21/11/2010

...a besta, o Bo e a Ritinha... e gorjeta!


Mare Nostrum Pátria deles



Perante a Cimeira da Nato, basicamente tinha duas hipóteses: ou enclausurava-me na nova mega superfície comercial da Quinta do Conde na esperança de encontrar lá alguma desempregada a gastar os últimos trocos, ou uma qualquer empregada a relatar em directo que tinha faltado para ser a primeira a entrar no recinto, ou ainda um qualquer estudante “baldas”, e assim evitar os holofotes mediáticos e a confusão na 2.ª Circular, ou então pegava nas chaves e ia até Vila Nova de Poiares apreciar uma Chanfana de Cabra bem regada em vinho tinto e umas couves cozidas absolutamente tenras.
Optei pela segunda mas com uma pontinha de vontade de experimentar a primeira. Confesso mesmo, ainda sinto um ligeiro formigueiro na bolsa pelo facto de não ter experimentado os terminais de pagamento de uma das novas lojas!

Mas afinal qual foi o chamamento, o leitmotiv,o alinhamento dos planetas a estrela de Belém que encaminhou os 40 chefes de estado, a “Besta” do Obama (refiro-me à limousine!) e a filha do ministro Amado até à Cimeira da OTAN? Decididamente o gadget de cortiça, os pásteis de Belém e a oportunidade de se reunirem no único local do mundo em que as pessoas têm mais do que fazer que partir montras, queimar bandeiras e imolarem-se em megafones e declarações agressivas mas inócuas.

Estou certo que o nosso ministro da admiração interna deve estar tremendamente arrependido pelo facto de ter gasto uns trocos (os tais que ainda abundam no bolso da desempregada!?) nas tais viaturas blindadas não bélicas que nunca chegaram, e que agora vão patrulhar os bairros e ruas problemáticas da Bela Vista, da Cova M, da Soeiro Pereira Gomes e da Lapa. Lá no âmago da sua inconsciência, possivelmente acordou com aquele mau hálito matinal que até moscas mata, com o peso de não ter aproveitado o dinheiro nas melhoria das instalações de algumas esquadras degradantes, ou na educação religiosa de alguns policias da esquadra da Boavista aqui na pátria urbe. Mas não! Você ignorante contribuinte que se queixa por método e declinação, já imaginou os galões de gasóleo que o nosso Estado poupou pelo facto de ter substituído essas bestas, por umas motos 4x4 com uns bonitos pirilampos de Natal azul celeste? Sim porque também o nosso glorioso líder pai da nação Sócrates [ler com sotaque amaricano!] deu um forte incentivo para a busca de energias alternativas ao conduzir um Leaf o qual, modéstia a parte, nem que fica mal no meio das aburguesadas bombas germânicas e da “Besta” do Obama.

Teoria heliocêntrica de Portugal

É verdade, para além de sabermos que o amigo português no presidente Buraca Obama chamar-se David, ficamos incrédulos com o facto de saber inclusive falar português. Coisa rara nos imigrantes! Em suma, o facto de estarmos intimamente relacionados com o homem mais poderoso do mundo a seguir a à senhora Hu (vá puxem lá pelos conhecimentos de geopolítica!!é a senhora que prepara o pequeno almoço de clepes! quem é? quem é?), à Sra. Merkel, à Oprah e ao Horatio do CSI, coloca-nos algures na equidistância do epitélio superior Norte e o pedúnculo inferior Sul, ou seja no centro do mundo.

Ainda melhor. Depois de Ossana  [não será Obama!?] nos ter revelado que a alberga no seio da sua família, nos corredores e na casa de banho do r/c do seu apartamento na Pennsylvania Avenue mais um português, o Bo, podemos finalmente considerar que todo o universo gira em círculos mais ou menos achatados e aborrecidos em nosso redor. Bo, talvez o único cão do mundo a seguir ao dálmata do rouxinol faduncho que teve direito às mãos calejadas de um mestre artífice chinês na sua concepção e pintura, e que serviu de pretexto ao nosso Presidente da Respública [vénia respeitosa] para chamar assim uns minutos de atenção no Palácio de Belém, e assim dar descanso á massagem tonificadora de ego do nosso Primeiro-ministro. Sim porque com é do conhecimento geral [vox populi] todos sabemos como é que as massagens começam, mas não sabemos como é que amanhã os Mercados as vão terminar!?


