01/11/2012

...mortal combat




Nunca a palavra refundar teve tanto holofote e motivou tanta preocupação. Provavelmente é uma daquelas palavras do dicionário que estariam à partida condenadas ao esquecimento, mas de repente, saltaram para a ribalta dos processadores de texto. Julgo que na minha curta existência enquanto cozinheiro de letras & ideias, nunca me tinha passado pela imaginação, escrever uma frase que fosse sobre conceito tão vasto e tão vago. Mas como o outro disse um dia, “..é uma oportunidade para mudar de vida”.

A princípio não liguei muito ao conceito em si “refundar o memorando de entendimento com a troika”, e cai na tentação de presumir que os doutos que se sentam na cadeira do poder iriam emendar o erro colossal em que insistiram no último ano. Mas não. Num país, onde os deputados da Nação saem sobre escolta policial do púlpito máximo da democracia, em que o poder de mobilização de quem Governa, é escasso ou nulo. Já não há nada a temer, já não há nada que esperar.

Durante anos, fomos bombardeados com uma cantilena de nutricionista arvorando pretensa gorduras do Estado que seriam eliminadas, reformas estruturais que mais não fizeram senão destruturar ainda mais o Estado e o país.

Esta fábula das reuniões, dos apelos ao PS (antes carrasco da Nação, agora travestido de salvador-mor da pátria) para um entendimento alargado faz-me recordar aqueles casos de violência doméstica, em que a mulher depois de anos de porrada do marido, volta aos seus braços, até à próxima nódoa negra.

Chegamos ao zénite da questão: chegou o momento de ver qual a fibra que a uns demove e os outros oprime. Até agora foram flores, a partir de agora começa uma luta sem quartel. Depois disto, nada será como dantes. Uns ficarão pelo caminho, outros nem chegarão a vê-lo. Chegou a hora de ver se o povo é sereno.

Por aqui ficamos atentos ao desenrolar da estória do melhor povo do mundo…enquanto não mudamos de vida.

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