28/02/2010

...panelas & tachos com pouca cousa

(foto by: DDiArte)
A distância pode condicionar o modo como observamos o objecto. Se nos distanciarmos certamente que veremos com melhor clareza a face oculta que se disfarça no esboço que tentamos perscrutar. Todavia,à medida que nos afastamos da realidade, a clareza das ideias funde-se no emaranhado de contradições que a tela nos provoca. Será que apenas uma face, ou uma imensidão de faces que se revelam a cada pormenor reavivado?

Vem isto a propósito do renascimento da famosa carta que o administrador BCP A. Vara guardou silenciosamente na sua secretária, e que a fazer fé nas suas palavras ali permaneceu silenciada.

Este simples facto per si não quererá dizer anda, apenas o detalhe de vir agora a lume um mero número de telefone. Mas se adicionarmos ao melting pot as declarações do sociólogo António Barreto nas entrelinhas do Expresso deste fim de semana ["há pessoas a ganhar fortunas para vender informações em segredo de justiça"], talvez ai comece a fazer algum sentido o porquê dos sucessivos ataques à magistratura com especial enfoque no nosso Procurador-geral. Ab initio as fugas de informação só podem ser oriundas de quem está dentro do processo. Lógica oblige.Mas no meio de tanta pureza de linguagem, de tanto mistério em redor das lutas entre o Ministério Público e o Supremo, o que falta mesmo é um juiz de Aveiro com tomates para vir ao terreiro explicar os vícios que padece a virtuosa liberdade de expressão e o malfadado estado de direito.

Mas não deixa de ser curioso que o facto de só agora entrar em cena a misteriosa personagem cuja pena alertou (ou quis alertar o nosso PM). Fica no limbo uma indelével pergunta: quem é a misteriosa personagem que já veio desmentir tudo? e que ainda não foi tida nem achada?

Entretanto e num outro "edifício anexo" da nossa magistratura de dissemelhanças, prosseguem os trabalhos da Comissão de Ética, cujas explicações dos ilustres convidados, tenho acompanhado com a voracidade de um pacote de pipocas na sala de cinema. Aliás, confesso que fiquei fã do ex-administrador da PT ex-não Representante do Estado que esta semana nos presenteou com uma panóplia de interjeições no mínimo evocativas do seu estado de espírito e uns apartes que deixaram os deputados do PC e BE com os nervos em franja. Se nas suas palavras aquilo foi dignificar a AR, vou ali e já me venho. Brilhante foi sim a sua arte da fuga. Não foi preciso recorrer a essa peça magistral da Bach para subentender nas suas parcas palavras un petit peu de não sei de nada, não me lembro, não era bem isso, e aquela repetitiva frase que o Zeinal e o chairman Granadeiro poderiam explicar melhor. Ou seja, com mais aperto no nó da gravata ou bufar de tédio pelo tempo gasto naquela estupada, haveria algum figurão que o precedesse e que por certo iria explicar melhor aquilo que lá andava a fazer.Confesso que fiquei com a nítida impressão que era qualquer coisa parecida , uma espécie de tacho com cousa nenhuma.

Depois do eterno candidato ao nobel da literatura José A. Saraiva o digníssimo sensei do falido ou ex-falido Sol, ficamos coma ideia que se não vivemos na Sícília como o Alberto João disse, devemos estar bem perto do calcanhar da bota. Pelo menos na Sícilia as famílias da noiva tinham a tradição de ostentar orgulhosamente os lençóis manchados de sangue após a noite de núpcias. Aqui na AR nem sangue nem cabazes de fruta para animar a malta . Um bouquet de flores brancas, uma aura de virgindade fétida nas poucas virgens que lá se sentam e pouca razoabilidade nas declarações. Talvez não fosse má ideia começar a fazer umas acareações entre algumas das ofendidas, pra conferir alguma verdade pornográfica à cousa. Olhem por exemplo, aproveitando o espaço do antigo Animatógrafo, outrora palco de eventos de igual monta.

