31/10/2008

felix dia das bruxas

...o dia das bruxas é desde à muitos anos sinónimo de fantasia e mistério. Este ano o mistério foi mesmo jantar com dois vampiros, a fantasi será acordar amanhã com bandos de putos a pedir o pão por Deus!...o resto são abóboras

30/10/2008

...Luna

..vem mesmo a propósito dado que, daqui a umas horas se celebra um pouco por todo o mundo, a noite da bruxas ou a noite das bruxas, ou noitadas de feitiçarias...cá no nosso país- Halloween para os amigos!

Para condimentar melhor a noite nada melhor do que uma aromática Luna...

...um grande abraço para o meu amigo Ricardo Amorim e que a digressão pelos States esteja a ser memorável!

29/10/2008

...little girls dreams

...pouco passava das 8 da manhã quando entrei no hall do centro comercial, o cheiro a café e torradas despertou o meu apetite mas o que despertou mesmo a minha atenção, foram as decorações natalícias, a imponente árvore de Natal no centro da área da restauração e a as luzinhas, estrelinhas que cobrem o tecto.

Olhei para o telemóvel para verificar se me tinha enganado no sono , mas não! 29 de Outubro.

Por acaso o Natal já começa em Outubro? Nos meus tempos áureos, começava algures em Dezembro...mas em Outubro?! confesso que fico cada vez mais baralhado com tudo isto. Eu já andava a suspeitar com a minha caixa de correio atafulhada de promoções e enfeites natalícios, e que a publicidade logo pela manhã já começa a tradicional lavagem cerebral com os reclames de brinquedos...mas, estamos em Outubro!!!

28/10/2008

...o bufo

...e começou a caça aos bufos na Administração Pública. Depois dos telefonemas do nosso PM a tirar esforços com os directores dos semanários, dos recados para este ou para aquele que se insurge contra a marcha da governação, como se já não bastasse a insistência da Assembleia da Républica (como alto paitrocínio da maioria governamental e da conivência oportunista de alguns partidos da oposição com receio de eventuais represálias em altura de processo eleitoral no território) acerca o Estatuto Político Administrativo dos Açores, chega-nos agora a invasão da privacidade dos email dos funcionários das Finanças numa tentativa ao melhor estilo Estado Novo, para tentar descortinar e trazer à barra da justiça o(s) bufo(s) que andam por aí a colocar armadilhas a torto e a direito. Que o diga o Jumento, o mais recente bode expiatório da blogosfera.

Diz o ditado que quem rouba um ladrão tem 100 anos de perdão...será que quem bufa o bufo que bufou tem igualmente a mesma sentença divina?

Relativamente ao Estatuto dos Açores, e como disse o ilustre Ricardo Costa (que diga-se em abono teria certamente um brilhante futuro político se se atrevesse!!) e passo a citar, "o que está em causa não é o estatuto, pouco relevante para a política nacional, mas sim os poderes presidenciais. E nesses poderes nunca se deve mexer."

O nosso desGoverno, obcecado pelos henredos palacianos e ciente do desastre que se começa a propagar na nosso economia, tenta-nos agora distrair com este verdadeiro número de circo cujos contornos só podem querer dizer uma coisa: teimosia.

É a máxima do quero posso e mando na sua plenitude. O que se seguirá agora? uma nova versão numa pendrive, estripada de alguns artigos polémicos, ou uma manobra de magia encapotada tipo "financiamento dos partidos políticos" (que foi habilmente desmascarada e que ainda hoje motiva alguma raiva contida ao nosso PM).

É caso para dizer, quem terá sido o bufo que introduziu à socapa as alterações inócuas da proposta de Lei do Orçamento!? terá sido culpa do bufo ou terá sido a pen?

