31/12/2009

...last exit

...se ao menos houvesse alguém que convencesse quem detém o poder, para importância do clima e do ambiente para a solução de muitos dos problemas que afectam o planeta!

"O mundo e um livro belo, mas é pouco útil para quem não sabe lê-lo."

Carlo Goldoni

...paralelo 09




Este país não é para fracos. Quando era pequeno nos últimos bocejos da televisão a preto e branco, no tempo do mono e da onda média, ouvia falar em crise. Depois veio a cor, deixamos de ter aqueles filtros inúteis estilo banha da cobra em formato arco-íris, para nos ludibriar a vista [um pouco com o preço dos bilhetes para os filmes 3D actualmente!] e mantivemos o acento tónico na crise. Entretanto alguém se lembrou que estávamos agarrados à Europa e entramos no Club Vip, mas a crise essa também nos acompanhou. Chegados a 2009, voltamos a viver a mãe de todas as crises!
Como diria muito bem o nosso Sócrates "está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice”, é verdade, pior só mesmo o próprio. Então se olharmos atentamente para a margem de progressão no desemprego, o panorama ainda é mais arrepiante!
Vivemos estes doze meses num autêntico exílio de ideias e ideais, fomos bafejados com a triste sina de três actos eleitorais que apenas serviram para demonstrar a inexistência de soluções tanto à esquerda como à direita. Passamos metade do ano a discutir o medo de dizer a verdade, a asfixia democrática, o medir de ir contra o aparatchik, e outra metade com notícias de escutas entre o local mais sagrado de Portugal, Belém e o lugar mais santificado, São Bento, como se os Deuses estivessem loucos, e a garrafa de Coca-Cola nos caísse em cima.

Exultaram os ressabiados de um lado e vilipendiaram os ofendidos do outro. No final meia dúzia de cassetes e muita coisa por explicar.
Qual país da américa latina, temos um primeiro-ministro que é acusado de falsear a o seu grau académico, de ter amigos com ligações perigosas, que coloca escutas, que dá uma ajuda em negócios obscuros, que se irrita facilmente, e que troca de telemóvel como quem troca de ceroulas. Enfim, o aquecimento é global, mas a culpa também é dele. Também temos a sorte de ter uma oposição que entre os caos e as guerras serôdias dos barões do PSD com uma líder titubiante inapta políticamente, que se vê constantemente relegada para um plano menor, por um demagogo barato "trotskista", que golpeia a golpes de picareta todos aqueles que hasteiam as bandeiras da esquerda democrática ou, o que dizer do pupilo do Pai dos Povos, esse Estaline incompreendido? sobra-nos sempre o eterno adónis,o jovem Portas, amante do Farmville e de tudo o que diga respeito a peixeirada e a comissões parlamentares (que é basicamente a mesma coisa!).
Este ano em que os senhores do capital olharam para a calculadora, em que os bancos multiplicaram lucros, enquanto famílias numerosas ficavam sem casa, sem futuro e sem esperança, nem mesmo a baixa dos spreads bastou para aliviar o pesado fardo da profunda crise de ânimo.
Sente-se a tristeza no gume de cada rosto.

Num ano em que se fez história com o tal défice (que é a culpa dos outros!), postularam-se novas formas de previsão das contas públicas, ,mas animem-se as hostes, pois o nosso train à grande vitesse já arranca qual comboio a vapor [enquanto mergulhamos a centenária linha do Tua], e o futuro aeroporto já não é uma miragem no deserto que um dia alguém quis acreditar que existia. Ainda respira este país, apesar da crise! Que o digam os concessionários da Porsche e as agências de viagem neste final de ano, fora o resto. O mesmo não se pode dizer do inquilino de Belém que, para além promulgações comentadas, nada mais diz a não ser "Não comento"!

Felizmente este ano há eleições presidenciais, quem sabe se não vamos ter uma surpresa!!Quem excelente tónico seria se a alegria invadisse de novo esta gente que tão bem sabe a amar os seus poetas!
Como diria um colunista do DN, em Portugal não se reconhece o valor da liberdade. Ainda não revelamos todas as conquistas de Abril, pois há ainda [e infelizmente!] muito joio a desbravar, olha por exemplo na justiça, que afinal não surda, nem cega. Ouve bem , e de quando em vez parece que ouve demais! Outra particularidade, é que é mais lenta que a tartaruga, mas uma verdadeira lebre no que toca a injustiças e prescrições.


Mas chega de prolixidade, vamos ao que interessa, às contas de merceeiro para o Ano Novo que se aproxima:

- Em primeiro lugar, emprego! Um emprego que possibilite acordar cedo e reclamar que nunca mais é feriado, ou que nos faça sorri ao final da semana, véspera de fim de semana;
- Saúde..para podermos, adormecer descansados em cima de um livro que demora uma eternidade a folhear;
- Tempo...para podermos brincar, sonhar e desejar que os números certos cheguem finalmente um dia destes, e que deixemos de ser mecenas anónimos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa;
- Fé..para podermos acreditar
- Acreditar...que somos pessoas de bem;

...e o resto das coisas banais com que geralmente nos engasgam ao engolir as 12 passas inoculadas no espumante barato, enquanto lá fora milhões explodem em alegria no ribombar de explosões de luz e cor!..e outros tantos nem por isso....


Feliz Ano Novo e Votos de um 2010...um bocadinho melhor que este que agora se vai!
...de má memória inscreva-se na lápide!

PS: ...alguém se importa de baixar a merda da temperatura do planeta, por favor!?e j´agora que apague a luz que a a EDP vai aumentar as tarifas!

30/12/2009

...analepse

...há várias maneiras de terminar bem um ano, mas creio que nenhuma delas é sair de uma reunião no Ministério da Educação com um punhado argumentações vazias e impasses retóricos. Parece ser a sina de quem sobe o elevador. Confesso que se fosse líder sindical, optava por subir as escadas...entrava, sentava-me após um sorriso de ocasião e seguidamente fazendo uso da palavra dava um murro na mesa e atira a jarra de flores ou a garrafa de meio litro de água à minha frente em direcção à janela!

Durante o ano, todos observamos a romaria dos professores até à capital, com ou sem tupperware, com este ou aquele slogan menos agradável, conseguiram algumas pequenas derrotas, que culminaram na recusa!? da anterior ministra em prolongar o seu auto de fé em prol da Educação do País. Pouparam nas viagens de autocarro, e nos rissóis, e todos sorrimos quando dos livros Uma Aventura, aconselhada certamente pelas gémeas pelo João o Pedro e o Chico (entre outras personagens fabuladas nos livros da nossa nova ministra), surge a sorridente e determinada substituta da bruxa má. Os primeiros tempos prometiam garra e uma vontade canibalística para resolver todos os problemas, com uma nova e gasta fórmula.: o diálogo. Confesso que até o Mário Nogueira deve ter aparado o bigode de desconfiança perante aquele sorriso de orelha a orelha que a todos conquistou, na sua primeira entrevista com a Judite Sousa. Agora, excedido o benefício da dúvida, esgotadas todas as indulgências da juventude desta equipa, somos confrontados com a irredutibilidade entre ambas partes, o mesmo conjunto de críticas, de clivagens, os mesmos argumentos, uma verdadeira ana­lepse.

Meus senhores....entendam-se!...a bem da educação!!...se o problema são quotas que acabem as mesmas, pois quem tem mérito deve progredir, se o problema é a avaliação, avalie-se com rigor e exigência necessários. Não é necessário criar generais, cabso rasos ou sargentos, pois na escla educa-se. Para educar só é necessário um posto: o professor.

Essa coisa do bom, do muito bom e do excelente começam a ser figuras de estilo a mais, para justificar um mal maior que ameaça a própria sustentabilidade do País, refiro-me à qualidade da educação e sucessivas experiênicas mal sucedidas. Se o Bom é demasiado abrange como diz a ministra [ou banal nas entrelinhas!] como é que entende a posição dos sindicatos em exigir que todos possam atingir o topo da carreira? Modestamente não entendo, assim como não entendo a relutância do ministério em fixar "plafonds" na progressão.