Mas enquanto na AR se brinca às comichões de averiguação. No Parlamento Europeu, a coisa pia mais fino. Que o diga o nosso ilustre desconhecido Presidente Herman Van Rompuy (com o seu “carisma de esfregona”) que esta semana teve o privilégio de ser agraciado com uma actuação burlesca ao velho estilo britânico. A vossa atenção para o vídeo abaixo:







Continuando para as bandas da Europa, fiquei com um arrepio na cosnciência por saber que afinal o nosso Governador do Banco de Portugal tinha toda a razão. Andei para aqui a atacá-lo de uma forma despudorada (a esse propósito flagelo-me com um sincero mea culpa; não a boite de alterne!!) e agora nem sei o que dizer. Aliás sei. Realmente e tal como referiu um dia, “as nomeações para o BCE são mais fruto de habilidade diplomática do que de competência”. Sem sombra de dúvida uma questão de apetência natural pelo tacho.

Por falar em sombra, não pude ir à manifestação de apoio que estava marcada para a Alameda em Lisboa, por causa das condições climatérias dos últimos dias e outros precalces de natureza profissional. Curiosamente ainda não ouvi os ecos dessa vaga de fundo popular. Estarei eu demasiado distraído com as 111 músicas da edição especial da Deutsche Grammophon, ou será que cousa nenhuma se terá realmente passado?

Aproveitando a boleia da vaga de fundo, é com uma saudade contida que vou ver hoje o Prof Marcelo com a Maria Flor Pedroso. Essa dupla que preenchia a inutilidade das noites de domingo do canal público. Espero sinceramente que a vontade de ir “para casa” seja breve, a não ser que pelo caminho resolva também ele ir fazer a rodagem do carro ao Congresso. Penso que não será necessário que Cristo desça à Terra para ele entender o quão mal vai o partido laranja.

... e assim vai a cousa nossa!

27/02/2010

...flor de sal

À flor da vaga, o seu cabelo verde,
Que o torvelinho enreda e desenreda...
O cheiro a carne que nos embebeda!
Em que desvios a razão se perde!
Pútrido o ventre, azul e aglutinoso,
Que a onda, crassa, num balanço alaga,
E reflui (um olfacto que embriaga)
Que em um sorvo, murmura de gozo.
O seu esboço, na marinha turva...
De pé flutua, levemente curva;
Ficam-lhe os pés atrás, como voando...
E as ondas lutam, como feras mugem,
A lia em que se desfazem disputando,
E arrastando-a na areia, co'a salsugem.
Camilo Pessanha

(foto by:Inês Leal)

21/02/2010

185 mm

( foto: Duarte Sá/Reuters)

...é nestas horas que se vê a solidariedade do povo português!Nesse aspecto somos únicos...pena é só sermos solidários em situações de tragédia! Depois de se andar a discutir um pequeno pormenor de 50 milhões é caso para perguntar, então e agora?!...


20/02/2010

..esperar





Soothsayer: Beware the Ides of March.
Caesar: What man is that?
Brutus. A soothsayer bids you beware the Ides of March.
Caesar: Set him before me; let me see his face.
Cassius: Fellow, come from the throng; look upon Caesar.
Caesar: What say'st thou to me now? Speak once again.
Soothsayer: Beware the Ides of March.
Caesar: He is a dreamer; let us leave him. Pass.
Júlio César, William Shakespeare, Acto I


...nem mesmo o cego conseguiu iludir a mais férrea determinação do nobre dictator prepetuo para os perígos que espreitavam por entre a conspiração que ardilosamente era preparada nos rumores da roma decadente. Ele no alto da sua majestosa determinação respondiria sempre "Não temos nada a temer a não ser o próprio medo". Depois foi o que já se sabe.
Dois milénios depois, e volando à miserável situação actual , o mês do deus Marte, continua a ser pródigo em más novas, vá se lá saber por obra e graça de quem. Depois da anastesia do final do ano, seguido da loucura do Carnaval, segue-se o mais estranho de todos os meses, o fim das trevas e o início da lux. Uma espécie de epitáfio medieval e início de uma nova epistemiologia, que se repete vezes sem conta sem nunca se atingir o equilíbrio último, aquela paz que se espera.
Que mais nos trará o março, para além das andorinhas e dos botões de jardim que irão colorir odes e versos? Por agora nem os mahatma que se apresentam no púlpito do discurso fácil parecem desvanecer o véu negro que se apropria do meu pensamento.
Resta então esperar...

14/02/2010

...le bois de boulogne

...quando é o próprio chairman da PT que se diz encornado por dois distintos pares, pouco mais há a dizer sobre toda a situação criada em redor de um plano/negócio que acabou num rotundo falhanço!..e isto não vem nas páginas interiores do SOL, não aquelas que não foram publicadas em Angola para não ferir a filha do mayor lá da ZONa que essas foram devidamente censuradas pela liberdade de não expressão do SOL. A este respeito não deixa de ser estimulante ver aqui e ali vozes a pugnarem pela liberdade, e que a providência cautelar do bois da PT era a mais infame tentativa de condicionamento da liberdade desde o fim da ditadura. Afinal de contas o lápis azul funcionou melhor nas impressoras da gráfica!

"Com bóis destes, para que servem ao PS os boys?" diz a euro depurada Ana Gomes e com muita razão! Mais. Sou a favor de uma instituição que eduque e oriente os bois para o exercício dos seus cargos. O PSD tem a sua Universidade de Verão. O PS devia ter o seu Instituto Politécnico e uma disciplina de Altos Cargos Bem Remunerados.

Depois de ver todo o percurso político [não entendi bem qual!?] e toda a acumulada experiência profissional na área das telecomunicações [também não vislumbrei nada de relevante] dos bois em causa, pergunto ao simples e urbano ou rural trabalhador deste país o que o impede de vir a ser no curto espaço de tempo, administrador da CGD, BCP ou da PT [já para não falar de outras empresas onde o Estado tenha interesses]. Pouco ou nada. Talvez seja mesmo uma questão de ter ou não ter o famoso cartão. Mais. Admito a criação de um cartão tipo multibanco, a dois tons, rosa para os tempos actuais e laranja choque, para os que se prespectivam. É sempre útil e pode pagá-lo em suaves prestações.

...e acho que do resto nem vale a pena falar! Aguardo com frenesim e excitação as próximas partidas de Carnaval!

- § -

...hoje marchámos até ao Ribatejo! O motivo de celebração era o aniversário do responsável máximo, ou aliás um dos responsáveis pelo facto de estar a estas horas aqui sentado a escrever libelos acusatórios relativamente à situação de demência política actual. Depois de reservar uma mesa no difícil Toucinho em Almeirim, lá marchamos em sentido contrário ao do capitão Maia, e foi com enorme prazer que cruzámos a capital do gótico e atravessamos as águas do Tejo sobre um frio gélido. Chegados a Almeirim só houve tempo de dar corda ao sapato e romper a muralha de gente que rodeava a pequena entrada da pátria da Sopa da Pedra. Relativamente ao repasto apenas uma palavra:sublime experiência orgástica!

Nota de rodapé: sim! a pedra saiu-me na rifa! mas eu como sou generoso deixei que o papá pagasse a conta, afinal não é todos os dias que se fazem 70 anos! Parabéns pai!...para a próxima pago eu, mas o vinho tem que ser um pouco mais barato,tá?!!

