29/10/2008

...little girls dreams

...pouco passava das 8 da manhã quando entrei no hall do centro comercial, o cheiro a café e torradas despertou o meu apetite mas o que despertou mesmo a minha atenção, foram as decorações natalícias, a imponente árvore de Natal no centro da área da restauração e a as luzinhas, estrelinhas que cobrem o tecto.

Olhei para o telemóvel para verificar se me tinha enganado no sono , mas não! 29 de Outubro.

Por acaso o Natal já começa em Outubro? Nos meus tempos áureos, começava algures em Dezembro...mas em Outubro?! confesso que fico cada vez mais baralhado com tudo isto. Eu já andava a suspeitar com a minha caixa de correio atafulhada de promoções e enfeites natalícios, e que a publicidade logo pela manhã já começa a tradicional lavagem cerebral com os reclames de brinquedos...mas, estamos em Outubro!!!

28/10/2008

...o bufo

...e começou a caça aos bufos na Administração Pública. Depois dos telefonemas do nosso PM a tirar esforços com os directores dos semanários, dos recados para este ou para aquele que se insurge contra a marcha da governação, como se já não bastasse a insistência da Assembleia da Républica (como alto paitrocínio da maioria governamental e da conivência oportunista de alguns partidos da oposição com receio de eventuais represálias em altura de processo eleitoral no território) acerca o Estatuto Político Administrativo dos Açores, chega-nos agora a invasão da privacidade dos email dos funcionários das Finanças numa tentativa ao melhor estilo Estado Novo, para tentar descortinar e trazer à barra da justiça o(s) bufo(s) que andam por aí a colocar armadilhas a torto e a direito. Que o diga o Jumento, o mais recente bode expiatório da blogosfera.

Diz o ditado que quem rouba um ladrão tem 100 anos de perdão...será que quem bufa o bufo que bufou tem igualmente a mesma sentença divina?

Relativamente ao Estatuto dos Açores, e como disse o ilustre Ricardo Costa (que diga-se em abono teria certamente um brilhante futuro político se se atrevesse!!) e passo a citar, "o que está em causa não é o estatuto, pouco relevante para a política nacional, mas sim os poderes presidenciais. E nesses poderes nunca se deve mexer."

O nosso desGoverno, obcecado pelos henredos palacianos e ciente do desastre que se começa a propagar na nosso economia, tenta-nos agora distrair com este verdadeiro número de circo cujos contornos só podem querer dizer uma coisa: teimosia.

É a máxima do quero posso e mando na sua plenitude. O que se seguirá agora? uma nova versão numa pendrive, estripada de alguns artigos polémicos, ou uma manobra de magia encapotada tipo "financiamento dos partidos políticos" (que foi habilmente desmascarada e que ainda hoje motiva alguma raiva contida ao nosso PM).

É caso para dizer, quem terá sido o bufo que introduziu à socapa as alterações inócuas da proposta de Lei do Orçamento!? terá sido culpa do bufo ou terá sido a pen?

26/10/2008

...carta de uma mãe preocupada

Não posso deixar de divulgar neste apeadeiro, um aviso à navegação que fui conhecer ao hoje ao blog da minha caríssima e-bloguista Ana.
Sr. Engº José Sócrates,
Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras. Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).Gostaria de começar por lhe falar do 'Magalhães'. Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha.O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto 'Magalhães':No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.. No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.. No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros 'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.. No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço.Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder. Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o 'Magalhães'? Que planos tem para o integrar nas aulas? Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo-de-artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus! Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suasiniciativas!Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia do quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressupostos são disciplina e rigor, então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados.Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é 'obstinado', como dizem os poetas. Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinaras metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.Mas, por falar em Velho do Restelo...... Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar.Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20anos.Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem:
'Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano d'alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito (...)'
Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas no leito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo? Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada. É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História. Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la.Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar? Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por 'alegado teor pornográfico' e o de Inês de Castro igualmente, por 'incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade'.Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do 'lápix' azul?E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra? E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor?Senhor engenheiro José Sócrates: vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo. A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá.Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis.Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo.Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho. Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor. Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel.A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha? E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha, que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar.Às vezes dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder com a sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente...Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresenta uma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida.Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas 'os meus sentidos pêsames'.Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta. Sabe, é que eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas, alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação! Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos e escrevem obscenidades.Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado. Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah...espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos...Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir 'senhor engenheiro para cá', 'senhor engenheiro para lá'. É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma.Esta carta não chegará até si. Vou partilhá-la apenas e só com os meus E-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas.Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.
'A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preeminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás?
Que histórias?
Que triunfos?
Que palmas?
Que vitórias? '
Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa,
Uma mãe preocupada"

24/10/2008

...um sorriso por 3 vinténs

...cada dia que passa são menos os sorrisos que o tempo nos reserva! Haja por isso quem, nestes conturbados tempos, tem coragem para exteriorizar alguma alegria.

...sai mais cedo hoje, e para esquecer algo que vai na alma, caminhei até à estação a cantarolar para dentro aquilo que cá fora me encanta todos os dias.

...mesmo com o frio do fim da tarde, e por entre a chuva de folhagens outonais, senti por momentos essa alegria que parece andar arredada. Talvez pelo facto de ser o fim de semana, quem sabe. Mas soube bem. Melhor ainda foi chegar a Oeiras e sentir o calor de uma dúzia de castanhas embrulhadas por um rosto tão enrugado pelo cansaço da vida, como as páginas amarelas que as mantinham acesas...escusado será dizer que, não foi com uma dúzia de vinténs e outro tanto de boa vontade que o negócio se concretizou

Veio-me à memória o ínício da Dreigroschenoper do Kurt Weill"...tão pomposa, como só um mendigo poderia sonhar, e porque ela deveria ser tão barata, que até os mendigos a possam pagar, ela se chamará A Ópera dos Três Vinténs".

Não. Já nem os mendigos ouvem ópera nem ousam comprar castanhas assadas a 2 euros a dúzia.

Um bom fim de semana e um sorriso pepsodente.

PS: a música é de um grupo que só existe para alguns poucos, tipo eu- Liquid Tension Experiment, o que tem as suas virtudes, já que só mesmo eu entre muitos, a poderei cantarolar...

22/10/2008

ACDC

...é dos concertos que simplesmente nunca esqueci!! Noite memorável no Estádio do Belenenses numa noite quente nos já longínquo ano de 1996, com o mago Joe Satriani a aquecer as hostes na 1.ª parte. Pois é! Finalmente já saiu o novel álbum da banda dos irmãos Young! O mundo muda, a musica transforma-se mas o som e mensagem prevalecem!...

