Aqui ficam o primeiro acto, de um texto mil vezes adaptado, mil e uma vez sabotado, escrito para um grupo de teatro com tenho uma profunda admiração.
Convém salientar que a peça não saiu do papel, ...talvez um dia, talvez!
“Obras incompletas
de William Shakespeare, em 45 minutos e uns tostões”
Peça de teatro amador
baseada na ideia original de Adam Long,
Daniel Singer e Jess Winfield com os devidos reparos e abreviações, para ser
representada na singular freguesia de Rebordões-Souto ou outra equivalente, em
dia e hora e a definir superiormente, caso tal se preste ser do interesse
colectivo.
Peça em 1 1/2
actos
Duração prevista 45 minutos
com alguns momentos de descompressão dos actores.
Personagens:
Voz-off [espécie de
narrador que não vai aparecer; convém ser alguém que tenha uma voz clara e
fluente sem hesitações e preferencialmente não ser monocórdica!]
3 Figurantes [não precisam de
decorar textos]
Henrique V [papel secundário
vai ler apenas umas frases escritas; vestido normal com uma espada e uma coroa]
Otelo [vestido com roupa
normal]
Lady Macbeth [vestida com roupa
normal]
Romeu [vestido com roupa
normal]
Julieta [vestida de dama da
corte idealmente com tranças louras postiças!]
Frade [idealmente vestido
com traje a rigor]
[música antes da peça: https://youtu.be/1cDI6rGCMGA; antes de
começar o I Acto 3 batidas de Molière]
I Acto
Voz-off: Boa tarde, senhoras e senhores, e bem-vindos à melhor sala de
espectáculos desta nossa terra, excluindo, está claro, a sala de reuniões da
Junta, o adro da igreja, o coro da igreja e o café da freguesia! Não há sala
mais convidativa para receber tão ilustres convidados!
Dado que o título da
nossa peça é longa, para poupar tinta e o vosso sagrado tempo, apenas referir que não serão todas as
obras de Shakespeare, mas apenas umas quantas e bem passadas servidas com
cerveja morna e algum humor frito!
Mas antes, um
pequeno aviso:
1.
Pedimos que desliguem os
telemóveis, iPADs, ardósias, ferrinhos, castanholas, sininhos, sinetes, gaitas
de foles e concertinas;
2.
Para os ilustres
proprietários de telefones ditos estúpidos [pequena
pausa, antes de começar a falar mais depressa] apenas pedimos que baixem o
som desses toques engraçados, do género do que se ouvem durante a missa, ou
numa reunião;
3.
É estritamente proibido o
uso de fotografias com flash, a
gravação de áudio e vídeo. Quem for apanhado será obrigado a ir roçar tojo para
o monte a seguir ao almoço, ou em opção a ouvir o reportório completo da Maria
Leal enquanto racha canhotas;
4.
Também são proibidos:
comes, bebes, sonos, namoros e outras actividades consideradas impróprias no
recinto. Lá fora façam de conta que estão em casa. Mas por favor, [pequena pausa para respirar que seja audível]
não deitem beatas para o chão nem deixem as caricas e as garrafas de cerveja em
cima do parapeito das janelas;
[sai de trás da cortina uma figurante e está outra cá em baixo em
frente á primeira fila e outra mais lá para a frente no meio da sala; vão
simular em com gestos os avisos da Voz-off]
Agora uns avisos úteis antes dos actores entrarem. A equipa qui no
backstage está em exercícios de aquecimento, vejo li uma caras nervosas, mas
isto não é o mesmo que ir confessar os pecados ao Sr. frade. É bem pior. Penso
que depois desta conversa para encher chouriços, as nossas assistentes estão já
colocadas nos devidos lugares? Muito bem….
[compasso de 3 segundos]
5.
Esta sala tem 3 saídas de
emergência devidamente assinaladas: uma lá ao fundo [apontam todas] para quem quiser sair sem pagar, outra aqui ao
vosso lado esquerdo junto ao bar [aponta
para porta de saída], e uma terceira [aponta
para a porta por detrás do palco] que é por onde vão fugir os actores
quando a peça acabar, caso o ilustre público pagante aqui presente, não fique
agradado com o espectáculo que vamos encenar!
6.
