12/10/2008

...pobres de espírito

Bem aventurados os pobres de espírito porque é deles o reino dos Céus”

Mateus, 5:3

...depois do clima de pânico nada melhor do que um lufada de ar fresco para sanar as maleitas do sistemas financeiro. Desta feita o passe de magia passa pela adopção de um pacote de ajuda de 20 mil milhões de euros até Dezembro de 2009. Para ser franco fico desconfiado, pelo simples motivo que as nossas instituições não parecem padecer do mesmo mal que assola o resto do mundo. É certo que a crise não se confina às instituições financeiras especializadas nos ditos “produto tóxicos”, coisa que em Portugal não parece suceder, mas quando vemos os ditos responsáveis das instituições portuguesas a fazer a apologia da saudável liquidez das suas “tascas”, não deixa de ser curioso que sejam para eles as primeiras medidas ditas preventivas.
Também ainda não ouvi nenhum a criticar essa medida....au contraire!
Entretanto, não deixa de ser curioso as diferentes posições prototípicas em relação à matéria em apreço:
Do lado do BE e do PC é a natural cassete do primeiro bote de salvação ser para as entidades responsáveis pela situação. Convenhamos sr. Louçã e Sr. Jerónimo, esses juízos emocionais não colhem frutos da árvore da lógica, pois meus senhores, não foram os bancos portugueses que começaram a crise...ela simplesmente ainda nem sequer chegou cá me força, por enquanto é apenas uma constipação. E por favor não me venham falar de nacionalizações à la carte, porque já provámos desse vinagre.
Do lado do CDS e do Governo há que reconhecê-lo que quer os discursos, por um lado, quer pelas medidas já avançadas (algumas das quais com aplicação no OE 2009), pelo outro já a conversa de café merece o devido aplauso. Do lado do PSD...acho que vi uma notícia num qualquer semanário acerca de submarinos!?...enfim! A anormalidade de quebrar o silêncio para dizer coisas que não interessam aos portugueses parece ser o lubrificante vocal que a líder laranja tirou da cartola. Será esta a sua guideline!?...
Feliz e contente com isto fica o nosso PM, que numa manhã chuvosa aprova o supracitado OE2009 e da parte da tarde bebe chá de malvas no Bois de Bologne enquanto anuncia o pacote que vai salvar a nossa banca, os nossos empréstimos, que vai baixar o preço dos combustíveis e do descafeínado. Não importa que o pequeno comércio esteja em agonia ou que as casas em Lisboa sejam distribuídas para pagar favores políticos e amizades descartáveis. Ninguém se rala com peanuts, o importante é mesmo a liquidez!

No entanto uma coisa é certa, depois da tempestade, certamente que nos próximos tempos não iremos ouvir tão cedo os apóstolos do Estado mínimo e da desregulação dos mercados, esses "neolibeais" falhados que durante décadas enalteceram as virtudes do mercado. Mas curiosamente ou não nos últimos 13 anos só tivemos sob a aba dessas ideologias durante 3 anos. [os anos em que "nada se fez" de Durão Barroso-Santana Lopes]. O restante tempo tem sido o passeio dos arautos do socialismo na gaveta, da esquerda democrática, da 3.ª via à Zé do Pipo, e uns devaneios num pântano...

...e assim rola a nossa política. Entretanto em Belém ainda se espera a vinda do salvador...

Sem comentários: