11/02/2011

...jus primae noctis


Desde o tempo de feudal que existe sempre alguém com pretensão para nos lixar com F. Recuemos então uma mão cheia de séculos voltemos ao cretácio da nossa construção europeia. Menina e moça acabada de se comprometer com filho de ferreiro da aldeia, é informada por seu pai, capador de profissão banhado em lágrimas e em grande comoção, que o senhor feudal pretende fazer a rodagem da pura e sacrossanta intimidade antes que a mesma contraia núpcias assim manche o seu imaculado jardim de jasmins como doce ardor do desejo…

…uns séculos mais tarde num esquina de Alfama, enquanto se deliciava no no bafo de ervas aromáticas, Francisco duque do Bairro Alto intenta a sua pernada no parlamento, predispondo-se a vergar a minoria parlamentar no fino gume da dissolução e numa penada, antecipa-se à pretensão insaciável do seu vizinho de terras não muito distantes, Jerónimo conde de Soeiro. A jovem donzela renega desde logo a infâmia do gesto e recusa-se saborear o doce manjar, que do Rato já se advinha.

Uns quilómetros mais a norte a Chanceler Merkel assume também a sua pernada, ao propor uma joint-venture conjunta com o príncipe da sola alta Sarkozy e juntos decidem assombrar-se sobre as virgens economias periféricas e transformá-las em escravas germânias, para deboche e prazer dos restantes parceiros.

De volta ao intendente, mesmo por debaixo da nossa saias, o ministro Rui Pereira da Admiração Interna tenta explicar o inexplicável, e refugia-se na ética da responsabilidade, ao responsabilizar o Director-geral que antes que fosse perneado decide demitir-se, mas é impedido de contrair o acto sem experimentar o longo malho do relatório ministerial.

Como o pecado mora ao lado, uma idosa é encontrada em casa anos, no chão da cozinha mumificada, depois de durante anos ter sido impossível ao tribunal detectar indícios de cheiro nauseabundo, e à autoridade policial factos e argumentos para arrombar a porta da dita senhora. Felizmente que existe uma entidade em Portugal que se orgulha de desflorar e depenar as jovens economias domésticas com mesma voracidade com que a Galp aplica as suas pernadas no momento de ir à bomba abastecer - as Finanças. Se não fosse o frenesim ninfomaníaco com que possuíram o apartamento na aldeia da Rinchoa, como justa recompensa de uma miserável dívida, a esta hora o tribunal estaria ainda com problemas de olfacto, a autoridade policial com a lima e o pé de cabra em boas condições e o Mistério Público sem mais um daqueles casos que se arrastam por décadas e só lixam com F grande quem neles se viu envolvido.

Entretanto, e ainda não refeito do susto por ter sido apanhado com as exportações na mão o nosso Primeiro lá vai electrificando o discurso com o seu leaf azul bebé, enquanto os pobres aldeões da aldeia do Barreiro sofrem uma pernada dos barqueiros do Tejo. E enquanto a nossa ministra da Educação dá o preço por cabeça de aluno, e sua colega da Saúde dá graças ao facto de no primeiro mês do ano já ter poupado dinheiro à conta dos pobres “pernados” contribuintes (que agora para além de sodomizados com a menores comparticipações ainda são simpaticamente empurrados para o privado, onde são duplamente “pernados”) só nos faltava mesmo os usurários virem lamentar-se pelas pequenas descidas nos lucros e desta forma arranjar mais argumentos para soprarem o “spread” mesmo antes do clímax do orgasmo pré débito da mensalidade da casa.

Ora no país real, enclausurado entre esses dois voluptuosos marmelos, com um espartilho dois números abaixo do ideal, afogam-se as nossas certezas e advinha-se um enorme fosso de dívidas. Mal e porcamente, não há traseiro que aguente 7,6% de taxa de juros, por maior ou menor pernada. Isto já nem com lubrificante vai lá, nem mesmo os da Galp!

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