Para vossa conveniência, as
casas de banho estão situadas nos arrabaldes deste local em frente à porta
principal da igreja [aponta no sentido
da igreja], em opção há uns eucaliptos da parte debaixo aqui do terreno;
[agora ler mais
depressa]
7.
Se trouxeram farnel, porco
no espeto e pacotes de batatas fritas ou sumos sem gás de marca branca,
relembramos que é proibido deitar lixo neste local profano. Para vossa
comodidade existem uns caixotes do lixo junto ao falecido cruzeiro da freguesia,
logo a seguir á escola. Convém recordar que, por uma questão ecológica, devem
fazer a triagem do lixo;
8.
Se durante a exibição
sentirem uma súbita perda de pressão, máscaras de oxigénio [puxam cada uma de seu bolso] cairão automaticamente. Basta colocar
a máscara sobre o seu nariz e boca, tirar o cigarro e a pastilhas elástica e continuar
a respirar normalmente; se não for por esta ordem podem variar;
9.
Para quem tem crianças
pequenas, por favor digam-lhes que silêncio é de ouro, senão no fim não há
chocolates para ninguém!
[entra em cena por detrás do pano um Otelo acelerado e abre-se o
pano; o set é uma típica casa. Um sofá de duas pessoas, uma cadeira, uma em
mesa com três cadeiras e noutra ponta, uma cama de meio corpo e um armário de
roupa pequeno onde caiba uma pessoa]
Otelo: Senhores e senhoras. Um
aplauso para as nossas assistentes! elas merecem!
[pequena pausa caso as pessoas aplaudam; as assistentes podem
sentar-se]
Otelo: Permitam que me apresente.
O meu nome é Otelo e sou uma das personagens de Shakespeare. Chamo agora ao
palco Lady Macbeth cuja presença vai abrilhantar esta comédia e a cabeça de
alguém. Uma salva de palmas por favor nobre público, não se acanhem.
Lady Macbeth: Obrigado Otelo [pequena pausa se o público estiver a
aplaudir] e muito obrigado pela simpatia. Dentro de momentos vai ser tentado,
nesta ilustre freguesia, um feito que julgo ser sem precedentes neste séc. XXI!
pelo menos a mais de 5 km da vila nunca ninguém tentou. Basicamente, vamos
tentar encenar William Shakespeare sem tropeçar no palco, sem nos enganarmos no
texto e sem qualquer coisa que me esqueci e que estava no guião. Tudo com
pronúncia cá da terra e com o generoso contributo das vossas bolsas. Também
aceitamos cheques e certificados do Tesouro.
Otelo: Está tudo pronto ai atrás?
[lá atrás dizem: tá quase! enche mais chouriços!]
Lady Macbeth: Damas e cavaleiros….Por
favor o vosso aplauso para o Sr. Hamlet, uma das mais brilhantes personagens de
Shakespeare!
[Hamlet entra em cena em passo acelerado]
Hamlet: …ser ou não ser, nem mais
um tostão. Então ficam assim? Palmas caro público. Isto é grande teatro, aliás
nota-se pelo facto de estarem ai tão em baixo…
Obrigado pelo vosso
entusiasmo…., mais um momento destes e ainda pensam que isto é uma sessão da
Junta.
Peço perdão se
cheguei já tarde, mas a UBER não funciona aqui em Ponte de Lima. Para estragar
o dia, imaginem, apanhei boleia de um senhor com uma carroça em preto e verde.
Então não é que o tipo obrigou-me a pagar a viagem? Lá em Inglaterra, seriam
bichas …quase tão grandes como a fornada das 11:30 para as bolas do Natário, só,
para me poderem transportar.
Com isso tudo lá se
foi o cachet que devia receber com
esta brincadeira. O estranho é que me este papelinho. Disse que era para as
finanças! Não sei se el-Rey quer isto para alguma coisa? por isso, coloquei-o
na caixa das esmolas da bonita igreja ali em cima. Alguém avise o sr. frade.
Caso ele queira mais papelinhos destes…
Não tem sido fácil
adaptar-me a este séc. XXI. Ele é Facebook, Snapchat e Instagram. Meus caros! Os
deuses vos livrem de tais coisas. Fazei como eu. Ler e meditar. Ser ou não ser,
ou talvez mais um tostão. Aliás, olhando para o fundo da minha bolsa e olhando
para o vosso olhar piedoso, tenha e certeza de “vossacelências”, estão já
sentir um fundo de infinita generosidade com esta pobre alma, cheia de dívidas
e incertezas.