...agora resta esperar que o tal concerto para Abril aqui em Lisboa se concretize!...

...olhares


(foto :B. Coelho)


"Companheiros, porque razão não se retira a liberdade aos
lindos olhos de uma bela mulher?

Eles alvejam um homem como um tiro.
São mais afiados do que uma espada"

20/10/2008

...3 chávenas de chá

...o facto de o meu francês estar constantemente a necessitar da ajuda do meu dicionário online, levou-me a fazer uma justa troca pelo livro que fazia sombra ao candeeiro da minha mesinha de cabeceira.
...achei curiosa a capa e ainda mais o título, num passagem extemporânea pela Bulhosa de Linda-a-Velha...Três Chávenas de Chá.
...só posso dizer que fiquei rendido logo nos primeiros capítulos. De uma forma resumida conta a histórica verídica de um montanhista americano que ao falhar a subida ao cume do K2, é "salvo" por uns aldeões num lugarejo algures no Paquistão. Como forma de agradecimento, promete voltar e construir uma escola, para as meninas da aldeia...e mais não conto!

19/10/2008

...mid afternoon whisper

My window-pane is starred with frost,
The world is bitter cold to-night,
The moon is cruel, and the wind
Is like a two-edged sword to smite.

God pity all the homeless ones,
The beggars pacing to and fro,
God pity all the poor to-night
Who walk the lamp-lit streets of snow.

My room is like a bit of June,
Warm and close-curtained fold on fold,
But somewhere, like a homeless child,
My heart is crying in the cold.


Sarah Teasdale

16/10/2008

..espelho meu

...se houvesse uma palavra que definisse clara e inequivocamente os últimos dias, as últimas semanas essa palavra seria...tristeza! Não se pode dizer que tenha havido grandes motivos de regojizo, nem um exasperante esgar de felicidade. Algo paira no ar que comprime a boa disposição num redoma hermética. Falta qualquer coisa...mas não sei bem o quê!? Quiçá do Outono, das folhas que morrem no vermelho chão. Nem o som das castanhas que enche a manhã de um fino nevoeiro.

Nada desperta os sentidos...falta qualquer coisa!...se eu tivesse um espelho mágico...

12/10/2008

...à noite



"Quando escurece podem ver-se as estrelas"

Provérbio persa

...pobres de espírito

Bem aventurados os pobres de espírito porque é deles o reino dos Céus”

Mateus, 5:3

...depois do clima de pânico nada melhor do que um lufada de ar fresco para sanar as maleitas do sistemas financeiro. Desta feita o passe de magia passa pela adopção de um pacote de ajuda de 20 mil milhões de euros até Dezembro de 2009. Para ser franco fico desconfiado, pelo simples motivo que as nossas instituições não parecem padecer do mesmo mal que assola o resto do mundo. É certo que a crise não se confina às instituições financeiras especializadas nos ditos “produto tóxicos”, coisa que em Portugal não parece suceder, mas quando vemos os ditos responsáveis das instituições portuguesas a fazer a apologia da saudável liquidez das suas “tascas”, não deixa de ser curioso que sejam para eles as primeiras medidas ditas preventivas.
Também ainda não ouvi nenhum a criticar essa medida....au contraire!
Entretanto, não deixa de ser curioso as diferentes posições prototípicas em relação à matéria em apreço:
Do lado do BE e do PC é a natural cassete do primeiro bote de salvação ser para as entidades responsáveis pela situação. Convenhamos sr. Louçã e Sr. Jerónimo, esses juízos emocionais não colhem frutos da árvore da lógica, pois meus senhores, não foram os bancos portugueses que começaram a crise...ela simplesmente ainda nem sequer chegou cá me força, por enquanto é apenas uma constipação. E por favor não me venham falar de nacionalizações à la carte, porque já provámos desse vinagre.
Do lado do CDS e do Governo há que reconhecê-lo que quer os discursos, por um lado, quer pelas medidas já avançadas (algumas das quais com aplicação no OE 2009), pelo outro já a conversa de café merece o devido aplauso. Do lado do PSD...acho que vi uma notícia num qualquer semanário acerca de submarinos!?...enfim! A anormalidade de quebrar o silêncio para dizer coisas que não interessam aos portugueses parece ser o lubrificante vocal que a líder laranja tirou da cartola. Será esta a sua guideline!?...
Feliz e contente com isto fica o nosso PM, que numa manhã chuvosa aprova o supracitado OE2009 e da parte da tarde bebe chá de malvas no Bois de Bologne enquanto anuncia o pacote que vai salvar a nossa banca, os nossos empréstimos, que vai baixar o preço dos combustíveis e do descafeínado. Não importa que o pequeno comércio esteja em agonia ou que as casas em Lisboa sejam distribuídas para pagar favores políticos e amizades descartáveis. Ninguém se rala com peanuts, o importante é mesmo a liquidez!

No entanto uma coisa é certa, depois da tempestade, certamente que nos próximos tempos não iremos ouvir tão cedo os apóstolos do Estado mínimo e da desregulação dos mercados, esses "neolibeais" falhados que durante décadas enalteceram as virtudes do mercado. Mas curiosamente ou não nos últimos 13 anos só tivemos sob a aba dessas ideologias durante 3 anos. [os anos em que "nada se fez" de Durão Barroso-Santana Lopes]. O restante tempo tem sido o passeio dos arautos do socialismo na gaveta, da esquerda democrática, da 3.ª via à Zé do Pipo, e uns devaneios num pântano...

...e assim rola a nossa política. Entretanto em Belém ainda se espera a vinda do salvador...

08/10/2008

...lamento

Negros são estes tempos que vivemos. Por onde quer que foquemos a nossa atenção , avolumam-se as notícias de crise. Quando não são os bancos que fecham ou que são nacionalizados, são empresas que despedem. Temops difíceis este, em que aparente riqueza dá lugar lugar à pobreza encapuçada...e nada nem ninguém parece ter o condão de nos libertar deste eixo do mal....nem o Zé Carlos! Talvez o meu amigo Jack consiga tirar um coelho da cartola. Aguardemos portanto pela noite das bruxas!...porque até lá por mais que a taxa de juro do BCE desca, a EURIBOR não vai resistir à tentação de nos cobrir de nervosismo!

