" Com minha razão apenas, com os meus
dedos,
com lentas águas lentas inundadas,
caio no império dos miosótis,
numa tenaz atmosfera de luto,
numa olvidada sala decaída,
num cacho de trevos amargos.
Caio na sombra,no meio
de destruídas coisas,
e espio aranhas,e apascento bosques
de secretas madeiras inconclusas,
e ando entre úmidas fibras arrancadas
ao vivo ser de substância e silêncio.
Doce matéria,oh rosa de asas secas,
no meu afundamento as tuas pétalas subo
com pesados pés de rubra fadiga,
e na tua catedral dura
me ajoelho
batendo nos meus lábios com um anjo.
É que sou eu diante da tua cor do mundo,
diante das tuas pálidas espadas mortas,
diante dos teus corações reunidos,
diante da tua silenciosa multidão..."
Pablo Neruda
Sem comentários:
Enviar um comentário