26/10/2008

...carta de uma mãe preocupada

Não posso deixar de divulgar neste apeadeiro, um aviso à navegação que fui conhecer ao hoje ao blog da minha caríssima e-bloguista Ana.
Sr. Engº José Sócrates,
Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras. Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).Gostaria de começar por lhe falar do 'Magalhães'. Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha.O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto 'Magalhães':No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.. No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.. No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros 'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.. No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço.Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder. Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o 'Magalhães'? Que planos tem para o integrar nas aulas? Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo-de-artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus! Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suasiniciativas!Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia do quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressupostos são disciplina e rigor, então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados.Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é 'obstinado', como dizem os poetas. Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinaras metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.Mas, por falar em Velho do Restelo...... Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar.Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20anos.Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem:
'Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano d'alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito (...)'
Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas no leito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo? Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada. É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História. Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la.Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar? Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por 'alegado teor pornográfico' e o de Inês de Castro igualmente, por 'incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade'.Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do 'lápix' azul?E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra? E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor?Senhor engenheiro José Sócrates: vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo. A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá.Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis.Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo.Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho. Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor. Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel.A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha? E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha, que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar.Às vezes dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder com a sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente...Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresenta uma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida.Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas 'os meus sentidos pêsames'.Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta. Sabe, é que eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas, alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação! Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos e escrevem obscenidades.Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado. Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah...espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos...Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir 'senhor engenheiro para cá', 'senhor engenheiro para lá'. É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma.Esta carta não chegará até si. Vou partilhá-la apenas e só com os meus E-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas.Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.
'A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preeminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás?
Que histórias?
Que triunfos?
Que palmas?
Que vitórias? '
Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa,
Uma mãe preocupada"

24/10/2008

...um sorriso por 3 vinténs

...cada dia que passa são menos os sorrisos que o tempo nos reserva! Haja por isso quem, nestes conturbados tempos, tem coragem para exteriorizar alguma alegria.

...sai mais cedo hoje, e para esquecer algo que vai na alma, caminhei até à estação a cantarolar para dentro aquilo que cá fora me encanta todos os dias.

...mesmo com o frio do fim da tarde, e por entre a chuva de folhagens outonais, senti por momentos essa alegria que parece andar arredada. Talvez pelo facto de ser o fim de semana, quem sabe. Mas soube bem. Melhor ainda foi chegar a Oeiras e sentir o calor de uma dúzia de castanhas embrulhadas por um rosto tão enrugado pelo cansaço da vida, como as páginas amarelas que as mantinham acesas...escusado será dizer que, não foi com uma dúzia de vinténs e outro tanto de boa vontade que o negócio se concretizou

Veio-me à memória o ínício da Dreigroschenoper do Kurt Weill"...tão pomposa, como só um mendigo poderia sonhar, e porque ela deveria ser tão barata, que até os mendigos a possam pagar, ela se chamará A Ópera dos Três Vinténs".

Não. Já nem os mendigos ouvem ópera nem ousam comprar castanhas assadas a 2 euros a dúzia.

Um bom fim de semana e um sorriso pepsodente.

PS: a música é de um grupo que só existe para alguns poucos, tipo eu- Liquid Tension Experiment, o que tem as suas virtudes, já que só mesmo eu entre muitos, a poderei cantarolar...

22/10/2008

ACDC

...é dos concertos que simplesmente nunca esqueci!! Noite memorável no Estádio do Belenenses numa noite quente nos já longínquo ano de 1996, com o mago Joe Satriani a aquecer as hostes na 1.ª parte. Pois é! Finalmente já saiu o novel álbum da banda dos irmãos Young! O mundo muda, a musica transforma-se mas o som e mensagem prevalecem!...

...agora resta esperar que o tal concerto para Abril aqui em Lisboa se concretize!...

...olhares


(foto :B. Coelho)


"Companheiros, porque razão não se retira a liberdade aos
lindos olhos de uma bela mulher?

Eles alvejam um homem como um tiro.
São mais afiados do que uma espada"

20/10/2008

...3 chávenas de chá

...o facto de o meu francês estar constantemente a necessitar da ajuda do meu dicionário online, levou-me a fazer uma justa troca pelo livro que fazia sombra ao candeeiro da minha mesinha de cabeceira.
...achei curiosa a capa e ainda mais o título, num passagem extemporânea pela Bulhosa de Linda-a-Velha...Três Chávenas de Chá.
...só posso dizer que fiquei rendido logo nos primeiros capítulos. De uma forma resumida conta a histórica verídica de um montanhista americano que ao falhar a subida ao cume do K2, é "salvo" por uns aldeões num lugarejo algures no Paquistão. Como forma de agradecimento, promete voltar e construir uma escola, para as meninas da aldeia...e mais não conto!