White block

Consta que o Manuel Alegre sentiu uma comichão para também ele se acorrentar à paragem do 28 na Av. Infante D. Henrique ao pé do mausoléu do Santiago Calatrava,em manifesto anti Nato, anti Pastéis de Belém e anti qualquer coisa que diga ou lembre Cavaco, mas o bichinho da caça ao gambuzino foi decididamente mais arrebatadora, isso e o poema que estava a ler. Em sua substituição tivemos uma manifestação compartimentada [nada de misturas e mesclas]. Aliás, foi o próprio camarada Jerónimo, líder da facção vermelha do Block deu ordem expressas para que os ilustres camaradas se afastassem da malta dos piercings, dos keffyeh palestinianos e dos cabelos com aspecto de não serem lavados desde a década de 90 do século passado e com ninhos de melro na cabeça. Por sua vez líder secretário Louçã do Block d’Esquerda ordenou à PSP que ignorasse alguns membros da sua comitiva com alguma mortalha fumegante no canto da bioca,e desse especial atenção aos betos anarquistas vestidos de negro [Darth Vader incluídos] e cara tapada que por ali passavam, não fossem eles começar a desancar com os bastões de baseball e cocktails molotov nas bonitas montras capitalistas que ainda dão alguma vida à nossa Av. Da Liberdade. Consta que a representação islâmica na manif se quedou pelo Centro Comercial da Mouraria, e algumas ruas do Martim Moniz. Afinal em plena semana de Hadj não havia razões suficientes para andar a queimar bandeiras americanas e israelitas com tanta coisa para fazer! Ele é sete voltas ao contrário em redor da Kaaba, ele é ir buscar as sete pedras ao Monte Arafat para apedrejar o Jamarat al-Aqaba. Eu sei lá! Para além disso com a crise que está, andar a deitar-se na rua para sujar a peça de roupa branca que custou um porradão de dinheiro a lavar e a engomar, não lembra ao careca!

Sugestões de semana:

Dia 21 – Comece o dia a celebrar o facto de todos sem excepção terem comentado a excelente capacidade organizativa de Portugal e mostre a sua indignação pelo facto da besta do Obama ter dito que a Cimeira não tinha sido excitante. Refira ainda que se ele queria excitação que fizesse como o Berlusconi no Elefante Branco ou que fosse comer um hambúrguer em Kabul!

Dia 22 – Acabe o dia perto da hora do almoço com uma valente dor de cabeça pelo facto de não ter conseguido estacionar o carro na nova superfície comercial na Quinta do Conde, em opção faça uma piada brejeira sobre o discurso duplicado do ministro das Obras Públicas e o seu Secretário de estalo!

Dia 23- Faça um discurso ligeiro ai por voltas das 16:00 até às 17:47 sobre a utilização do preservativo pelo Papa como forma de não proliferação de armas nucleares.

Dia 24 Dia de Greve Geral- se é funcionário público e presa a amizade dos seus colegas nos próximos meses [enquanto se lembrarem do gesto!] faça como eles, vá à nova superfície Comercial na Quinta do Conde e não vá trabalhar!;

Dia 25 – Celebre com euforia as virtudes da greve e da grande adesão que os camaradas colegas de trabalho tiveram a esse evento mobilizador da sociedade portuguesa. Acabe a divagação com a necessidade do Sócrates [com sotaque de rua e demais predicados] mandar para as urtigas o ministro das finanças, o amado ministro, a ministra da educação, a ministra da saúde, o ministro da defesa e o gajo que comprou os chaimites!Aproveite e saia mais cedo para tentar arranjar lugar no novo centro comercial que abriu na Quinta do Conde.


PS: e a gorjeta!? quer dizer gastamos o dinheiro todo e ninguém deixa gruja?!

06/11/2010

...não batam mais que o homem tem dor


Começo com a notícia de capa do Expresso que acabou por inviabilizar a degustação prazenteira do meu pequeno almoço. Há crianças nas escolas a passar fome, algumas das quais escondem esse facto e há inclusive alguns agrupamentos aqui bem perto que estão a ponderar a abertura das respectivas cantinas ao fim de semana e durante o período das férias. É triste, muito triste. Como alguns de nós já reparamos, este mês não houve [e sabe Deus quando haverá!?] abono de família. Vou ser sincero. No meu caso não é a quantia em si que resolve os meus problemas. Era apenas uma economia para ser utilizada muito mais tarde quando os petizes necessitassem, por exemplo para o ensino superior [desejo e anseio de pai!]. Por um motivo maior, patriótico quiçá foi-me retirado. Pelo que li, o Estado perspectiva uma poupança global de 250 milhões euros com esta medida de salvaguarda da fazenda pública.

