31/12/2006

...e já agora, para animair as hostes!!




30/12/2006

...e venha mais um!!


Enfim foi um ano que não deixa saudades...pelo menos a todos aqueles que me são próximos. Apenas conheco um sorriso que se libertou do triste nevoeiro que ensombrou o ano que agora jaz...parabéns L, mereces ser feliz!!


Espero que melhores ares nos traga 2007!


Num país que conheceu a loucura do futebol, e que termina na prateleira de uma livraria com um livro que conta uma verdade inconveniente.


Um pais que não teve a coragem de eleger um lutador, um poeta, um visionário mas que deu a maioria da razão a um homem que em primeiro lugar pensa com a calculadora e que não disfarça um sorriso frágil e perturbador.


Um país que foi assolado pelo fecho inexplicável de maternidades e que afirma querer incentivar a natalidade e assegurar verdadeiras politicas para a familia.


Num pais onde hospitais encerram por uma questão de estatística, centros de saúde que se abatem, tudo por uma questão de números, como se simples rolas se tratassem. Mas a caça não termina por aqui!


Num pais onde escolas de aldeias perdidas na lembrança, se matam, técnicos de educação que se aniquilam, tudo por uma questão de números... valha-nos depois os programas sobre a violência nas escolas para animar as hostes!


Num pais onde fábricas fecham, e em que o desemprego chega às portas da anteriormente inviolável função pública.

Agora deixaram de ser pessoas mas sim supranúmeros. Supra mas por excesso e o que é demais basta, para este Primeiro-Ministro, fiel depositário da arrogância de todos quantos nele votaram, arrogante Primeiro. Estranhamente não deixa de ser popular nas sondagens...mais uma vez uma questão de números.


Mas afinal quem controla os números neste país!?


Mas nem tudo foram espinhos na rosa que tudo persegue e rege...houve a Vanessa, houve o Francis, ouve os nosso para olímpicos, ouve as nossas selecções de atletismo e a nossa selecção de râguebi....o futebol para aqui não é chamado, pois neste momento o lamaçal está sob suspeita de ser aquilo que na realidade é...uma verdadeira tristeza nacional.


Mais motivos de orgulho...os nossos bombeiros que lutaram contra os criminosos que ateiam este belo pais, os nossos pescadores que arriscam a vida e morrem na praia....sob os olhares incapazes e de uma multidão que espera pelo socorro que não chega!


Provavelmente esqueci-me de alguém...mas não posso deixar de esquecer de todos aqueles que sacrificam um pouco do seu tempo para dar algum conforto e bem-estar àqueles que nada têm e mais necessitam.


Enfim, nunca mais é 2007...


Deixo-vos com Fernando Pessoa



Nem rei nem lei,

nem paz nem guerra,

Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra

Que é Portugal a entristecer -

Brilho sem luz e sem arder,

Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quere.

Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

27/12/2006

...Natal só para o ano!


...tão rápido como o trenó que é puxado pelas renas, assim o Natal passou. Foram dois dias em que a palavra familia rimou com alegria. Como o nosso povo diz, o Natal é quando o Homem quer, e enquanto houver alegria e vontade de a partilhar, assim estaremos todos nós cá para manter a tradição.

No fundo, todos nós temos um pouco de Pai Natal e todos nós afirmamos a pés juntos que não acreditamos nele. O ideal será acreditar mesmo no bacalhau, pois enquanto houver disponível no mar, de certeza absoluta que vai ser o único a não ter motivos para festejar.


Votos de uma quadra feliz!

10/12/2006

...sinto-me mais descansado!

