19/02/2012

...questões de lana-caprina


Eu acho bem que o PR tenha passado com a comitiva de motoqueiros ao lado da António Arroio. Lembro-me que nos meus tempos memoráveis de estudante, a António Arroio já tinha aquela aura de vanguardismo e fervor revolucionário. Uma espécie de Marinha Grande versão escolar, para qualquer político "piegas". Mas compreende-se. Em face das contingências orçamentais certamente que não haveria dinheiro para comprar sandes de marmelada ou pacotes de leite achocolatado, para tanta segurança policial. Posso estar equivocado, mas o nosso PR aos poucos vai-se apercebendo que já não cai nas graças do povo, que simplesmente o ignora. E não é excepção, que o diga o nosso jovem Passos por terras da serra. Lá como cá, os pastores do descontentamento gritam os lamentos que o posso sente.
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Fiquei estarrecido com o facto do presidente alemão Christian Wulff (uma espécie de rainha de Inglaterra do Bundestag) ter sido apanhado nas malhas da corrupção e do compadrio político. Relembremos as palavras deste senhor, depois de confrontado com o "acordo de fazer inveja", que o nosso PR levava na sua valise diplomática, a propósito da conversa de bastidores do nosso querido Gaspar:

“(…)uma vez alcançadas as condições atempadamente podemos sempre ter isso em consideração, mas começar numa fase muito inicial a ser flexível relativamente às condições estabelecidas, penso que se corre o risco de diminuir a confiança e o sentimento de confiança nos mercados".
Falou bem, mas não passa de um palhaço triste que foi apanhado como muitos outros, no pecado imoral da corrupção. Temos pena, mas não aceitamos lições de moral.
                                                       
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Ainda recebi os 120 euros do Programa do Governo e tal como o Zé Pacheco Pereira prefiro ler livros proibidos, (de preferência em português, e não aquela língua estranha que até o Jornal de Angola já diaboliza) que mesmo fantasiando, contêm uma história interessante. Gosto de happy-ends. Este nosso fim não se vislumbra feliz.

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Parece que esta semana a nossa taxa de (des)emprego atingiu um máximo histórico. Parece também que, doa a quem doer, ainda vai aumentar mais custe o que custar. O malfadado memorando da catastroika refere o aumento do (des)emprego e há que seguir à risca as orientações e se possível ir mais além ou mais fundo. Quando era oposição o actual PSD ou coisa parecida se insurgia face aos números do desemprego. Olhando para os números creio que a máscara caiu definitivamente. O jovem Passos diz que o desemprego deve começar a estagnar. Resta saber se o seu chefe Relvas e a sua Comichão de boas-vontades terão a mesma opinião. Creio que que devia ser criado um Ministério das Comissões e uma Secretaria das Grandes Comissões. Sarna, pura sarna. O ex-Sócrates esperava criar numa legislatura 150000 empregos, este governo prepara-se para ultrapassar a barreira dos soundbytes e criar a maior onda de emigração desde os idos anos 60/70. Curiosamente, desta feita são os quadros médios/superiores que abalam.

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Quando chegarem esta semana os senhores da catastroika vão provavelmente ficar desgostosos por ver que ainda sobra alguma alegria e tolerância de ponto em Portugal. Gentinha estranha esta que nos visita sempre em dias feriado. Com o país à beira do abismo do desalento, talvez só mesmo no corso carnavalesco se vislumbre um rasgo de alegria. Nem as serpentinas nos safam face à crise.

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Ainda estou à espera que alguém iluminado tenha a coragem de olhar para o momento e por uma vez falar no tempo. Não no meteorológico, mas antes o tempo necessário para reconstruir o que foi desbaratado. "Roma e Pavia não se fizeram num dia" diz a sabedoria do povo, mas aqui em Portugal alguns alumiados insistem no impossível e no indefensável. Mas antes, sentemos-nos confortavelmente no sofá a assistir ao fim penoso da sociedade helénica. Os senhores do Clube Bilderberg e os lacaios da Goldman Sachs ainda não tiveram tempo de leiloar todas as ilhas do mar Egeu, mas pouco deve faltar. Primeiro a Acrópole, depois os rupestres lusitanos, mais uma vez sós e entregues à sua jangada de pedra. É bom relembrar que não somos caso único. Toda a Europa está à deriva, uns mais do que outros certamente, pois nem todos se podem gabar de ter um sol, uma seca e muito mar tão extenso de lágrimas.

São estas doces questões de lana-caprina que os nossos governantes ignoram. A cegueira com o memorandum será o epitáfio de uma geração, e nem lá na serra, o balido das cabras terá a mesma pronúncia.

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