Há
datas que merecem ser comemoradas. Há precisamente uma semana, ficamos a saber
directamente do Coliseu de Lisboa que Portugal estava melhor. Para os anais
fica a euforia glaciar da horda de gladiadores que se preparava para o “morituri
te salutant” da praxe. No dia seguinte o país acordou definitivamente igual à
sexta-feira anterior à jornada do Coliseu, mas com arco-íris, fadas
multicolores e unicórnios a pastorear a paisagem urbana da urbe.
Também
ficamos a saber que o partido primeiro padece de uma tilintante crise de identidade,
pois mantém-se a dúvida se o liberalismo selvagem que caracteriza a práxis é ou
não compatível com o santo graal da social-democracia. Um pouco à semelhança da
gaveta onde o Dr. Soares um dia resolveu enfiar o socialismo. De facto, esta
tendência para a auto flagelação ideológica dos partidos portugueses começa
a ser um sintoma freudiano de relevante interesse científico. Talvez resida
neste tema, uma boa base para quem sabe, uma pós-graduação em guardanapo de pastelaria,
ou uma tese de doutoramento honoris sem causa para algum doutor sem canudo?
Mas
o conclave trouxe-nos ainda mais surpresas. A primeira é que os taxistas de
Lisboa desempenham um papel mais importante do que as pessoas pensam em termos
de proto candidaturas às presidenciais de 2015; o segundo é que as travessias no
deserto duram menos tempo do que os profetas ousaram evangelizar e que a
obrigação de defender os amigos é coisa tramada em política, mesmo que isso
implique uma descida aos infernos electivos. Curiosamente, no momento da chamada
ao “poço da morte” Lázaro preferiu um chope em Copacabana. Fica a intenção, e o
facto de as hordas terem assobiado para o ar, nomeadamente todos aqueles que supostamente
o substituíram em tão nobre caminho para o calvário.
Sim
leu bem, o proscrito foi substituído por mais do que um iluminado, ou não fosse
esta a regra micológica (jobs for the boys) de qualquer partido que se digne
pertencer ao ditoso arco da governação.
Mudando
a cor da pena, mas mantendo uma fidelidade visceral à caligrafia, já tivemos a
Aliança Atlântica, a Aliança Seguradora, os chocolates Aliança, os vinhos
Aliança, a saudosa Aliança Democrática e agora, nova tragédia se abate sobre a
instituição casamento – a Aliança Portugal. Com o souplesse que caracteriza os
noivos, a participação já seguiu mas infelizmente nem todos poderão participar
nas exéquias!
Uma nota de cariz estritamente pessoal: informo os ilustres membros do corso carnavalesco que este ano decidi
mascarar-me com uma espécie de manto de invisibilidade. Por isso se não derem
por mim, vou andar por ai, como o Santana Lopes costuma fazer. E muito bem,
diga-se em abono.
Deo
gratias, os quadros do Miró estão de novo em solo pátrio. Há duas hipóteses em
aberto: ou substituem "As Tentações de Santo Antão" do Hieronymus Bosch ou
seguem directamente para o catálogo de promoções do Continente.
Apetece-me
dizer uma coisa diferente: gostava mais do tempo em que era freguês e não
cliente. O serviço era melhor.
Para
terminar em beleza, um anúncio com grande impacte para o sector turístico
(talvez mesmo superior às exportação de refinados da Galp!?): os membros da
TROIKA não vão abandonar o nosso país dia 17 de Maio mas em Junho. Se continuarem as promoções nos hipermercados, talvez mesmo
fiquem por cá até ás Feiras Novas de Ponte de Lima, ou quem sabe ainda a tempo
de dar um saltinho até à última romaria minhota - Feira dos Santos em Valença.
Por
isso digo-vos, proletários de todo o mundo e arredores da Póvoa de Lanhoso,
uni-vos.
…bom
carnaval!
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