No dia de Natal, tenho em mente, invariavelmente, todos aqueles
que asseguram a continuidade de serviços essenciais, para que o outro [todos
nós] possa ter algum conforto e assistência. O meu Natal, está com todos
aqueles que [sobre]vivem num beco, cobertos de mantas e caixotes de papel sob
um céu carregado de chuva, no frio do piso duro que a vida lhes legou.
E em vez dos cânticos eclesiais e a alegria que se percebe,
aqui e ali, por detrás dos cortinados ornados de pequenas luzes multicolores, oiço
a tristeza escondida de todos aqueles que são companhia da solidão; velhos,
jovens, pessoas com as mais diversas fragilidades, longe do país que os viu
nascer, fugidos da guerra e de perseguições – expressões deste mundo dito moderno;
não interessa a causa das causas, o porquê. Todos aqueles que são transparentes
ao olhar da multidão que paira.
Neste Natal, ao cruzar as ruas iluminadas, no meio da
confusão frenética das compras de última hora, estou com todos aqueles que
circulam carregados com mochilas verdes, amarelas, deixando um rasto [de]cadente,
num país estranho que os acolhe a troco de alguma caridade e exclusão.
O meu Natal, está com todos aqueles que estão desempregados,
e outros tantos que vivem subjugados à incapacidade de olhar para o dia
seguinte sem sentir algum tipo de culpa e vergonha. Neste dia, estou com todos
aqueles sem expressão, imersos na escuridão dos dias, noite após noite.
O meu Natal é assim…a olhar para um mundo que não é
perfeito, diria quase injusto e profundamente desumano. E para a incapacidade
de o mudar.
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