11/02/2010

...liberdade de impressão

...eu sou a favor da liberdade de expressão, mas também sou a favor do cumprimento das decisões judiciais...mesmo quando são verdadeiros atentados à liberdade! Isto parece uma pescadinha de rabo na boca, mas repastos gastronómicos aparte, a democracia é feita destes dois pequeno pormenores [entre outras coisas que todos os dias são escamoteadas!]. No entanto existe uma máxima que refere que "quem não deve, não teme"!

Aforismos aparte, amanhã não vou comprar a edição do Sol, pois sinto que neste momento, existem coisas bem mais importantes para nos preocuparmos do que simples e meros negócios de bastidores [que por sinal colocam em causa de forma nítida a liberdade de expressão]

Mas ainda assim, penso que apesar do furo jornalístico e de mais uma bronca?? deste governo, não estão reunidas as condições necessárias e suficientes para amanhã comprar o Sol [ a não ser que o brinde que vem com o jornal seja demasiado tentador!]

Não vale a pena insistir com mais argumentação. Com mais salada de polvo, ou mais punhetas de bacalhau, terei sim todo o prazer em comprar o Sol, quando toda esta charada terminar, desde que o brinde valha a pena.

Mas por favor, imprimam-no!!

08/02/2010

...song

I SAW thee on thy bridal day —
When a burning blush came o'er thee,
Though happiness around thee lay,
The world all love before thee:

And in thine eye a kindling light
(Whatever it might be)
Was all on Earth my aching sight
Of Loveliness could see.

That blush, perhaps, was maiden shame —
As such it well may pass —
Though its glow hath raised a fiercer flame
In the breast of him, alas!

Who saw thee on that bridal day,
When that deep blush would come o'er thee,
Though happiness around thee lay,
The world all love before thee.

Edgar Allan Poe

07/02/2010

...a boa e a má educação










...numa visita relâmpago ao site da OCDE, cujos relatórios já foram usados e abusados pela anterior equipa da educação, surge-nos agora um bom documento para análise e relexão sobre metas e estratégias para a educação. Adaptando uma expressão que o Prof Cavaco Silva um dia utilizou ao referir "a boa e a má moeda", resolvi dedicar estas minhas últimas horas de sábado a uma temática que me interessa sobremaneira, visto ser parte interessada, e convenhamos, preocupada



The High Cost of Low Education Performance - OCDE, 2010



O documento em si é um pouco maçudo para se ler com maior profundidade, mas numa leitura na diaoganal retive algumas considerações que explicam algum do insucesso que motiva aturadas e saturantes reformas e contra reformas que os sucessivos governos têm testado na escola pública. De facto quantidade não é sinónimo de qualidade e medidas avulsas não resolvem da noite para o dia, o déficit de competências.


Tomemos por exemplo o Magalhães. Nós temos cá um em casa. É engraçado, estimulamte, prático e é tudo aquilo que eu sempre sonhei ter, mas na altura era impossível. Mas atente-se ao conteúdo da minha afirmação:eu disse "em casa"!!. Não, onde era suposto estar e ser utilizado.

Eis algumas ideias retiradas do relatório:



"Changing schools and educational institutions is, of course, a difficult task. Moreover, countries that have attempted reforms of schools have often found that the results in terms of student achievement are relatively modest. At the same time, the results from countries achieving high and equitable learning outcomes in PISA – like Finland in Europe, Canada in North America or Japan and Korea in East Asia – or from those that have seen rapid improvements in the quality of schooling (like Poland) underline that doing better is possible (...)"


"The basic characterisation of growth indicates that higher cognitive skills offer a path of continued economic improvement, so that favourable policies today have growing impacts in the future. The underlying idea is that economies with more human capital (measured by cognitive skills) innovate at a higher rate than those with less human capital, implying that nations with larger human capital in their workers keep seeing more productivity gains (...)"


"Since the tests concentrate on the impact of schools, the evidence also suggests that school policy can, if effective in raising cognitive skills, be an important force in economic development. While other factors – cultural, health, and so forth – may affect the level of cognitive skills in an economy, schools also contribute to the relevant human capital (...)"


