…ainda tentei encontrar-te, por entre o ondular do estorno, mas o vento empurrava-me de volta ao mar, esse paraíso imenso de solidão que o sol reflecte como se um mar de prata se tratasse. Na riqueza do teu olhar, inspirei-me, e nos finos grãos de areia escrevi um poema de palavras que soçobraram com maré. Torrente imensa de pensamentos, que me afundou na leitura de um livro que o vento carregava, entre páginas e páginas de mistério e beleza. Abri a porta e no mais recôndito lugar da mente, comecei a premir tecla após tecla, o principio e o fim de uma singularidade.
Nas minhas divagações lunares, por entre cidades misteriosas e ruas silenciosas, o som dos teus passos imaginei ao cruzares as ruas de granito sufocante. Senti teu olhar luzidio nas sombras, foquei o gesto sublime e a doçura do teu percurso, rua acima por entre janelas que te contemplavam e portas que se abriam na minha imaginação.
Ficámos sentados, junto à esplanada na praça central e ali permanecem, entreolhando silêncios que se cruzavam com o lento caminhar das horas, que o tempo se encarregava de consumir. Findo o dia partimos, cada um para o seu recanto, silenciosos e dissimulados na multidão que varria agora as ruas desse lugar, cujo som ecoava no bater das teclas.
Eu fiquei. Apraz-me ver-te partir nem que seja em sonho. A despedida é algo que não se escreve, o mesmo sucede com a saudade. Imagina-se, sente-se mas não se transcreve. Ao longe, consegui discernir um último fôlego para o parágrafo final: um por do sol à beira mar numa folha branca cheia de nada. Apenas silêncio.
3 comentários:
Um folha em branco(?!?)não cheia de nada mas cheia de tudo. Sente-se o silêncio, Tony!
Muito bonita a poesia. Você escreve muito bem. Parabéns.
Aqui no Brasil "uma folha em branco" significa para os escritores a falta de ideia e isso é a coisa mais terrível que tem para eles.
Novamente, meus parabéns pela poesia.
eu conheço esta maquina de algum sitio...
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