[entra Otelo com a espada e entrega a Hamlet]
Afinal de contas é
mais fácil obter o que se deseja com um sorriso [aponta para a cara sorrindo] do que pela ponta da espada [fala mais alto enquanto pega na espada que
no sofá e aponta para o público].
Otelo: Generoso público! aliviai
as vossas misérias e abri os corações à bolsa! Adoráveis damas. Jovens donzela
que andam por aí…
[entram as assistentes com umas salvas na mão e algumas pessoas do
público já referenciadas colocam dinheiro em papel e telefones e jóias de
plástico nas salvas; as assistentes agradecem dizendo “muito obrigado meu caro
senhor/senhora”]
Ah! Ei-las! … Ide ao
encontro da generosidade mas devagar! Pois quem mais corre, mais tropeça! Obrigado!
Levai o justo dízimo, que depois acertamos contas.
Lady Macbeth: Mas caríssimo
público, afinal quem foi Shakespeare? Alguém aqui presente já ouviu falar? E não
vale consultar o Wikipédia? Passo a explicar…
[tira o cartão da bolsa e começa a ler]
William Shakespeare.
nasceu em 1564 na cidade de Stratford-upon-Avon. É um nome estranho mas nascer
na Boalhosa ou em Anais também não deve ser pera doce!
Hamlet: É terceiro de oito filhos.
Católico da pequena nobreza casa em 1582, como a maioria das moças aqui da
terra, com um agricultor. Em 1588 vai para Londres. Se fosse cá ia para França
ou até para Angola como repatriado! Teve mais sorte…
Lady Macbeth: Passados 4 anos,
imaginem, já é considerado um grande actor e dramaturgo. Aqui basta só um ano: eles
com coches desportivos topo de gama, vidros de fumeiro, elas avecs unhas
gelinho e sotaque estrangeiro.
Otelo: A partir de 1608 começa a
escrever menos porque regressa a casa para junto da mulher. Todos nós sabemos o
que isso é ! Até se compreende! Aquela vida mundana de casal: casa- trabalho-
café- casa-trabalho-café …ainda escreveu os discursos para o Cavaco, as actas
das reuniões da família Espirito Santo, e diz-se que os acordos da Geringonça.
Lady Macbeth:..da Gerigonça? E há
fotos?!.
Otelo: Nunca mais ninguém lhe pôs
a vista em cima, ao contrário da malta ali em baixo que já tira selfies aos ilustres cá de cima!
Hamlet: …há quem diga que vive
nos Casais!
Otelo: …há quem o veja na Melhorada.
O certo é que a coisa não melhorou, pelo contrário! Evaporou-se
Hamlet: Mas deixemo-nos de fumo.
Antes de me sentar ali no canto, meus caros amigos, um forte aplauso para mim e
para os que vierem a seguir.
Lady Macbeth e Otelo: O vosso aplauso!
[Hamlet agradece o público com grande cortesia e envia para a
audiência duas ou três flores cuidadosamente colocadas em cima da mesa;
entretanto entra em palco o Henrique V que vai ler a uma breve introdução de um
episódio da vida de Romeu & Julieta; lê a partir de um cartão]
Henrique V:
Boa tarde, o meu
nome é Henrique V, e pediram-me para ler esta folha a troco de uma malga de
vinho e uma fatia de broa com vaca escocesa grelhada,a V/ atenção, muito
obrigado:
“Duas casas, iguais em valor,
Em Souto, nossa terra,
Brigam de novo, com velho rancor,
Pondo guerra civil em mão sangrenta.
Dos fatais ventres desses inimigos
Nasce, com má estrela, um par de amantes.
Se tiverem paciência para ouvi-los,
Havemos de cobrar essa vossa perseverança.”
Também me pediram
para informar que no final há um saquinho à saída, onde podem deixar o vosso
soldo.
Voz-off: Pediamos ao Sr. Henrique V
para abandonar o palco, muito obrigado!
