milhares de mulheres neste país mas certamente outras tantas continuarão a aceder a curandeiras e parteiras especializadas na refinada arte do aborto. Relativamente aos restantes casos, ie, as situações após as 10 semanas, continuarão a cair nas malhas da lei, e essas não existe nada a fazer.

No fundo o que dia 11 se vai decidir (ou talvez não!!) é uma mera questão de política criminal, e isso meus caros, podia ter passado perfeitamente pela Assembleia da Répública. Dessa forma seria possível atingir um consenso mais alargado e evitava-se gastos em campanhas, manifestações, autocolantes e bandeiras murchas (e muita falta de imaginação e bom senso). Será que andar meses seguidos a falar da questão do aborto é um sintoma da solidificação da nossa jovem democracia, será que é um nitído sinal de progressismo, a revolução cultural no seu explendor!?

Mais parece o saudosismo de Maios de outros séculos, eu diria mais, uma verdadeira pérola no prime-time televisivo!


Quem parece estar ansioso neste momento não são nem os detratores da vida, ou os retrógados defensores da mesma, são sim os dignos e respeitáveis defensores do outsourcing castelhano que já se preparam para ocupar a nossa capital e outras sucursais por esse pais fora. Quem é que vai frequentar esses locais!? As mesmas pessoas que têm capacidade para ir a Badajoz ou a Londres, como é óbvio. Outra questão que me aflige é na prontidão e disponibilidade da classe médica para proceder à IVG, pois de certa forma a IVG choca com o código deontológico e coloca questões éticas e profissionais que extravasam a própria lei.


Sou contra o aborto na verdadeira ascenção da palavra, sou permissivo à IVG até às 10 semanas, sou pela vida, mas por outro lado, tão importante como uma vida que pode vir a ser existem as vidas de todos aqueles que já são, e a vida que esses ser provavelmente nunca virá a ter.

Será que a mulher aborta por desporto, ou será que a decisão foi consequência de uma noite mal dormida ou uma semana de trabalho menos feliz? Não! nenhuma mulher gosta de abortar nem se sente bem ao abortar, a angústia ficará sempre presente. Mas se a opção for terminar naquele momento, é porque simplesmente existe um motivo forte subjacente. Só deve ser mãe quem sabe e pode amar.

Chega de fihos abandonados, chega de crianças silenciadas, chega de promessas vagas de apoio aos mais necessitados, chega de medidas avulsas e inócuas, que nada resolvem e que muitas vezes não passam de linhas no papel. Há cerca de 9 anos o povo votou num sentido e o resultado está à vista. Nada mudou, tudo piorou.

É uma decisão dificíl, triste e e penosa para a mulher, mas cabe a ela decidir qual o sentido da vida!


Talvez o rei Salomão soubesse a solução na ponta da espada, mas neste momento não me ocorre nada melhor sobre o assunto.