31/12/2012

...last famous words


Vim agora da minha última tentativa [bem sucedida] para comprar uma bomba de confettis made in China e uns balões coloridos com um Happy New Year com hélio português. No caminho das pedras fui tomando um conjunto de notas mentais sobre a minha perspectiva pessimista realista sobre o ano que se avizinha.Chove.

Depois de um 2012 para esquecer a todos os níveis mais umas quantas sub-caves, tudo o que seja acima de mau vai acabar por ser suficiente ou mesmo aceitável, um pouco como as notas na pauta do primeiro período. Desde logo o meu acto de fé: não acredito neste OE2013 publicado hoje na surdina da azáfama das passas e do espumante rasca.  Definitivamente deixei de me rever nas projecções optimistas do Governo, sobretudo num ministro que falhou em toda a linha e num conjunto de aprendizes que todas as semanas se reúne em redor do mais ilustre habitante de Massamá.
 
 

Depois de Troika, crise e austeridade, as palavras que vamos continuar a ver pintadas nas paredes e nas bocas do mundo continuarão a ser desemprego, perda de direitos e convulsão social. Tal como o advinho Spurinna também eu alerto para o perigo dos idos de Março. A publicação dos dados do INE no boletim da Primavera, bem pode ser este o princípio do fim da epifania política do senhor de Massamá. Para o sucesso desta nossa desventura, espero estar errado.

Mas antes, já em Fevereiro vou estar atento ao dito plano de "Refundação do Estado", esse momento Artur Baptista da Silva do nosso PM. Só ainda não entendi uma coisa de somenos importância: como é que um plano que é apresentado aos parceiros como um facto consumado e presente aos reis magos da Troika envolto em incesso e mirra, mantém-se em discussão até o verão quente de Agosto?

Já nas próximas semanas, depois das férias decretadas por sua Exa. O Senhor dos Pastéis de Belém e do Bolo Rei, o Tribunal Constitucional vai-se transformar numa espécie de El Corte Inglès no Black Friday. Vai ser um ano em cheio para os excelsos juízes do Ratton, a começar com a fiscalização sucessiva do OE2013 acarinhada pelo PS, BE e PCP..e umas quantas vontades recalcadas do CDS e PSD, a revolução administrativa em curso, O IMI, entre outos fait-divers. Ainda assim, o prime-time está reservado às telenovelas Isaltino, BPN, Monte Branco, Submarinos, Casa Pia e outros tantos episódios truculentos do nosso quotidiano. No fundo a continuação do longo capítulo da injustiça á nossa moda.

Algures entre o retorno das andorinhas e a próxima Feira do Livro [se entretanto não for anulada pela CML por novas obras no Marquês], será interessante verificar se submarino azul aguenta a tormenta da agitação social abrilista. Apesar de confiar mais nas previsões das ciganas romenas do Parque Eduardo VII, estou em querer que o Caldas vai começar a escaldar antes de levantar fervura na Lapa.

Lá para os meandros do calendário há um Congresso do PS, altura em que veremos se é desta que o Presidente do ajuntamento de freguesias agregadas à força de Lisboa vence o seguro de vida deste Governo. Sim porque não é com açaimes de raiva contida ou lapsos de memória recente que este partido socialista leva a noiva ao altar. Relembremo-nos que os nubentes em causa resultaram um casamento civil de conveniência, com um padrinho à espanhola em Belém, com uma vontade irrascível de manter a relação incestuosa. 

Ainda não falei do BE porque ainda não entendi a química entre o Semedo e a Catarina. Pessoalmente gostava mais da oratória barroca do primo do outro Loução. Quanto ao PC do camarada Jerónimo só espero que a cassete passe finalmente a DVD.

2013 vai ser um ano parco em vendas sonoras. Já pouco sobra, mas ainda há a Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha ou a  Torre dos Clérigos. Estou indeciso entre vender a Madeira aos marroquinos ou alugar o Allgarve aos Sarracenos, mas de todas as hipóteses a que me satisfaz mais será sem dúvida alguma  a concessão desses espaços de inaudita fruição e prazer, por tempo indeterminado tal como sucedeu com a ANA. Esta sim seria uma medida com impacto visível no défice público. Matavam-se dois coelhos numa cajadada: por um lado acabava o triângulo das bermudas da economia madeirense no erário público, e por outro os portugueses podiam começar a beneficiar a poupança e o aumento da produtividade em detrimento do dinheiro supérfluo gasto em vícios pouco saudáveis como passar férias na praia ou comer em estações de serviço de qualidade duvidosa sandes de leitão a preço de caviar russo.

 Ainda no subcapítulo da produtividade, para além dos supra assassinados feriados civis (ver último post), a Santa Sé deu bênção a dois autos de fé. Este conjunto de medidas de reciprocidade duvidosa vai ter como corolário…mas 1 dia de trabalho comparativamente a 2012. Nada a acrescentar em abono da medida. É bem provável que o vendedor de farturas ou a roulotte das sandes de courates serão os mais beneficiados com a medida.

