03/09/2011





Num impudor de estátua ou de vencida,

coxas abertas, sem defesa… nua

ante a minha vigília, a noite, e a lua,

ela, agora, descansa, adormecida.


Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,

meu olhar desce aonde o sexo estua.

Choro… e porquê? Meu sonho, irreal, flutua

sobre funduras e confins da vida.


Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos…

enquanto o luar a numba, inerte, gasta

da ternura feroz do meu amplexo.



Cantam-me as veias poemas nunca feitos…

e eu pouso a boca, religiosa e casta,

sobre a flor esmagada do seu sexo.


José Régio


photo by: Luis Mendonça

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