06/10/2008

...estranha forma de vida



...faz hoje 9 anos que nos deixou, mas o seu legado está bem vivo. Em cada rosto, em cada esquina, em cada um de nós, existe um pouco de fado, estranha forma de vida.


05/10/2008

...ne varieteur

...as próximas leituras de paragem de autocarro são assaz promissoras: enquanto vadiava pelos corredores da Fnac, tropecei em dois títulos que certamente vão burilar ainda mais o meu apetite por estórias e imagens, os títulos são A Faca não Corta o Fogo — Súmula & Inédita do herberto helder e o ne varieteur Arquipélago da Insónia do Lobo Antunes.

...deliciei a curiosidade nas primeiras frases mas simplesmente não os comprei, já. O acto de comprar um livro requer uma determinada pré-disposição o que não sucedeu na sexta-feira. Fica para mais tarde. Antes disso temos um pequeno livro de bolso [Les Jardins de lumière] do Amin Maalouf para devorar na voragem diária, ao qual se segue um prometido Pepetela. Depois, com o frio do advento e as noites longas de Novembro.

...ontem demos um saltinho ao Museu da Electricidade. É mais pequeno do que o imaginava mas muito interessante, sobretudo para os mais pequenos pois actualmente é apresentada uma pequena exposição simultânea com tubarões. Outra curiosidade, são as tendas que à entrada informam e sensibilizam os petizes para as diversas aplicações da energia solar. Não é todos os os dias que podemos ver um pacote de leite, ou uma garrafa de refrigerante a andar sobre rodas, ou uma baleia movida a energia solar. De todos os artefactos em exposição aquele que mais me fascinou foi o relógio digital com funcionamento a partir do diferencial eléctrico que se gera dentro de uma laranja. Curiosidade.

...hoje é dia da implantação da república! alguém está contente!?...também não. Mas como o nosso Presidente diz: a solução está em cada um de nós!...onde é que eu já ouvi isto?? certamente dezenas de vezes!...resta-nos acreditar!

01/10/2008

...L word

...dentro da programação cultural para os próximos dias não posso deixar de evidenciar a Lesboa Party. Tal como sucedeu com o pretérito ano, realiza-se no Pavilhão de Exposições do ISA na Tapada de Lisboa.

...para quem não sabe, para além da festa tem oportunidade para desfrutar da natureza e dos inúmeros recantos inóspitos lá na Tapada...para quem nunca experimentou recomendo vivamente um saltinho ao miradouro ao pé do campo de rugby...à noite é um lugar, incrível para outro tipo de sensações!


...para os mais abonados sugerimos o espectáculo Cavalia, ali junto aos terrenos da Docapesca!

...para aqueles para quem o fim-de-semana é uma maçada, vistam o fato de treino e vão passear a família para um shopping ver montras!

29/09/2008

...que farás tu América?

(..) não interessa nada o que se diz, só interessa o como se diz.

Truman Capote

...foi esta frase que me despertou na manhã de sábado ao ver, entristecido o enfadonho debate Obama v. MacCain ou vice-versa.

Não que não tivessem existido momentos de frisson, que os houve mas escassos. Eu esperava um luta sanguinária entre duas maneiras de ver e sentir a política, o eterno conflito de gerações de crenças. Norte contra o Sul, Harlem contra Wall Street, o veterano de guerra contra o homem na mudança.

Mas nada! Redundantes e apáticos. Talvez estivessem concentrados em não dar demasiado o flanco ao oponente, ou demasiado preocupados com a questão seguinte. Não sei. Só sei que entretanto o "país da liberdade"[será mesmo?] entrou em declínio, assim como Roma socumbio aos vícios e à luxúria . Arde, e arde bem. As chamas da ganância de muitos e a incompetência de outros, propaga-se por todo o lado. Nem aqui na parvónia Europa onde, alegremente olhamos para o televisor, não nos apercebemos que também um pouco de nós é consumido pela voracidade da globalização. E nós aqui no cantinho...o que nos poderá acontecer enquanto o baralho de cartas se desmorona? A nossa sorte talvez seja a diversificação [um upgrade do nacional desenrascanso!] da actividade bancária. Mas não nos podemos esquecer que dependemos, e muito das trocas comerciais e dos turistas que hoje [tal como nós] olham para as prestações das casas!...

...á semelhança do leite contaminado chinês, e que por sinal está em toda a parte, devemos olhar bem para os "rótulos" de lucro garantido que as instituições bancárias nos oferecem. São necessárias poucas maçãs para seduzir os incautos e os ignorantes!...menos ainda para nos fazer cair numa espiral de insolvência.

Viva o socialismo marxista, abaixo o Monopoly!...

Eu até compreendo os congressistas que à poucas horas chumbaram o plano de ajuda ao sector bancário financeiro norte-americano. Afinal de contas é o dinheiro dos que os elegeram que parece servir agora de almofada para atenuar o choque. Não competirá ao mercado resolver este imbróglio...umas empresas desaparecem e no seu lugar outras aparecerão!

É óbvio que quem sai mais penalizado disto tudo são os contribuintes, mas não é deles também a culpa por terem tido mais olhos do que barriga e por quererem ser mais e mais ambiciosos. Talvez lhes sirva de lição...até à próxima crise.

...faço a mesma pergunta que o Lobo Antunes: Que farás, América, quando tudo arder?


Entretanto no céu brilha mais uma estrela...Paul Newman

27/09/2008

...peau de jeune ivoire

Que ton âme soit blanche ou noire,
Que fait ? Ta peau de jeune ivoire
Est rose et blanche et jaune un peu.
Elle sent bon, ta chair, perverse
Ou non, que fait ? puisqu'elle berce
La mienne de chair, nom de Dieu !

Elle la berce, ma chair folle,
Ta folle de chair, ma parole
La plus sacrée ! - et que donc bien !
Et la mienne, grâce à la tienne,
Quelque réserve qui la tienne,
Elle s'en donne, nom d'un chien !
Quant à nos âmes, dis, Madame,
Tu sais, mon âme et puis ton âme,
Nous en moquons-nous ? Que non pas !
Seulement nous sommes au monde.
Ici-bas, sur la terre ronde,
Et non au ciel, mais ici-bas.

Or, ici-bas, faut qu'on profite
Du plaisir qui passe si vite
Et du bonheur de se pâmer.
Aimons, ma petite méchante,
Telle l'eau va, tel l'oiseau chante,
Et tels, nous ne devons qu'aimer
.