19/10/2008

...mid afternoon whisper

My window-pane is starred with frost,
The world is bitter cold to-night,
The moon is cruel, and the wind
Is like a two-edged sword to smite.

God pity all the homeless ones,
The beggars pacing to and fro,
God pity all the poor to-night
Who walk the lamp-lit streets of snow.

My room is like a bit of June,
Warm and close-curtained fold on fold,
But somewhere, like a homeless child,
My heart is crying in the cold.


Sarah Teasdale

16/10/2008

..espelho meu

...se houvesse uma palavra que definisse clara e inequivocamente os últimos dias, as últimas semanas essa palavra seria...tristeza! Não se pode dizer que tenha havido grandes motivos de regojizo, nem um exasperante esgar de felicidade. Algo paira no ar que comprime a boa disposição num redoma hermética. Falta qualquer coisa...mas não sei bem o quê!? Quiçá do Outono, das folhas que morrem no vermelho chão. Nem o som das castanhas que enche a manhã de um fino nevoeiro.

Nada desperta os sentidos...falta qualquer coisa!...se eu tivesse um espelho mágico...

12/10/2008

...à noite



"Quando escurece podem ver-se as estrelas"

Provérbio persa

...pobres de espírito

Bem aventurados os pobres de espírito porque é deles o reino dos Céus”

Mateus, 5:3

...depois do clima de pânico nada melhor do que um lufada de ar fresco para sanar as maleitas do sistemas financeiro. Desta feita o passe de magia passa pela adopção de um pacote de ajuda de 20 mil milhões de euros até Dezembro de 2009. Para ser franco fico desconfiado, pelo simples motivo que as nossas instituições não parecem padecer do mesmo mal que assola o resto do mundo. É certo que a crise não se confina às instituições financeiras especializadas nos ditos “produto tóxicos”, coisa que em Portugal não parece suceder, mas quando vemos os ditos responsáveis das instituições portuguesas a fazer a apologia da saudável liquidez das suas “tascas”, não deixa de ser curioso que sejam para eles as primeiras medidas ditas preventivas.
Também ainda não ouvi nenhum a criticar essa medida....au contraire!
Entretanto, não deixa de ser curioso as diferentes posições prototípicas em relação à matéria em apreço:
Do lado do BE e do PC é a natural cassete do primeiro bote de salvação ser para as entidades responsáveis pela situação. Convenhamos sr. Louçã e Sr. Jerónimo, esses juízos emocionais não colhem frutos da árvore da lógica, pois meus senhores, não foram os bancos portugueses que começaram a crise...ela simplesmente ainda nem sequer chegou cá me força, por enquanto é apenas uma constipação. E por favor não me venham falar de nacionalizações à la carte, porque já provámos desse vinagre.
Do lado do CDS e do Governo há que reconhecê-lo que quer os discursos, por um lado, quer pelas medidas já avançadas (algumas das quais com aplicação no OE 2009), pelo outro já a conversa de café merece o devido aplauso. Do lado do PSD...acho que vi uma notícia num qualquer semanário acerca de submarinos!?...enfim! A anormalidade de quebrar o silêncio para dizer coisas que não interessam aos portugueses parece ser o lubrificante vocal que a líder laranja tirou da cartola. Será esta a sua guideline!?...
Feliz e contente com isto fica o nosso PM, que numa manhã chuvosa aprova o supracitado OE2009 e da parte da tarde bebe chá de malvas no Bois de Bologne enquanto anuncia o pacote que vai salvar a nossa banca, os nossos empréstimos, que vai baixar o preço dos combustíveis e do descafeínado. Não importa que o pequeno comércio esteja em agonia ou que as casas em Lisboa sejam distribuídas para pagar favores políticos e amizades descartáveis. Ninguém se rala com peanuts, o importante é mesmo a liquidez!