Sinto-me mais descansado agora por saber que afinal o facto de não terem sido tomadas medidas conservativas do cordão dunar da costa Norte da Costa da Caparica se deveu a falta de verbas.
Fiquei sinceramente aliviado por ter lido no caderno principal do Expresso, na sua edição de 8 de Dezembro último, que o problema da violência nas escolas não escolhe região, escalão etário ou classe social. Ainda relativamente aos diferentes artigos, fiquei subliminarmente alegre por saber que Portugal não é caso raro no espaço comum, e que o facto de exisirem alunos em instituições de ensino básico que sofrem de extursão é algo paradigmaticamente normal.
Fiquei consolado pelo facto de saber que os milhões de euros que o nosso país tem recebido em fundos comunitário para o sector agrícola foram uma oportunidade desperdiçada, salvo raras excepções que segundo alguns "constituem a regra", e que de uma maneira marcante, têm contribuido para o acelarado desenvolvimento do sector e para colmatar a desertificação do mundo rural (talvez seja por isso que que cada vez mais o nosso mosaíco agrícola seja um verdadeiro albergue espanhol?!).
Fiquei alegre quando li que existem organizações eco-anárquicas no nosso país que ainda defendem a importância dos habitats de espécies em vias de extinção, e outras nem por isso, tais como o lobo e a cegonha, em deterimento da expansão de um munod rural fantasma, desabitado, desacredita e envelhecido. É sempre bom ter a consiciência do que mais importante do que regular caudais de rios, produzir energia de uma forma amiga do ambiente sem produção de CO2 e manter o que está mal, é destroir o orgulho de quem habita no interior esquecido. Aliás, o case-study das gravuras de Foz Côa vs. Barragem de Foz Côa é um exemplo fiel desse frenesim ecologista que tem varrido o nosso lindo país. As gravuras não sabem nadar, o lobo tem alergia a barragens e o que interessa é manter a dependência as oligarquias do crude.


Contudo deixo para último uma notícia que me deixou paraplégicamente alegre. Vão construir mais um novo estádio de futebol, aliás mais dois...um na Póvoa de Varzim e outro na ilha no enclave da Madeira.


Sabem bem acordar num país assim e respira de alívio!

PS: uma nota final para uma mulher que teve a coragem de dizer a verdade....parabéns Carolina!

09/12/2006

Memorabilia

John Lenon (9 de Outubro 1940-8 Dezembro 1980)

so this is christmas
and what have you done
another year over
a new one just begun
and so this is christmas
i hope you have fun
the near and the dear ones
the old and the young
a very merry christmas
and a happy new year
let's hope it's a good one
without any fear
and so this is christmas
(war is over...)
for weak and for strong
(...if you want it)
the rich and the poor ones
the road is so long
and so happy christmas
for black and for white
for the yellow and red ones
let's stop all the fight
a very merry christmas
and a happy new year
lets hope it's a good one
without any fear
so this is christmas
and what have you done
war is over - if you want it
war is over - if you want it
war is over - if you want it
war is over - if you want it

08/12/2006

12 boas razões para...


...odiar o Natal

1 - "Last Christmas" - Wham
2 - "White Cristmas" - Bing Crosby
3 - Decorações de Natal em Setembro
4 - Bolo-Rei de Supermercado
5 - Prendas de Natal (nunca conseguimos oferecer o que queremos nem receber o que queremos)
6 - Especiais de Natal na TV (incluíndo a "Música no Coração")
7 - Natal dos hospitais
8 - Tudo faz menção ao Natal
9 - Somos obrigados a ouvir "Música de Natal em PanPipes", ou o Coro de Santo Amaro de Oeiras
10 - Olhar para o saldo bancário dia 1 de Janeiro
11 - Existe sempre menção a neve no Natal, mas neve que é bom, nem vê-la
12 - Constatar que há solidão nos outros, fome nos outros, mágoas nos outros que, egoistamente, não vemos por estarmos a fazer 'compras de chacha' em bichas imbecis...

06/12/2006

v.s.f.f.


...terei eu já acordado do sonho? ou será que aquilo que oiço ainda são os seus passos por entre a folhagem adormecida de Outono. Será que a fada se afasta por entre a escuridão da floresta, ou serei eu que começo a divagar por entre as linhas que nos afastam do horizonte. A noite canta por entre o último suspiro do astro rei, e lá longe já só vislumbro o manto aúreo que a rodeia. A história apressa-se para as últimas linhas e lá longe apenas um sorriso e um último olhar!

Prometeu que voltaria para adornar o sonho que agora se extingue, pois outros outonos virão e outras histórias haverá para contar.

a história segue dentro de momentos após compromissos publicitários!

04/12/2006

in Memoriun


"Actos de injustiça feitos

Entre o sol ponte e o nascente
Jazem na história como ossos, um a um"



Ele não morreu porque só morre quem se esquece.




Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro (1934-1980)

12/11/2006

Quero, posso e compro!


...já fiz a árvore de Natal. Da parte da manhã andei a enfrentar a nebulina da maresia e após um banho de alma decidi entrar no mundo desencantado dos brinquedos.