Não hasteei a bandeira nem me ofereci em holocausto aos deuses do mercado muito menos queimei incenso na fotografia do Ministro das Finanças. Também não me comovicom a dor de alma do PM [antes fosse de rins para sofrer um pouco mais!]. Penso que esse meu dinheiro [infelizmente!] será utilizado para as contrapartidas da renegociação das tristes e famosas PPP ou o buraco do BPN. Nada como siglas para iludir o contribuinte menos atento. Mas talvez uma leitura mais atenta ao recente relatório do INE sobre a pobreza em Portugal e em particular nas crianças nos possa fazer reflectir sobre o gesto irreflectido que o secularissímo PM acaba de fazer. Passando das crianças para os mais idosos, ainda na triste senda deste país em quasi bancarrota, fiquei igualmente incomodado com o artigo de opinião da Clara Ferreira Alves. Sim, este país não é para velhos. Não obstante o facto de serem ignorados e marginalizados , ainda por cima lhes cortam as pensões, diminuem as comparticipações e pelo andar do circo ainda lhes barram o apoio social, a bem da saúde financeira do país que os "acolhe"! Esse país ou esse Estado bombeiro, que acode a todos e que o Miguel Sousa Tavares por vezes renega (com a devida vénia pelo encanto da sua escrita) nestas situações tem mesmo que vestir as vestes do bom samaritano meu caro MST, ou qualquer dia caímos no engano de um sistema supra capitalista em que metade da nação se insurge pelo facto da outra metade ter apoio social mesmo não trabalhando (uma espécie de telenovela americana já gasta e pouco recomendável!).

E por falar em telenovela, saúdo o Expresso pelo furo jornalístico da fotografia da verdadeira e única sede do poder em Portugal. Trinta anos depois desse fabuloso debate entre o Dr. Soares e o Dr. Cunhal (que apesar da tenra idade assisti com os meus pais ainda na velha phillips a preto e branco) finalmente chegamos à conclusão que aquele bando de pessoas singulares que têm como profissão deputados não servem para absolutamente nada, a não ser mandar bitaites e carregar no botão da votação electrónica. Afinal de contas o documento mais importante dos últimos 25 anos de democracia, foi discutido e acertado por dois respeitáveis anciãos da causa pública (um deles reformado e o outro indulgente com as dores d’alma do nosso PM) numa sala na Lapa com um belo chão em tábua corrida e com uma cesta de frutas meio vazia, um lapís, uns papéis e um ipad. Nem Vermeer teve tamanha inspiração, ficou-se pela rapariga do brinco de pérola.

Só faltou mesmo o chá no quadro e teríamos o nosso tea party à portuguesa. Por falar em tea party queria expressar o meu orgulho pelo povo americano. Alterar o satus quo vigente sim. Atacar as políticas da saúde e segurança social do presidente Obama, obviamente! mas acabar com a masturbação como pretendia a candidata Christine O'Donnel isso é que não!...masturbação para bem da nação como cantaram os Ena Pá 2000....eis um bom candidato à presidência!....acabo de ter uma epifania!...

Mas deixando de parte os prazeres sublimes da carne, depois de ver o resumo alargado dos dois dias de debate do OE20111 fiquei com duas certezas:

1. O nosso PM está na recta final da sanidade, pois já vibra com a fugaz intervenção da Manuela (vizinha de bancada do igualmente escondido Zé Pacheco Pereira);
2. ainda mais evidente, a frase singular que, e passo a citar, "...a subida dos juros da dívida não tem nada a ver com Portugal”. Pois não pá!E nós andamos aqui só para pregar sustos aos funcionários públicos e ao leite com chocolate das criançinhas!!

Como se não bastasse o facto de o candidato Alegre, mostrar já sinais evidentes de desespero ao afirmar [pasme-se!] que a greve geral do próximo dia 24 também passa pela actuação presidencial, também temos um candidato pouco ami no que toca a pagamento da renda da sede de campanha, um candidato madeirense cuja caravana de campanha é um carro funerário, e um candidato comunista que pouco ou nada diz e quando fala confunde presidenciais com política governamental . Em suma, e batendo as claras com o devido ritmo, isto está uma verdadeira ejaculação mal amanhada.