O que os professores e seus representantes deviam discutir devia ser o conteúdo, ou seja, medidas que possibilitem aos professores progredir na carreira, mas com o enfoque na qualidade. Cabe ao Minsitrério, ajudar os professores, providenciar oferta formativa, dar condições para que todos possam ambicionar a mais. Mas isso requer esforço, e como tudo na vida, não pode nem deve haver almoços grátis!...

Confesso que este ultimamente a imagem que construimos da figura do professor, tem-se degrado de forma nunca antes imaginada. Muito há a fazer.

Pelo menos que em 2010 haja a necessária paz social e que a escola encontre o seu norte!

25/12/2009

...nós

«Lux fulgebit hodie super nos,
quia natus est nobis Dominus.
- Hoje sobre nós resplandecerá uma luz
porque nasceu para nós o Senhor»

..assim foi mais um Natal, em família no calor do amor e em alegria. Este sim é o Natal, a união daqueles que se amam, o momento em que olhamos uns nos outros e relembramos factos passados sem nunca esquecer no amanhã que nos espera.

Este é o dia em que o Feliz Natal mais se ouve, mais vezes o telefone toca...e curiosamente o dia em que mais contribuo para os cofres da factura energética familiar. Hoje por mero acaso do destino, também se comemora o meu aniversário, mas isso nem é o mais importante.

O mais importante foi estarmos todos juntos, tendo presente todos aqueles que mesmo longe, guardamos bem cá no fundo.

Hoje não há distâncias, apenas pensamentos e lembranças pois a vida é feita um pouco de recordações e sonhos. Neste dia somos "nós".

...

24/12/2009

Feliz Natal 2009


Nascimento de Cristo, sec. XV

"O Verbo era a Luz verdadeira,
que, ao vir ao mundo,
a todo o Homem ilumina."

João 1, 9

21/12/2009

...cheiro a pinheiro

...pois mas ainda me falta comprar uma última prenda! Não sei como mas vou ter mesmo que apelar à ajuda de todos os duendes do Pai Natal para me ajudarem na escolha e sobretudo, no tempo que vou ter que inventar encontrar no meio dos embrulhos e outros assuntos natalícios de última hora. Mas hei-de arranjar forma de a poder embrulhar [tenho pouca queda e uma falta de jeito incrível para fazer embrulhos!]. Eu sei que do outro lado existe qualquer coisa, espero que simples, pois o ano não está para grandes empreendimentos nem gastos supérfluos. Mas mais importante que dar é nada pedir em troca. Só peço um sorriso...e nada mais.

Esta semana foi preenchida com pequenas decepções. O aparente falhanço da Cimeira de Copenhaga, os tristes comentários acerca da proposta de lei sobre o casamento homossexual [alguns deles absolutamente retrogados], a cruzada insana contra a figura do Pai Natal [por favor deixem as crianças sonhar, depressa vão entender que ele não existe!] e por último....um sentimento de vazio que sempre me rodeia nesta altura do ano.

O sentimento de vazio, é sinónimo de impotência, pelo facto do meu modesto contributo aqui e ali ser apenas um leve sopro de solidariedade. Entristece sempre nesta altura, cheia de cor e movimento, ver rostos tristes. Talvez seja isso que leva algumas pessoas a não acreditar no Natal e a continuar a idealizar esta época como um desfile de falsa virtudes, de egoísmo e despesismo. Talvez tenham uma ponta de razão. No fundo fomos destruindo a beleza e a magia do Natal solidário, o Natal da família e direccionamos a nossa atenção para o luxo do centro comercial e das filas intermináveis na cidade. Deixámos de olhar para fora e passamos a olhar apenas pra dentro dos nossos desejos.

Quando era pequeno, havia dois momentos chave no Natal. A visita às lojas na Baixa para ver as montras com aqueles brinquedos maravilhosos, o glamour da cidade fria cheia de vida, e a Ceia de Natal. É claro que o dia de Natal em si tinha aquele momento frenético em que descobríamos as prendas que o Pai Natal nos tinha deixado debaixo da chaminé de mármore frio, junto ao pequeno fogão da cozinha da casa dos nossos pais. Mas mágico era sentir o cheio das fagulhas do pinheiro e as luzes que iluminavam o presépio...ou como disse a Sophia "as figuras de barro, o Menino, a Virgem, São José, a vaca e o burro, pareciam continuar uma doce conversa que jamais tinha sido interrompida. Era uma conversa que se via e não se ouvia."...nem mais!

Tenho saudades do cheio do pinheiro e do sabor que esse Natal me transporta. Esse era o meu Natal, que um dia há-de voltar.

Obrigado Sofia, Feliz Natal também para ti e para todos aí em casa.

12/12/2009

...logo vi!



...e faltam 12 dias para o Natal!...por acaso já todos compraram as prendas!?...logo vi!

...mas de certeza absoluta que por certo já contribui com qualquer coisa para quem necessita, ou para quem nada tem? logo vi!

...aliás estou certo, que ainda hoje já sorriu e fez alguém feliz?...logo vi!

...o mais engraçado é que não custa nada, é só um pequeno esforço!

vai ver!...

08/12/2009

Ver para crer, acreditar sem ver...

...as Comissões da Assembleia da República são na sua grande maioria um vácuo de oportunidades perdidas na busca da verdade que muitas das vezes é só meia. A moldura política por detrás do conceito é talvez um pouco abjecta, e não raras excepções conclui-se não concluindo nada de substancial. Isto a propósito da nova ofensiva contra a dita Fundação que curiosamente foi fundada pelo PSD e o programa de financiamento da jóia da coroa: o Magalhães. Tal como o António Barreto definiu e muito bem , o “bezerro de ouro” da cultura, ao qual acrescento eu o alfa e o omega do ensino em Portugal.

Tal como o sociólogo, acredito nas virtudes do computador como ferramenta de trabalho, e comungo ainda mais da ideia que é no livro que reside a verdadeira transmissão do saber. Eu e as traças! Digamos que nada me enche mais prazer do que sentir o tacto do papel, o cheiro da tinta. Certamente que não será por uma questão hormonal, mas ler a partir do ecrã e ter a experiência sensorial de tocar, sentir, é como comer com os olhos. Sabe a pouca de nada. Mas o que está aqui em causa, não será tanto o computador em si, mas o facto de o financiamento estar envolto em esquemas bizarros. Eu como sou [felizmente] ignorante na matéria, faz um pouco confusão o Estado criar a Fundação das Comunicações Móveis, para administrar os dinheiros do estado, fundação esta com um estatuto jurídico que a coloca para além da alçada dos poderes legais, mas com a agravante de servir fins vários para os dois principais partidos. Sim porque queiramos ou não ambos já devem ter beneficiado da ditosa fundação, imune a acórdãos do Tribunal de Contas e longe dos olhares discretos, até agora. Veremos se a comissão se torna uma verdadeira lavagem de roupa suja. Seria no mínimo interessante, depois do espectáculo triste da comissão que investigou os caso na banca.

Confesso que só irei acreditar nas conclusões de uma qualquer comissão, quando for constituída por gente séria, o que está longe de a realidade actual. Nem São Tomé conseguiria demover a minha incredibilidade relativamente ao panorama actual.

Bem, esquecendo a arena das feras, falemos de circo. Fui ao circo [a contragosto] e posso afirmar aqui em directo e em primeira mão que fartei-me de rir. Foi o tónico que estava a necessitar. Duas horas bem passadas ali em Algés. Circo Richards Bros. Sem espalhafatos, sem animais selvagens, sem números suicida. E pasme-se, casa cheia! todas as sessões de hoje esgotadas. É certo que estamos na época por excelência dos circos, mas soube realmente muito bem voltar a sentir o fascínio [perdido] de ir ao circo. Digamos que foi o meu momento “cinema paraíso”. Vi e acreditei.