Paul Verlaine (1844-1896)


25/09/2008

...parece que foi ontem

Ah! aquilo é que eram tempos!...depois do jantar, umas idas para o café até fechar...e depois rumar para casa de alguém e só voltar de madrugada!...vida de estudante! Sem preocupações nem horários, obrigações só mesmo viver cada dia!...os fim de semana começava sempre nas "capelinhas" da 24 de Julho, continuava por bares de má fama no Bairro Alto, e por vezes só terminava algures no Intendente ou nos bolos quentes em Arroios!...depois, era contar os trocos para ver se ainda havia hipótese de apanhar o autocarro...caso contrário todos a pé! Uns, mais do que outros; esses arrastavam-se por entre as luzes de baco. As boleias eram sempre bem vindas...por vezes éramos 6 dentro de um carro pequeno, que de tão velho e ferrugento, mal se aguentava por entre as rua esburacadas e mal iluminadas...vir a pé era bem mais divertido, sobretudo porque no trajecto deparávamos sempre com personagens estranhas [que não nós mesmos!]...nessa altura, não havia a romaria dos pais a ir buscar os filhos às discotecas. Não havia noção de horas decentes, nem muito menos telemóveis para alertar a chegada tardia...a noite não encerrava perigos, apenas aventuras e experiências novas!...ah!aquilo é que eram tempos...os autocarros [os mais antigos] ainda tinham dois andares e eram verdes; depois mudaram de cor-laranja. Andar de táxi era um luxo, curiosamente ainda hoje é!...os quilómetros mediam-se em tempo; havia o tempo para vir do Cais do Sodré até aos Olivais pelo rio, o tempo para vir da Alameda até ao Relógio. Hoje, andar a pé é uma aberração para muita gente!...enfim. A única coisa que me arrependo mesmo, foi não ter tido mais tempo para aproveitar aquele tempo!...fica a memória, fica o sorriso na alma!...

24/09/2008

...como uma rosa

Como uma rosa no fundo da cabeça,que maneira obscura
de morte.O perfume a sangue à volta da camisa
fria,a boca cheia de ar,a memória
ecoando como as vozes
de agora.Onde está sentada brilha de tantas moléculas
vivas,tanto hidrogénio,tanta seda escorregadia dos ombros
para baixo.Toca eu
de onde rompe a rosa.uma criança
luciferina.A mãe fechava,abria em torno a torrente dos átomos
sobre a cara.Aquilo que a estrangula dos pulmões à garganta
é a rosa infundida.Leva um braço às costas,
suando,raiando
pelo sono fora.Está queimada onde lhe toca.
Falaria alto
se o peso a enterrasse à altura das vozes.
Via a matéria radiosa de que é feito o mundo.
A língua doce de leite,
a mão direita na massa agre,
o sexo banha
dono manancial secreto.
O dom que transtorna a criança ardente é leve como
a respiração,leve como a agonia.
Uma rosa no fundo da cabeça.
Herberto Helder

23/09/2008

20/09/2008

1+1=2?

...se pudesse caracterizar a torre de cds que faz sombra ao meu estirador, eu diria que se trata do albergue espanhol, tamanha é a miscelânea de estilos, vozes e sons que ali se perdem! confesso que por vezes, tenho dificuldades em encontrar este ou aquele título..é a chamada 'organizações zé rocha', mais parece um emaranhado de ruas num souk!!...mas hoje deparei com este álbum da Madeleine Peyroux que já não aquecia a agulha do gramofone à muito tempo! delicioso para um final de noite...a dois!

por falar em 1+1...não entendo o celeuma em redor da matéria acerca dos casamentos homossexuais. Afinal de contas a nossa constituição, no Artigo 13.º (Princípio da igualdade) refere que (...) Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. Para além disso, (...)Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Que uma franja da sociedade (onde se inclui a Igreja Católica e outras confissões religiosas) não queiram aceitar o casamento homossexual, tudo bem! e ainda bem, porque mantêm a sua visão, ainda que esta tenha sofrido alguns desvios e devaneios ao longo dos séculos! É a instituição deles, e apenas a eles lhes diz respeito....mas não estamos a falar do casamento religioso! Talvez o conceito/termo de casamento não seja o mais correcto, talvez o mais acertado fosse considerar união civil!

Independente de tudo que se possa conjecturar, há que separar as águas, pois, por algum motivo vivemos sobre o tecto da laicidade! Agora, numa sociedade que se quer desenvolvida, progressista não permitir o casamento de homossexuais, só porque isso afronta a concepção de família clássica!?...hum!

...porém, talvez as consciências progressistas e fracturantes estejam demasiado obcecadas com a polémica! Quem nos garante que um dia destes não aparece por aí alguém com intenção de casar com mais do que um parceiro?...aí é que 'porca torce o rabo', e nem a Constituição se safa!

19/09/2008

...e assim termina o verão!

I have been one acquainted with the night.
I have walked out in rain—and back in rain.
I have outwalked the furthest city light.
I have looked down the saddest city lane.

I have passed by the watchman on his beat
And dropped my eyes, unwilling to explain.
I have stood still and stopped the sound of feet
When far away an interrupted cry

Came over houses from another street,
But not to call me back or say good-by;
And further still at an unearthly height
One luminary clock against the sky

Proclaimed the time was neither wrong nor right.
I have been one acquainted with the night.


Robert Frost

...divórciolex

...eu geralmente à sexta-feira costumo deixar um clip daqueles que só eu gosto e fico-me pelo educado bom fim de semana, mas hoje abro um excepção! Vou falar sobre política!...dentro da mesma linha ilógica que presidiu à apressada aprovação do descabido Código do Processo Penal, hoje na Assembleia da Respública foi votada uma nova versão sobre a Lei do Divórcio. Um aticulista hoje no Público refere a esse respeito que não se pode obrigar a ficar casado quem não pretende tal- concordo absolutamente...mas!!