Mas não desesperemos. O jovem Passos o homem da mudança, o homem que traz sangue novo tem o remédio para tudo isso. Calabouço para os incumpridores. Processos crime para todos. Eu acrescento guilhotina meus concidadãos. No final sobra o Dr. Catróga, o Ministro Santos e a burro de presépio.

E por aqui me fico que as castanhas estão saborosas e jeropiga Paciência está no ponto.

Deixo alguns números sobre o desvio da execução orçamental dos últimos anos de governação para que os fieis crentes do nosso mártir PM possam também eles comungar das dores d'alma:

2005 – 900 milhões €
2006 – 770 milhões €
2007 – 400 milhões €
2008 – 200 milhões €
2009 – 100 milhões €
2010 – 1200 milhões €
2011- ...tudo depende das compras de Natal do camarada Hu Jintao e da disposição matinal da Sra. Merckel

...o resto são rosas Senhor!

PS: pede-se aos senhores boys do PS que se dirijam com alguma urgência às inciativas de campanha do Manel senão ele saca de um poema!Façam com a Manela vos ensinou, sorriam e finjam que estão contentes!

04/11/2010

..merci!

"...Paris sera toujour Paris" dizem, mas ainda assim nada se compara ao azul céu de Lisboa nem a luz que o calcário transmite às nossas fachadas.. Os famosos telhados de paris com os seus gatos e águas furtadas não se comparam com o bailado geométrico que a vista alcança no miradoro de São Pedro de Alcântara. E nem a arquitectura do mestre Haussmann se compara com o burlesco de uma alfama ou uma mouraria. Lá e cá as ruas são sujas, muitas vezes por incúria e desleixo dos transeuntes que vêem em cada recanto a oportunidade de aliviar a pedra no rim, ou um bom local para guardar a beata preventiva ou o lenço usado e abusado. Se Paris tem glamour, romantismo!? se ouvimos a concertina ou lemos um poema sentados no Les Deux Magots? Sim. Sente-se, sabe bem...e é caro! Não sei com é possível beber um simples expresso e pagar com se estivessemos sentados na Place Vêndome na loja da Cartier a escolher um diamante. É certo que o sabor tem um sabor especial [a caro!] mas nada se compara a um bom delta ou mesmo a um nicola no quiosque mais próximo. A baguette essa sim é uma instituição, e nada como circular debaixo do sovaco para dar aquele saveur de nouvelle cuisine. Na rua vendem-se sobretudo as famosas baguettes, os crepes e os inevitáveis cachorros, nesta altura também castanhas assadas na chapa!  Mas nada como para numa patisseire para nos deixarmos encantar pelo turbilhão de sensações organoléticas num simples olhar. Enfim o chef recomenda...mas nunca para apenas um fim de semana. Paris só se absorve na totalidade com pelo menos uma semana. Outra coisa curiosa é que em qualquer um dos bairros, o estacionamento dos carros é uma espécie de bilhar Às três tabelas, muito ao jeito do inspector Closeau. Tudo que seja mais do que 20 cm entre cada pára choques é um excesso, pelo menos têm a garantia que os pára.-choques são utilizados para a função. As francesas têm uma magia um je ne sais quoi...são bonitas e charmosas, e geralmente andam acompanhadas com o seu cão de raça [nada do frugal vira latas!]. Curiosamente e ao contrário do que o Stephen Clarke referiu no seu livro a Year in the Merde, o cão francês não é tão generoso como o português que deixa cadeaux em tudo o que é metro quadrado de calçada. Outra particularidade de Paris...tal como outras cidades cosmopolitas, é barulhenta e habitada por seres de todas as proveniências e mais algumas, de tal forma que ao descer alguma zonas não nos apercebemos se estamos no Martim Moniz em hora de ponta ou na Boulevard de Magenta. Paris é uma cidade pequena, os arredores é que se perdem de vista. A rede de metro é densa como Londres mas incrivelmente fácil de decorar [aqui em Lisboa perco-me com tão poucas linhas], mas ainda assim com tantos locais de interesse para visitar, nada com andar a pé e sentir na pele a vivência da cidade. Em suma...tenho que lá voltar nem que seja para perder dois dias no Louvre!...ah!...é engraçado ouvir um francês a tentar falar inglês!!