05/12/2009

...allegro ma non troppo

...hoje apetece-me ser um pouco de Velho do Restelo com uma meia dose de Medina Carreira. Talvez seja pelo facto de ter acordado um pouco antes das sete e ter visto um notável economista a que percorreu os últimos anos do Estado Novo e manteve-se na ribalta da democracia com igual serenidade e saber. Sinceramente não tenho presente agora o seu nome, mas o teor das suas palavras e o encadeamento do seu discurso fizeram-me reflectir se afinal de contas não estamos neste momento na eminência de nos precipitarmos para algo semelhante a um buraco sem fundo. Não obstante os erros de análise das contas públicas com o nosso défice a atingir cifras apocalípticas, a verdade é que mesmo com a máxima pujança da economia dificilmente conseguimos incrementos do PIB superiores a 1,5% ao ano, ao contrário do que sucede na nossa vizinha Espanha. A avaliar pelo que tenho lido durante esta semana sobre o frenesim com que as leis e contra leis são aprovadas, fica no ar um certo travo amargo sobre o rumo que o País leva, e fica notória a dificuldade ou incapacidade com este governo enfrenta o facto de não ter uma maioria estável. Impunha-se que alguém tomasse conta do leme, mas de facto é triste a pirataria que impera na casa-mãe da democracia: a Assembleia da República.

Depois de visionar as imagens desta semana e ao ler hoje as notícias sobre os acontecimentos recentes no próprio Parlamento Europeu, questiono-me se afinal de contas este País é representado por políticos ou corsários?

Penso que tal como advogava Sá Carneiro é possível conseguir forçar as mudanças, dramatizando mas sem radicalizar a acção política. Por falar nisso completou-se ontem mais um aniversário do atentado. Sente-se no ar um clima propício a novas eleições...curiosamente do púlpito de Belém, nem uma palavra.

Alegrem-se aqueles que ainda acreditam!


01/12/2009

...comes & bebes & pirilampos

...mas que dia louco!! e tudo acabou num jardim em pleno Lumiar com uma caixa transportadora cor-de-rosa choque e os conselhos de uma Falbala que não o era, sobre as virtudes de molhar levemente a ração dos gatos pequeninos com água quente!...uma verdadeira "massagem" em termos anímicos mas que não bastou face à impressão que ficou daquele lobo da tasmânia em com encanto de sylvester...bem pelo menos foi uma hora bem passada, não sem antes ter havido uma árdua e intensa discussão diplomática entre a simpática Cruella de Vil lá sítio e a comitiva que levámos. Digamos que tal como o Lula da Silva, também nós regressamos ao hotel de mãos abanar, mas com a consciência que desempenhamos dignamente o nosso papel. Em suma, tudo se resumiu àquela máxima portuguesa do "quem lê um conto, acrescenta um ponto", só que neste caso o ponto era a antítese e a virgula uma falsa expectativa.

Mas voltemos ao dia que hoje se comemora, ou melhor as múltiplas efemérides que hoje nos inundaram as ruas com cortejos de pirilampos azuis. O Porreiro e o Pá tiveram um dia em cheio, e presumivelmente as empresas de limpeza a seco amanhã vão ter um acréscimo significativo de trabalho, depois de tanto discurso, tanto aperto de mão e tamanho cerimonial de croquete e batata frita lá para as bandas do Estoril.

Ainda a manhã fria e chuvosa despertava os amotinados de 1640 e já o presidente Calderón tentava bater o recorde do nosso Pá, do maior número de assessores e seguranças a correr a arrepio do protocolo. Felizmente que só fui andar de bicicleta para aquelas bandas no sábado à noite, pois provavelmente seria imediatamente interrogado e contra-interrogado por traição à traquilidade pública de tão insuspeita pessoa privada.

Depois de uma intensas negociações em redor de um parágrafo, e de uns quantos folahdos de salsicha mal amanhados embrulhados em pañuelos espanhóis, lá se engendrou umas quantas palavras pó-de-talco que não sararam as "queimaduras de rabinho" entre as diferentes facções relativamente à questão hondurenha, mas que aliviaram os rabinhos dos assessores dos assessores que num afã constrangedor, muitos quilómetros palmitaram entre segredos e notas de rodapé. Ok, atingiram um compromisso. Ninguém saiu queimado...e assim o Lula respirou melhor a caminho de mais uma visita por terras da Europa a sério- a germânia Alemanha, e todos viveram felizes e contentes até entrarem nos respectivos aviões!!

Entretanto, e ainda refeitos do frugal croquete e do bolo rainha simpaticamente oferecidos pela nossa primeiríssima dama, as restantes damas pavoneavam o cortejo de seguranças sobre a nossa história museológica, que refira-se hoje estava de portas abertas. Nos próximos feriados logo se verá!

Noutro canto da cidade, D. João IV esperava amargurado que alguém se lembrasse dele e de todos os compinchas que numa noite algures no tempo, perdida e agora esquecida, nos livraram de um tal Filipe IV para sempre..até à chegada das cadeias de supermercados e de lojas de roupa barata.

Mas sem sombra de dúvida que o dia fica sim, marcado pelo grande gorgulho da dupla Porreiro & Pá...o Tratado de Lisboa. Esse graal da construção europeia que após longos e penosos 5 anos de negociação originou finalmente uma nova visão míope de uma Europa unida sobre um mesmo ideal irreal. E quem mais senão duas figuras ímpares da nossa sociedade, o dinâmico van Rampuy e a estremosa Catherine Ashton para completar a playlist de discos perdidos que esta sinfonia desconcertante nos oferece como prelúdio de uma nova velha Europa.

Em boa verdade, todos estamos encantados e orgulhosos, mas no íntimo estou em crer que quem verdadeiramente mais beneficiou com toda esta passerele de sumidades, foram os ricos albergues da capital e a restauração!...quanto à independência, por acaso alguém a viu?

29/11/2009

...chuva ácida

…gostava que alguém me aclara-se o conceito que está subjacente à declaração da China na Cimeira de Copenhaga. Certamente que deve haver uma diferença de algumas gramas entre redução das emissões de 42% relativamente aos valores de 2005 e redução na”intensidade de carbono”tal como foi proposta pela China, mas ele lá devem saber qual a magnitude e o alcance do compromisso que assinaram.

…entretanto, e perante a atitude imperturbável dos restantes produtores de carbono, as alterações climáticas prosseguem a sua curva ascendente de causas e efeitos. Como se não chega-se o degelo dos pólos, a seca na Amazónia, agora temos cheias mortíferas na árida
Arábia Saudita…e a possível proibição de minaretes na Suíça, aliás não era bem isto que eu queria dizer, mas antes a meia tonelada de lenha de azinho que está lá em baixo na garagem à espera do tempo realmente frio chegue. A esse propósito faço aqui o mea culpa pelo facto de estar ansioso por produzir mais uns quantos quilos de dióxido de carbono, só para ter a casa uns quanto graus mais apetecível, e pelo fétiche de estar a ler no sofá com as labaredas a incinerar o cerne centenário. Talvez o facto de andar de transportes públicos e de ser aforrador em matéria energética, não faça de mim um salvador da humanidade mas é o meu pequeno contributo. Como gosto de escrever, a vida é feita de pequenos riens e se uma das maiores potências mundiais se predispõe a um esforço para reduzir a "intensidade de carbono", assim seja. Certamente que o Mundo agradece,. a questão é saber se ainda vão a tempo?

COPENHAGEN

...alimente esta ideia


...só uma pequena palavra de gratidão e solidariedade neste fim de semana chuvoso e frio. Se por ventura, se dirirgir a um local onde estejam voluntários do Banco Alimentar Contra a Fome, contribua com um gesto de desprendimento e humanidade...do outro lado existem muitos mais rostos!

25/11/2009

...bohemian "muppet" rhapsody

..que melhor maneira de recordar o aniversário do desaparecimento do Freddie!!