No entanto uma coisa é certa, depois da tempestade, certamente que nos próximos tempos não iremos ouvir tão cedo os apóstolos do Estado mínimo e da desregulação dos mercados, esses "neolibeais" falhados que durante décadas enalteceram as virtudes do mercado. Mas curiosamente ou não nos últimos 13 anos só tivemos sob a aba dessas ideologias durante 3 anos. [os anos em que "nada se fez" de Durão Barroso-Santana Lopes]. O restante tempo tem sido o passeio dos arautos do socialismo na gaveta, da esquerda democrática, da 3.ª via à Zé do Pipo, e uns devaneios num pântano...

...e assim rola a nossa política. Entretanto em Belém ainda se espera a vinda do salvador...

08/10/2008

...lamento

Negros são estes tempos que vivemos. Por onde quer que foquemos a nossa atenção , avolumam-se as notícias de crise. Quando não são os bancos que fecham ou que são nacionalizados, são empresas que despedem. Temops difíceis este, em que aparente riqueza dá lugar lugar à pobreza encapuçada...e nada nem ninguém parece ter o condão de nos libertar deste eixo do mal....nem o Zé Carlos! Talvez o meu amigo Jack consiga tirar um coelho da cartola. Aguardemos portanto pela noite das bruxas!...porque até lá por mais que a taxa de juro do BCE desca, a EURIBOR não vai resistir à tentação de nos cobrir de nervosismo!

06/10/2008

...estranha forma de vida



...faz hoje 9 anos que nos deixou, mas o seu legado está bem vivo. Em cada rosto, em cada esquina, em cada um de nós, existe um pouco de fado, estranha forma de vida.


05/10/2008

...ne varieteur

...as próximas leituras de paragem de autocarro são assaz promissoras: enquanto vadiava pelos corredores da Fnac, tropecei em dois títulos que certamente vão burilar ainda mais o meu apetite por estórias e imagens, os títulos são A Faca não Corta o Fogo — Súmula & Inédita do herberto helder e o ne varieteur Arquipélago da Insónia do Lobo Antunes.

...deliciei a curiosidade nas primeiras frases mas simplesmente não os comprei, já. O acto de comprar um livro requer uma determinada pré-disposição o que não sucedeu na sexta-feira. Fica para mais tarde. Antes disso temos um pequeno livro de bolso [Les Jardins de lumière] do Amin Maalouf para devorar na voragem diária, ao qual se segue um prometido Pepetela. Depois, com o frio do advento e as noites longas de Novembro.

...ontem demos um saltinho ao Museu da Electricidade. É mais pequeno do que o imaginava mas muito interessante, sobretudo para os mais pequenos pois actualmente é apresentada uma pequena exposição simultânea com tubarões. Outra curiosidade, são as tendas que à entrada informam e sensibilizam os petizes para as diversas aplicações da energia solar. Não é todos os os dias que podemos ver um pacote de leite, ou uma garrafa de refrigerante a andar sobre rodas, ou uma baleia movida a energia solar. De todos os artefactos em exposição aquele que mais me fascinou foi o relógio digital com funcionamento a partir do diferencial eléctrico que se gera dentro de uma laranja. Curiosidade.

...hoje é dia da implantação da república! alguém está contente!?...também não. Mas como o nosso Presidente diz: a solução está em cada um de nós!...onde é que eu já ouvi isto?? certamente dezenas de vezes!...resta-nos acreditar!

01/10/2008

...L word

...dentro da programação cultural para os próximos dias não posso deixar de evidenciar a Lesboa Party. Tal como sucedeu com o pretérito ano, realiza-se no Pavilhão de Exposições do ISA na Tapada de Lisboa.

...para quem não sabe, para além da festa tem oportunidade para desfrutar da natureza e dos inúmeros recantos inóspitos lá na Tapada...para quem nunca experimentou recomendo vivamente um saltinho ao miradouro ao pé do campo de rugby...à noite é um lugar, incrível para outro tipo de sensações!


...para os mais abonados sugerimos o espectáculo Cavalia, ali junto aos terrenos da Docapesca!

...para aqueles para quem o fim-de-semana é uma maçada, vistam o fato de treino e vão passear a família para um shopping ver montras!