"It is important to understand the dynamics of economic impacts of programmes. Three elements of the dynamics are particularly important for consideration: first, programmes to improve cognitive skills through schools take time to implement and to have their impact on students. It is simply not possible to change learning over night. Second, the impact of improved skills will not be realised until the students with greater skills move into the labour force. Third, the economy will respond over time as new technologies are developed and implemented(...)"


Como já muitos professores têm dito e redito não é pelo simples facto de se utilizarem novas e inovadoras tecnologias que o os alunos vão retira daí melhor partido. No meu entender, ganha-se talvez no facto de se expandir o conhecimento, de se aproximarem de outras formas de pensar, mas perde-se talvez a análise crítica e a capacidade de raciocíonar sem recorrer ao vulgar e pouco recomendável Copy&Paste. Um exemplo disse é o negócio que circula em redor da compra/venda de teses de mestrado e doutoramento, e dos programas que já existem no mercado para detectar a ignóbil farsa. Fazendo uso do maravilhoso Copy&Paste coloco aqui a resposta de um professor canadiano (país bem visto pelo relatório da OCDE) tal como o Carlos Fiolhais a colocou no seu blog:


"Contrariamente ao que é comum pensar-se, os recursos tecnológicos não são importantes para ensinar ciência no Pré-Escolar e no 1º Ciclo. É bem possível ensinar ciências com materiais muito simples que podem ser encontrados na reciclagem, adquiridos em drogarias ou em lojas de hardware. Muito mais importante que isso é investir na formação inicial e contínua de professores. E as actividades desenvolvidas nesta formação devem ser muito similares àquelas que os professores irão desenvolver com as crianças. Isto significa que a formação deve consistir em identificar as ideias erradas dos professores (sim, os professores têm ideias erradas acerca de muitos conceitos científicos) e na resolução de um vasto número de problemas, através de actividades práticas."


Elucidativo.

06/02/2010

...palavras leva-as o vento

Nem sei por onde começar. Bem pensando bem , posso afirmar a pés juntos que 200 euros de incentivo por cada criança que nasça nem sempre chega para o dinheiro que iremos gastar só para a conceber! No meio de prendas, telefonemas, ramos de flores, combustível gasto para ir “brincar”, as horas que saímos mais cedo para o flirt ocasional , ou mesmo o jantar que doeu no momento penoso do “pode trazer-me a conta s.f.f.”, já se foram os meus 200 euros. Para além disso o simples e peculiar facto de só podermos tomar posse do tesouro, 18 anos depois, descontos para o Estado e encargos bancários contabilizados, também são motivos suficientes para continuar a utilizar a camisola de látex. Mais, o pormenor sórdido do jovem ter necessariamente que cumprir a escolaridade mínima obrigatória, esse sim, é motivo para ela tomar uma boa dose de Yasmine, antes de se debruçar sobre o facto prudentemente embebido no mais potente espermicida que estiver disponível no boticário. Já não incluo mais adereços a este cocktail libidinoso, pois aí os 200 euros eram uma miragem.

Mas voltando ao assunto. Não li o Sol, nem folheei [qual dona de casa desesperada]a edição de hoje do Correio da Manhã. Apenas uma medida preventiva do que muito consideram um verdadeiro atentado à dignidade e à democracia. Pessoalmente não me sinto motivado a ler a transcrição das escutas [sou como o presidente do FCP, só acredito nelas quando chegarem ao Youtube, purgatório por excelência do segredo de justiça português].

Sem me perguntarem se fico preocupado. Sim, mas estou mais preocupado com os vendedores de roupa de marca que esta semana não conseguiram exercer a sua ilegítima actividade livre de impostos, porque a polícia insistia em permanecer no topo da rampa de acesso à gare da CP de Algés, a fumar ou falar ao telemóvel. Não que tenha qualidade,[não a roupa!!] mas porque não sou apologista da reserva de privacidade. Sim porque por este andar, passamos a ter as transcrições do nosso José enquanto toma banho, faz a barba ou mesmo quando acorda de manhã e olha para os jornais.

