07/02/2010

...a boa e a má educação










...numa visita relâmpago ao site da OCDE, cujos relatórios já foram usados e abusados pela anterior equipa da educação, surge-nos agora um bom documento para análise e relexão sobre metas e estratégias para a educação. Adaptando uma expressão que o Prof Cavaco Silva um dia utilizou ao referir "a boa e a má moeda", resolvi dedicar estas minhas últimas horas de sábado a uma temática que me interessa sobremaneira, visto ser parte interessada, e convenhamos, preocupada



The High Cost of Low Education Performance - OCDE, 2010



O documento em si é um pouco maçudo para se ler com maior profundidade, mas numa leitura na diaoganal retive algumas considerações que explicam algum do insucesso que motiva aturadas e saturantes reformas e contra reformas que os sucessivos governos têm testado na escola pública. De facto quantidade não é sinónimo de qualidade e medidas avulsas não resolvem da noite para o dia, o déficit de competências.


Tomemos por exemplo o Magalhães. Nós temos cá um em casa. É engraçado, estimulamte, prático e é tudo aquilo que eu sempre sonhei ter, mas na altura era impossível. Mas atente-se ao conteúdo da minha afirmação:eu disse "em casa"!!. Não, onde era suposto estar e ser utilizado.

Eis algumas ideias retiradas do relatório:



"Changing schools and educational institutions is, of course, a difficult task. Moreover, countries that have attempted reforms of schools have often found that the results in terms of student achievement are relatively modest. At the same time, the results from countries achieving high and equitable learning outcomes in PISA – like Finland in Europe, Canada in North America or Japan and Korea in East Asia – or from those that have seen rapid improvements in the quality of schooling (like Poland) underline that doing better is possible (...)"


"The basic characterisation of growth indicates that higher cognitive skills offer a path of continued economic improvement, so that favourable policies today have growing impacts in the future. The underlying idea is that economies with more human capital (measured by cognitive skills) innovate at a higher rate than those with less human capital, implying that nations with larger human capital in their workers keep seeing more productivity gains (...)"


"Since the tests concentrate on the impact of schools, the evidence also suggests that school policy can, if effective in raising cognitive skills, be an important force in economic development. While other factors – cultural, health, and so forth – may affect the level of cognitive skills in an economy, schools also contribute to the relevant human capital (...)"


"It is important to understand the dynamics of economic impacts of programmes. Three elements of the dynamics are particularly important for consideration: first, programmes to improve cognitive skills through schools take time to implement and to have their impact on students. It is simply not possible to change learning over night. Second, the impact of improved skills will not be realised until the students with greater skills move into the labour force. Third, the economy will respond over time as new technologies are developed and implemented(...)"


Como já muitos professores têm dito e redito não é pelo simples facto de se utilizarem novas e inovadoras tecnologias que o os alunos vão retira daí melhor partido. No meu entender, ganha-se talvez no facto de se expandir o conhecimento, de se aproximarem de outras formas de pensar, mas perde-se talvez a análise crítica e a capacidade de raciocíonar sem recorrer ao vulgar e pouco recomendável Copy&Paste. Um exemplo disse é o negócio que circula em redor da compra/venda de teses de mestrado e doutoramento, e dos programas que já existem no mercado para detectar a ignóbil farsa. Fazendo uso do maravilhoso Copy&Paste coloco aqui a resposta de um professor canadiano (país bem visto pelo relatório da OCDE) tal como o Carlos Fiolhais a colocou no seu blog:


"Contrariamente ao que é comum pensar-se, os recursos tecnológicos não são importantes para ensinar ciência no Pré-Escolar e no 1º Ciclo. É bem possível ensinar ciências com materiais muito simples que podem ser encontrados na reciclagem, adquiridos em drogarias ou em lojas de hardware. Muito mais importante que isso é investir na formação inicial e contínua de professores. E as actividades desenvolvidas nesta formação devem ser muito similares àquelas que os professores irão desenvolver com as crianças. Isto significa que a formação deve consistir em identificar as ideias erradas dos professores (sim, os professores têm ideias erradas acerca de muitos conceitos científicos) e na resolução de um vasto número de problemas, através de actividades práticas."


Elucidativo.

Sem comentários: