17/07/2012

cul-de-sac



“Para conhecer as coisas, há que dar-lhes a volta, dar-lhes a volta toda.”
 José Saramago

Estava a necessitar de um argumento para o meu momento carta do Guilherme à Selecção e eis que o camarada Saramago me abre outra perspectiva.

Gossip:
Também eu norteei a minha vida pela procura incessante do conhecimento, ainda que com resultados diametralmente opostos. Depois de digerir todas as notícias e não assuntos que esta semana escalpelizaram o caso não Relvas, cheguei à conclusão que o senhor de facto está inocente. O doutor [esse!] está ferido de morte e tem muito que explicar, ou melhor o outro colega do avental é que nos poderá elucidar um pouco mais sobre essa estória de “diabinhos negros”. 

Depois de tentar desatar o nó górdio de relações bizarras que manteve e mantém, chego à infeliz conclusão que temos aqui enredo para o mestre David Lynch [um novo Twin Peaks?] ou dependo das personagens para o John le Carré [uma sequela do Alfaiate do Panamá?]. É o que se chama uma personalidade multifacetada!

Não vou acrescentar muito mais à vontade expressa pelo camarada Jardim sobre as suas pretensões a novas equivalências académicas, pois o elogio fúnebre que acabou por fazer ao ministro em questão, foram uma espécie do beijo da mulher-aranha. Por outras palavras um excelente epitáfio político, após uma manobra de heimlich bem à sua medida.

Em sintonia com as declarações prestadas pelo Marques Mendes e o Professor Marcelo, quero prestar aqui a minha solidariedade com Fiel Jardineiro [está é só para quem viu o filme!].

Internal affairs:
Adoro as PPP, o nome claro não o conceito per si. Talvez se a negociação dos pagamentos certos e permanentes das PPP não tivessem sido adiada para a as calendas não andássemos com a calculadora a adivinhar qual a taxa sobre o 13º mês.
No sector da energia, também não deixa de ser caricato o próprio Secretário de Estado a recear que a tão afamada e badalada liberalização do mercado implique um aumenta os preços e não uma baixa considerável como é pregão e ideologia do Governo.

My name is Bond, Eurobond:
Quando me acerco da janela juntamente com as pupilas do Júlio Dinis para me banhar com o sol que nasce para todos, oiço o Governo Irlandês a clamar ao BCE e o EuroGrupo por uma nova negociação. Aqui ao lado, um pouco mais acima do buraco onde me encontro, o Sr. Rajoy envolto numa falsa neblina fala às massas numa prosa de enganos para o adiamento do compromisso do défice da monarquia. Na assistência os mineiros das Astúrias e todos os ludibriados assistem com palmas de revolta ao início do excelente negócio sem contrapartidas do empréstimo ao Reino de Castela (o rei numa tentativa de apagar as caçadas em África, acabou por auto infligir-se com uma redução de 7% da jorna). Lá na outra Europa, , o nosso ministro com o nome do “gato” do deputado Honório Novo, lança mais uma pausada prelecção insidiosa aos jornalistas:

“(…) fala-se de favorecer o processo de ajustamento. É a forma de palavras que é usada. Melhorar e favorecer parecem-me de facto os termos que podemos usar.”

Quem conseguir resolver mais este teorema lançado pelo nosso ministro, pode-se candidatar a uma vaga na próxima remodelação. Fazem-se apostas!

E que tal se os bancos baixassem os juros do empréstimo? Afinal de contas, no meu gráfico de EURIBOR, a taxa cobrada pelo BCE não é nem 6 nem muito menos 7%? Então para onde anda esse diferencial? Não me digam que todos os créditos da banca são insolventes e que os pobres dos senhores do capital coleccionam comendadores insolventes e ex-governantes corruptos como clientes? Não me digam que é para pagar os 9 000 M€ de juros da dívida pública?

Mirror, mirror on the wall:
Esta semana também li que o Sr. Gaspar enganou-se [ah! o Sr. Gaspar, nos meus tempos de menino bem comportado, fazia contas no papel pardo e cantava o somatório do trigo e do quadradinho de chocolate Avianense que fazia as delícias de qualquer garoto de aldeia!], ou melhor, anda a enganar-se a si próprio. Então não disse que podia poupar dinheiro através de uma negociação dos juros da dívida pública? Exactamente o contrário da doutrina defendida desde que começou a falar pausadamente. Faça favor de fazer a prova dos nove às declarações que tem proferido, tenha calma, não se precipite.
Mas afinal de contas, ou na falta delas, quid sabe ou quid controla a dívida pública? Ora vejamos o resumo dos últimos meses:
1.   

  1. 1   As PPP não são renegociadas ou os valores diminuídos por causa dos interesses financeiros e da escabrosa promiscuidade entre os governantes e os concessionários. Basta ter estado atento à reportagem que deu esta semana sobre alguns dos ex-ministros de anteriores governos [independentemente da cor das meias!]. Não me digam que estão a dar aulas e andam de autocarro. Nem vale a pena colocar aqui os nomes das empresas em que são administradores executivos, não executivos, com ou sem chauffeur.

  2. 2.    Digam-me lá três exemplos de países desenvolvidos onde os contractos de PPP sejam feitos pelos escritórios de advogados das próprias concessionárias? Vá, puxem pela imaginação!

  3. 3.  A título de exemplo devidamente sublimado, as parcerias das PPP vão ser renegociados pelos mesmos escritórios de advogados que transferiram o risco dos concessionários para o Estado. Coincidências!