[o Henrique V sai de cena, e passa por Julieta que entra com um ar
zangado seguida de Romeu, vêem a discutir um com o outro]
Julieta: Já disse que não e não! Se
pensas que vou acrescentar o teu apelido ao meu sabendo que as nossas famílias
não se podem ver nem pintadas de fresco, estás muito enganado!
Eh pá que luz é esta
que quase me cega!? Oh Romeu, antes o sol da aurora no seu lento despertar, do
que estas lâmpadas de LED barato do chinês que foste comprar.
Romeu: Julieta meu amor! há mais perigos nos teus olhos do que em
20 espadas! Já para não falar desse teu mau feitio matinal! é a luz que a tua
beleza reflecte querida….
Oh, amorzinho! Então o amor sem limites que me prometias cada vez
que estavas à janela e lançavas essas longas tranças de ouro para eu trepar
perante perigos mil? Podia ser apanhado pelos teus irmãos!
Julieta Isso foi antes ou depois
de teres partido por várias vezes a janela do meu quarto para me acordares?
Custava muito enviar-me um SMS? Ou dizer qualquer coisa no Whatsup?..sabes quantas
vezes tive que ir à Luísa cabeleireira para me escadear este meu belo cabelo.
Sabes que todas essas raparigas da freguesia sonham ter um cabelo assim! Tão
belo….
Romeu:…essa parte das
contas ao final do mês já tinha reparado , já para não falar da Pinta que enche
os armários desta casa com vestidos, adereços e mais vestidos!? Sabes uma
coisa, não devias viver T1 como este, com roupa desse gabarito, só mesmo num
palácio e com um anexo só para o guarda- roupa!!
Julieta: Olha querido, lá por
andares com as mesmas calças de ganga durante uma semana e só fazeres a barba
no final do mês, não quer dizer que aqui a princesa não possa sobressair na
Corte!
Para além disso, uma
Capuleto… anda sempre na moda! ao contrário de alguns Montéquios de ocasião que
nem para pronto-a-vestir se safavam!
[Julieta encaminha-se para a
tábua de passar a ferro e começa a engomar, Romeu senta-se no sofá virado para
o público a ver televisão e a ver o telemóvel]
Romeu: …mulheres! E o pai dela e
os irmãos os grandes culpados! A mãe, uma santa senhora. Pirou-se para Angola,
agora é expatriada! Umas vergastadas bem dadas naqueles costados com um molho
de urtigas! Os meus primos Montéquios bem me avisaram:
[desenrola um rolo de papel e começa a ler!]
Amor odiento, ódio
amoroso,
Oh qualquer coisa
que nasceu do nada!
Ai! Mas o amor é
fumo de um suspiro em chama,
que faz brilhar os
olhos de quem ama.
Contrariado, é um
mar feito de lágrimas
Julieta: Disseste alguma coisa
Romeu?
Romeu: Nada, nada amorzinho!
Estava aqui a pensar prazer que é viver aqui no sofáao teu lado…e sem uma
cerveja morna
Julieta: Ai Romeu,! Se soubesse o
que sei hoje.. não me tinha metido nesta camisa-de-forças. Ai “merda” que já
queimei a roupa ao homem. Olha vai buscar-me a água que o ferro já está em
brasa!
[Romeu levanta-se e vai buscar água, nisto toca o telefone de
Julieta e ela atende]
Julieta: Tou?Tu? …já te pedi que
não me telefonasses mais! Ainda para mais agora, noiva, comprometida. Estás
parvo? Já não há nada entre nós. Some-te da minha vida e já agora do meu
Facebook!
Romeu: Sim amor?!
Julieta: Então a água?
Romeu: Está aqui. Não querias que
trouxesse um cântaro da fonte pois não?
Quem era?
[Romeu deita-se no sofá e Julieta fica em pé junto da tábua de
engomar]
Julieta: Um desses vendedores da
MEO! Mandei-o à merda!
Romeu: e a mim à água! Mas olha
lá, voltando à vaca fria, qual o problema do meu apelido. Não me digas que são
as velhas angústias e tormentos dos teus irmãos?
Julieta: Sabes perfeitamente que
Capuletos e Montéquios são como azeite e água. É o mesmo que Souto e Santa
Maria. Só têm em comum Rebordões, o resto é vinagre. Para além disso, já viste
a trabalheira para mudar o apelido em tudo?