É absolutamente incrível...no meu tempo só tinhamos contacto com as prendas na manhã do dia 25 de Dezembro. Ainda me lembro como se fosse hoje, mal despertávamos por entre o ambiente gelado da noite branca, corriamos para a cozinha. Lá estavam eles...dois, três embrulhos e pouco mais. Era a maior felicidade do mundo. Raramente o Pai Natal se enganava ou trocava os nossos pedidos. Também naquela altura o brinquedo mais complicado era porventura o carro dos bombeiros. Não existiam Action Man, consolas de jogos ou outras enormidades. Os tempos eram simples, os sonhos eram limitados.

Andava eu pelos corredores de uma superfície comercial em busca de uma lâmpada para o meu carro e os carrinhos sulcavam passos acelarados repletos de caixas multicores, com listas de exigências e olhares constrangidos face à multiplicadade de escolha e carteiras. São as próprias crianças que lideram o saque às prateleiras que se esvaziam perante a lógica consumista. Os pais de agora são autênticas marionetas de um espectáculo que já não organizam, um show em que a magia do Natal já não se sente e em que a surpresa é uma miragem.

Eu não consigo ser assim, e mete-me muita confusão este frenesim capitalista do posso, quero e compro. O que mais me perturba é o facto de aquelas crianças já não respirarem nem sentirem a beleza da época e serem eles a impôr as regras.


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Aqui em casa, o Natal ainda é branco e o espiríto ainda é quem comanda a vontade.

07/11/2006

Feliz Natal


...a viagem estava correr de feição, sobretudo porque o carro tinha controlo automático de velocidade, mas eís que um dito filósofo da politíca ousou afirmar com toda a petulância que uma operação à apêndicite iria custar tanto ao necessitado pagador doente como o equivalente ao pagamento da portagem de uma lúdica deslocação de Lisboa a Aveiro pela A1, em primeira classe.

Que raio de país é este em que um primeiro irresponsável do governo desta ditadura à beira da Europa e do precipício, Ousa afirmar- qual pai Bush ("Read my lips, no more taxes!!") que um dia teve de engolir meia dúzia de reais inverdades- que os portugueses estavam melhores, que a confiança era maior e que os sinais da retoma eram por demais evidentes.

Valha-nos a Nossa Senhora de Guadalupe, será que estou mesmo do lado de cá do Atlântico!? Terei eu acordado no meio de um bananal democrtático...isto mais parece a república democrática das bananas,sa uma ilha na América latina, um oásis no deserto, chamem-lhe o que quiserem...mas não digam que é Portugal!

Num país onde ser-se funcionário do Estado é crime lesa majestade, onde os bancos arredondam a taxa do nosso roubo, onde os padres são raptados e cantam com os raptores alguns cânticos alusivos à Nosssa Senhora de Fátima, onde ser-se deficiente é pretexto para uma caçada aos impostos, onde os assaltantes de bancos pedem dinheiro para os sequestrados e onde se fecham maternidades e hospitais pediátricos...enfim, já para não falar nas escolas que se fecham para que as pobres das crianças possam andar a pé e de autocarro horas a fio, para poderem sentar-se no meio da modernidade das vilas e cidades...o que dizer mais!?

Salvem-se todos e comprem castanhas assadas porque são boas, e são mágicas!!

PS: Feliz Natal ...eu sei que faltam dois meses mas pelos vistos já começou!

09/10/2006

...a castanha


...por mero instinto voltei para trás! já alguns dias andava a namorar sabor que exalava a caldeira da locomotiva. Hoje não podia continuar a perder o meu comboio de estórias passadas. Peguei no jornal ainda quente, olhei para o chão como quem acaba de sentir uma sensação agradável, levantei os olhos e vi o passado a aproximar-se como se uma lufada de ar fresco se tratasse. Olhei bem fundo e respirei um sorriso, pois no meu intímo muitas mais sensações estalavam...para alé das castanhas.
Caminhamos com a suvidade que o anoitecer propicía enquanto saboreava o seu aroma, o seu travo amargo mas absolutamente inconfundível. Lembrei-me de quando era pequeno e recebia as castanhas ainda húmidas que lá longe, alguém apanhava por entre espinhos e arrepios de chuva. Antes de saborer a castanha há que libertá-la dos espinhos, o mesmo se passa com as rosas. Foi bom, especialmente porque foi inesperado...amanhã certamente que não vou poder saborer da mesma maneira e com a mesma alegria. Talvez tenha sido um acaso ou uma coincidência feliz mas foi algo que soube muito bem...e momentos destes não se compram!conquistam-se e merecem-se...