...e as mulheres vitimas mais tratos? no meu entendimento, esta lei trata-se de um autêntico branqueamento destes casos!Agrava sentimento de injustiça e sofrimento dessas mulheres e obsta que elas reedifiquem o seu processo de vida. Caso pretenda que a culpabilidade do agressor seja provada em tribunal terá que mover um segundo processo, num julgamento em que vai ter de provar aquilo que no tribunal de família não lhe possibilitaram! Entretanto e caso tenha filhos, é obrigada pela nova lei (pelo que entendi!) a manter a guarda conjunta dos filhos e por conseguinte, a contactar com o agressor!...entretanto, se conseguir!! a culpa do marido é provada em tribunal mas e depois!?...será que o tribunal civil tem competência para contrariar a decisão do tribunal de família!?...mantém-se a guarda conjunta e a necessidade de manter contacto por (intermédio dos filhos menores) com o agressor!?...será que entendi bem!? ou foi mais um lapso dos nossos de putados!?...assim como o Código do Processo Penal já fez e continua a fazer moça, a ver vamos se esta nova lei, caso seja promulgada ou depurada de qualquer inconstitucionalidade, se vai virar contra o legislador..assumido da razão que esta é uma luta fracturante, mas de esquerda!...Mais uma vez dou razão ao Mário Alegre...existem outro tipo de tema que urge discutir

Por mim, meus senhores olhava bem para a legislação espanhola e para as cláusulas que esta inclui na lei do divórcio!O casamento tem deveres e um dos deveres máximos é a obrigação de respeito pela outra parte!

...segue-se o casamento entre pessoas do mesmo sexo!...depois cá estarei para ad argumentandum tantum! (apenas para argumentar)...e um bom fim de semana!!

16/09/2008

...bus stop

...hoje aconteceu-me algo curioso. Enquanto lia mais umas quantas páginos do "Périplo de Baldassare", a senhora que ia à minha frente virou-se e começou a rir! Tinha os cabelos compridos e ondulados e pensei que se estava a sentir incomodada pelo reboliços das páginas que ondulavam umas atrás das outras à medida que as palavras passavam para outra dimensão:
- Sorry are you enjoying this book?

Great—Scott!! fiquei com os olhos em 'modo espanto' e depois de iniciar o tradutor automático para estes casos ...sorri e disse que era rather interesting! Depois ela continuou, com o sotaque very british que gostava muito do autor e que já tinha lido um livro fascinante acerca da cultura árabe a cultura cristã...eu disse-lhe que era as Cruzadas vistas pelos árabes. Perguntou-me ainda qual era o tema do livro e desfiz-me em explicações...entretanto chegou a minha hora e ficámo-nos por um inócuo bye!

...acho que foi a primeira vez que falei com alguém numa camioneta desde à muitos anos!!...curioso ser logo com uma inglesa. Personagens conhecidas por serem un peau distantes e frias!...por vezes surgem uns radicais livres, para estragara reacção química!...
...entretanto estou quase a acabar o livro! ainda não sei qual é o freguês que se segue mas estou inclinado para ler algo na língua de voltaire, algo simples porque o meu forte é mesmo shakespeare...por acaso dos deuses e do ofício, nos próximos meses se assim for a vontade de Alá vou ter que ler e escrever um pouco de francês técnico, facto que me está a causar alguma entropia. Bem antes isso do que o árabe do magrebe, esse sim intragável para um pagão infiel com eu. Acho que vai ser um um trabalho estranho, mas estimulante...ou será antes o contrário?

15/09/2008

...shine on you crazy diamond!

...em memória de Richard Wright (1943-2008), um dos membros fundadores dos Pink Floyd.

14/09/2008

...like a virgin


...estive lá na Bela Vista da parte da tarde, mas felizmente só para ajudar o meu irmão a deixar o carro, pois confesso que tenho uma certa e determinada alergia à senhora que hoje vai enganar uns quantos milhares....os quais pagaram uma quantia apreciável!?!

Não qeu eu tenha nada contra a senhora (se é que o termo se aplica neste caso!) mas antes com a artista. Péssima actriz, óptima dançarina, excelente vox modelada pelos artesãos da indústria, mas acima de tudo péssima mensagem...e pior do que isso! se há coisa que abomino num artista é não seguir uma linha um rumo, um estilo...há quem lhe atribua o cognome de camaleão...acho que foi na revista do Expresso...eu diria mais, é mais uma maria vai com todos...em termos músicais sublime-se!...ela não dita, ela simplesmente segue o que se vende!...

Nem os livros para crianças se aproveitam, ainda que os desenhos sejam deveras enternecedores, as estórias já nem por isso...e a estória de quando era nova querer conquistar o mundo!?...francamente, o Mourinho também se acha o special one e não é isso que o torna super herói!...

...pelo menos tem uma virtude: gosta do nosso Pestana Hotel Palace!...sim senhor!!...good taste!...o mesmo se aplica aos costureiros que selecciona, ainda que no meu entender, o Gaultier é o que lhe acenta melhor.

...no meio desta saraivada toda deparo-me com uma questão para a qual ainda não vislumbrei resposta:

- !ual é a diferença entre uma Madonna, uma Christina Aguilera , uma Jennifer Lopez, uma Britney Spears ou as defuntas Spice Girls!?

..se alguém souber que me elucide?...entretanto e para os fanáticos aqui fica um clip de cortesia cá da casa:

LIKE A...




11/09/2008

...death magnetic

...é sempre com expectativa que esperamos o novo álbum dos Metallica...amanhã lá estarei a retirar a caixinha mágica da prateleira e correr para o carro para ouvir de riff a pavio, todos os acordes e sentir todas as imagens que me suscitam os longos acordes. Para muitos é lixo, para muitos mais é só barulho, para mim é música, da mesma forma que a 6.ª Sinfonia de Mahler ou o o prelúdio do Tristão e Isolda é música. Gostos não se discutem...há gostos que se adquirem!!

..olhe, desculpe sim?!


Sim, sem nenhuma dúvida, faremos parte da Rússia e não temos a intenção de criar uma qualquer Ossétia independente, porque a História assim determinou as coisas, os nossos antepassados fizeram a escolha”,

Edouard Kokoity, autoproclamado Presidente da Républica da Ossétia do Sul


"Fui obviamente mal compreendido. Não temos a intenção de renunciar à nossa independência, obtida com sacrifícios colossais e a Ossétia do Sul não tem a intenção de entrar na Federação da Rússia"

o mesmo mas algumas horas depois...

10/09/2008

...late night comment before pillow break

...já não era sem tempo!! finalmente as aulas vão começar esta semana...

