18/04/2011

...trim, trim

...depois de ouvir as primeiras palavras do Otelo [geralmente só se pronúncia sobre o quer que seja quando as craveiras estão em flor!] ainda pensei que andasse a beber do mesmo copo que um famoso pedófilo da nossa praça andou a provar desdee os tempos de cárcere nas bonitas e arrumadas instalações prisionais da judiciária autoridade. Mas esta semana após uma expiação das suas palavras  lá emendou o soneto e começou a reivindicar um sonho que teve algures entre a Primavera de Abril e o Verão quente do PREC- uma espécie de democracia directa em que, supostamente os partidos se submetiam à vontade popular. Fazendo um paralelo com com novel M12M, seria o equivalente  a uma Islândia ibérica em que qualquer utilizador de Facebook ou outra rede de arrasto, poderia convocar uma referendo à la carte, por exemplo para abolir por exemplo os parquímetros no centro de Lisboa, ou as portagens na Ponte 25 de Abril, ou possivelmente acabar com as extensas férias parlamentares. Seria engraçado mas demasiado tentador...

Mas depois, de ouvir as palavras teatralizadas do Nobre candidato à puta tiva e exclusiva função de presidente da Assembleia da República, cheguei à firme conclusão que afinal não é o único que anda a beber do Santo Graal da irracionalidade, e que em boa verdade, o consumo de substâncias alucinogénicas está de facto massificado na sociedade. Ao ler a entrevista do apartidário Nobre candidato a de putado, lembrei das sábias palavras de Lincon: "government of the people, by the people, for the people". Aquilo que proferiu é a antítese ao tal "desapego do poder" que ontem tentou disfarçar na entrevista. Posso até profetizar que a sua rentrée dará azo a um desapegado flop eleitoral se continuar a abusar da ingenuidade política que revela. Mas enfim! É com este tipo de ingredientes que o comum português, menos se revê e mais se aflige na hora de decidir entre um prato de carne ou um prato de peixe.

Entretanto, enquanto aquele refinado humorista vai colando cartazes na sinalética urbana de Lisboa em direcção ao FMI, é com agrado matinal [para não dizer enjoo!] que ouço os comentários económicos diários sobre as puta tivas recomendações[ordens] que a troika [não confundir com perestroika!] financeira nos vai agraciar nos próximos 3/4/5/e adiante anos da nossa existência económica!Sublime tentação para a depressão nacional.

Estou certo que as medidas que estão a ser confeitadas nos corredores da Praça do Comércio vão ser tão agradáveis como ortigas na palma da mão. Mas não desesperemos. Com a agilidade de um colete de forças associado ao silêncio soturno do nosso nosso PR e a exímia arrogância do nosso PM, certo certo é que nem o coelho da Páscoa nos salve de uma desgraça à muito anunciada pelo expatriado Medina Carreira.

Depois de tudo somado e fazendo a prova dos nove, chegamos à conclusão que afinal de contas ninguém tocou à campainha para saber se lá dentro havia ou não esqueletos no armário, e um dia são eles que nos batem á porta!...

Acabem-se com as campainhas!...

Agora sim que venha o toque...o rectal!

photo by: Margarida Araújo

04/04/2011

...primavera?

...agora sim posso afirmar que da manta morta do inverno, surgiu clara e doce primavera que nos deslumbra com o sol gélido da manhã. Doce e aveludada pele que faz surgir gomos florais, onde a dormência agora terminada enche de alegria as mil e uma cores que a retina capta. Não fosse tudo isto uma ilusão, diria que estávamos na Primavera, mas não. Estamos em plena crise. Duraram 3 minutos até me aperceber que o capitão Ahab mantém a firme convicção de nos forçar rumo ao descalabro. Podia ter começado a entrevista com a memorável frase: "Call me Ishmael." Ainda me interrogo como tantos continuam a apontar o a lógica como se um arpão se tratasse, um arpão que nos fere a cada passo. Olhando de lado, de frente ou por detrás, para esse Parténon que construiu em seu redor (não aquele que o Eduardo Souto Moura tanto mitifica!), esse monumento mitológico à divindade da sua personalidade, diria que aquilo que a vista alcança a paciência esgotou há muito! Já não são as suas lamentações, os seus "ais", que me movem [se é que alguma vez a maça do Newton caiu alguma vez a meus pés!?quanto mais a cabeça!]. Nem mesmo as suas dores de parto quando fala da sua firme defesa de Portugal desperta qualquer tipo de comiseração. Vivemos numa espécie de primavera Marcelista, lá fora as papoilas dão cor aos prados e no semblante de muitos os cravos já cantam Abril, mas no fundo, estamos ainda embriagados no longo inverno do nosso descontentamento. Sem rumo, atrás de um destino desconhecido, de um abismo branco. Um vazio de ideias, um nada.

Photo by: DDiArte