01/10/2006

Dia Mundial da Água


A Água

"Meus senhores eu sou a água
que lava a cara,
que lava os olhos
que lava a rata
e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem,
que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.

Manuel Maria Barbosa du Bocage.

12/09/2006

...começou


...o gelo começou a derreter.
Pode parecer estranho mas ontem senti o Outono.
Quando fixei o olhar no horizonte vi o mar com uma cor diferente, quando olhei para o chão vi o reflexo da primavera em tons amarelados. À medida que caminhava ouvi o sopro final da natureza e senti um tremor a percorrer a alma. Ao contrário do normal, não acelarei o passo, antes olhei em redor, senti o perfume do ar e deixa-me levar como as folhas que jazem no chão. Os dias estão cada vez mais pequenos e frios, mas ao contrário do comum mortal é nesta época que sinto o calor que emana o gelo e a luz que irradia da escuridão. À noite sucede o amanhecer e por cada folha que o vento empurra e o solo consome, a vida continua o seu inapelável curso. Mesmo no mais remoto e frio pensamento existe um sopro de vida. Por mais encurralado que se sinta o ar aprisionado no gelo, existe uma primavera que o liberta, um sorriso que o aquece. O segredo é não sentir o frio. Não é por perder as folhas que a árvore esmorece ou perde o seu encanto...debaixo da rudeza da casca e da opacidade da sua fibra existe vida. A seu tempo e sem pressa novas folhas surgirão e voltará a ser primavera.

07/09/2006

...silêncio


...como se a solução estivesse à tona da água. É como aquela palavra que ficou retida por entre uma troca de olhares, ou aquele gesto que ficou imóvel no pensamento. São lapsos que se cometem, são "takes" que não passaram do argumento e que a fita não irá projectar na escuridão da sala. É uma onda que morre antes de molhar a areia, uma árvore que seca antes da primavera. É uma parede de silêncio que se ergue em nosso redor e para a qual não temos resposta ou não queremos ultrapassar. Mas o lado positivo é que por mais ondas que tenha o mar, murmúrios silenciados que nos assombrem, não existem muros, oceanos ou fusos horários que nos impeçam de prosseguir com um sorriso nos lábios e um acalorado conforto na alma pois não reside em nós o cerne do problema, antes somos a solução...

30/08/2006


Us and Them
And after all we're only ordinary men
Me, and you
God only knows it's not what we would choose to do
Forward he cried from the rear
and the front rank died
And the General sat, as the lines on the map
moved from side to side
Black and Blue
And who knows which is which and who is who
Up and Down
And in the end it's only round and round and round
Haven't you heard it's a battle of words
the poster bearer cried
Listen son, said the man with the gun
There's room for you inside
Down and Out
It can't be helped but there's a lot of it about
With, without
And who'll deny that's what the fightings all about
Get out of the way, it's a busy day
And I've got things on my mind
For want of the price of tea and a slice
The old man died

29/08/2006

o último a sair apague a luz...


Ainda faltam algumas horas mas o último pôr-do-sol é sempre o mais estranho. À medida que a tela celeste se enche de tons quentes é todo um conjunto de memórias, de olhares de pensamentos, de sensações que são sugados como os grãos de areia numa ampulheta. É como se todos aqueles momentos que passei fora deste mundo passassem em poucos segundos num caleidoscópio. Mas a inevitabilidade de regressar do nirvana impõe-se, e como tudo na vida o último a sair que apague a luz.

Não se pode dizer que tenham sido as férias da minha vida mas foram breves momentos de serenidade e paz interior. Afinal de contas é tão fácil sentir esse alheamento de tudo o que se passa lá fora quando estamos rodeados da mãe natureza!

Daqui a alguns meses já posso retornar ao bosque encantado, olhar para o casal de corvos a regressar ao ninho ao fim do dia e quem sabe, ter uma conversa agradável à lareira...

31/07/2006

Last call...