[Julieta tira do bolso o cartões]
Vê só isto: ele é Continente,
Pingo Doce, Lidl, carta de condução, cabeleireira, lojas de roupa, cartão de cidadão,
discotecas de Vila Verde, bares da Rampinha? Além disso… achas que faz algum
sentido Julieta Capuleto Montéquio!? Não lembra o diabo…!
[Romeu está deitado no sofá!]
Romeu: Aí Julieta! as coisas
mais mesquinhas enchem de orgulho os indivíduos baixos. No meu caso, esse teu
orgulho faz-me sentir mesmo, mesmo cá por baixo.
[Romeu levanta-se e dirige-se à frente do palco mas Julieta fica
onde está]
Com essa tua atitude vou ser o tipo mais falado na freguesia! logo
a seguir ao digníssimo frade está claro! Já estou a ver a malta ali no café: “lá
em casa entra tudo! Em letras garrafais: mas o apelido dele que fica pendurado
na porta! Com umas hastes…”
[Julieta aproxima-se e agarra Romeu por trás num gesto de afecto]
Julieta: oh homem! Deixa-te de merdas
e faz qualquer coisa útil, olha por exemplo limpar o pó. Olha lá, já pensaste na
nossa lua-de-mel? E na minha lista de casamento? Tu prometeste! Querido Romeu?
Quem é a Julieta que do meu Romeuzinho? Quem é…?Quem é?
[Romeu afasta-se num cena melodramática com uma voz séria e
colocada]
Romeu: As juras mais fortes
consomem-se no fogo da paixão como a mais simples palha. Esfumou-se querida! A
lista bem entrou no contabilista! mas as prendas ficaram penduradas lá fora,
juntamente com o meu apelido!
Julieta: Então e eu? O que
vão dizer todas as minhas amigas!? Vou andar nas bocas daquelas individuas
todas! E a minha honra? O meu dote?
Romeu: Foi-se! Tinha umas
contas a certar. Ao contrário do Espirito Santo, um Montéquio honra os seus
compromissos financeiros. Para além disso, se queres a dispensa cheia, há
adubo, há sementes e há uma sachola lá fora à espera de ser rentabilizada. A
jorna não é o cabeleireiro!
Julieta: Não sobrou nada? E
aonde vou passar a lua-de-mel?
[Romeu senta-se e Julieta mantém-se na frente do palco]
Romeu: Lua de mel? [rindo-se!] Só em sonho numa noite de
verão! Ainda nem data há quanto mais mel!!
Julieta: A tristeza enche o
vazio do meu coração. O meu reino por um cavalo, para me pirar já daqui para
fora!
Romeu: Sim querida?!
Julieta: Nada, sussurrava ao
silêncio da madrugada. Maldita a hora que sucumbi com as pedras que abriram o
meu coração, já ara não falar nos cacos de vidro no chão.
…e maldita tu Julieta, por teres renegado aquele príncipe das
terras altas. Bem giraço!
Não há cara feia que te valha agora. Que o diabo seja cego e surdo,
com tais pensamentos que me ocorrem agora. O seu ouro foi um veneno para a
minha alma. O seu sorriso matou parte do meu mundo. Resta-me o pranto e um longo silêncio.
Romeu: Amor! Podes ir
buscar uma cerveja morna? Este calor do palco seca-me a garganta! E o sal que
ela mete no refugado também não ajuda muito…
Julieta: Sim querido, trago-te
já! Está-se mesmo a ver. Trago até pack todo! Aqui que ninguém nos houve, o meu
amigo frade Lourenço Pé de Cabra e Pá arranjou umas ervas que estou a utilizar
nos cozinhados! Mas só em doses pequenas …diz que faz bem ao colesterol e à
tensão!
Romeu: Então a loira?!
Julieta: A loira? só depois
da lua-de-mel! Por mim, podes ficar ai em sentado! Vou ali e já venho!
Entretanto se não voltar, podes ajudar os moços a puxar as cortinas, para um
curto intervalo! A peça não é grande coisa, e rês que me calhou não tem grande
futuro.
Romeu: A impaciência anda sempre com a dor. Esta mulher dá-me dores d’alma!
Siga a música antes do final do drama! Música maestro.
Sem comentários:
Enviar um comentário