27/11/2007

Feliz Natal Mr. Scrooge

...podia ser a melhor prenda de Natal para a tesouraria da Câmara Municipal de Lisboa, mas o facto de existirem duendes perniciosos e anões tenebrosos nos meandros da Assembleia Municipal de Lisboa, impediu hoje que a tão desejosa prenda no sapatinho do Sr. Ebenezer fosse uma realidade para os milhares de lisboetas que trabalham honestamente e que nos últimos 10 anos são confrontados com "erros de cálculo da inflação esperada pelo governo". Nós que trabalhamos ao ritmo da nossa perda de poder de compra, que somos subtraídos pela vontade cega de números mal calculados, somos ainda confrontados diariamente com novas tentativas encapotadas de nos extorquir ainda mais e mais dinheiro. E agora o Sr. Presidente fica indignado com menos 9 milhões nos cofres camarários!? O sr. por acaso sabe quantas famílias se vêm mensalmente na eminência de contar os tostões, por ventura tem noção do desemprego que graça na capital, nas dificuldades de muitos jovens e outros menos, para pagar o tão "amado" IMI!? Talvez não. Mas se juntar tudo isso, e mais uns pozinhos de episódios amargos que retratam o quotidiano de muitas famílias carenciadas, vai ver que afinal de contas, são menos 9 milhões de rostos tristes e desesperados. Mas não se preocupe, temos a consciência que no fundo , é um bem que fazemos à cidade, pois por certo, serão muito melhor empregues na bolsa de quem deles mais necessita, do que nos negócios mal explicados que a edilidade é profícua.

...e venham daí esses fantasmas do passado desmentir tudo o acabei agora de dizer!!

25/11/2007

...triunfo dos porcos??

Num artigo hoje do jornal Público o opinion maker da moda, o VPValente afirma que "No Portugal de 2007, foi decidido o que devemos pensar sobre: multiculturalismo, sexualidade e moral sexual. O que devemos tolerar e o que não tolerar no próximo ou no comportamento do próximo. O que são ou não são políticas permissíveis para Portugal e para o mundo. E foi decidido o que um cidadão meritório come e bebe e que vícios a vontade geral lhe consente (o tabaco, não; a droga, conforme). Vivemos sob um despotismo iluminado, que não aceita a irregularidade, a dissidência, o direito de cada um à sua própria vida e ao uso irrestrito da sua própria cabeça..."

Eu diria mais, no Portugal de hoje começa a ser perceptível alguns vícios e males retratados no universo orwelliano. Como diria Durkheim, "a liberdade de pensamento de que gozamos hoje nunca poderia ter sido proclamada se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas antes de serem abolidas."
A dualidade amigo-inimigo está hoje mais vincada na nossa sociedade,e a o direito à diferença de opinião é um facto que acaba por ser de certo modo silenciado. Que o digam todos aqueles que ousam apontar o que está mal e o que de mal virá.
Também não deixa de ser curioso, o silêncio de quem é responsável perante as críticas que aqui e ali vão ressurgindo, no pântano de arrogância que casta dirigente devota a todos aqueles que clamam pelos seus direitos e liberdades.
Cada vez mais porcos, cada vez mais limitados a cumprir a regra e a opinião imposta. Quem não cumpre, é enxovalhado e desacreditado com a mesma rapidez que o inútil lambe-botas ascende na hierarquia.
Em apenas uma semana, contabilizei o relatório do Tribunal de Contas relativamente à gestão da política da saúde, as declarações do Inspector-Geral da Administração Interna, as palavras amargas do PGR sobre a tentativa encapotada de controlo do poder judicial pelo poder político, as declarações dos magistrados do Ministério Público, a contestação dos militares. E fico-me por aqui. Não se trata de de trabalhadores despedidos, ou de professores que o nosso querido PM costuma de apelidar comunistas, mas pura e simplesmente representantes de alguns dos pilares básicos do nosso estado democrático.
É caso para se dizer que os porcos ainda estão longe do triunfo e cada vez mais perto do talho...
Relativamente aos próximos capítulos deste drama...estou curioso para as conclusões que vão emanar do Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais, a qual já não se realizava desde a adesão de Portugal à saudosa CEE.

Por último uma palavra de repúdio pela sentença proferida pelo Tribunal da Relação de Lisboa aplicada a um funcionário da cozinha de uma unidade hoteleira que foi despedido pelo facto de ser portador de HIV. Triste e desprestigiante para quem a emitiu.

18/11/2007

..o menino das cópias


...depois da menina da rádio e da menina do gás, eís que surje agora, o menino das cópias. Foram mais de 60 mil que você e eu pagamos com os nossos impostos, com um sorriso no canto da boca... sim porque alguém teve que pagar o papel e o tonner gastos na empreitada!?

Dia da Memória


...as palavras não apagam os milhares de mortes estúpidas que ocorrem todos os anos no nosso país.

...late afternoon coments


...ontem não resisti! Fui experimentar a nova FNAC Alfragide. Decepção total. É pequena, confusa, é pessimamente organizada. Qualquer livraria de bom gosto em Lisboa, apresenta uma disposição mais racional dos temas. Vale-lhe colocar um escaparate com dezenas de livros do último sucesso da JK Rowling e pouco mais. No restante espaço, sobram os inevitáveis televisores LCD/Plasma (que ocupam cada vez mais destaque nas lojas da cadeia!) e o jogos de computador. Até mesmo os CD/DVD estão dispostos de acordo com a mesma lógica dos livros - "alhos com bugalhos". Não captou a minha atenção, nem reservou a minha intenção para futuras visitas. Abrir por abrir, eis o lema que prevalece hoje em dia. Já que somos o 3.º país do mundo que vende mais em termos de lojas FNAC, e temos o orgulho de ter a loja n.º1 em termos de ranking de vendas - FNAC Colombo - os responsáveis da cadeia, já podem colonizar todos os malls, com lojas sem os mesmos padrões de qualidade e exigência. Valha-nos o facto de existir uma FNAC Cascais que, essa sim, ainda mantêm o espírito e o ambiente que rodeia o nome de FNAC.

