Tornava-te mais cálida, mais nua
Quando eu pensava nele...
Imaginei-o,
À beira-mar,
de noite,
havendo lua...
Talvez a espuma,
vindo, conseguisse
Ornar-te o busto de uma renda leve
E a lua, ao ver-te nua,
descobrisse,
Em ti,
a branca irmã que nunca teve...
Pelo que no teu colo há de suspenso,
Te supunham as ondas uma delas...
Todo o teu corpo,
iluminado,
tenso,
Era um convite lúcido às estrelas...
Imaginei-te assim á beira-mar,
Só porque o nosso quarto era tão estreito...
- E, sonolento, deixo-me afogar
No desenho redondo do teu peito...
David Mourão-Ferreira
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