...e o sino tocou para a última rodada. Bem pelo menos é assim nos típicos bares londrinos. Aqui não há sino, mas sim um último olhar o mar antes do comboio partir.
Hoje tive saudades do mar, daqueles pequenos barcos na foz do tejo, daquelas criancinhas que brincavam no "areal!?" da praia da cruz quebrada. Daquele cego que todos os dias de manhã está na rampa de acesso aos comboios na gare de Oeiras, e que apesar das contingências da vida, está sempre bem disposto, enfim...das vozes, dos rostos e de todas as pequenas estórias que intersecto no meu trajecto diário.
Ainda não fiz a mala, mas já comprei um dos dois livros que pretendo ler este verão. Na bagagem levo um livro absolutamente intragável, mas que por defeito e mal feitio de profissão tenho que relembrar, e na outra bolsa, um livro de Mark Twain (Contos satirícos) para exaurir um pouco de boa disposição. Não que eu não divirta quando estou "lá na terra"(....ah, que saudades!!já só faltam quatro passagens com o cartão de ponto!), antes pelo contrário, mas sabe sempre bem estender a toalha por baixo da copa das tílias e ler um pouco enquanto o sol torra a terra mal amanhada.
A única coisa que peço, é que chova pouco, carvão q.b. para os meus grelhados, e que a viagem de ida e volta corra dentro dos limites legais e admissíveis. Quanto ao resto, é só empurrar porque férias, são férias.

...até já!!

24/07/2006

"O vinho é composto de humor líquido e luz."


...depois de poisar a rolha, soltam-se os taninos que a paisagem e o solo moldaram, libertam-se as horas de suor, a alegria de ver a videira, crescer e dar fruto. O néctra flui no cálice, da mesma maneira que a água que cai do céu, com suavidade e com uma melodia própria. Depois é só erguer o a tela de cor ocre e avermelhada, e sentir os tons do rubi contra a luz em movimentos circulares.
Mesmo antes de saborearmos o fruto da terra derramado, devemos parar e sentir o aroma que emana e só depois devemos sentir a maré cheia de sensações que exalam desse precioso liquído.

...e boa viagem!


"Boa é a vida, mas melhor é o vinho"
Fernando Pessoa

18/07/2006

Olho por olho...

Será que ainda ninguém se apercebeu do drama que está a decorrer. Por ventura alguém já se ergueu e disse basta. Por quanto tempo mais assistiremos à impunidade de um estado dito democrático, que ataca sem qualquer noção de proporcionalidade ou misericórdia, civis inocentes, e destrói as infra-estruturas e a dignidade de um povo. Aqui no ocidente de contradições e hipócrisias, esboçam-se comentários vagos de apelos à paz e à tolerância. Alguns preferem a contenção verbal e a politicamente correcta sensação de apreensão e desconforto, outros há que defendem o agressor sob a já gasta capa da auto-defesa perante o terrorismo e fundamentalismo islâmico. De um lado e de outro, parece existir um estranho imobilismo na tomada de decisões drásticas. Será que o simples rapto de uns soldados é motivo suficiente para atacar um país vizinho. Será que a guerra, na verdadeira ascenção da palavra é algo banal e descartável: rapte hoje, que amanhã invadiremos o seu território!
Olho por olho, dente por dente....sorriso por desgraça e tristeza. A triste conclusão que se chega é que a primeira metade do seculo XX não foi suficiente para alertar algumas consiciências. O agredido de outrora passa a ser o agressor, o tirano e o assassíno sob a cobertura mediática, com honras de abertura de noticiários e capas de jornais, e o mais desesperante, com o notável patrocínio da comunidade internacional.

Daqui solto o meu grito de alerta em favor das mulheres e crianças inocentes que estão a ser vitímas da arrogância e da impunidade.

12/07/2006

wish you were here...

Remember when you were young, you shone like the sun.
Shine on you crazy diamond.
Now there's a look in your eyes, like black holes in the sky.
Shine on you crazy diamond.
You were caught on the cross fire of childhood and stardom, blown on the steel breeze.
Come on you target for faraway laughter, come on you stranger,
you legend, you martyr, and shine!
You reached for the secret too soon, you cried for the moon.
Shine on you crazy diamond.
Threatened by shadows at night, and exposed in the light.
Shine on you crazy diamond.
Well you wore out your welcome with random precision, rode on the steel breeze.
Come on you raver, you seer of visions, come on you painter, you piper, you prisoner, and shine!