22/11/2009

pipocas & putos

...o máximo denominador comum entre pipocas, putos barulhentos é uma sala de cinema num sábado ao final da tarde. Christmas Carol, a adaptação da Disney & Robert Zemeckis com um Ebenezer Scrooge deliciosamente interpretado pelo Jim Carrey. O filme é um must em termos de animação computorizadae é escolha cinematográfica por excelência para este Natal. Simplesmente adorei o filme, já o comportamento dos pequenos e o barulho das pipocas foi o único senão, isso e o estranho intervalo que quebra uma das cenas mais comoventes do conto de Charles Dickens.

Já perdi a conta às várias adaptações que vi e revi, mas esta sem dúvida tem o condão de encantar pela mestria da interpretação do comediante americano...segue-se com expectativa, Lua Nova e o Avatar.

21/11/2009

...caldo verde de chernobyl (Чорнобиль) e outras delícias...

...mas antes de entrar em assunto verdes reluzentes uma pequena nota para os entusiastas do fim do mundo: o acelerador de partículas do CERN já começou a bombardear pequenas partículas mais pequenas [muito mais, muito mais!] do que os nossos berlindes (guelas!) da nossa infância, e pelos vistos não se formou nenhum black hole nem coisa parecida...apenas uma face oculta na nossa Terra!

...esta semana tem sido um pouco complicada, pois não obstante o meu magnetismo pela saída de dinheiro da carteira (vulgo forretice) decidi finalmente [para quase desespero da minha querida que ansiava um laivo de generosidade da minha parte] comprar um viatura que vai consumir mais 9 g CO2/km do que o estipulado pela política de incentivos do Estado, mas que estou certo que vai reduzir o depauperado défice da Fazenda Pública. Convenhamos, é sempre com um sorriso estampado no rosto que pagamos impostos que vão ser úteis, por exemplo para a escola da minha filha comprar uns pozinhos de educação e espalhar em algumas figuras tristes que por lá deambulam.

...mas voltemos à salada russa, ou à sopa já que o assunto é quente! eu pessoalmente não me importo que todos os arguidos que entram no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro, saiam todos bem dispostos, com pequenas medidas cautelares tipo TIR (Termo de Identidade e Residência, para os menos atentos às lides dos tribunais!), ou míseros pagamentos de 25000, que como diria o notável Sá Fernandes, é um montante razoável e equilibrado; a mim precupa-me é o facto de vir agora saber-se que afinal e para espanto geral há efectivamente corrupção em Portugal e não se trata de trocos! temos aqui um elenco de notáveis quadros superiroes em organismos públicos e privados, com boa posição social e curricula na matéria! não estamos perante o vulgar crime da cunha para entrar para o emprego, ou daquele bilhete que consegui para ir ver os U2 lá em Combra daqui a uma década quando vierem cá a Portugal apela última vez antes da +próxima. Aqui é a áfrica da europa, aqui é caça grossa. Só não percebi uma coisa: é possível estar 10 anos [aparentemente e pelo que circula nos media] sem declarar o IRS??

- Sim é possível mas só na Sicília hispânica (como diria o Alberto João!)

Fiquei mais descansado, pois da próxima vez que me enganar na declaração do IRS, um qualquer empregado zeloso das finanças não vai cair logo em cima de mim. Não da mesma forma que a nossa selecção caiu em cimas dos bósnios-hezergovinos, mas de forma mais incisiva. Por falar nisso , que grande golo de raiva do Raúl Meireles!!...quanto à exibição!!depois do bravo empate com a Albânia tudo o que venha a mais é avondo!

...e assim termino esta minha prelecção radioactiva com a música evocativa do segundo orçamento rectificativo apresentado pelo ministro teixeira dos santos [que orgulho, foi eleito o 4º pior ministro das finanças pelo Finantial Times !]. Agora que o nosso défice caminha na casa dos 8%, bem longe dos 2,5% do irrealista OE2009 de má memória, só posso dizer que em traços largos a culpa é da crise internacional , o nosso PIB uma questão de semântica e que o catastrofista Medina Carreira afinal de contas tem razão...como se eu já não desconfiasse!



pensamento profundo: o rei da sucata é o tipo mais sortudo deste país, mesmo
em prisão preventiva continua a ganhar concursos públicos. Este nem o Vale e
Azedo bate!!

18/11/2009

...brrr!!

...algo para quebrar a rotina desta semana!! Hoje sim já esteve um princípio, ainda que envergonhado de frio!...mas depois de almoço, foi mesmo o que se chama um balde de gelo frio personificado num mail!...não fosse o facto de a nossa selecção estar já a preparar as malas para a África do Sul diria que este foi um dia, triste e gelado!

..amanhã logo se verá!

PS: obrigado Real Madrid!! sem o Ronaldo somos poderosos!!...mesmo sem jogar bem!

17/11/2009

..uma pequena provocação

...isto é só um "cherinho", pois aparentemente parece que o Natal está aí!!...

16/11/2009

...lágrimas do céu!


...podia ter chovido um pouco menos, mas alguém bem colocado no departamento de superfícies frontais fez o favor de destacar logo duas bem carregadas, no preciso instante em que cruzava a A3 no sentido de Ponte de Lima.


NOTA: informar a BRISA para as armadilhas mortais que constituem os lençóis de água que se formam em parte do traçado (mesmo com sulcos, pasme-se!!) da A3 devido à quase inexistente drenagem transversal!


Após um belo jantar na Mealhada em que demos de caras com um leitão desprevenido, rumamos por entre a escuridão da noite, com chegada programada para hora incerta, no destino sempre aguardado com enorme saudade. Apesar de só terem passado quase três meses, a sensação que nos invade quando abrimos o vidro do carro e aspiramos o doce ar da montanha, é a mesma que as primeiras gotas do degelo sentem quando por fim se libertam do frio do inverno. Que bom!...A noite estava fria, não tanto como se suponha nesta altura do ano. Mas só de manhã quando os olhos se entreabrem ao som do chilrear do outono é que nos apercebemos que, de facto o fio lá em cima tem outro sabor. Felizmente o pequeno almoço já estava feito, cortesia da mummy, e sem que nada o fizesse prever, lá fora a chuva continuava a magoar a vontade de sair e poder enfim espreitar o fim as folhas que o tempo amareleceu, a castanhas que os ouriços não magoaram, e as azeitonas que o vento não deixou colher. Entretanto parar de chover e num ápice, lá fomos à vila comprar o Expresso, ver a infame mensagem da máquina do euromilhões e saborear uma conversa por entre dois dedos de um café e um bolo. Ali, sentados à beira mar, tem outro sabor. De caminho uma fotografia e uma mensagem lá para baixo, com um pedaço de um rio alagado. Entretanto , e para não estragar o fim de semana, começara novamente a infatígavel borrasca, que tudo alagava, e sem demorar de novo de volta para o aconchego da lareira. O almoço já se anunciava, e depois de experimentar o vinho novo, de novo para o velho alentejano que outros sabores trás ao paladar (desta feita não foi d'ouro). Um bacalhau bem grelhado na brasa, com umas batas ao murro, casam bem com a broa que a tia amassou (trouxe para baixo metade e tão depressa como veio, mais depressa se vai já em meio).