Estranhamente em algumas democracias da Europa, as aulas já estão em marcha! Coitados, não será por isso que vão conseguir ombrear com os excelentes resultados que a equipa misterial conseguiu no pretérito ano escolar...neste que se aproxima, as metas estão tão elevadas como os prognósticos iniciais do nosso Comité Olímpico! Ouro e prata para todos, o mesmo quer dizer notas elevadas e infinita misericórdia na avaliação. Semper sapiens beatus est, como diria Cícero. Mas essa felicidade, a felicidade de quem olha para as pautas a felicidade de quem fala do petiz que é um ás na escola é como diria o Tom Jobim, como a pluma que o vento vai levando pelo ar. Voa tão leve, mas tem a vida breve. Precisa que haja vento sem parar...e não é bem isso que deve estar em mente das pessoas que organizam os programas mas sobretudo quem armadilha as difíceis "provas"!

...com diria, estamos em Setembro, o calor ainda aperta! A praia sabe melhor do que a sombra proporcionada pela ardósia. Nunca entendi este hiato que começa em Junho e termina algures entre as primeiras chuvas de Setembro e as primeiras vendedoras de castanhas assadas. Quando era pequeno...entendia e BEM! Agora nem por isso. Assim como não entendo o porquê de tão longas férias parlamentares, as pausas judiciais entre outras mornas que fecundam a nossa sociedade. Ainda está muito calor para estar quase uma hora a apanhar coma sombra da ardósia e a areia do giz! Nós por cá, mercê na inoperância funcional do Mistério da Educação apimentado com alguma burocracia sempre mal afamada (mas secretamente aplaudida) somos consecutivamente brindados com uma férias dos putos extra, ao velho estilho dos nosso de putados da Nação. Talvez por estarmos em dia de desentendimento, também continuo sem explicação sobre o porquê da derrota frente à Dinamarca, e como perguntava à pouco o Mário no Jornal das 21, que tipo de injustiça é esta que liberta um homem que dispara 5 tiros contra outro, dentro de uma esquadra- local onde por definição se deve fazer cumprir a Justiça! Talvez a explicação para todas estas interrogações esteja dentro do grande acelerador de hadrões do CERN....ou talvez não!

...o rio que percorro


Impetuoso, o teu corpo é como um rio
onde o meu se perde.
Se escuto, só oiço o teu rumor.
De mim, nem o sinal mais breve

Imagem dos gestos que tracei,
irrompe puro e completo.
Por isso, rio foi o nome que lhe dei.
E nele o céu fica mais perto.

Eugénio de Andrade

09/09/2008

...atchim!



...pedimos desculpa pela interrupção mas devido à gélida temperatura verificada na algarvia Meia-Praia em Lagos, estamos neste momento dependentes de lenços de papel!!...fora isso, o tempo está espectacular, as alhetas da corvina já se movem por entre as fagulhas ardentes do carvão em brasa, e as ostras estão quase prontas para se banharem no limão...voltamos assim que estiverem reunidas todas as condições técnicas!..e o vinho respirar um pouco mais!

05/09/2008

...périplo por terras do nosso reino

TAKE 1
...esta chuva que caiu hoje aqui na urbi funcionou como o azeite que queima as poucas ideias que me vão no pensamento!...mas foram o catalisador ideal para lançar mãos à minha leitura! Ontem aproveitei uma saída e remexi a secção dos livros da Fnac do "monte de cascas", mais conhecido por Cascais...demorei algum tempo e quando já estava a entrar em transe por causa da insurreição que paira no regimento que me acompanhava, lá me decidi por um libanês que já em deliciou noutras alturas menos propícias a grandes momentos de prosa como o que atravesso neste momento: Amin Maalouf ( أمين معلوف)‎ )- em termos de romance histórico é um dos meus autores de predilecção. Já tinha lido o Leão o Africano (1986) e o fabuloso Les Croisades vues par les Arabes, 1983. Comecei hoje a ler O périplo de Baldassare (2000)...e só mesmo a chuva me impediu de devorar as primeiras 100 páginas e o facto de um dos autocarros se ter avariado!!...é com esta chuva toda e sem chapéu de chuva vamos dar um saltinho ao Al-Gharb (الغرب ) comer um pargo grelhado, umas ostras e umas gambas que estão à nossa na lota de Lagos...só espero é que o S. Pedro padroeiro do Instituto de Meteorologia, esteja um pouco mais clemente do que esteve hoje!!...
TAKE 2

...geralmente quando termina um filme, sou daqueles que salta da cadeira e desaparece por entre os passos que a escuridão encombre na sala do cinema, mas neste domino o genérico do Wall-E captou o meu delicado ouvido com uma voz que por breves momentos já não ouvia faz alguns anos: Peter Gabriel...ainda sou do tempo em que ele estava nos Genesis...quando cheguei a casa fui logo ao baú da "fada dos dentes" e tratei de fazer logo uma compilação para ouvir no trajecto diário. Aliás, não só o Peter Gabriel me tem acompanhado na banda sonora destes meus dias últimos mas os inimagináveis Abba andam a cantarolar aqui e ali (é verdade eu com um bo descendente dos anos 70 também ouvia Abba de forma digamos que compulsiva...por falar nisso estou curioso com o Mamma Mia, fiqui encantado com o trailer...e com a agradável revelação de uma Meryl Streep a cantar!...

TAKE 3
..continuando na senda da música, fiquei desapontado com a "roubalheira" dos preços praticados paras as récitas no TNSC do Siegfried de Wagner, ainda estou em negociações para avaliar se o estrago vale a pena!!...e ainda falam em democratizar o espetáculo erudito!! Mais barato sai um bilhete para a festa do Avante com a vantagem de ouvirmos trechos de algumas obras do reportório lírico..bem como os nossos Xutos & afins!!...

..e como diria uma colega minha...prontes!

take that!

Nota de pé de caixa: ...tâmaras argelinas são absolutamente divinais!...

30/08/2008

...the usuall stuff



...este fim de semana foi de vez! Já andava curioso para experimentar o Peter Sport Café da Marina de Oeiras depois me deliciar com as tostas mistas e o gin nas nossas docklands da Expo. O objectivo era celebrar a reentré com um jantar à beira mar e saborear um sonho de uma noite de verão. O pessoal é simpático, talvez demasiado sorridente e com fraca memória, a salada de polvo deve ter ficado perdida lá no bytes da memória. O couvert é simpático...mas a decoração é demasiado...loja de roupa, talvez fosse mais inteligente fazer uma divisão..é chato estar a comer ao lado de uma pessoa que está a comprar uma t-shirt, acho eu! A acompanhar o tinto alentejano quisemos romper com a monotonia dos pedidos - o tradicional e insistente bife com batatas fritas, tão vulgar em nossas casas!. Talvez esse facto fosse a explicação para a morosidade do nosso pedido...mas isso tem a outra gratificação, pelo menos fica a ideia e a temperatura que a comida foi feita com o lume BEM QUENTE!...o pedido?folhado de frango com mostarda tradicional e mel e um cherne grelhado com salada algarvia a acompanhar com batatas ao murro. Posso dizer que estavam ambos deliciosos, sobretudo o folhado de frango. Não foram os três pontos para o País de Gales...mas um simpático Satisfaz.