Os contractos não podem ser renegociados?!O governo não prometeu cortar nas parcerias? Então façam-no! Talvez seja bastante mais fácil do que imaginam. Como é que se transfere o risco na totalidade para o sector público e garante-se com dolo, o filet mignon en croûte aux champignons para os privados. Se houve celeridade nos cortes na Função Pública e na promulgação do abusivo Código do Trabalho, estranha-se a morosidade quando se trata de incidir sobre o outro lado da moeda [isto já parece o discurso cassete do politburo da Soeiro Pereira Gomes].

Fiesta brava:
Por falar em Soeiro Pereira Gomes, o juiz presidente do TC deu uma rara entrevista intimista à Maria Flor Pedroso, e revelou uma faceta estilo “forças de bloqueio”, inaudita e assaz curiosa. Talvez o senhor dos Passos tenha alguma razão, pois estranha-se o facto de pela primeira vez desde há já algum tempo, alguém sair do palácio Ratton para uma faena política, isto sem o consentimento da autarquia de Viana, fiel depositária da virtude da tradição taurina.

Last famous words:
Apetecia-me dizer mais qualquer coisa…mas acho que para a sanidade mental de muito com especial ênfase para a minha inteligência como contribuinte, por agora chega. Assuntos e não assuntos não devem faltar agora que se iniciam as hostilidades da silly season!

01/07/2012

..algures entre a estrada da palha e o mar da palha!




…no fundo no fundo nada nos derrotou, nem mesmo os Man in Black da UEFA, ou a Troika turca do árbitro que nos apontou para fora do EURO. Por momentos ainda pensei que a saída da nossa selecção fosse o prenúncio inevitável da nossa licença sabática da moeda única (alemã). Felizmente a sra. Merkl inventou os chamados instrumentos financeiros os Cocos, uns meros 900 milhões de Euros que vão beatificar a desinteligência e aventureirismo dos bancos espanhóis e algumas contas mal explicadas que por essa Europa fora engendradas pelos diferentes governos, independentemente da orientação sexual de cada cor política. 

No fundo, e independentemente de estarem por baixo ou por cima, na posição de borboleta ou dominadora, todos os foram co-responsáveis pelo estado calamitoso a que as contas públicas chegaram. Claro está que, cair na tentação de imputar a total responsabilidade ao Governos é qualquer coisa blasé antes, a retórica demagógica apontará sempre para a culpabilização das massas populares, sempre crucificada com a receita liberal da austeridade cega. É triste quando a doutrina mutatis mutandis é aplicada com tamanha cegueira sob o apanágio da extrema necessidade e urgência nacional.

Esta coisa da urgência nacional tem alguma dissemelhança com aquelas invenções da época filosófica socialista- os PIN. Quando algum agrupamento de malfeitores pretendia construir este ou aquele empreendimento em zona protegida, ava cavadra e PIN. Em opção corrigia-se o traço da condicionante de modo a passar ao lado [este faz-me lembrar qualquer coisa!]. Era a época do lápis e da borracha, cujas feridas ainda hoje ensombram algumas dos mais belos quadros cénicos do nosso quadrado.

Esta semana ficamos a saber qual o preço do m2 da liberdade de imprensa, 45 euros por m2. [para quem não entender esta charada, é favor ler o acórdão da sentença de um reconhecido deputado da bancada da oposição!]

Continuando na onda bizantina, fiquei absolutamente convencido da postura salomónica por parte da ERC no Caso Relvas-Jornalista recém-despedida do Público. Fiquei eu e a vereadora Helena Roseta.

Sabem o que faz falta para animar a malta num dia destes? Não! não é o Vasco Gonçalves nem o amolador. É o homem dos gelados!

Existe um enigma matemático que intriga a minha inteligência e que me tem roubado horas de estudo, já para não referir do pó de giz que já gastei na tradução algébrica do teorema. Desde que tenho memória política, algo que germinou por geração espontânea nos arrabaldes finais da década de 70, oiço personalidades mais ou menos respeitáveis [nesses tempos esquecidos, vinham para a televisão de pullover e cigarro na mão!] a falar em reformas estruturais. Alguém me explica como é que um país com um historial tão enriquecedor e agressivo na prossecução de reformas estruturais trata de forma tão deprimente [e por vezes desprezível] os seus idosos e reformados?

…sem mais delongas, estou curioso para ver o que vai dar o hipotético refendo sobre a manutenção da Grã-Bretanha na União Europeia. Mais curioso ainda para saber o que pensa a chanceler alemã! A charada segue dentro de momentos…

Agora algumas semi-breves:

Na Grécia depois de empossado o novo Governo, o primeiro-ministro foi hospitalizado com um lenho no olho, o ministro das finanças meteu baixa eterna e resignou. Em Portugal o corajoso ministro da Economia enfrentou qual forcado os manifestantes e quem acabou mal foi o capot do belo Mercedes. Cá como lá, tudo se resolve com uns pensos e uns retoques na tinta.

ObamaCare. Este slogan significa: todos os americanos a partir de agora têm de adquirir um seguro de saúde. E mai nada. Olha se fosse por cá!

Alguém acredita que uma semana ou uns dias extra com os alunos que não se esforçaram o suficiente ao longo do ano [sobretudo aqueles que provaram não ter qualquer intenção de progredir ou aprender] resulta em algum progresso significativo para os mesmos!?

O Louçã ainda anda por cá, ou já ocupou o lugar na bancada parlamentar do Syriza?

O resto é palha!