20/05/2012

..o coiso



Esta tendência para deixar acumular ideias e estórias ao longo de várias semanas da mesma forma que os brinquedos e os jornais se acumulam aqui na sala tem sempre o óbice de metade das fantasias escritas para piano e orquestra se dissolver na pauta do esquecimento. Como pude deixar em claro aquele episódio cataclísmico das promoções do PD e toda a catarse que provocou nas mentes mais depauperadas deste singular país. E o que dizer das folhas nuas com todas aquelas palavras que se perderam no labirinto da minha mente sobre o desemprego, aqui nesta humilde Terra do Nunca. Ainda assim sobra sempre qualquer coisa orgástica, nem que seja ‘o coiso’ do ministro do desemprego. Acredito piamente [eu e o resto e todos os santos entediados e enganados!], que para o Álvaro, esta coisa do desemprego seja um verdadeiro desiderato, necessário, útil e promissoriamente indutor de uma economia mais arrogante e e competitiva, depois de destruir a classe média e a pouca coesão social que sobrou do desvario dos governos do nosso emigrante francês, já só falta reduzir a classe operária a meros operários temporários. Em clara oposição, e numa toada mais intimista, o ministro Gaspar vê ‘o coiso’ como um trauma difícil de suportar, uma dor tão insuportável que nem o mais optimista Calimero poderia aguentar. Finalmente, o supra-sumo da felicidade embrutecida, o nosso PM vê ‘o coiso’ como uma oportunidade, muito mais apetecível que a promoção dos 50% da carne do PD, um mar de rosas, o arco-íris da política neoliberal. O alfa e o ómega de um partido que se diz social-democrata. Tenho dúvidas, muitas e cada      vez mais fundamentadas que este não é [decididamente] o caminho.
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Agora um off-topic. É Tua, minha, nossa e da UNESCO, pelos vistos. Pois assim anunciam os arautos, a UNESCO insurgiu-se com a falta de explicação dos rabiscos do mestre Souto Moura e ameaça com paragem imediata das obras! Eu sobre a temática barragens sou suspeito pois ninguém constrói barragens por capricho e tenho a certeza absoluta que qualquer barragem tem impactes significativos quer na paisagem, quer na fauna e flora, e por aí adiante. Destroem-se equilíbrios mas geram-se novas relações ecológicas. Um antes e um depois. Para além disso, não basta fazer contas sobre o que se vai poupar em termos de combustíveis fósseis. É igualmente sensato, e talvez mais interessante abordar a barragem do ponto de vista do controlo de caudais ou na reserva estratégica de água. Quanto à vertente turística nem vou entrar por aí pois, analisando a orografia do vale a submergir, os acessos existentes ou a paisagem que vai desaparecer [a tal!] não prevejo grandes potencialidades nessa óptica! Construa-se a barragem pois estamos enjoados com romances tipo Foz Côa. Por ventura existe alguma barragem que tenha sido construída e que não tenha tido impactes sensíveis sobre a paisagem ou sobre o meio ecológico?
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Mudando de assunto para um bio-epic. O sr. Hollande fez lembrar um ex-primeiro ministro inglês Chamberlain que na antevéspera da II Guerra Mundial foi de peito aberto até Berlim e ao regressar trazia a famosa folha com assinatura do Führer com um plano de entendimento. Confesso a minha tristeza e perplexidade quando vejo ministros e parlamentares do Bundestag a alvitrarem e decidirem sobre os destinos do Gregos, Portugueses, Islandeses, Franceses, Italianos, Espanhóis, e por adiante para não ser tão exaustivo. Eu comungava do projecto de construção europeia sobre a perspectiva social-democrata de um Gerhard Schröder, de um Willy Brandt ou de um Helmut Schmidt. Aonde para o sonho europeu, o que são os hoje os pilares fundadores da construção europeia?
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Para finalizar uma verdade laplaciana. Esta semana estive numa reunião de uma associação de pais de uma escola aqui do concelho de Oeiras e cheguei a um conjunto de conclusões desapontantes:
  1. O ensino e a política de educação para o Governo e para as autarquias é uma espécie de malus major e um fardo terrível;
  2. É muito mais importante arranjar um novo jardim em frente a uma escola, erguer uma estátua a preço milionário numa esquina do que reabilitar uma escola, Acresce a infelicidade de uma escola não ser tão bela e pujante como uma rotunda. Temos pena mas não há orçamento;
  3. Os políticos e alguns bajuladores gostam que os pais paguem do bolso os arranjos exteriores ou interiores da escola, pois os impostos que pagam serão mais bem empregues em outro tipo de obras com maior impacto como uma rotunda!

Nota da direcção: apesar do pedido de desculpas do Relvas, e da má exibição do Sporting, há que dar a devida vénia à briosa Académica que se bateu com dignidade na final do Jamor!

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