Entretanto continuo à procura de um livro para em entreter o meu estágio nos transportes públicos....já tenho alguma ideias só necessito tempo para dar um salto à Bulhosa lá perto da obra.

Mudando a agulha para o disco riscado, continuam as notícias de assaltos e roubos, as pessoas continuam a deitar o lixo para o chão (sábado no IKEA deparei com uma fralda usada dentro de um carrinho de compras!!), e as beatas continuam a inundar a estação de Oeiras, as paragens de autocarros e as entradas dos edifícios...mais do mesmo!

...ainda agora comecei a trabalhar e já estou com vontade de ir passar uns dias para um lugar que seja um pouco mais civilizado!!

..a oeste nada de novo! resta-me continuar a apreciar uma peça do inglês RV Williams Symphony No.9 in E minor e esperar que o dia de amanhã seja a continuação do dia anterior!

PS: ..ontem fui ver o WALL-E...adorei!

25/08/2008

..e para terminar o dia!

...costeletas de borrego grelhadas na chapa banhadas com um azeite, alho e hortelã moidos no cadinho aqui pelo chef, batatas cozidas e uma cerveja bem fresca!...para queimar os últimos cartuchos!...

..silly season

..sabe bem escrever estas últimas palavras enquanto saboreio um martini bianco adornado com o fresco aroma hortelã...entretanto e como o tempo escasseia e o fim da silly season se aproxima, nada como uma raposódia sobre belle époque que se vive neste cantinho de indomináveis gauleses. Enquanto organizo as palavras e afino a pontaria para não ter de utilizar a borracha, junto umas pedrinhas de gelo para solidificar algumas ideias baralhadas no meu blog de apontamentos. Então assim reza a estória:

Este Agosto fica sem dúvida marcado pela entrada fulminante dos nossos atletas no concerto de verão em Beijing! Digo concerto de verão pois ao vislumbrar os sonâmbulos comentários do nosso Marco Fortes que afirmou aos microfones de uma jornalista madrugadora que, e passo a citar “de manhã, só é bom na caminha. Pelo menos comigo...”, só cai em mim quando descobri que afinal não se tratava de um inadvertido apanhado à hora de almoço no festival de Paredes de Coura...mas adiante. Não menos feliz foi o comentário de uma lançadora do peso que foi um pouco mais longe e referiu que não era “muito dada a este tipo de grandes competições, como os Jogos Olímpicos!"...digamos que esta tirada foi tão longe como os três saltos da Naide Gomes...mas foi igualmente célere em sapiência, o mesmo acontecendo com a displicente desistência do nosso Obikwelu...no entanto no caso concreto do Francis, teve pelo menos a dignidade de pedir desculpa o que nos tempos que correm é sintomático. No meio disto tudo só não entendi concretamente qual o despropósito do Comité Olímpico em distribuir um kit de sobrevivência, incluindo 6 preservativos!?...supondo que em cada acto se gastam ca. 500 calorias, ora são...o Guterres faz ai a conta!...ah!..ora nem mais 3 kcal, ora isto nem um copo de chá deve ser!!...por isso também não foi por isto que os nossos atletas não suplantaram as metas impossíveis que tinham sido traçadas pelo Comandante da epopeia trágico-marítima!...então o que terá sido!?...bem nos próximos tempos certamente que quando o smog da capital chinesa começar a fazer sombra ao Secretário de Estado, talvez se saibam mais alguns pozinhos?!...
O outro assunto que esteve na ordem do dia parece ser a eterna questão da insegurança...não que não hajam assaltos, assassinatos e roubos violentos com alguma frequência mas, o simples facto de este ano as florestas não andarem a arder e a líder da Oposição (qual!?) andar lá para as bandas do deserto de Gobi (para quem não sabe fica na Mongólia), parecem constituir motivos de sobra para que qualquer atropelo à justiça seja notícia de abertura de telexornais (como dizem os meus amigos galegos!).Nonetheless, também não deixa de ser verdade que se vive um ligeiro clima de insegurança, prova disso é o número crescente de pedidos de licenças de posse de arma (bandidos incluídos!!). Como diria o camarada bloguista Louçã...os coitados dos criminosos também direito à existência, a sociedade essa sim repressora e maniqueísta, figurando o Estado como opressor supremo, são os imorais responsáveis deste pagode...coitadinhos dos assaltantes que foram mortos! Estavam no pleno desempenho da sua liberdade de roubar e ameaçar a vidas dos incautos que por ali passavam.
Em resposta, o Governo manda o Ministro da Administração Interna aos ecrãs dizer em tom de comiseração que por causa dos gandins não tirou férias...e pá isso não se faz a um ministro, a um Secretário de Estado ainda vá, mas a um ministro?
Bem pelo menos a uma conclusão já se chegou: o ideal é andar de transportes públicos , ou a pé em traje estilo calçadão do Rio de Janeiro...sem ornamentos, nem adornos. Keep it simple!!ah! e bancos só mesmo online...cafés à noite é para esquecer, sobretudo se estiver a decorre um jogo na SportTv e saídas a bares e discotecas está fora de questão, só mesmo a mercearia e o talho na rua! Por enquanto!!...ah! vou ter saudades da silly season, a partir de amanhã é só tijolo e baldes de massa. Para o ano há mais...nos entreactos, olhem bem para a sombra que vos persegue, não vá ser um qualquer D. Sebastião de arma em punho!!...

...SAVE MIGUEL

...POR FAVOR ESPALHEM ESTE SPOT PELOS VOSSOS
CONTACTOS OU ATRAVÉS DO
SITE
OFICIAL

24/08/2008

...de partida


(José Malhoa, 1918)

Todos os anos é sempre o mesmo ritual. Os últimos abraços, as lágrimas que a saudade leva, o último olhar transbordado por um longo adeus que se perpetua à medida que se vislumbram os último passos no horizonte. É assim em muitas casas, em muitos lugares esquecidos. O esquecimento esse, o tempo não apaga. Dentro de meses a vontade de regressar ao berço canta mais forte do que a necessidade de ir mais longe, para poder viver. É assim desde sempre e sempre assim será.