Também pode ser que Abril traga boa novas e tudo o que atrás disse seja manifestamente o contrário do que presumo. Nesse caso, as minhas desculpas pelo equívoco técnico!É que equívocos destes também acontecem....

 
Mas não digam que eu não avisiei!

photo by: Ines Belkhala

...every time I say goodbye




O Ano de 2012 foi a todos os níveis memorável. Em primeiro lugar este blog teve mais visitantes e comentários do que check-in do aeroporto de Beja, por outro lado gastei menos tempo a escrever do que nos anos anteriores e não cedi à opressão do Novo Acordo Ortográfico. Por último, este blog mantém a classificação DOC 100% português sem corantes nem conservantes que é como quem diz, ao visualizá-lo está a contribuir para a economia nacional e para o equilíbrio do défice da balança comercial. Mas nem sempre foi assim.

De facto, o ano que agora termina pode ter sido o início dos piores anos das nossas vidas:

1.       Continuam a fazer de nós palhaços pagantes no circo da política caseira;

2.       Somos confrontados com declarações bizarras e assaz tristes nas redes sociais dos principais magistrados da nação: PM e PR; há que chamar os bois pelos cornos;

3.       Foi decretado o fim do 1 de Dezembro e do 5 de Outubro, os feriados mais antigos e mais significativos do ponto de vista histórico;

4.       A receita bimby que a Troika nos impõe conduziu milhares para o desemprego, milhares para o limiar da pobreza;

5.       Os amigos do BPN continuam confortavelmente sentados no trono da inocência a saborear a austeridade imoral, enquanto nos centros de desemprego e no desconforto da noite, rostos de solidão e resignação choram por dias melhores;

6.       O Estado Social foi substituído pela caridade mesquinha e a necessidade de racionamento, numa trajectória evolutiva pautada por uma iníqua falsidade social;

7.       Os pobres, os reformados e todos aqueles que supostamente beneficiavam da extrema bondade do Estado, são mais hoje do que nunca, os bodes expiatórios de uma insensibilidade social nunca vista em democracia;

8.       O SNS e a Educação, sustentáculos de década de luta e reconquista são hoje um castelo de cartas ao sabor de um memorando que ninguém quer perfilhar, mas onde todos se refugiam;

9.       etc.

Muito haveria para dizer…basta sair e acreditar no que vemos, já que a realidade que nos vendem não passa de banha da cobra.

Até jazz!

24/12/2012

...um Santo Natal para todos!



1Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. 2Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. 3E iam todos recensear-se, cada qual à sua própria cidade. 4Também José deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judéia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da linhagem de David, 5a fim de recensear-se com Maria, sua mulher, que se encontrava grávida. 6E quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz 7e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoira, por não haver lugar para eles na hospedaria. 8Na mesma região encontravam-se pastores, que pernoitavam nos campos guardando os seus rebanhos durante a noite. 9O anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu em volta deles, e tiveram muito medo. 10Disse-lhes o anjo: “Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: 11Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor. 12Isto vos servirá de sinal para o identificardes: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.” 13De repente, juntou-se ao anjo uma multidão de exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
14 “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de Seu agrado.” 15Quando os anjos se afastaram em direcção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos então até Belém e vejamos o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.” 16Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o Menino, deitado na manjedoura. 17E quando os viram, começaram a espalhar o que lhes tinham dito a respeito daquele Menino. 18Todos os que os ouviram se admiraram do que lhes disseram os pastores. 19Quanto a Maria, conservava todos essas coisas ponderando-as no seu coração. 20E os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, segundo lhes fora anunciado.

(Lucas 2,1-20)

02/12/2012

...ai aguenta, aguenta!

…a esta hora algures em Almada, uma enorme barraca de venda de cassetes mono deve estará a fervilhar de ideologia e colectivo partidário. Sim é o enésimo congresso do PC. E este ano mais do que nunca a cassete esteve presente, não só no acto inaugural com aquele instantâneo do jornalista do Expresso, mas no discurso político. Convenhamos, a doutrina pode ser um pouco compartimentada, ortodoxo, dura, o que entenderem, mas a realidade dos factos, paulatinamente tem dado razão às teses defendidas elas vozes que ecoam daquele lado de lá da iron curtain. Já na sexta-feira a saudosa Odete citava outro indefectível camarada da causa, o Almeida Garret :
«E eu pergunto aos economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?».
 Mas vamos a assuntos mais adstringentes: enquanto na Alemanha punem-se com penas de prisão os responsáveis pelas negociatas dos submarinos, por cá distrai-se a opinião pública com um julgamento sui generis em que a defesa alega que os pecados estão todos perdoados derivado ao facto de existir um novo agreement de contrapartidas entre o Estado o Grupo alemão MPC. É sempre agradável quando tudo termina em bem, não é? Mas vamos por tartes, :
  •  2 submarinos que nem sempre funcionam bem e com alguns remendos - 1.070 M€ (pagamento até 2026)
  •  Contrapartidas negociadas na altura do anterior contrato com a German Submarine Consortium (geridas pela Man Ferrostaal) – aproximadamente 1.210 M€ distribuídos por 39 projectos de capacitação e indústria portuguesa
  • Novo acordo entre o Ministério da Economia e o fundo de investimento MPC - recuperação do hotel de luxo Alfamar (Albufeira) e um investimento de 150 M€
 Quando o limite da generosidade alemã esbarra na intransigência do actual Governo, podemos estar seguros e confiantes na defesa da (des)causa pública.
 