Entretanto dia escurecia, enquanto as nuvens negras realçavam o triste manto de cores quentes que a terra se encarrega de agradecer. à noite as conversas com o verbo pretérito, por entre risos e cantorias. È sempre bom olhar para trás e melhor ainda é recordar ao som das castanhas que nas brasas da garvalha estalavam estórias do antigamente com sabor quente. à noite, por entre uma última leitura um, um cálice de porto, também ele dos velhotes (este sim d'ouro).
Escusado será dizer que, ao longo da noite apenas se ouvia a chuva e o vento. E nada mais. Nem a chaminé que a lenha consumia, ousou tamanha veleidade em fazer-se ouvir com com igual intensidade.
A manhã acordou tardia, para espanto do candeeiro que ficou aceso, no meio de uma revista mal lida entrelaçada com a almofada. Curiosamente, lá fora chovia.
Era hora de descer ouvir a azáfama típica do domingo. Por entre tachos e panelas, com o lume a crepitar, o almoço de despedida já se conseguia adivinhar. O domingo é sempre o dia em que o sino mais toca, mas a visita já tinha sido feita na véspera. Que bem que cantam as raparigas do coro. Lá de cima, no lugar onde só os homens se sentem, o sino ouve-se mais alto, e o vento que pela escadas íngremes se eleva, sopra mais frio e invernal. Lá dentro, obviamente não chovia, mas lá fora, alguém se encarregava de tal.
Voltando ao domingo esse dia sempre alegre (mas triste), a despedida estava marcada, e novo rumo nos levava à certa, por entre a bátega de água que insistentemente se fazia sentir nas telhas que nos abrigavam nesses últimos pedaços de saudade. Chegada a hora, era tempo de descer a montanha, com a mesma tristeza que quem do seu rio de despede. Choviam, lágrimas no rosto envelhecido pelo tempo, sempre aquela sensação de ser a última até à próxima.
Escusado será dizer que passadas 4 horas, e uma fugaz paragem em Leiria, ainda chovia. Estranhamente, hoje de manhã quando sai, continuava a chover.


09/11/2009

...na mesa do jardim 20 anos depois!

...o jogo do dominó é dos jogos mais engraçados de se ver jogar à sombra de um jardim, com gente amadurecida mas sapiente na vida. Por detrás de cada peça, existe uma estratégia, e uma jogada que dita a cada instante a sorte e o destino do jogo!

Há 20 anos foi assim!Numa jogada de mestre uma peça foi abaixo! No entanto e apesar de se ter iniciado o epitáfio da chamada Guerra Fria e o fim do domínio do Pacto de Varsóvia, uma nova ordem foi criada e novos impasses foram criados decorrentes da implusão da então União das Républicas Soviéticas Socialistas. Por acaso alguém já se questionou se hoje em dia vivemos num mundo melhor e mais seguro?

Que isto que estou a afirmar não seja entendido como uma apologia dos regimes opressores como o que vigorou na então RDA, muito pelo contrário, também eu festejei esse dia, por coincidência com turistas de várias nacionalidade algures num bar em Vila Nova de Milfontes! Talvez não tenhamos aprendido bem a lição. Não bastava ter deitado a baixo o muro. Depois deste, muitos outros se ergueriam, e hoje por mais estratégia e por mais peças que possamos ocultar do nosso adversário, vivemos num mundo em que, aparentemente não sabemos quem é nosso aliado, nosso amigo.

É que ao contrário daqueles velhos que descansam a vida por entre um jogo de peças, em que todos ganham e todos perdem, fora desse jardim imaginário de felicidade vive-se um jogo xadrez de medo e incerteza!

07/11/2009

...999

(imagem: não faço a mínima ideia, mas por via das dúvidas press here)

…a decisão do Cour Européenne des Droits de L´Homme no caso Lautsi v. Itália é um exercício teológico tão complicado como discutir a adequabilidade de chamar pão de deus a um pão-de-leite com coco e açúcar de pasteleiro, já para não referir os já citados aqui papos de anjo.

As ondas de choque que por todo o lado se começam agora a sentir, são o carburante para uma discussão exoenergética que incendeia crentes e não crentes. Séculos após criação no nosso Portugal da então Santa Inquisiçam que má memória e menos saudade aqui deixou nos livros da nossa história, novas formas de radicalismo pungente, ameaçam todos aqueles que cometem o pecado original de acreditar em algo.

Ser-se religioso é anti-democrático, motivo de escárnio e provoca urticária a quem, no seu pleno direito, em nada acredita ou acredita em algo que não necessariamente igual. Equação de dificíl resolução.

OK! extreminem-se os crucifixos das salas de aula.

Com que argumento?

Seilá!?! é contra os princípios e fere a vista às crianças! Para além disso pode induzir a um menor aproveitamento escolar, ou então, quem sabe, é pior do que um telemóvel tocar enquanto o professor dá a aula. Muito pior!
O legislador agora requer apenas a votação de meia dúzia de indigentes, uns pozinhos de modernidade democrática e um cheirinho de bloco de esquerda e já está. Para não influenciar as criancinhas que tremem na sala de aula com receio do cristo papão, mandem-se retirar todos os símbolos religiosos da sala de aula [como se houvessem muitos!!],e já agora [voltando um pouco atrás no início da anterior legislatura!] proíba-se a presença de membros da hierarquia religiosa das cerimónias oficiais. Só casamentos, baptizados e funerais. Ah! Fui agora informado que isso essa foi das primeiras medidas profiláticas do anterior Governo, o mesmo que o actual mas com a cor do balde diferente.

Eu diria mais, dinamite-se o Cristo Rei em Almada e construa-se uma ampla superfície comercial com cinemas, espaços jardinados e amplo parque de estacionamento. Acaba-se logo de uma vez com o maior deles todos.
Mas isto não devia ficar por aqui. Voltando ao assunto gastronómico, deve ser criada uma Comissão parlamentar para alterar toda a gastronomia típica portuguesa, com especial ênfase na doçaria conventual e banir todas as referências religiosas, mesmo que subliminares. Afinal de contas, depois a intenção deliberada e anedótica de proibir os desportistas, mormente os jogadores de futebol, de manifestarem ao seu regozijo por intermédio de gestos com teor religioso, já tudo é possível neste país de brandos e jacobinos costumes.

Mas a questão fundamental não é esta. A liberdade religiosa deve assentar, na minha infinita e singela opinião, no facto de a vontade da maioria não poder nem deve restringir a liberdade daqueles que professam outra religião, ou mesmo nenhuma. O nosso Estado é desde o 25 de Abril, se não me falha a memória ou a certeza histórica, um Estado laico. E com Estado laico entenda-se a separação entre o Estado e a Igreja.

A César o que é de César.

Contudo, e embebido do sentido ecuménico, que é uma coisa muito se aborda mas ainda não descobri onde se transacciona, penso que cabe ao estabelecimento de ensino, decidir pela retirada ou não de quaisquer símbolos que possam ir contra a opinião professa de alguém. Deve o Estado intervir com brigadas anti-religiosas e depurar à força todas as salas de aula que não respeitem a pretensa laicidade do Estado?

Deve ser proibido por exemplo às mulheres que professam o islamismo de utilizar o vestuário adequado à sua religião, como sucede em França?! Penso que não. Por exemplo, com que direito procura o governo suíço impor um Estado asséptico onde seja proibido construir minaretes? Ou em países como a Arábia em que por tudo e por nada os direitos das mulheres são simplesmente ignorados e a liberdade religiosa é palavra morta?

Nem 8 nem 80.

Preocupa-me sim, o facto de existirem escolas que vendem alimentos que nada contribuem para a saúde alimentar dos nossos filhos, escolas em que não há segurança nem respeito? Isso sim preocupa-me. Se querem retirar os crucifixos, tirem à vontade, mas de caminho, eliminem a Coca-Cola e toda a comida de plástico que aparentemente seduz mais e é mais maléfica, do que um simples crucifixo, que de mal nada tem e que se saiba, ainda não causou nenhuma doença.

Como diria o grande António Silva no filme o Leão da Estrela…Ora abóbora!

E já agora, o que fazer com as abóboras do Halloween? também são proibidas? Se é assim então acabe-se como Natal, acabe-se com o dia 8 de Dezembro, com a Páscoa, e todos os feriados religiosos. Afinal se o Estado é laico, então que nos laicize integralmente.

Qual será o próximo passo? proibir aglomeações de pessoas em redor das igrejas? proíbir a utilização de crucifixos pendurados no espelho dos carros? Se este é o caminho então atente-se ao que o regime nazi fez aos judeus e o regime comunista fez aos judeus e aos cristãos ortodoxos. Triste comparação, dirá o gentio leitor. Ipso facto.

Press release do processo no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.


05/11/2009

...pussy

...cat! Ando a ser pressionado para arranjar um felino cá para casa!...antes felino que lupino é certo!