É nossa sina não caber no berço. Desde os primórdios que somos emigrantes.
O português pré-histórico já era aventureiro, navegador, missionário, semeador
de cultura.”

Miguel Torga

17/08/2008

...lunar eclipse

Thy shadow, Earth, from Pole to Central Sea,
Now steals along upon the Moon's meek shine
In even monochrome and curving line
Of imperturbable serenity.

How shall I link such sun-cast symmetry
With the torn troubled form I know as thine,
That profile, placid as a brow divine,
With continents of moil and misery?


And can immense Mortality but throw
So small a shade, and Heaven's high human scheme
Be hemmed within the coasts yon arc implies?

Is such the stellar gauge of earthly show,
Nation at war with nation, brains that teem,
Heroes, and women fairer than the skies?

Thomas Hardy

16/08/2008

...mais longe, mais alto, mas devagar!!

...aproveitando a curta pausa do verão minhoto-chove torrencialmente!-tenho que introduzir aqui uma nota de agradecimento ao Zé e à Ana Ќaяinna pelo facto de me terem proporcionado o batismo de condução num Auto Union dos tempos modernos com uma fabulosa caixa Direct Shift Gearbox, é só acelerar! e por falar em verão minhoto (o qual é semelhante ao clima tropical sem coqueiros nem dançarinas havaianas), aqui quando chove S. Pedro não pede licença...só falta mesmo partir telhas!
Desilusão continua a ser a prestação dos nossos atletas em Beijing...muita parra e pouca uva, até ao momento e nem mesmo o português mais rápido de sempre escapa! Acordou tarde para a eliminatória dos 100 m e lá se contentou ser o melhor europeu nas qualificações. Enfim!venham as olimpíadas de Londres pois destas não reza a história!...

15/08/2008

..estância primorosa

Nas límpidas canções que me inspiraste
ao som da flauta d'ebano cantadas,
narrava as minhas mágoas desoladas,
mas tu não me escutaste!

Depois compus estâncias primorosas,
que lêste em carinho e sem ternura,
lançando ao rio as páginas formosas
onde eu cantava a tua formosura.
Quis ser então mais fino e mais amável:
dei-te um presente fabuloso e raro,
uma enorme safira comparável
a um céu nocturno imensamente claro.
E em paga d'essa joia deslumbrante,
d'esse primor, d'uma riqueza louca,
mostraste-me, sorrindo um só instante,
as pequeninas pérolas da boca.


António Feijó

12/08/2008

...é só mais um!!

...parabéns Paula!!

...soneto cativo

Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;


se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encantamento e de desprezo;

não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamnete preso!
David Mourão Ferreira

11/08/2008

...em brasa

...adormecer ao som do Quim Barreiros & Co. e fogo de artifício dá nisto! Tenho acordado perto das 9 da manhã coisa rara, mas que sabe bem!! Finalmente já consegui ultrapassar o jet-lag da rotina da urbe e aos poucos começo a acordar a horas mais condizentes com a época de veraneio!!...e finalmente à segunda semana começam a cair as primeiras gotas de chuva.Já era tempo, pois o calor por vezes é demais...para quem pensa que no Algarve é que se está bem, devia experimentar mais uns graus centígrados cá nas nortenhas paragens!! Em boa verdade o tempo tem estado absolutamente perfeito..calor, muito calor...temperado com bons banhos de piscina e na barragem. Mas antes, muito trabalho a limpar o nosso chalet de montanha ...é o que faz estar quase um ano sem colocar cá os presuntos!!...Para retemperar esforços, nada como uns jantares fora de casa, e umas miradas nas esplanadas...a ementa por estas terras é muito variada, e os pratos dignos de abades de peso, não fosse esta a terra dos arcebispos- Bracara augusta. Já demos um saltinho a Guimarães, onde pudemos desfrutar de uma tarde bem passada na zona velha, e o respectivo almoço numa das inúmeras esplanadas que existem na Praça de Santiago. A escolha recaiu no Paraxut...e pode-se dizer que caímos do céu para o inferno...duas horas desde que nos sentámos até ir arrancar a conta ao balcão, é obra!!...a única coisa que safou o momento foi mesmo a comida que estava boa e o leite creme que estava no ponto!! Recomendo vivamente a quem cair do céu que faça uma ligeira correcção...mesmo ao lado existe um wine bar/tapas que dá pelo nome de Cheers que promete mais e pelo menos tem dois sorrisos bem mais convidativos!!...depois de tentar sair da cidade, após uma visita rápida ao Paço dos Duques de Bragança-tantas casas que esta gente tem, imaginem se nesse tempo tivessem que pagar IMI!!-voltamos ao nosso refúgio onde nos esperavam umas entremeadas grelhadas feitas aqui pelo chef...aliás, grelhados é sem dúvida o forte cá da casa, de tal forma que não há dia que não pare aqui na venda da aldeia para comprar uns sacos do fiel amigos das brasas. Mas quem quiser comer e bem, recomendo mesmo A Tasquinha em Vieira do Minho. Gente simpática, pratos fartos, vinho da casa excelente...e ambiente familiar!!

No final desta semana, remamos de armas e bagagens para o nosso paço em Ponte de Lima...entretanto outro valor mais alto se levanta...para almoço umas costeletas de vitela barrosã grelhadas na brasa!!

Este nevoeiro denso e mijão, é mesmo tempo para dar a morrinha, uma indolência que se transmite ao nosso corpo e à nossa vontade, em que não apetece fazer nada...mas isso não é coisa que me afaste da nobre arte, venham elas...as brasas!!

01/08/2008

...formas

O desenho redondo do teu seio
Tornava-te mais cálida, mais nua
Quando eu pensava nele...
Imaginei-o,
À beira-mar,
de noite,
havendo lua...
Talvez a espuma,
vindo, conseguisse
Ornar-te o busto de uma renda leve
E a lua, ao ver-te nua,
descobrisse,
Em ti,
a branca irmã que nunca teve...
Pelo que no teu colo há de suspenso,
Te supunham as ondas uma delas...
Todo o teu corpo,
iluminado,
tenso,
Era um convite lúcido às estrelas...
Imaginei-te assim á beira-mar,
Só porque o nosso quarto era tão estreito...
- E, sonolento, deixo-me afogar
No desenho redondo do teu peito...


David Mourão-Ferreira