...deste pequeno canto para o lado obscuro da lua, a minha singela homenagem.

bye Syd

07/07/2006

FORÇA TUGAS, FORZA SQUADRA


Va, pensiero, sull'ali dorate, Vai pensamento, em asas douradas,
Va, ti posa sui clivi colli Vai, pousa nos declives, nas colinas,
Ove olezzano tepide e molli.... Onde exalam mornas e suaves...


...força legionários do Risorgimento, façam renascer a squadra azzurra contra a chauvinista marselhesa, mostrem-lhes como se joga futebol e vinguem a lusitana selecção de todos nós.


e vós arautos da nossa portugalidade, entre perigos e guerras esforçados, mais do que permita a força humana, entre gente germânica edifiquem, novo reino que tanto aspiram. O sonho é nosso, mas a glória será vossa...



04/07/2006

WHITE



Eu não diria que branco seria sinónimo de infelicidade.
Custa-me a acreditar!
Neve, frio, belo, imenso.
Branco é puro,
céu,
lua cheia.
Branco é gelo,
é um olhar transparente,
uma folha sem palavras,
uma pauta sem melodia.
É uma nuvem.
Branco é quando fechamos os olhos,
e olhamos para o sol.
Também é quente.
Branco é um sorriso.

30/06/2006

BLUE

Aqui fica uma sugestão para um fim-de-semana romântico!

http://www.douroazul.pt/douroazul.php?l=1

Serve o Douro
a limpidez do olhar.
Serve esse corpo de água e terra
e gente interior nessa luz
a navegar.

27/06/2006

RED


...é vermelha, bela e infinitamente perfeita mas pérfida por natureza e triste. Tal como a figueira que amaldiçou um judas, marcou o metade da humanidade com um pecado dito original, mas que nada adiantou. Foi essa mesma nota de cor que perante a pureza e ingenuidada de um branca de neve, nos adormeceu com uma maçã oferecida por uma bette-noire ignóbil e demente, obcecada pelo narcisismo de um espelho que reflecte e não erra. É também com essa mesma maçã que o ingénio humano descobre a gravidade. É a seiva que nos escorre impulsionada pela alma, a mesma que nos fere com paixão. Vermelho é Marte, guerra, é a força é a garra. .É o rubedo para os alquimístas. Vermelho é belo, esquerda. Vermelho é sexy, é uma rosa. É sangue.

31/05/2006

Muro da Vergonha

...o ano era 1982. Nas festas de aniversário, ouviamos o albúm de The Wall. Numa das músicas gritava-se um hino que ainda hoje ecoa no meu subconsciente.

"We don't need no education We dont need no thought controlNo dark sarcasm in the classroomTeachers leave them kids aloneHey! Teachers! Leave them kids alone!All in all it's just another brick in the wall.All in all you're just another brick in the wall."

Nessa altura, eu e todos aqueles da minha idade cantávamos alegremente como se mais uma música se tratasse. Obviamente sabíamos o significado da letra (sim nessa altura aprendia-se inglês!). Os tempos eram outros. O grito de rebeldia próprio dessas idades, não se materializava no nosso quotidiano escolar. Existia uma anormalidade chamada respeito e uma aberração denominada educação. No filme o jovem Pink luta para deitar abaixo o mundo cinzento, opressivo e desumano que o rodeava. Estávamos em plena era do Tatcherísmo, a inglaterra era dominda pela dama de ferro, era o tempo da guerra fria e em Portugal, tal como sucedera nos últimos séculos, atravessávamos uma grave crise económica.
Hoje, a crise económica manté-se na ordem do dia, já não existe guerra fria, mas o mundo em que vivemos é tudo menos cor-de-rosa. As imagens que ontem foram difundidas acerca da violência nas escolas portuguesas, é o retrato fiel do estado calamitoso e indecorso a que chegou a educação no nosso país.

O grito de guerra, que na minha inocência costumávamos cantar, passou a ser uma regra de ouro. Agora não são os alunos que gritam, mas sim os próprios professores que clamam por ajuda.

É triste! Aonde estão os valores morais desta sociedade? será que existe por aí alguém que consiga deitar abaixo este muro de vergonha?

PARABÉNS TOMÁS!...