&

...se houvesse forma de caracterizar esta semana, diria como a minha compagnon de route Sofia , nublado e com uma morrinha inquietante que me gela a paciência!...ou então parafraseando o Poeta

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

&

Nota da Redacção: eu não devo ser dos poucos banqueiros, presidentes de câmara, políticos ou empresários que não tem nem nunca teve negócios com a empresa do rei das sucatas. Todavia, estou atento aos últimos desenvolvimentos do caso... à falta de melhor para rir, a plateia agradece este momento de pura comédia negra!..e as moscas também!!

03/11/2009

...morreu um pensador do Homem





O mundo começou sem o homem e acabará sem ele

Claude Lévi-Strauss ,in "Tristes Trópicos"

01/11/2009

...lança-chamas

...apagou-se hoje aquele que era o locutor mais simbólico para todos nós [alguns poucos] que gostamos de ritmos mais apressados. António Sérgio, esse grande radialista que deu corpo e voz a programas como a "Hora do Lobo" ou o mítico "Lança-chamas" na Rádio Comercial. Digo mítico pois aos sábados entre as quatro da tarde e as seis, fizesse chuva ou sol, lá estava eu ligado ao meu pequeno leitor de rádio, com a mesma vontade e aprender e ouvir tudo o que de diferente e estranho dali saia. Utilizo esta adjectivação, pois nessa altura, tal como agora, ainda mete confusão a muito boa gente, o facto de se tocar guitarra eléctrica de forma mais rápida e bateria de forma mais intensa e exigente.


O programa em si, era em todo diferente do que se fazia na altura, era intimista, um programa de autor, coisa rara naquele tempo, já tão padronizado e tão impessoal. Ouvi, gostei e sobretudo aprendi.

Ser diferente naquele longínquo 1983 [tal como agora] era discutível, e nem sempre bem aceite...talvez por isso e por uma série de clichés estúpidos o programa tenha só sido retirado do ar já no início da década de 90!A rádio feita para os ouvintes terminava e começava agora o reinado das audiências e dos patrocinadores!
PS: a palavra radialista aplica-se a todos aqules que fazem rádio, agoar predominam os locutores de ocasião!

31/10/2009

...burn the witch!!

...por entre brumas e uivos, nesta noite mais longa findo o verão, no céu elas pairam por entre entre gritos e risos, na escuridão do medo daqueles que se refugiam com receio do incerto e da morte certa.
- Queimem a bruxa, queimem a bruxa - diriam outrora!
...agora vão aos hipermercados e às lojas dos chineses comprar fatos de bruxas, vampiros sedentos de sangue, lobisomens e outras tantas criaturas que diabilizam na nossa imaginação.
Divirtam-se pois, pois esta é a noite delas!...pois afinal elas sempre existem!


25/10/2009

...peças soltas


...acho que ainda não me habituei à hora de Inverno e só agora me apercebi o quão cedo me levantei da cama!!...e o culpado disto tudo foi mesmo o sr. Benjamin Franklin e a mania de poupar cera de velas!!


&

...papás e mamãs que ansiais [mentira!] tanto a azáfama das compras de Natal e daquele brinquedo que faz parte das lista infinita de pedidos não ratificados, no Jumbo de Cascais já começaram os descontos de 60%. É aproveitar agora ou contentarem-se com as prateleiras mexidas e remexidas do Continente, onde tudo se encontra menos o preço certo e o brinquedo pretendido. Em opção, basta dar um saltinho ao El Corte Inglés e puxar os cordões à bolsa. Lá existe variedade a preços impossíveis para as nossas carteiras em crise [ainda e sempre!].
&
...o novo governo faz-me lembrar aqueles carros velhos, cheios de ferrugem, com um sistema de escape estilo barulhento, luzes néon azuis por debaixo da carroçaria, volante momo e jantes especiais cromadas!...um verdadeiro tunning!

&

..ainda bem que esgotaram [os bilhetes dos U2] também não ia! não que não goste do grupo, mas é que daqui a ano nem sei bem se estou aqui, se em Marte ou em Vénus!

&

...já há lojas com árvores de Natal!...só agora!?!?!?!?!?

...serviço pós-venda





“Antes da criação do Universo Deus não fez nada, como consta. Um dia não se sabe porquê, decidiu criar o Universo, também não se sabe para quê nem para quê. Fez segundo a Bíblia, o Universo em seis dias. Seis dias só! em seis dias, descansou ao sétimo, até hoje. Nuca mais fez nada, isto tem algum sentido?”
Tem.
Da mesma forma que no livro de Josué, vem escrito que “Então disse o Senhor a Josué: Olha, tenho dado na tua mão a Jericó, ao seu rei e aos seus homens valorosos. Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. E sete sacerdotes levarão sete buzinas de chifres de carneiros adiante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as buzinas. E será que, tocando-se prolongadamente a buzina de carneiro, ouvindo vós o seu som, todo o povo gritará com grande brado; e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá por ele, cada um em frente.” Digamos que desde a aurora da civilização, logo a seguir ao descanço, o número 7 contém uma aura de misticismo e para isso basta recuar até uns segundos depois do Big Bang, até Pitágoras para chegar a essa conclusão. O problema do nosso Nobel é não entender a beleza e a tragédia por detrás de cada história, metáfora que a Bíblia, o Alcorão ou a Tora revelam. como diria o padre Tolentino Mendonça o "coro de vozes humanas", as perfeições e imperfeições da natureza humana.
Eu gostei do Caim. Não é pelo facto de conter a opinião [o tal direito à heresia e à dissidência que ele referiu faltar na declaração universal dos Direitos Humanos!] de um não crente que vou deixar de ler os seus livros ou que vou fazer uma espécie de Kristallnacht, mas como referiu o poeta alemão Heinrich Heiness, quem queima livros acaba por queimar homens, e não é isso que se pretende, apesar de ser isso que se assiste com toda esta controvérsia inútil. O facto de ser um não crente, ter dúvidas e receios e chegar inclusive a afirmar a infâmia que “Deus não é de fiar “, também não é motivo para agora um dito deputado laranja no Parlamento Europeu recuperar as tristes divagações de um obscuro Sousa Lara e colocar ele a pedra do sepulcro, onde o escritor será enterrado. Convenhamos, Lanzarote, pode até mesmo ser um paraíso fiscal, mas não deixa de ser um pedaço de rocha inóspito e fustigado pela fúria [divina ?] do vento. Mas é um local onde o nosso Nobel encontrou a paz, coisa que parece faltar nos 92.391 km² do nosso Portugal Continental [receio que um Saramago ateu confesso, comunista não praticante não se ia dar bem com o autocracismo na Madeira nem com a religiosidade dos Açores. Não iriam faltar festas do Divino Espírito Santo para o afugentar, esse enviado de Satã ;que acaba por ser retratdo como um tipo porreiro em Caim!].
Lanzarote é a sua jangada de pedra.
Como diria o MEC, certamente nenhum bispo, arcipreste ou cardeal o vai perseguir com uma fatwa [eu prefiro o termo bula pois acho que a fatwa aplica-se mais aos nosso irmãos muçulmanos, mas!?] pois nos tempos actuais a igreja está mais está mais empenhada no diálogo inter-religioso; para além disso são apenas 181 páginas, com uma pontinha de sátira, sexo e violência, todos os condimentos de uma boa telenovela para ocupar o espaço deixado vago pelo Jornal Nacional das sextas-feiras, que já de si era um lugar infernal para se observar. Quantos arcanjos não seriam necessários para resguardar o Céu da violência verbal daquele progrom.

Ainda assim existe uma dúvida que me acerca o pensamento: e se o livro tivesse outro nome, uma espécie de relicário de todos os nomes menos uns quantos, onde não houvesse espaço para uma Eva, um Adão, outro Abel e Caim, ou Abraão e Josué, ou ainda o infeliz Job que tanto sofre com as peripécias perfiladas pelo Satã? E se tudo se passasse, numa aldeia ali vizinha do Tejo, em que o Céu seria um mouchão e a arca uma falua? Talvez, pouco ou nada. Mas seria esta a melhor forma de também ele [Saramago] passar a fio de espada nas consciências adormecidas deste nosso pedaço de terra maldita? Só não lhe fica bem é o papel de vítima inocente, pois como ele leu e bem na Bíblia ilógica que descreve, olho por olho dente por dente.

Dizer o que queremos, não quer dizer que compreendemos o que dizemos.

Só compra quem quer, só lê quem está interessado e como está na moda, reclamações ou devoluções é favor de se dirigirem até ao balcão do serviço pós-venda!

PS: tanta polémica com um livro que se lê em dois dias, entre a paragem da carreira e o cais do comboio, quando existem por aí papos de anjo, bocados de abade, bolas de sacristão, e imagine-se barrigas de freira, e outros tantos doces da dita doçaria conventual com conotações pecaminosas!

18/10/2009

..prelúdio

..para além de outras extravagâncias que proliferam no meu gramofone, uma das minhas paixões é sem dúvida a ópera. E quem diz ópera, diz Verdi, Rossini, Donizetti, Mozart, e Wagner. Em tempos idos, num altura em que navegava nas planícies do Alentejo, qual cigano com a sua caravana [no caso concreto uma pickup Nissan], tinha sempre a companhia de um cd com todos os prelúdios das óperas de Wagner. Ao domingo ao final do dia, ou à segunda de manhã quando rumava para parte incerta, o prelúdio do Tristão e Isolda fazia sempre as honras da fonoteca ambulante, o primeiro a celebrar o pôr-do-sol ou o raiar do novo dia!...para quem tiver paciência e um pingo de curiosidade, nada como sentar ouvir e fechar os olhos!

&

...aparentemente amanhã deve chegar às prateleiras o novo "Caim" do Saramago. Pelas declarações do próprio [as quais não subscrevo, nem me revejo] o livro promete nem que seja pelo lado ateu, infiel ou o quer que se chame. Da mesma forma que o "Evangelho segundo Jesus Cristo" provocou um aceso debate em Portugal e que motivou até a ida para o inferno ventoso e inóspito de Lanzarote, este "Caim" promete críticas cerradas por parte da nomenclatura religiosa, ou quem sabe, um profundo e majestoso silêncio!? Independente das reacções, há que ser imparcial, inteligente e saber separar as águas. Hoje, depois de ter oferecido uma rodada de gelados à malta cá da casa, corri até à Bulhosa para sentir o peso do novo livro. Tempo perdido, pois Penafiel ganhou a corrida. Tive-me que contentar com mais uma aventura da bruxa Mimi para o mais novo treinar o Português. Talvez amanhã, quem sabe!?

&

"A humanidade tem apenas uma arma eficaz: o riso"

Mark Twain

...e isto vem a propósito da nova colecção Ricardo Araújo Pereira da Tinta-da-China, os dois primeiros exemplares já estão à venda:

Os Cadernos de Pickwick Charles Dickens e o Jaques o Fatalista de Denis Diderot

& uma boa semana de trabalho!

16/10/2009

..intermitências

...não há duas sem três, mas no caso concreto esta ainda só e a segunda grande constipação que me atinge desde meados de Setembro, logo numa altura em que o simples gesto de tossir ou espirrar [de forma legal e recomendável] é pretexto suficiente para um coro de olhares suspeitos e pasme-se até mesmo ficar sozinho a ver o sol nascer pela janela da carreira, enquanto folheio o livro que estou a devorar!...estou quase a optar transportar um daqueles recipientes que nos habituamos a ver nos hospitais com principio base extremamente alcoólico, para o colocar ao peito! talvez assim alguém se sinta mais seguro. Isso, ou andar com preservativo gigante...mas neste caso torna-se realmente mais difícil assoar com os meu lenços mentolados! Por via das dúvidas, e para acabar com os constrangimentos de algumas pessoas mais assépticas talvez seja melhor mesmo dar o lugar a algum recém acordado que queira dar largas ao sono matinal no conforto do forro envelhecido do real assento! No comboio, sabe melhor ir em pé, de preferência junto à porta.

&

É divertido o jogo entre a força centrífuga das curvas da linha de Cascais e o equilíbrio entre o virar das folhas do pequeno livro de bolso que me acompanha diariamente. Uma das desvantagens de comprar livros de bolso , baratos de edições estrangeira como é o caso, é o facto da qualidade do papel e a tinta utilizada na impressão serem condizentes com a contenção dos custos. Isto por outras palavras, invariavelmente a tinta começa a dar sinais de fraqueza Não é a mesma sensação que temos quando lavamos janelas com as páginas dos suplementos do Expresso, mas...

&

...dia 7, os novos peixes que comprei, ainda estão todos vivos e de boa saúde. Tomei uma decisão radical: não comprei ciclídeos!...sempre quero ver se estes conseguem durar anos!?!?

&

...o meu almoço hoje não foi cozido à portuguesa, com lá nas bandas do palácio de S. Bento! ali em Linda-a-Velha é mesmo à quarta-feira! Estou curioso como vão ser os primeiros meses do remodelado governo do Sócrates o Indigitado. Na calha já estão os ditos projectos fracturantes que tanto se falou na anterior legislatura, desta feita por iniciativa do Berloque de Esquerda. A minha decisão já foi escalpelizada neste diário. Só espero que impere a decisão acertada de ultrapassar estas manchas da nossa sociedade. Agora sim é chegada a altura! De igual forma sinto o bichinho da curiosidade para ver até que ponto a futuras lideranças parlamentares do principais partidos vão alcaçar os impossíveis consensos que se exigem para a normalidade democrática em Portugal. Olhando para o caderno de encargos para a legislatura que se avizinha, muito há para decidir e ponderar. E ao contrário do RRio eu pondero ponderar sobre a possível agitação que se vai viver nos Passos Perdidos da nossa AR!

&

...no domingo espera-me uma manhã fabulosa por entre o mar e o difícil e complicado traçado da recém pintada ciclovia do Guincho. Como se não bastasse ser difícil conciliar o facto de algumas zonas do percurso existir uma ciclovia e um passeio pedonal exclusivo, agora a Câmara traçar uma faixa em que peões e bicicletas alternam entre faixas de rodagem. Moral da história, para além da atenção que os passeadores dominicais requerem da parte de quem circula a pedais [como é o caso] temos que ler o que as faixas nos vão indicando, num verdadeiro slalom que aparentemente só cria inércia e propícia ainda mais o acidente. Talvez fosse mais razoável definir um sentido de circulação!? Atrevo-me a dizer que quem criou este amálgama de regras deve ter querido agradar quer à elite anglófono, quer ao resto do mundo, quer ainda aqueles que não vivem na anarquia rodoviária.

&

...estou com um dilema material: compor o último do Saramago, ou o do Lobo Antunes!! Que bom é viver com dilemas destes!!...

PS: posso afiançar que o Steve Vai ao vivo é surpreendentemente genial!..

15/10/2009

....iludências

...quinta-feira! continuo com humor negro!...digamos que nada me faz rir, e do pouco que ouço me faz animar!...

...ontem, penso que foi ontem?! na paragem lá em Algés, uma rapariga jovem desesperava na paragem. Não que os autocarros não se sucedessem contra o horário, mas pelo simples e triste facto de as empresas continuarem em investir em autocarros do séc. XIX e continuarem a descurar as necessidades das pessoas com deficiência física. Convenhamos, entrar num autocarro com cadeira de rodas, onde mesmo uma pessoa idosa tem dificuldade tal a altura do primeiro e segundo degraus é digno de um país terceiro mundista!

Da mesma forma, mantenho os mesmos reparos relativamente à distãncia desajustada entre o rebordo do cais de embarque em Algés e Oeiras, e o piso dos comboios decrépitos que continuam a ornamentar a linha de Cascais. da mesma forma que a CP tem renovado a frota das restantes linhas na cintura de Lisboa, talvez não fosse má ideia, retocar a maquilhagem para as bandas do ocidente.

