31/01/2024

...identitäre bewegung ?

 O renascimento da extrema-direita não é um fenómeno recente e basta olhar com um pouco mais de atenção para os sinais que nas últimas décadas têm vindo à tona. Basta recuar pouco mais de 20 anos para assistirmos à perplexidade que varreu a Europa quando na Áustria, o FPÖ do Jörg Haider integrou o governo austríaco, ou não deixar de relembrar as várias tentativas da família Le Pen (primeiro o pai depois a filha) na tomada do Eliseu em França. Estre regresso da extrema-direita (que alguns pensavam em perfeita hibernação) tem estado a avançar – primeiro de forma titubeante, actualmente em força - por toda a Europa. De tal forma que, já conseguem influenciar e direcionar o discurso da direita tradicional, avessa durante várias décadas a alguns dos ideais absurdos e quase abomináveis, tão queridos da extrema-direita.

Os temas deste neonacionalismo, são agora mais polidos, agradáveis para quem se encontra descontente; oferecem uma via alternativa, um quase éden, mas a mesma utopia perigosa que quase arruinou a Europa.


Tal como o comunismo, a extrema-direita é um atalho perigoso e imprevisível. E mesmo não existindo uma ideologia comum, já que em termos culturais cada nação tem uma identidade própria, a matriz mantém-se a mesma, desde a aurora dos ideais da Revolução Francesa (que tanto gostam de evocar) ou na suposta herança liberal do ilustre Adam Smith (pasme-se!): um populismo exacerbado, o autoritarismo beligerante, a propagação indecorosa da mentira e das “novas verdades”, e uma colagem medíocre e desavergonhada a um catolicismo bacoco que não tem qualquer adesão à mensagem expressa em nenhuma doutrina cristã (lato sensu).




Mas (eles) desfilam, como se fosse donos da última e apregoada falange de bons cidadãos. Têm uma estética, uma semântica quase romântica por tudo o que é tradição, e infelizmente, dada a normalização que foram arquitectando, já integram a paisagem de uma Europa que se perdeu irremediavelmente e se deixou levar nos bons augúrios dos eurocratas que ergueram um establishment político baseado no postulado da burocracia e doutrina hegemónica das finanças sobre o ethos europeu.


E para os incautos, e todos aqueles que nem se dão ao trabalho de analisarem de forma racional os respectivos conteúdos programáticos, ou ler com maior acuidade, algumas das peças de filigrana fina constantes de alguma legislação que tentam aprovar, (eles) surgem como defensores das mais justas causas, e auto intitulam-se guardiões da pureza virginal.


Para todos os correligionários descontentes, paraquedistas e outros demais videntes das virtudes do extremismo em política, apenas uma sugestão de leitura: Utopia de Thomas More. Uma leitura muito actual, apenas para quem souber ler nas entrelinhas.Se persistirem no purgatório da dúvida metafísica, algo mais substantivo na obra de Orwell bastará!

09/01/2024

…o lado lunar

 O ano começa com o triste circo da pré-campanha eleitoral, empurrados de spin-doctor, para fazedore de ideias, esmagados entre opinion-makers e especialistas em tudo e o seu contrário, sono obrigados a separar o “trigo do joio”, desconhecendo por completo qual a semente da verdade em cada pedaço de razão pura. 


Este é o tempo da demagogia, crença oposta à cultura serena da contemplação aristotélicas de. Quem esperar por debates interessantes e construtivos, bem pode aspirar a chegar à Lua . 

05/01/2024

...ensaio sobre a estupidez humana (2/2)

 ...e depois de normalizarmos os gostos, de padronizar todos os comportamentos humanos de acordo uma matriz rígida de conduta, seremos não mais do que o sub-produto da inteligência artificial e de uns quantos iluminados que irão observar, alegres, a turba de gente sem rosto marchar em gáudio e euforia, acenado alegremente, não se sabe bem para onde nem para quem.


Este podia ser o retrato quase fiel de uma Europa subjugada por um regime totalitário, com génese na queda dos regimes democráticos, um após outro. Apenas uma folha desse texto, uma distopia que paulatinamente vai tomando forma, aqui e ali. Para meu espanto, a ideologia de extrema-direita começa a ser normalizada e aceite neste país que o poeta Mendes de Carvalho tão bem caracterizou. 

As pessoas sucumbem perante a inépcia e a tristeza. As promessas de outrora metamorfosearam-se em mentiras e corrupção. Fecham os olhos e já não querem acordar, pois doce é o canto da sereia. E assim, aquela madrugada que a Sophia de Mello Breyner nos deixou, começa a ficar enovoada.


"People will come to love their oppression, to adore the technologies that undo their capacities to think."

Aldous Huxley,

   


27/03/2023

..ensaio sobre a estupidez humana (1/2 parte)

Torquemada tinha o velho hábito de resolver os problemas com uma boa fogueira. Diziam que purificava a lama e libertava todos os pecados , mas nos tempos que correm, primeiro tapam-se estátuas do Séc. XVI porque mostram pilinhas e censura-se o Noddy porque os maus são morenos. Como se isso não bastasse o afã moralista desta nova vaga da cultura iliberal esconder os livros da Enid Blyton, ainda chegam ao ponto de alterar os textos da Agatha pois o sr. Hercule Poirot e a Miss Marple eram definitivamente uns racistas da pior cepa!! Provavelmente os próximos alvos serão o senhores Marx e Engels, os pensamento desviantes do sr. Sigmund Freud e quase de certeza o horror literário do nosso libertino Bocage. O que dizer da infame escrita do Eça de Queirós? Desta nem o Gil Vicente ou o Camões escapam .

Há que preservar a integridade dos leitores mais sensíveis e formatar futuras gerações de imbecis por animais acéfalos.

Normalize-se o gosto! Acendam as fogueiras perante o dealbar exultante da estupidez humana!


20/03/2023

...nice things




 "Muda-se pouco, mas a vida muda por nós." 

Eduardo Lourenço

Tal como escrever Cervantes na obra-prima Dom Quixote a liberdade é um dos dons mais precioso do Homem. A liberdade não pode ser guardada num cofre, nem escondia sob areia da praia ou afundada mais profundo mar. 

A liberdade é uma escolha. Eu fiz a minha: desobedecer à lógica da predeterminação. Deixar de viver numa espécie de círculo vicioso, sem princípio ou fim, num miasma quase cristalizado. Continuar nesse ciclo, sem ter qualquer tipo de alegria nem viver gera, numa primeira análise, incerteza, depois angústia e por fim o apagamento do ser. A vida deixava de ter uma finalidade, pouco coerente; quase ilógica.

Ninguém de estar onde já não existe.

Não existem razões lógicas para que a vida  seja um problema constante. A vida não é um problema para ser resolvido, pelo contrário, deve ser vivida, com alegria, com curiosidade.
É justamente neste processo que acontece a mudança. O que cada um escolhe diz respeito a si mesmo - a liberdade, mudança. Chamem-lhe o que quiserem!

Existir passa a significar ter a liberdade de escolha. Sem dramas, com muita abertura de espírito; sempre em busca de algo novo, surpreendente. De momentos felizes, mas sobretudo de coisas boas.