12/11/2006

Quero, posso e compro!


...já fiz a árvore de Natal. Da parte da manhã andei a enfrentar a nebulina da maresia e após um banho de alma decidi entrar no mundo desencantado dos brinquedos.

É absolutamente incrível...no meu tempo só tinhamos contacto com as prendas na manhã do dia 25 de Dezembro. Ainda me lembro como se fosse hoje, mal despertávamos por entre o ambiente gelado da noite branca, corriamos para a cozinha. Lá estavam eles...dois, três embrulhos e pouco mais. Era a maior felicidade do mundo. Raramente o Pai Natal se enganava ou trocava os nossos pedidos. Também naquela altura o brinquedo mais complicado era porventura o carro dos bombeiros. Não existiam Action Man, consolas de jogos ou outras enormidades. Os tempos eram simples, os sonhos eram limitados.

Andava eu pelos corredores de uma superfície comercial em busca de uma lâmpada para o meu carro e os carrinhos sulcavam passos acelarados repletos de caixas multicores, com listas de exigências e olhares constrangidos face à multiplicadade de escolha e carteiras. São as próprias crianças que lideram o saque às prateleiras que se esvaziam perante a lógica consumista. Os pais de agora são autênticas marionetas de um espectáculo que já não organizam, um show em que a magia do Natal já não se sente e em que a surpresa é uma miragem.

Eu não consigo ser assim, e mete-me muita confusão este frenesim capitalista do posso, quero e compro. O que mais me perturba é o facto de aquelas crianças já não respirarem nem sentirem a beleza da época e serem eles a impôr as regras.


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Aqui em casa, o Natal ainda é branco e o espiríto ainda é quem comanda a vontade.

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