Por último, o meu agradecimento às Águas de Cascais pelo facto de terem um concessionário dos espaços verdes e limpeza urbana, que entre outras coisas, gasta água de forma desregulada e pouco ecológica. Será que alguém se importa de informar estes senhores que regar para além da capacidade de campo significa desperdício!? desperdício esse que no final de contas reverterá para todos nós na forma de custos de distribuição ou tarifa de serviço, ou outra qualquer alínea fantasmagórica!! já que é sabido que estes concessionários pagam um preço abaixo do valor real!!...

..são estes pequenos pormenores que me fazem pensar que por pior que ande, existe muito mais por fazer!!...

...curioso, já se passaram mais de 2 horas e ainda não recebi o telefonema com um convite para ingressar no próximo governo!?...mas voltando à colocar os pés bem assentes na terra achei triste a atitude de um deputado eleito, que na primeira sessão hoje no hemiciclo, aproveitou para dar uns abraços e uns olás de circunstância e decidiu que afinal não dava mesmo!...pergunto-me. PORQUE É QUE SE CANDIDATOU ENTÃO!?...

..haja então música para me animar!!...

14/10/2009

...renascida na espuma do mar


...é sempre bom ver uma camarada de armas deste universo bloguista voltar com renovada força interior, a mesma sedução nas palavras e a mesma simplicidade na escrita.


obrigado SUTRA!
tomá lá este do Camilo Pessanha, que a foto tirei dum site que agora não me lembro [je sais! je sais!! se fosses tu a coisa piava mais fino!! mas se reparares está lá na fotografia em tamanho pequeno!]
À flor da vaga, o seu cabelo verde,
Que o torvelinho enreda e desenreda...
O cheiro a carne que nos embebeda!
Em que desvios a razão se perde!
Pútrido o ventre, azul e aglutinoso,
Que a onda, crassa, num balanço alaga,
E reflui (um olfato que se embriaga)
Como em um sorvo, murmura de gozo.
O seu esboço, na marinha turva...
De pé flutua, levemente curva;
Ficam-lhe os pés atrás, como voando...
E as ondas lutam, como feras mugem,
A lia em que a desfazem disputando,
E arrastando-a na areia, co'a salsugem.
Singra o navio. Sob a água clara
Vê-se o fundo do mar, de areia fina...
Impecável figura peregrina,
A distância sem fim que nos separa!
Seixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuemente cor de rosa,
Na fria transparência luminosa
Repousam, fundos, sob a água plana.
E a vista sonda, reconstrui, compara,
Tantos naufrágios, perdições, destroços!
Ó fúlgida visão, linda mentira!
Róseas unhinhas que a maré partira...
Dentinhos que o vaivém desengastara...
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos...


11/10/2009

.. segredos & virtudes

(imagem: Howard David Johnson )

…sobre as virtudes e a postura de uma da dama, senhora ou algo similar na sociedade, já Jane Austen escreveu. Não li todos os livros, mas adorei a adaptação para o grande ecrã de obras tão majestosas como Pride and Prejudice, Emma, Sense and Sensibility, Persuasion e Mansfield Park. Certamente não terá sido a única autora a romancear a vida das mulheres na Inglaterra do século XVIII , e a forma como a era subjugadas por uma sociedade sectária e baseada em preconceitos e modelos de costumes terrivelmente constrangedores para a mulher.. Isto vem a propósito de um filme que ontem me deliciou madrugada fora, o qual recomendo para quem gosta do género: The Duchess. Passados alguns séculos, pergunto-me se alguns dos velhos preconceitos sobre a postura e o comportamento terão realmente mudado, ou readaptados a uma realidade menos castrante do ponto dista da igualdade entre homem e mulher. Onde antes existia um codex de silêncio e resignação, hoje existe aquela palavra usada e abusada, o “não parece bem”. De certa forma, e não obstante as óbvias conquistas de ambas partes [ainda que no caso do homem não se possa falar tanto em conquistas mas talvez mais em inevitáveis cedências!] existem momentos na nossa vida e decisões que acabam por condicionar um certo número de obrigações/regras. É como se a partir de determinada altura o nosso horizonte fosse limitado por uma cortina, que nos tolda qualquer tipo de visão mais ousada.

§

…caixa de Pandora. Há situações em que me imagino fechado dentro de uma redoma, enclausurado dentro de um limite imposto mas não percebido. Mas talvez seja esse o caminho mais seguro, de um passado que não tem horizonte, presente ou futuro. É lá que guardamos tudo o que é belo e detestável, e que nos fragiliza se não estiver selado na escuridão. Fazendo uma analogia com o nosso século, é uma espécie de recycle bin sem função restore. São vozes, frases que ficam na memória, e que nunca se esquecem por mais que tentemos desvendar a mensagem encriptada no nosso íntimo. Quem é que não tem uma caixa de Pandora!? Quantas vezes não somos tentados a abri-la!? A curiosidade busca todas as formas de deslindar o imaginário inscrito nos papiros da nossa consciência, e essa não podemos silenciar.
Talvez o preconceito seja imaginar que tudo possa revelar um segredo obscuro, encobrir uma vontade que rompa com a normalidade, ou talvez sejamos nós que nos recusamos em ouvir o doce canto das musas com receio de cair em tentação.

Mito ou realidade, a verdade é que cada um de nós mais tarde o mais cedo, se vê prisioneiro numa caixa.

“Vem cá, louvadíssimo Ulisses, grande glória dos aqueus,
A nau pára, para que nossa voz escutes.
Pois jamais alguém aqui passou ao largo, em negra nau,
Antes de a doce e clara voz de nossas bocas ouvir.
E o que se alegra vai-se também sabendo mais…”


Odisseia

08/10/2009

..moi non plus

...já não ouvia esta música há já algum tempo!!..grandes "slows" nesses longínquos e gloriosos anos 70!

06/10/2009

..amá-la!


...simplesmente Amália

05/10/2009

..rés púbica

...no dia em que se comemora a implantação da república [o dia em que a república, após um longo interregno capilar, decidiu fomentar o crescimento da pilosidade!], uma breve reflexão à priori, antes da próxima que deve ocorrer dentro de alguns dias:
Depois de muitos séculos em que os réis se sucederam com maiores ou menores laços de consanguinidade [e com breves intervalos em que fomos invadidos pelos nosso vizinhos!], eis que em 99 anos de república já tivemos mais presidentes, primeiros-ministros, presidentes de câmara, presidentes de junta e essa raça enigmática dos assessores, do que fidalgos e cortesãos nos séculos que precederam o golpe que derrubou a monarquia em que alegremente vivíamos. Pelo facto de à data, não existirem estatísticas fidedignas, nem escutas não me é possível traçar um retrato fiel do estado mais ou menos depauperado da Coroa, mas certamente que o PIB da altura não sofria das mesmas maleitas que a dívida actual, que a cada movimento do ponteiros se encarrega de depurar as Finanças do país. Tal com outrora, a solução passou pela fuga da família real, já habituada a escapadelas, sobretudo para a terra de Vera Cruz, onde até fundámos um país porreiro!

Talvez seja esta a altura, para a actual corte [não confundir com corte do gado!] apanhar o próximo cacilheiro ali no recém recuperado Cais das Colunas, e dar de frosques [como o Robin dos Bosques!]. Tenho dois passageiros em mente, dois companheiros ideais de beliche, mas acredito que haja por aí muitos mais!

Decerto, que no meio de tanto joio que por aqui anda, algum trigo sobrará para alimentar a nossa esperança de ter um futuro um pouco mais risonho...até lá é uma questão de esperar pelo D. Sebastião que tarda a aparecer!!...

Recomendação para um jantar divinal: Calcutá 2, na Rua da Atalaia algures no Bairro Alto!!...recomendo vivamente!!
(imagem retirada do blog Zé Povinho)

04/10/2009

...zero

...a manhã começou cinzenta e o nevoeiro escondia a tristeza que ao longe nos esperava!...é sempre triste ver alguém querido partir!...somos nada, somos pouco, um infinitésimo instante de vida, que culmina no lugar de todas as moradas!