29/05/2006


...há dias em que a ponte parece estar num equilíbrio frágil entre a fluidez do rio enegrecido pelas estrelas que brilham por os últimos desabafos do sol, e a solidão da noite que se aproxima. É nessas altura que olhamos para trás e ficamos com a sensação que não dissemos tudo ou não tivemos a coragem suficiente para tal. Fica o vazio, ficam as frases inacabadas ficam os olhares vazios. As palavras essas ficam no limbo , no âmago do precipício. Por vezes, o olhar e a expressão reflectem aquilo que o verbo esconde. Mas fica sempre a dúvida, e continuará até que um dia a torrente encha o rio e o sol brilhe de novo, e tudo fique transparente e claro.

24/05/2006

Brain Damage


...adoro aquela música! aliás não consigo imaginar o contexto musical das últimas décadas sem aquele album.

a primeira vez que olhei para a capa senti um arrepio só de imaginar que era algo parecido a matéria que tinha aprendido nas minhas aulas de físico-química. Passados estes anos todos ainda olho para a capa e me lembro de outros tempos! Por que será que existe sempre um passado associado a uma música. Quantos de nós não associamos um pedaço da nossa vida, um momento por mais fugaz que seja a uma música. Por vezes até uma palavra, um som ou uma pausa na música, fazem-nos mergulhar na imensidão de memórias passadas. No meu caso concreto que não consigo imaginar a vida sem um tom ou uma nota musical, cada acorde é uma pauta de imagens passadas. Mesmo quando estou isolado no silêncio da solidão, existe uma melodia no convés do navio-fantasma. Basta olhar o sol a serpentear as ondas na entrada da barra do tejo, para surgir por entre os carros que circulam na marginal um Tristão e Isolda do Richard Wagner. Quando chego estou a beber o meu fiel descafeínado estou em Marte, com os planetas de Gustav Holtz. À hora do almoço...o barulho é tanto que não consigo cantar, susussar ou sequer descançar!
Ao fim do dia, adormeço por entre a multidão com Mozart e quando chego a casa, qual maestro do coreto, abro o liro e penso numa qualquer sinfonia.

...nunca estou só e quando me sinto só, existe uma orquestra imaginária
...sem música, não sinto e não penso e não vivo!


PS: Brain damage in Dark Side of the Moon (Pink Floyd)

15/05/2006

Obviamente demito-o


Nunca uma frase foi tão sonora ao ponto de acordar um país inteiro.
Nunca a liberdade amordaçada gritou tão alto!
Nunca a vontade de um povo foi tão longe,
Nunca a coragem de um só homem será esquecida
Ele não teve medo...

09/05/2006

la notte scorsa io la sogno


...estava deitada sob um manto de flores num jardim, e eu sentado à espera que as as folhas de outono dessem lugar às petalas incandescentes da primavera. O vento soprava gélido e cintilante com o rair dos primeiros acordes do dias, e à medida que a as notas se sucediam na pauta, a imagem transfigurava-se por entre as brumas da manhã. Quando abri os olhos já o dia encerrava a noite, e o único vislumbre da penumbra eram algumas estrelas que aindam resistiam ao olhar do astro sol. Tão perto e tão longe, dois mundos separados por um breve olhar que se desvanece com a alvorada. É assim todos os dias enquanto houver dia e existir uma noite. São versos dispersos, são notas distintas...

08/05/2006

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."


...recuso-me a acreditar em rostos sem face, que vivem o dia-a-dia ocultados numa esfera hermética e não reparam que o quadro que lhes é pintado, está coberto de pinceladas de negro. Será que andamos todos cegos? Por ventura não existem razões de sobra para exteriorizar revolta. Eu também confesso a minha quota parte de impenetrabilidade perante o status quo instituído pelas nomenklatura reinante. Mas não me calo!
Entrei no comboio e vi rostos silenciados pela monotonia da paisagem, sai da estação com os clamores dos vendedores de rua...mas não vi alegria. Sentei-me no autocarro e ouvi dois reformados inconformados com a situação criada. Essa situação, que explica outros tantos atentados à nossa liberdade e à nossa auto-estima. Fiquei feliz por saber que não sou o único que pensa de maneira diferente. Ser diferente, nos dias que correm é quase sinónimo de estigmatizado. Não poder conceber, ou não possuir capacidade económica (mas um grande desejo)para poder gerar mais crianças passa a ser um estigma, por decreto e aclamação. Felizmente existem outros tantos milhares que não pensam assim, e foi vê-los de branco áureo contrastando com o cinzentismo dominante na fotografia.
Na realidade, não vi pessoas...apenas naturezas mortas, vi flores num jardim abandonado, vi sombras de uma fotografia a preto e branco. Fico feliz por ser diferente mas triste por não poder olhar de maneira diferente.

