O unanimismo é uma palavra que
pela sua singularidade, só se aplica em casos excepcionais e só a vemos
plasmada nas consciências e nos discursos políticos aqui nesta jangada de
pedra, de tempos a tempos [remotos!]. É uma preciosidade quase equivalente ao
mítico pote de ouro no final do arco-íris.
Nestas duas últimas semanas tem
sido recorrente, e sê-lo-á cada vez com maior intensidade nos tempos que se
avizinham, nem que a última desculpa seja agora o simples facto dos malandros
dos irlandeses nos terem deixados pendurados no varão, sem o tal programa
cautelar. As 112 páginas do documento “Um Estado Melhor”, apesar do estágio em
carvalho francês no Palácio das Necessidades e de vários meses nas gavetas de
inox do Conselho de Ministros, mereceram uma reprovação unânime, tal o teor e
profundidade dos taninos que azedaram a já escassa popularidade do irrevogável
PPortas. Continuou com a discussão acalorada do OE2014, epitáfio final da
austeridade? Documento que tenta incutir um esperança renovada na independência
da lusa pátria, o tal 1640 financeiro que, teimosamente, nos tentou vender.
No intervalo ainda tivemos uma
momento político paralaxe, com a “não proposta” de diploma legal da TSU dos
Cães e Gatos, documento que foi alvo de uma comissão técnica durante sete anos[pasme-se!]!
Para acicatar ainda mais os ânimos, qual Lázaro, o antigo Ministro das Finanças
Teixeira dos Santos [apócrifo autor do ”Memorando de Entendimento”],´eleva-se
como novo contra poder do comentarista JSócrates (eterno enfant terrible!). No meio desta sopa de letras, sobram silêncios e
inseguranças no Largo do Rato. Mas mais do que isso, a firma intransigência em
declarar não a tudo e negar a mais singular das evidências- sem acordo entre os
dois maiores partidos, a nau continuará ao sabor dos ventos alíseos do mercado!
Imbuído desse espírito de grande
união, o País desfaz-se em greves, apelos à indignação, apelos á luta de
classes, como se neste unidade na revolta, ainda houvesse esse revolucionário
que tomba, mas já não tem as dez mãos para lhe suster a arma. A arma é o
voto, essa está guarda na inexpugnável muralha de Belém.
Confesso que guardava a maior das
expectativas no guião do PPortas. Mas ao lê-lo sobram-me o desalento e a
estupefacção. Talvez não tenha tido o conveniente apoio do staff super produtivo do seu colega Passos. As prensas do Largo do
Caldas já tiveram os seus dias de maior glória.
Aumente-se portanto o salário
mínimo, símbolo máximo da miséria com que muitos teimam em sobreviver. Penso
que o senhor Subir Lall está profundamente equivocado no continente. Baixar os
salários e ainda mais o salário mínimo é algo que pode aplicar perfeitamente no
seu país, onde a tradição secular das castas condena á morte inocentes e relega
para a extrema miséria e para a semiescravatura milhões. Conselhos desses
renegamos por princípios básicos de humanismo e decência.
Não há semana em que o ataque despudorado
ao Tribunal Constitucional não cesse na vergonha das intervenções nem da baixeza
da argumentação. Todos aqueles que ardilosamente atentam contra a Constituição
terão a resposta à altura no momento maior da democracia – o voto popular.
Também esse será um dia colocado em causa?
Para finalizar com um toque de
classe, parece que o nosso porreiro
Barroso está de malas aviadas para Portugal. Não querendo embirrar com ilustre personagem, diria ainda
que a sorte de Penélope é que o Barroso interessa-se mais por móveis do que de
mantos, pois não é nem arauto da felicidade, nem mensageiro de boa nova.
Parafraseando o O’Neill" sigamos, pois, o cherne, antes que venha, já
morto, boiar ao lume de água".
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