Agora sem me questionarem sobre as afirmações do nosso Silva acerca do nervosismo que reina na AR, aí faço uma pausa e pondero debruçar-me sobre a questão misteriosa dos edifícios limítrofes?....bem, feitas as contas São Bento não fica assim tão longe da AR...

Apesar de tudo, estou curioso sobre um detalhe que talvez tenha passado despercebido. Se no caso do Mário Crespo e afins, se tratou de uma conversa de hotel, em que o nosso José resolveu puxar dos decibéis, no caso das escutas de onde terá vindo o furo jornalístico?de certo que não foi uma escuta na fotocopiadora.

Muito sinceramente este episódico watergate português começa a ter contornos de telenovela mexicana. Por muito menos Nixon demitiu-se, e muito outros político que já passaram pelo púlpito da ribalta partidária se demitiram por assuntos bem menores.

Tal como a Manela disse, será que o José tem condições para continuar a ser Sócrates?

Meus ilustres leitores, deixemo-nos de conjuras e arrepios de linguagem: o nosso José tem duas formas de eliminar os seus problemas e limpar a imagem que neste momento deve estar a fazer a delícia dos restantes jornais europeus e dos arredores (24 Horas incluído). Ou muda de canal quando está sentado no sofá do seu belo Convento de São Bento, ou tira o som quando a Manela discursa (o que não é difícil pois ela agora só fala daquilo que disse no tempo em que pouco ou nada dizia; a outra Manela, a Guedes anda muito ocupada com a lida da casa pois agora não exerce), ou muda para a RTPN quando o Crespo aterroriza, ou muda para o Canal História quando o Medina atemoriza, ou então faz como o seu grande amigo Chávez, manda encerrar e ponto final. Qualquer uma das opções é válidas, menos mudar para o PANDA.

A nossa história recente e menos ainda, é prolifera em coabitações difíceis e amargas entre a comunicação social e o governo da República. Foi assim na 1.ª República, foi assim na 2.ª República, (no Estado Novo não havia problemas), e continua assim na actual República.

Quem nunca disse mal, quem nunca criticou, quem nunca conspirou, fosse num sótão, fosse num banco de jardim ou numa mesa de café, dê então um passo em frente...mas atente ao que pisa!

“Cada um de nós é feito de demasiadas rodas, de demasiados parafusos, de
demasiadas válvulas, para que possamos julgar-nos uns aos outros à primeira
vista ou a partir de dois ou três sinais exteriores. Eu não o compreendo, o
senhor não me compreende e nem sequer a nós próprios nos compreendemos...”

Anton Tchekov

PS: escrevo isto sem utilizar o calhandriçe que é uma palavra que já não ouvia faz agora precisamente dois dias; e contrariamente ao nosso minsitro da despensa aliás,defesa, não estou rodeado de militares para assegurar a prontidão da minha pena!

03/02/2010

...nos tempos da vaselina

...depois de ter assistido aos primeiros minutos do Prós e Contras desta semana, no instante antes do comprimido de Actifed fazer efeito, ainda tive tempo para me rir um pouco dos do autêntico genocídio da política económica do Governo, com particular enfoque nos comentários cáusticos dos profetas da desgraça da praxe. Não que não tenham uma certa razão, mas pelo facto de nenhum deles apresentar a pedra filosofal ou qualquer coisa que tenham o efeito terapêutico próximo ou semelhante à vulgar aspirina [passe a publicidade à Bayer!]. Não quer isto dizer que nenhum deles não tenha à sua maneira, o toque de Midas, pois todo o raciocínio por eles explanado, mais percentagem ou menos devaneio, bate certo com a realidade factual.
Curioso é que todos eles, advogam no seu intimo ou uma perda dos salários, tectos nas reformas mais elevadas [esta assino por baixo!!], sempre com o ponteiro na contenção da despesa. Nem vou discutir pois só restam duas combinações possíveis: ou pela receita ou pelas duas em conjunto, o resto são opções ideológicas.

