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Ultimamente tenho andado com uma
ideia um tanto ou quanto absurda. Dado que a Europa encaminha-se para uma
espécie de estado de desgraça enquanto entidade colectiva, talvez fosse altura
de alargar os horizontes e começar a (re)pensar em termos de Mediterrâneo. Durante
séculos, a centralidade do poder económico e social estendia-se desde as
margens do Líbano até à foz do Guadiana, e foi essa intensa mescla cultural que
foi dando corpo à explosão de intelecto e racionalidade que se seguiu à Idade
Média. É uma ideia que provavelmente choca com as fragilidades das várias
interpretações da Primavera Árabe mas sobretudo com exploração ideológica de
grupos fundamentalistas que florescem e parasitam a as fragilidades próprias de
alguns países muçulmanos. Talvez esse seja um dos principais obstáculos. Não
deixa de ser curioso que, numa Europa onde as clivagens entre países do Norte e
Sul e o recrudescimento de algumas ideias nacionalistas em países que já
integram a União Europeia, a simples intenção de adesão da Turquia [a porta de
entrada no Oriente] provoquem ainda tantos anticorpos. É caso para pensar que
os ideias humanistas e os três pilares que fundamentaram a criação da União
Europeia se transformaram em relativamente poucos anos, em dois pesados fardos
que o paradoxo do Burro de Buridan tentou explicar. Aparentemente encontramo-nos
numa encruzilhada, e pior do que isso não existe nenhuma sinalética.
Falando de arte. Já tenho
encontro marcado com a exposição que está no Museu de Arte Antiga. Talvez um
dos poucos locais neste país onde tudo faz sentido. Quando discorro o meu olhar
pelas paredes daqueles corredores, a minha alma oxigena-se.
Obrigado PF pelo oxigénio do teu sorriso.
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