27/11/2011

...ovos-moles



Dei por mim esta semana a olhar atentamente para a única moeda de um escudo que escapou à purga anti escudo. Refugiada no bolso de um fato, acompanhou as dúvidas dos primeiros meses, sobreviveu às réguas de cálculo e demais conversores da moeda nova, aguentou o embate de sucessivos governos e desgovernos e só acompanhou de perto a euforia transformar-se rapidamente em desilusão. Vou guardá-la. Não pelo valor facial, mas pelo valor simbólico mas sobretudo pelo valor sentimental que me faz despertar. Fomos felizes e tínhamos os pés bem assentes na terra, quando decidimos aventurarmo-nos nessa coisa estranha chamada Euro. Hoje caímos na realidade. E que tombo.

Esta semana houver greve geral. Deu-se por ela, não obstante a previsão optimista e atabalhoada do Governo sobre a adesão. Fiquei na dúvida se por detrás de cada cabide ou por debaixo de cada cadeira haveria um agente infiltrado ou sensor de peso, tal era a minúcia e rigor da percentagem apresentada. Eu acho que ninguém minimamente consciente pode ligar à má vontade do Governo ou ao optimismo desconcertante dos sindicatos. Houve greve geral e ponto final. Qualquer Benfica-Sporting ou vice-versa teria mais efeito sobre a quantidade de sofás cheios e cadeiras ocupadas na casa dos portugueses. E venham elas, pois aqueles que ainda trabalham bem agradecem…há menos filas de trânsito e acaba por ser um dia bastante mais calmo.

O debate sobre o estado débil Eurocrise, prepara-se para atingir proporções cataclísmicas caso a Itália ou mesmo a nossa querida Espanha venham a necessitar de uma ajudinha extra. Dado que aquelas reuniões aborrecidas de croquetes dos G20, e o ménage à deux Merkozy já foi chão que deu uvas, proponho que se crie em sua substituição um Clube Europeu do Lixo, Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e provavelmente…bem deixemos por agora o grémio a cargo de apenas 5 potências desacreditadas que há tempo para novas aquisições. Agora mais a sério, a colocação do “Super Mário” Monti pela Sra. Merkel à frente dos destinos da bota italiana acabou por ser uma vantagem para nós, já que vamos poder comprar antes do Natal o novo disco de canções de amor do caro Sílvio Berlusconi (em opção as aventuras sexuais do Mr. Dominique). Outra grande vantagem para Portugal acabou por ser o alívio da pressão dos mercados e das empresas de rating, por pouco tempo é certo, já que bastou o Senhor de Massamá e o biltre das Finanças traçarem o quadro macroeconómico do OE2012 para que passássemos de lixo vulgar a lixo compostado. Desta vez não podem vir com a desculpa ignóbil que tal se deveu às críticas ou comentários do líder da oposição. Vejam só, até as empresas de rating chinesas já quase nos comparam com os seus produtos especiais, a ASAE que o diga.
Por falar em oposição, sinto-me inseguro em traçar um perfil politicamente claro face ao vazio doloroso que se assiste lá para as bandas do Rato. Sinceramente ainda não entendi bem qual a estratégia está a engendrar, mas talvez o senador Mário Soares esteja mais bem informado, tal a sucessão de intervenções sobre tudo e sobre nada. Ainda não alcancei o significado da tal “abstenção violenta”. Provavelmente deve ser algo relacionado com o que alguns energumes do Sporting fizeram ontem no campo da Luz? Ou talvez aquela manif de indigentes e pobres diabos em frente á Assembleia da República? Ou será que que a violência está relacionada com a actuação proporcionada daqueles senhor camuflado com um cassetete sobre o pobre do alemão anarquista com cadastro violento?
No final, mesmo no fundo do tacho depois de lambida bem a pedra, resta-nos a sopa de letras, servida com uns robalinhos, uma alheira à transmontana e um pão-de-ló como sobremesa. Ainda bem que o julgamento Face Oculta se desenrola em Aveiro, pois enquanto o país se afunda em folgas e almofadas e em negociatas de terrenos, ainda nos resta os ovos-moles para saborear com prazer, estes dias finais de um ano para esquecer
É este o nosso triste fado.

PS: agora que o Advento começou, talvez tenha chegado a hora de darmos o nosso contributo para aqueles que nada têm ou muito necessitam. Eu já dei o meu contributo.

Listagem de IPSS http://www2.seg-social.pt/preview_documentos.asp?r=31553&m=PDF

Cáritas Portuguesa http://www.caritas.pt/site/nacional/

Banco Alimentar http://www.bancoalimentar.pt/