Entretanto ,enquanto o nosso ministro das Finanças perde os estribos e a paciência com os clientes de retorno absoluto do BPP, e ataca ferozmente as agências de rating [é paradoxal como as mesmas foram a causa da crise mundial e ainda os mercado lhes dá ouvidos!!], diz o velho ditado popular, quem semeia tempestades....moral da história, o credit default swap da dívida portuguesa subiu em flecha [seguro para cobrir o risco de incumprimento] e o "spread" das obrigações do Tesouro Conclusão subiu para valores recorde. Bem razão tinha o Perez Metelo hoje no Jornal da TVI [reparo, só o vi porque estava a ver o Braga a ser eliminado da taça de Portugal]. Isto tudo a propósito de uma coisa tão simples como 0,04% do nosso PIB ou em miúdos, a Lei das Finanças Regionais.

De súbito, sem que nada o fizesse supor e ultrapassada a questão menor do OE2010, a Lei das Finanças Regionais surge como o tema fracturante do momento [e como nós gostamos deste temas!!].

Na minha singela opinião, numa altura em que cabe ao Estado criar condições para que a economia funcione, restringindo a despesa pública que neste momento está absolutamente descontrolada, em que a todos são pedidos sacrifícios, o timing escolhido pela oposição para a aprovação da insidiosa lei, é imoral e profundamente inoportuno. Não faz qualquer sentido. Daqui a um ano, daqui a dois, mas não agora. Independentemente do valor em questão, tudo o que o país não necessita é de uma crise governamental. Se o Governo cai[não por obrigação frise-se! Pois tem condições para tal!] o Pais passa a viver de duodécimos [trocos!], com as consequências já conhecidas e todo o tecido produtivo que depende e trabalha com e para o Estado estagna. A economia pára! Todos sabemos que nesta altura o Estado é o motor da economia. O resultado nem quero antever qual será!

Falemos então da Grécia. A Grécia é um país curioso, de economia pujante a economia à beira da bancarrota num lapso de segundos. Curiosamente, tal com nós o risco de incumprimento da dívida da península do peloponeso subiu ao monte Olimpo, pois o mercado [ as tais agências de rating] não acreditam que a UE vá “sacrificar cordeiros” em honra das vestais gregas. Curiosamente, os espartanos [as agências de rating] também devem ter dado ordens para que a paridade do euro/dólar desça pois acreditam que a UE sempre vai “sacrificar”os tais incautos ovinos.

Sinceramente à primeira não encaixei bem o raciocínio subjacente , mas depois de ler que na emissão da dívida pública da Grécia, a procura superou e de que maneira a oferta, entendi finalmente. Podemos ser feios, porcos e maus, rotos e nus, uns párias e uns desgraçados, mas há-de haver sempre quem nos queira ir ao dito cujo para ganhar uns trocos!..a bem da economia de mercado.


PS:mas aqui que ninguém nos ouve, baixinho...o nosso PM está mortinho por sair do pântano , digam lá?...tenho que faalr baixo senão passo a ser também eu, um problema por resolver!

02/02/2010

....homenagem a uma Rosa

Rosa Lobato Faria

...mais uma rosa no jardim da nossa memória!!

01/02/2010

...no tempo do lápis azul!

Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta
alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria
que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa
e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas
fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o
PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se
inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal
um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é
essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da
informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse
confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo
yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem
contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades
construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em
sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis
procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados.
Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são
considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser
“um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro
Silva
Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem
contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha
em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo
Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à
sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o
Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a
ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de
Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a
tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia
de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido
sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.


Mário Crespo
VISTO PELA CENSURA