....para dar continuidade à submersão demagógica do negócio...
 
...durante o zapping que habitualmente faço durante os noticiários indigestos da hora do jantar em família (um dos luxos que ainda conservo) pareceu-me ouvir o (ainda) PM a referir-se a qualquer coisa semelhante a co-pagamentos na educação. Pasme-se, o corte da tal refundação, reformulação, o diabo que o carregue da reforma do Estado Social, iria ser inteiramente direccionada para as prestações sociais e para as pessoas, já que segundo os dados confirmados e sublinhados pelo INE, 70% da despesa total do Estado português incide sobre essas rúbricas.
 
Não digo que a novidade do PM tenha sido uma cluster bomb, ou uma blitzkrieg, mas os soundbytes já fizeram moça nem que tenha sido pela recusa frontal por parte do ministro Nuno Crato no que diz respeito ao ensino básico. Quanto ao ensino secundário e quanto ao SNS, já tenho as minhas dúvidas que as fatwas inscritas na redacção da Constituição particular do Governo, não lancem as bases para um regime fundamentalista alicerçado na educação e saúde só para alguns. Será que são necessárias mais crianças a desmaiar nas escolas com fome? Quantos agregados irão suportar o pagamento de propinas no ensino secundário, para além dos avultados custos que isso acarreta actualmente!!
Mas não deixa de ser curiosa esta perspectiva simplista & simultaneamente ignorante por parte da teocracia que (ainda) nos governa. Quando o discurso da oportunidade para aproveitar a crise, o vislumbre de uma nova oportunidade perante o facto consumado do desemprego, este novo desígnio ultramarino de exportar jovens e não jovens para outras terras, para outros mundos, passa a ser denominador comum de todos aqueles (que por agora) juram a pé juntos fidelidade ao actual establishment, refundar o Estado Social retirando todas as conquistas obtidas por décadas e séculos de luta em matérias fulcrais como a educação e a saúde, é apenas o corolário da vocação de um político menor, num país que merecia muito mais.
 Dividir para reinar sempre foi o desígnio de gente medíocre, e em última instância o prenúncio do seu colapso.
Quiz da semana:
1.       Quantos aviões aterraram esta semana no aeroporto de Beja?
  • Opção 1: <1
  • Opção 2: entre 1 a 3
  • Opção 3: >3
2.       De entre os grupos sociais, seleccione aqueles com maior probabilidade de atirarem pedras à Assembleia da Repúlica?
  • Opção 1: Estudantes anarquistas mascarados.
  • Opção 2: Estudantes anarquistas mascarados, estivadores, sindicalistas, professores, trabalhadores da RTP, funcionários públicos na disponibilidade, desempregados.
  • Opção 3: Estudantes anarquistas mascarados, estivadores, sindicalistas, professores, trabalhadores da RTP, funcionários públicos na disponibilidade, desempregados, e agentes de segurança infiltrados.
3. Qual a próxima rotunda que vai ser alvo de refundação pelo Presidente da Cãmara Municipal de Lisboa?
  • Opção 1: Saldanha
  • Opção 2: Relógio
  • Opção 3: ambas
4. Os banqueiros portugueses acham a ideia da criação de um Banco de Fomento?
  • Opção 1: Não, até ao dia 12 de Novembro
  • Opção 2: Sim, depois do dia 12 de Novembro
  • Opção 3: ambas
Por último, uma pequena observação: o membros da Troika vêm na figura do nosso ministro da fazenda uma personagem fascinante, único quiçá. Gostava que alguém me explicasse, uma medida, um facto, um número que espelhasse de forma inequívoca essa devoção. Preferencialmente fundamentada com dados do INE, como é óbvio, e não como os eufemismos e o sarcasmo das suas intervenções.
Nota de redacção: o burro e a vaca não entraram no quadro de disponíveis do Presépio, o Gaspar mantém as mesmas oferendas, mas passou para terceiro na hierarquia dos soberanos adoradores. Quando chegar à Páscoa, logo se verá se o Coelho se mantém.