10/11/2007

"Poppy Appeal"


In Flanders Fields


In Flanders fields the poppies blow
Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

We are the Dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie
In Flanders fields.


Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep,
though poppies grow
In Flanders fields.

John McCrae - 1915

06/11/2007

...combate a tostões

..estava eu à espera de ver um autêntico massacre de gladiadores no coliseu da desmocrácia e afinal saiu-me uma peça shakespeariana. O novo líder da bancada laranja podia ser ex-primeiro ministro Santana no papel de Hamlet o qual conjura contra o actual rei Cláudio (no papel de Sócrates...não o filósofo, mas antes o tipo que colocaram no trono apesar das falsas promessas).
Para completar o casting falta-nos aqui uma rainha Gertrudes...mas isso não é problema! para tramar as hostes do camarada Jerónimo, arranjamos a ex-deputada comunista e actual independente Luísa Mesquita. A Ofélia poderá ser por exemplo o Luís F Menezes, já que sendo tenrinho e virgem em assuntos de Estado só fica bem no papel de autarca e não pia. Como Polónio seu pai e protector vamos escolher a figura do novo Secretário-Geral do PPD/PSD o autarca Ribau Esteves, que parece ter mais fio de diálogo e acutilâncias nas palavras que o próprio líder. Por fim, falta a figura do fantasma que todos atormenta e todos confunde, e que pode ser perfeitamente o no Ex mo. Altíssimo PR. Assim fica o elenco quase completo. O resto são figurantes na trama e os triste que observam.
Vi um flash da sessão de hoje do OE2008 e ouvi os opinion-makers da praxe. Não paguei o bilhete nem tentei o lugar na primeira fila, e só não fiquei decepcionado porque também não estava à espera de um combate dos chefes ao estilo do Uderzo e Goscinny.

Um frente-a-frente entre duas figuras menores da política portuguesa, um populista contra um arrogante nunca pode resultar num espectáculo digno de esse nome, nem de um circo de saltimbancos. Valeu tostões e pouco mais....

Amanhã é o 2.º round, e desta vez é bom que tragam as carlingas e os leões porque nem o pobre Rei Hamlet aguentará tão lastimosa representação.

04/11/2007

...hoje ouvi o encantador de tesouras


"...olha o amolador!
vai chover!"

...há muitos anos que não ouvia aqueles acordes da gaita de beiços!
Sorri, porque lembrei-me dos meus tempos de criança.
Sempre que o ouvia, corria para a janela. Sempre me fascinou o homem franzino, com pele ressequida do tempo e das engenhocas que trazia em cima da bicicleta. Ele eram guarda-chuvas, ele eram facas, tesouras eu sei lá. A pedra de esmoril e o engenho resolviam qualquer problema por mais complexo que fosse. Depois ia-se embora depois de agradecer os tostões do ganha-pão.
Hoje em dia, vai tudo directo para o caixote do lixo. Termos como arranjar, consertar não estão em voga, senão para bens mais dispendiosos. Ninguém afia as facas...a não ser os talhantes, é certo!
Passaram-se décadas mas ainda se veste da mesma maneira, com roupa que mata o frio também não deixa que o calor entrar. Usa uma bóina cinzenta, velha ,de pala suja de tanto a ajeitar na cabeça, enquanto executa os trabalhos de afiação, um casaco da mesma cor,largo e comprido, de ombros descaídos,que certamente deveria ter sido feito para outro corpo, uma camisa grossa de xadrez e umas calças largas, atadas à cintura com um cordel.

E lá foi ele ao ritmo daquela balada, sempre com uma toada calma, em cima da sua bicicleta...

02/11/2007

...numa prateleira perto de si!


...já cá fazia falta, não só pela sonoridade ou pela limpidez da música em si! é toda um percurso que nos faz recuar no tempo. Ouvi-lo hoje em dia, é regressar a albuns como Cal, Local Hero, ou ao mais recentes Ragpicker's Dream e Shangri-la. Ainda bem que sobrou alguém dos bons e saudosos idos 80.


te esperamos em Abril do próximo ano!

01/11/2007

...pão-por-deus


"Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus."


São bandos de sorrisos que me invadem ciclicamente todos os anos o meu despertar neste dia. Chegam bem cedo com os sacos de plástico, cheios de vontade e com um brilho no olhar que esconde muitas vezes uma vergonha contida. Depois de fechar a porta, descem com celeridade e sem dar por isso já lá estão no banco de jardim encimado com a sombra dos plátanos a sacudir as migalhas do colo e a desembrulhar os rebuçados e as pequenas barras de chocolate. Depois continuam a esvoaçar o resto do dia, até ao turno de sentinela do dia de finados se esvair.

Também já fui um deles...mas isso são memórias!

O meu Outono chegou...agora que já lhes alimentei a alma, ainda que por um momento fugaz, chegou a minha hora de partir. Para o ano já cá não estou, mas isso certamente não será impedimento para continuarem a voar e alimentar a memória, que um dia lhes há-de bater à porta.