04/05/2006

Arbeit macht frei


...a sensação de passar pelo portão e repetir esse bom dia da praxis é a pior coisa do mundo. Tive um professor que escreveu um livro interessante que versava a temática da vida sem o acto de trabalhar. Por que é que trabalhamos?
Será um necessidade fisiológica inexplicável? Será uma atracção fatal picar mais uma mão cheia de horas da nossa vida?
Por vezes imagino-me numa cadeia a riscar a parede imunda com uma pedra ciselada. Mais um dia,mais um traço.
Até quando?
Quem será mais feliz, aquele que vive ou aquele que é prisioneiro de um sistema economicista absurdo. Marx dizia que o capital remunera o trabalho. Eu digo que esse Marx, para além de burguês, era alcoólico e batia na mulher, por isso não devia ser de grande casta. Keynes disse e passo a citar: "eu preferiria ter razão vagamente, que precisamente estar errado". Ele não tinha a certeza mas moldou a consciência de parte da nomenklatura governante do ocidente. Eu, na minha singela opinião acho que estamos entregues aos bichos!
Será que o mundo governado pela lógica do dinheiro, é um mundo saudável! Nas antigas sociedades onde não existiam trocas económicas, não havia riqueza? por venturas as pessoas eram infelizes? Porque é que existe uma dicotomia entre dinheiro e felicidade?Porque é que o tempo é dinheiro?

Afinal de contas será que o poeta estava errado quando disse que o sonho comanda a vida? Ou afinal de contas é o trabalho que orienta a vida?


Depois disto amanhã, juntamente com milhares de outras mentes amordaçadas vou trabalhar...mas contrariado.

03/05/2006

Ich würde gern fliegen


...recuperei as linhas soltas do último livro que encima a pilha de manuscritos na minha mesinha de cabeçeira. Aliás não é só aí que a minha vida parece um monte de folhas secas de outono. Tudo em meu redor jaz num mundo de caos ordenado. Talvez seja o refelxo do trânsito caótico que me inspira as minhas manhãs solitárias. Tudo à minha volta são números, comboios de cores, figuras de seres semi-acordados, é o sol que cobre o céu azulado, é o barulho da agitação e da rotina da vida urbana. É tudo. Não existe ordem, não existe uma equação que resolva, nem teorema que explique o frenesim matinal...
...por vezes apetecia-me voar! bem alto para onde pudesse respirar a tranquilidade que me falta e o silêncio que tanto anseio!

PS:...gostava de ir a Paris!

02/05/2006

Credere


Momentos há em que a esperança se esvai por entre os grãos de areia numa ampulheta. Será que existem motivos para sorrirmos, motivos para olhar em frente. As horas passam ao sabor de um tempo que permanece imutável. Qual a diferença entre o hoje e o amanhã, ou o ontem?
O que é que eu fiz de diferente?
Qual foi a resolução do dia?
Será que cada dia é uma repetição do anterior?
Será que o a fita partiu-se e no ecrã de um cinema escuro e sinistro, a cena repet-se incessantemente ao som da bobíne e das engrenagens do projector?
Estarei eu a sonhar ou será que sou uma personagem esquecida de um filme mudo a preto e branco?
Tal o melhor seja fechar os olhos...

01/05/2006

"No principio era o verbo..."


O que seria de nós se não existisse o verbo. Provavelmente, estariamos agora a cantar como as aves, ou a gesticular incessantemente como alguns primatas. Será que desde os primórdios da génese humana evoluimos assim tanto? Quantos de nós ainda preserva os instintos agressivos, e irracionalidade?
Se olharmos em nosso redor, e ouvirmos os ecos que nos invadem de outras paragens, vislumbramos, dor, miséria, ódio e morte. O espaço ocupado pelo amor e a bondade, parecem spots publicitários num dia-a-dia manchado pelo sangue. Talvez não fosse má ideia para durante uns breves minutos e ler a parábola do bom samaritano. O simples acto de ser não implica necessariamente espezinhar o próximo...e é bom que isso fique ciente pois o próximo somos todos nós!