...uma das coisas boas desta terra, são as pequenas peripécias que sucedem aqui e ali. São pormenores insignificantes mas que tornam a vivência por cá (infelizmente curta!) mais interessante. No primeiro dia almoçamos num restaurante, em que por exemplo tinham multibanco, mas atente-se só não dava para cartões estrangeiros!...assegurei a emprega que eu era português tão legítimo como o português suave e que era mais verde que a alface. Hoje enquanto vagueava por entre as lojas, casas de ferragens e outros locais de culto, neste país e nos arredores daqui ao lado, finalmente descobri uma cafeteira para fazer café (apesar de a bica por cá oscilar entre os 0,45/0,50 €! sabe melhor fazer em casa! sobretudo ao pequeno almoço!), na minha missão acabei de dar de caras com um botequim simpático que para além das batatas, cadernos escolares e o queijo fatiado também tinha livros. Dado que o livro que ia devorar ali fora sentado na ao som do altifalante da igreja, devorei nos transportes públicos (Barroco Tropical do José Eduardo Agualusa), comprei o Jogo do Anjo do Anjo do Carlos Ruiz Zafón. Aproveitando a bonomia do tempo de motu proprio, lancei-me à descoberta do jovem David Martín e enquanto as pás do parque eólico contavam dos minutos do tempo a passar distraí-me nas horas e quando dei por mim já erravam 218 páginas com um frenesim que não parava. O livro é hipnótico, mas soube melhor depois de servido o café numa chávenas chinesas absolutamente kitsch e umas línguas de veado. Mas o melhor estava para vir. O que é que se deve fazer depois de passar 3 horas consecutivas a ler..isso mesmo! Ir à aldeia mais próxima comprar 3 litros de mistura, e ir para o monte cortar tojo com a roçadora. Mas o dia não pára de nos surpreender! Como se não bastasse o esforço de mudar de página, já são horas de preparar as brasas porque o entrecosto não espera e os convidados para o jantar já se apressam a petiscar as tiras de presunto e queijo..e o inevitável copo de vinho.
...é isto que me atrai nas férias... um pouco de dolce fare niente!
2 comentários:
Isso de me confundirem com estrangeira é comigo;)...
Gostei da discrição minuciosa, segui cada passo da tua narração, tal como tu gosto "de dolce fare niente" não só nas férias, se possível durante todos os dias... Ora aqui está uma utopia;)
Tu estrangeira!? No way Jose. Se te vissem sentada na place Saint-Germain-des-Prés a saborear um refinado Bordeaux Mouton Cadet, enquanto divagavas entre a leitura de um romance (quiçá “A Year in the Merde” do Stephen Clarke) ao som de À Paris do Yves Montand, diria que portuguesa não eras certamente!..isto sim é uma utopia, ou talvez não!
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