06/02/2010

...palavras leva-as o vento

Nem sei por onde começar. Bem pensando bem , posso afirmar a pés juntos que 200 euros de incentivo por cada criança que nasça nem sempre chega para o dinheiro que iremos gastar só para a conceber! No meio de prendas, telefonemas, ramos de flores, combustível gasto para ir “brincar”, as horas que saímos mais cedo para o flirt ocasional , ou mesmo o jantar que doeu no momento penoso do “pode trazer-me a conta s.f.f.”, já se foram os meus 200 euros. Para além disso o simples e peculiar facto de só podermos tomar posse do tesouro, 18 anos depois, descontos para o Estado e encargos bancários contabilizados, também são motivos suficientes para continuar a utilizar a camisola de látex. Mais, o pormenor sórdido do jovem ter necessariamente que cumprir a escolaridade mínima obrigatória, esse sim, é motivo para ela tomar uma boa dose de Yasmine, antes de se debruçar sobre o facto prudentemente embebido no mais potente espermicida que estiver disponível no boticário. Já não incluo mais adereços a este cocktail libidinoso, pois aí os 200 euros eram uma miragem.

Mas voltando ao assunto. Não li o Sol, nem folheei [qual dona de casa desesperada]a edição de hoje do Correio da Manhã. Apenas uma medida preventiva do que muito consideram um verdadeiro atentado à dignidade e à democracia. Pessoalmente não me sinto motivado a ler a transcrição das escutas [sou como o presidente do FCP, só acredito nelas quando chegarem ao Youtube, purgatório por excelência do segredo de justiça português].

Sem me perguntarem se fico preocupado. Sim, mas estou mais preocupado com os vendedores de roupa de marca que esta semana não conseguiram exercer a sua ilegítima actividade livre de impostos, porque a polícia insistia em permanecer no topo da rampa de acesso à gare da CP de Algés, a fumar ou falar ao telemóvel. Não que tenha qualidade,[não a roupa!!] mas porque não sou apologista da reserva de privacidade. Sim porque por este andar, passamos a ter as transcrições do nosso José enquanto toma banho, faz a barba ou mesmo quando acorda de manhã e olha para os jornais.

Agora sem me questionarem sobre as afirmações do nosso Silva acerca do nervosismo que reina na AR, aí faço uma pausa e pondero debruçar-me sobre a questão misteriosa dos edifícios limítrofes?....bem, feitas as contas São Bento não fica assim tão longe da AR...

Apesar de tudo, estou curioso sobre um detalhe que talvez tenha passado despercebido. Se no caso do Mário Crespo e afins, se tratou de uma conversa de hotel, em que o nosso José resolveu puxar dos decibéis, no caso das escutas de onde terá vindo o furo jornalístico?de certo que não foi uma escuta na fotocopiadora.

Muito sinceramente este episódico watergate português começa a ter contornos de telenovela mexicana. Por muito menos Nixon demitiu-se, e muito outros político que já passaram pelo púlpito da ribalta partidária se demitiram por assuntos bem menores.

Tal como a Manela disse, será que o José tem condições para continuar a ser Sócrates?

Meus ilustres leitores, deixemo-nos de conjuras e arrepios de linguagem: o nosso José tem duas formas de eliminar os seus problemas e limpar a imagem que neste momento deve estar a fazer a delícia dos restantes jornais europeus e dos arredores (24 Horas incluído). Ou muda de canal quando está sentado no sofá do seu belo Convento de São Bento, ou tira o som quando a Manela discursa (o que não é difícil pois ela agora só fala daquilo que disse no tempo em que pouco ou nada dizia; a outra Manela, a Guedes anda muito ocupada com a lida da casa pois agora não exerce), ou muda para a RTPN quando o Crespo aterroriza, ou muda para o Canal História quando o Medina atemoriza, ou então faz como o seu grande amigo Chávez, manda encerrar e ponto final. Qualquer uma das opções é válidas, menos mudar para o PANDA.

A nossa história recente e menos ainda, é prolifera em coabitações difíceis e amargas entre a comunicação social e o governo da República. Foi assim na 1.ª República, foi assim na 2.ª República, (no Estado Novo não havia problemas), e continua assim na actual República.

Quem nunca disse mal, quem nunca criticou, quem nunca conspirou, fosse num sótão, fosse num banco de jardim ou numa mesa de café, dê então um passo em frente...mas atente ao que pisa!

“Cada um de nós é feito de demasiadas rodas, de demasiados parafusos, de
demasiadas válvulas, para que possamos julgar-nos uns aos outros à primeira
vista ou a partir de dois ou três sinais exteriores. Eu não o compreendo, o
senhor não me compreende e nem sequer a nós próprios nos compreendemos...”

Anton Tchekov

PS: escrevo isto sem utilizar o calhandriçe que é uma palavra que já não ouvia faz agora precisamente dois dias; e contrariamente ao nosso minsitro da despensa aliás,defesa, não estou rodeado de militares para assegurar a prontidão da minha pena!

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